segunda-feira, 3 de março de 2008

Barroso lança alerta contra proteccionismo

Estaremos a entrar numa era em que o processo de globalização vai conhecer uma paragem ou mesmo um retrocesso?
Estaremos no limiar de uma nova fase de proteccionismo/nacionalismo económico, depois de algumas décadas – mais de quatro – de grande abertura das fronteiras económicas?
O alerta acaba de ser lançado pelo Presidente da Comissão Europeia, com destaque de primeira página na edição de hoje do Financial Times.
Não é normal que um Presidente da Comissão Europeia seja tão explícito, em pronunciamento público, acerca dos riscos de “inversão de marcha” quanto ao modelo económico fundamental adoptado pelos Países europeus.
A verdade é que o próprio projecto europeu constitui um exemplo grandiloquente de abertura das fronteiras económicas, iniciado há mais de 50 anos - até agora com um sucesso bastante assinalável apesar de algumas dificuldades pontuais nossas bem conhecidas...
Mas parece que começou a emergir uma nova cultura sócio-económica - que entre nós tem grandes paladinos como os ex-Presidentes M. Soares e J. Sampaio - pretendendo responsabilizar a globalização e o modelo de economia liberal a ela associado pelos problemas que actualmente afligem a economia mundial e a europeia/lusa em particular.
Esses notáveis paladinos entendem que chegou a hora de dizer “basta!”, que é preciso travar o passo ao liberalismo económico e à sua irmã gémea globalização.
Esta reacção contra o liberalismo e a globalização conduzirá directa e logicamente a um modelo de nacionalismo económico, mais ou menos autárcico, que fez moda e espalhou miséria no Mundo entre os finais dos anos 20 e a 2.ª Guerra Mundial.
Admito que a mais-do-que-provável vitória de um candidato democrático nos USA também acabe por ajudar ao regresso de medidas proteccionistas, visando nomeadamente as economias chinesa e indiana, além de algumas latino-americanas a começar na mexicana, em influentes meios americanos consideradas responsáveis por um processo de desindustrialização que tem marcado a economia americana nos anos mais recentes.
Também o neo-gaullista Sarkozy parece ter-se enamorado por estas teses, pretendendo criar/reforçar a ideia dos “industrial champions”, grandes conglomerados industriais florescendo graças a ajudas públicas e a barreiras à concorrência internacional – será já influência de Carla Bruni, conhecida proteccionista?
O que ninguém diz, certamente porque não convém, é que o período de muito baixa inflação que se tem vivido ao longo de muitos anos nas economias dos países mais desenvolvidos se fica a dever em boa parte à abertura das fronteiras económicas e à importação de produtos manufacturados de baixo custo provenientes das economias emergentes...
Mas talvez por essa benesse estar em vias de se esgotar e doravante passarmos também a importar inflação dessas economias, é bem possível que estes ímpetos anti-globalização e liberalismo económico comecem a ganhar novos adeptos...dando mais trabalho ao Presidente Barroso na defesa da sua dama...

10 comentários:

  1. -Não faltaria mais nada, que ver a U.E. e EUA, criarem um novo bloco neo-socialista, enquanto China, Japão, India, Malásia ou Indonésia entre outros, assumem o papel das novas potências do mundo livre e do desenvolvimento. Será apenas uma questão de tempo até que todos esses países aprofundem os seu sistema democráticos, Japão e India já o atingiram, embora neste último o sistema de castas seja um travão.

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  2. Mas a Europa para que cada vez mais caminhamos é uma Europa-asilo, se adoptarmos o proteccionismo, para onde venderemos a nossa produção industrial futura?

