Segundo Proposta a apresentar pelo Governo, diz o DN, “os inspectores da Polícia Judiciária vão passar a ter uma nova avaliação do seu desempenho, que terá como critério o número de acusações propostas ao Ministério Público…”
Não se trata de brincadeira, fantasia ou loucura de quem fez a notícia, já que o próprio Ministro, no início de Março deste ano, expressou a opinião de que o número de processos com acusação é o dado "mais relevante" para avaliar o trabalho da PJ. Isto dito no Parlamento, para ser mais solene!...
Mais um passo para a presunção de inocência se tornar em presunção de culpa.
Numa investigação, a acusação passa a ser a medida de todas as coisas. Acusa-se e pronto. a acusação passou a ser acto bom, em termos absolutos, e até dá mérito e dinheiro ao Inspector.
Aberrações inimagináveis, as deste socialismo tecnocrata!...
Não se trata de brincadeira, fantasia ou loucura de quem fez a notícia, já que o próprio Ministro, no início de Março deste ano, expressou a opinião de que o número de processos com acusação é o dado "mais relevante" para avaliar o trabalho da PJ. Isto dito no Parlamento, para ser mais solene!...
Mais um passo para a presunção de inocência se tornar em presunção de culpa.
Numa investigação, a acusação passa a ser a medida de todas as coisas. Acusa-se e pronto. a acusação passou a ser acto bom, em termos absolutos, e até dá mérito e dinheiro ao Inspector.
Aberrações inimagináveis, as deste socialismo tecnocrata!...
Pobre País!
ResponderEliminaralgum parâmetro de objectivos tem que ser definido. isto sem objectivos é que não vai lá, Caro Dr.
ResponderEliminarSejam polícias, políticos, juízes, cantoneiros ou enfermeiras. (risos) ....:-))))))
Tem alguma proposta de critério, mais adequada, Dr. Pinho Cardão ?
Cara Pèzinhos:
ResponderEliminarClaro que tem que haver objectivos e claro que tem que haver critérios de avaliação.
Não sei, em tal área, quais devam ser.Não a domino.
Mas uma coisa sei: é que a acusação não pode ser critério.
Então é lá concebível que um cidadão possa ser "acusado", simplesmente para cumprir objectivos de avaliação, de remuneração e de progressão na carreira do funcionário a quem calhou o processo?
Então é lá concebível que um cidadão possa ser "acusado", simplesmente para cumprir objectivos de avaliação, de remuneração e de progressão na carreira do funcionário a quem calhou o processo? ..... pergunta Dr. Pinho Cardão.
ResponderEliminar=================================
Caro Dr. Pinho Cardão, as nossas Entidades Policiais e Judiciais, creio que, se regem por princípios de honra, de ética, de lealdade para com o Estado Português, que de modo nenhum, permitiriam que se acusasse cidadãos, para cumprir os objectivos da avaliação de desempenho.
Penso que o sistema judicial, dispôe de vários mecanismos, para aferir a fiabilidade da acusação.
Isto não é a América Lat(r)ina !
:-)))
pelo menos, por enquanto.
quero acreditar.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarCuriosamente isso já não me espanta... Depois de ter visto um documentário do Adam Curtis "The Trap". Pode obtê-lo [ilegalmente, mas também não está à venda] aqui
http://isohunt.com/torrent_details/26573985/?tab=summary
A colecção de documentários da BBC é bastante interessante e fala entre outras coisas desses "indicadores de qualidade". Parece que chegou à política com a guerra do Vietname. O "body count" era o tal parâmetro de qualidade e os militares puseram-se a matar civis...
O Adam Curtis cheira-me a um perigoso esquerdista e por isso deve ser visto com cepticismo. Mas mesmo assim a tese não é estúpida... e parece que já chegou a Lisboa...
Cumprimentos,
Paulo
PS: Dentro em breve vai ter essa parametrização de qualidade nas cebolas ;) mas parece-me que deveria semear échalotes...
Cara pezinhos, algum critério tem que ser e haver sem dúvida. Mas já estou como o Pinho Cardão: o número de investigações que redundam em acusação jamais. Há, sem qualquer dúvida, parâmetros qualitativos, de formação profissional, de aplicação no desempenho, etc, etc que são muito mais aplicaveis.