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  3. Caros Comentadores,

    Preparemo-nos então, antes que as coisas se tornem mais graves, para organizar uma mega manifestação de apoio ao anti-proteccionismo proclamado por Barroso!
    Mas atenção que a agenda manifestacional dos dois próximos fins-de-semana se encontra já preenchida: 8/9 com a mega manifestação dos professores contra a política "educativa" do Governo, prolongando um braço de ferro com a Min. Educação para ver com consegue degradar mais rapidamente o sistema de ensino e a 15/16 com uma anunciada "mega-jumbo-assombrosa-nunca vista" manifestação de apoio à política governamental, no Porto, esperando-se para esta um número de autocarros superior mesmo ao dos manifestantes.
    Assim sendo, será melhor esperarmos para depois da Páscoa!

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  4. Eu acho que os paladinos até têm razão. Afinal nada disto teria acontecido se a globalização boa, aquela em que os operários de todo o mundo se uniam na formação de uma grande democracia popular, tivesse ido avante e vencido o imperialismo capitalista.
    Uma vez que não foi, ficamos na situação em que o capitalismo faz deslocalizar as fábricas, lançando no desemprego o proletariado branco, para ir montar a fábrica num local qualquer no mundo onde impera o caciquismo e tem pretos ranhosos com fome porque o capitalismo imperialista os lançou na miséria. Coisa de que não temos culpa nenhuma, nem somos suecos para lhes mandar sacos de farinha.

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  5. Tonibler, a sua sapiência não tem limites, com efeito: essa explicação do "posicionamento" dos paladinos é de uma sofisticação quase perfeita!
    Importa agora saber se o meu Amigo quer abrir um pouco mais o jogo e se está disposto, após a Páscoa, a prestar seu precioso apoio à mega-manifestação anti-proteccionismo agendada para Valpaços.
    Ou se a sua esperada participação na manifestação do dia 15, com direito a autocarro só para si e algum convidado/a, esgotará sua capacidade para comiciar...

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  6. -No dia 15 será que irão "oferecer" um passeio á invicta aos utentes da casa do povo do Alandroal? Turismo sénior!

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  7. Caro Tavares Moreira,

    Eu, por acaso, sempre gostei de manifestações de apoio aos governos porque gosto daquelas bandeirinhas pequenas, da meninas da ginástica e das marchas militares. Mas como o Sócrates ainda não escreveu nenhum livro que oriente as nossas almas, não sei se tenho grande vontade em ir no dia 15, apesar da oportunidade que é para o turismo sénior como diz o António Almeida.
    Depois da Páscoa, estarei disposto a qualquer mega manifestação em Valpaços, bastando para tal descobrir onde é Valpaços e, já agora, quando é que é a Páscoa que esta coisa de descobrir a primeira lua-cheia depois do equinócio da Primavera não é fácil.

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  8. Turismo senior, junior e adulto-vulgar, com direito a merenda, chapeu e "scarf" rosa,escova de dentes, placa comemorativa do III Centenario do Governo, um exemplar do Breviário de Augusto (S. Silva), isenção de IRS por 3 anos - tudo será prodigalizado aos intrépidos participantes nessa gloriosa jornada de 15 de Abril, caro António de Almeida!
    Não é possível faltar, já percebi que Tonibler, apesar de não muito convencido marcará presença...pudera, com todas estas prebendas...

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  9. Não acho mal de todo algum proteccionismo. Os Americanos apesar de muito globalizados, à excepção da droga, não são muito facilitadores. Essas mesmas potências emergentes que nos inundaram de produtos baratos, também minaram as nossas indústria que sustentavam a industria composta por por pessoas muito pouco letradas. O exemplo chinês é no mínimo escandaloso.

    Ultrapassaram as quotas de exportação para a UE e nada foi feito. Sou um defensor da globalização, mas não a todo custo, caso contrário podem ter repercussões graves por falta de tempo para adaptação dos países em causa o que conduz a recessão, como no caso português, no que Às têxteis diz respeito.

    Abraço Democrático

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  10. Procurarei fazer chegar seus comentário ao Presidente Barroso, caro André, pode ser que ele considere adaptar um pouco o seu discurso, face aos sagazes comentários deste distinto Dragão (ainda em fase de cura do enorme sofrimento de ontem)...

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