ResponderEliminarEsta história de usar apenas a quantidade para aferir da bondade do trabalho de alguém não me cheira nada bem. Nadinha mesmo.E nem alguma vez me passou pela cabeça avaliar alguém assim. Sabe, minha simpática co-comentadora, depressa e bem não há quem, por isso...
Caro Zuricher, muito obrigada pela forma agradável de tratamento para comigo. A simpatia é mútua.
ResponderEliminarSó se pode avaliar, medindo.
A quantidade também pode traduzir a qualidade do desempenho.
Como se mede a produtividade de um perito de investigação, de um inspector ?
Eles não produzem à peça (não se trata de componentes de automóveis. Mas produzem, não ?
Os parâmetros de avaliação têm de ser outros.
Pode parecer-nos estranho.
A nossa cultura não é uma cultura de avaliação, no sentido da melhoria e da recompensa por mérito. Ainda temos muitos preconceitos nesta matéria. Mas temos que perdê-los.
Então, minha querida pézinhos, imagine a seguinte situação: um inspector que recebe um caso extremamente complexo que envolve multiplas vertentes. Esse bom homem dedica-se, trabalha a desoras, valoriza-se profissional e pessoalmente por forma a entender a complexidade do caso que tem entre mãos. Avança na sua investigação mas, por ser realmente um caso complexo e complicado, absorve integralmente o seu tempo e o nosso amigo chega ao fim do ano sem conseguir sequer apresentar ao ministério público uma proposta de acusação. Ora, portanto este bom homem, que se esfalfou a trabalhar, a tentar investigar, a entender o caso em todas as suas nuances, que estudou, quis aprender, por não conseguir apresentar uma proposta ao mp dada a complexidade do caso, é, por estes parâmetros de quantidade, um péssimo investigador, um tenebroso membro da nossa insígne Polícia Judiciária.
ResponderEliminarPor outro lado, temos os investigadores mais juniores que se dedicam a investigar os assaltos à mão armada de menor complexidade e conseguem ser máquinas de propostas ao ministério público dado dedicarem-se apenas a casos de lana caprina. Com a aplicação destes métodos de avaliação estes são super-investigadores, umas máquinas, o supra-sumo da investigação policial neste país.
Na verdade, tanto o nosso investigador esforçado e aplicado como os nossos juniores que tratam dos processos mais simples, são avaliados não pelos seus méritos mas sim pelas circunstâncias e pelo contexto em que desenvolvem a sua actividade, ou seja, por elementos que não controlam e não são deles dependentes.
Repare, pézinhos, eu sou o mais possivel a favor da avaliação das pessoas e sou até, pessoal e profissionalmente, bastante elitista. Tenho uma certa incompatibilidade visceral com a mediocridade. Acho essencial que as pessoas sejam avaliadas pelo seu trabalho e a avaliação comporte todas as possibilidades, do Muito Mau ao Excelente sem haver pruridos de dizer e fazer constar no processo de funcionário seja de quem for um Muito Mau em igualdade com um Excelente. Porém não vejo como é possivel avaliar alguém por factores que essa pessoa não pode controlar ou, sequer, melhorar.
Esta conversa assemelha-se muito àquela que tivemos há umas semanas a propósito da avaliação dos professores. :-)
Esta coisa das escolas de gestão criaram uma espécie de nuvem de gafanhotos, onde uns quantos sujeitos pouco telentosos ganharam "competências" em coisas óbvias mas sem as saber aplicar. Isto é um drama que não afecta só o estado, afecta muito boa (que era boa) empresa deste país.
ResponderEliminarAvaliação de inspectores de polícia é a típica coisa desse bando. Vai ver que até um Balanced Scorecard vão ter...
Melhor dizendo, pensaram que ganharam competências...
ResponderEliminarMas é pior. As que possam ter ganho, interpretam-nas e aplicam-nas à luz dos critérios quantitativos dos Planos Quinquenais da União Soviética.
Ora aqui está um tema interessante. Avaliações de desempenho.
ResponderEliminarPessoalmente, adoro ver os Tayloristas em acção acho-os engraçados até e não fosse o simples facto da Revolução Industrial ter passado à história o "Je", aqui, até poderia deixá-los passar sem lhes morder. Mas não posso.
De qualquer forma, e para efeitos de construcção de cenário, vamos partir do princípio que o n.º de acusações é efectivamente um critério de avaliação.
O agente A, trabalha nos - por exemplo - assaltos a bancos.
O Agente B, trabalha nos homicídios.
O Agente C, trabalha "undercover" (mas na versão portuguesa que não sei qual é, mas também não interessa para o caso).
O Agente A, é um tipo feliz e contente porque não há assim tantos assaltos a bancos como isso (mas quando há tem de se esmerar porque lá está a comunicação social em cima e a malta tem de fazer boa figura).
O Agente B, é um tipo stressado porque passa o tempo a lidar com gente doida, que se matam uns aos outros ou por causa de "gaijas", ou por causa de sexo, ou por causa de drogas. Não sendo nada de bestialmente complicado - até porque à excepção daquele serial killer que andava para aí a matar prostitutas (e nunca foi apanhado) - nós não temos grandes casos de assassinos em série (e quando parece que há um, a criatura não dá luta e entrega-se à polícia), nem casos de atiradores furtivos, nem casos de gente doida que entra num sítio público e desata a disparar sobre tudo o que mexe. Seja como for, é sempre stressante lidar com assassinos mesmo que estes sejam, vá lá, amadores.
O Agente C, é o tipo que está sempre lixado e em todos os sentidos. É o tipo que trabalha com o crime organizado, é o tipo que está sujeito a que lhe sucedam coisas más se for descoberto e é o tipo que, estatisticamente, terá sempre menos acusações porque para se infiltrar onde quer que seja leva tempo e ao fim de 6 meses já está a bater mal porque para além de ter de lidar com os «mafiosos», ainda tem de lidar com um serviço que meia volta lhe diz «Ó bacano, tu vê-lá se te despachas porque não levas 1 na avaliação de desempenho".
Outros que, também, vão ter 1 na avaliação de desempenho são os tipos que andam à procura da Maddie (dessa e dos outros todos, porque não foi a única que desapareceu).
Que se avalie um serviço pelo número de casos resolvidos, tudo bem. É um serviço, é um todo, há que medir o seu sucesso e corrigir desvios de forma a que se possa fazer melhor no futuro. Que se avaliem pessoas pelo n.º de casos resolvidos, é uma perfeita aberração, principlamente, se tivermos em conta que quem tem os recursos são os serviços e não as pessoas. As pessoas são "assets" desses serviços a quem devem ser dadas condições para que possam efectuar o seu trabalho.
Como eu costumo dizer... «you pay peanuts, you get monkeys». Cabe sempre a quem dirige, decidir se quer ou não ter macacos como empregados, sendo que se optar por querer ter macacos, os resultados serão sempre uma macacada.
O Anthrax voltou em beleza!...
ResponderEliminarAh ah ah ah! :)
ResponderEliminarDiga isso à minha ex-boss, Dr. PC... quando chegou à altura das avaliações aqui do pessoal do burgo e eu tive de preencher a minha auto-avaliação (fp style), adicionei-lhe um complemento de 7 páginas a explicar ponto por ponto (da minha auto-avaliação), onde pelo caminho disse -literalmente- que a senhora tinha uma prática de gestão de canhonheira, encorajava práticas discrimitanórias e seguia uma política intimidatória. Também lhe disse que como não era cobarde, não virava as costas a um combate, não me arrastava aos pés de ninguém e muito menos me deixava intimidar por este tipo práticas.
Isto foi há 2 meses atrás. Até hoje ninguém me chamou para avaliação. Espero que ainda chamem, mesmo que seja só para reafirmar o que escrevi. :)
Estão a ver... :))) É por causa destas coisas que nunca vou mandar em nada. Não consigo ser nem subserviente, nem "people pleaser" é uma gaita!... Mas é muito divertido. :)