segunda-feira, 14 de abril de 2008

Viverá neste Mundo?!...

Na quarta feira passada foi o FMI. Dada a conjuntura actual, de crise nos mercados financeiros e de crédito, a desaceleração (mais profunda) nos EUA e (menos) na Europa será uma inevitabilidade. Felizmente a Ásia equilibra hoje mais os pratos da balança mundial do que há 10 ou há 20 anos – mas, mesmo assim, os efeitos a nível mundial serão fortes: o crescimento global não chegará a 4% quer em 2008, quer em 2009, depois de cerca de 5% nos dois últimos anos. Naturalmente, Portugal será afectado: segundo o FMI, o nosso crescimento será de 1.3% em 2008 e de 1.4% em 2009. Ainda (e sempre, como nos últimos largos anos) abaixo da média europeia.

Depois, na sexta-feira, foi a vez da OCDE disponibilizar o seu indicador avançado de Fevereiro(calculado com base em dados do consumo, do investimento e das exportações), que projecta com um , diferencial de cerca de meio ano o que se passará na actividade, e mostrar que, no caso de Portugal, se registou a terceira queda anualizada a seis meses consecutiva, tendo sido atingido o valor mais baixo desde 2003. E na União Europeia a tendência é semelhante.

Além disso, é ainda conhecido que, de acordo com o INE e a Comissão Europeia, a confiança de empresários, investidores, indústria, comércio, serviços e, sobretudo, consumidores, já conheceu melhores dias, quer no nosso país, quer na Europa.

E, no entanto, perante todos estes sinais e a tormenta que nos chega de fora, o Primeiro-Ministro refere que “o Governo não tem nenhuma razão para alterar a sua previsão de crescimento económico para 2008”.

É caso para perguntar – e assim termino, porque, em face de tamanho autismo, não creio que seja preciso acrescentar mais nada: em que Mundo viverá José Sócrates?!...

11 comentários:

  1. Anónimo19:03

    Não sei, meu caro Miguel, em que mundo vive o nosso Primeiro. Mas que descobriu que, afinal o célebre oásis existe, lá isso descobriu!
    Devo dizer que, no entanto, o problema está só na extrema pequenez do oásis. Só dá para uns tantos, deixando a nação de fora...

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  2. Caro MF:

    Lembra-se de Sherman McCoy, o auto-proclamado "Master of the Universe"?

    ehehehe

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  3. Anónimo20:33

    Caro Miguel Frasquilho, mas é óbvio o local onde o nosso ilustre e muito estimado PM vive. Na Imprensa Nacional, evidentemente! Saiu no Diário da Républica que o nosso crescimento é de 2,2% em 2008, não é verdade? Pois então é apenas esse aquele que o PM conhece dado, clarissimamente, não ler mais jornal nenhum. É o único que há na imprensa nacional...

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  4. Admita que o PM, ou MF por ele, revê em baixa os objectivos em linha com o FMI, a OCDE e etc.

    O que é que acontece?

    Melhoramos?

    Mudamos?

    Tenho, aliás, alguma dificuldade em perceber o alcance de um coro quase global anunciando mais crise.

    Nos EUA, começam a aparecer alguns comentadores que, como eu, se interrogam acerca dos benefícios do alarme.

    O alarme é necessário se podemos evitar o descarrilamento ou permitirmos às pessoas que adoptem as melhores posições em caso de embate.

    Nas circunstâncias actuais, há alguma coisa que o sobressaltado cidadão comum possa fazer?

    Nos EUA as consequências deste alarme súbito (parece que ninguém viu os milhares e milhares de pequenos cartazes ao longo de muitos meses oferecendo empréstimos, para compra de casa sem adiantamento, a realizar num único dia)estão a provocar além do mais a retracção das pessoas em solicitar a reforma. O que, inevitavelmente, aumentará o desemprego jovem, não?

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  5. O Relatório do Banco de Portugal que será apresentado amanhã, curiosamente, mantem as previsões iniciais.

    Quem tem razão?

    Quem tem melhor informação?


    Cumprimentos,
    .
    Regionalização
    .

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  6. Caro Rui Fonseca,

    Quando se é realista, pode-se começar a pensar em como sair do buraco.
    .
    A primeira lei dos buracos diz: Quando descobrires que estás num buraco. Pára de cavar!
    .
    Esta é a questão que cada um na micro-economia e na macro-economia, já devia estar a pensar:

    http://angrybear.blogspot.com/2008/04/after-recession-what-then.html

    "Nas circunstâncias actuais, há alguma coisa que o sobressaltado cidadão comum possa fazer?"
    .
    Esperar que os governos o tratem como um adulto e não como uma criança que tem de ser protegida da realidade.

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  7. No mundo em que o líder da oposição é o Luis Filipe Menezes. Pronto, explicado que está o mistério, podemos passar ao próximo....Adoro advinhas!...

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  8. Anónimo09:34

    Como diz Adriano Moreira – “estamos a caminhar para um estado exíguo” e eu acrescento e uma economia sem recursos.

    Alguém tem dúvidas disto!!?? É óbvio mesmo para os empíricos como eu.

    A imagem do buraco é boa – estamos dentro dele e não vemos o que se passa à volta e vamos cavando.

    Neste contexto há sempre alguns a reivindicar isto e aquilo, na esperança ou na obsessão de que os ricos existem em quantidade suficiente para pagar a crise.

    O modelo do actual governo pressupõe muitos recursos que não temos. Precisa de grandes investimentos e tempo que não temos. Aposta em processos dispendiosos de apuramento da economia, onde poucos sobreviverão.

    Este governo tem do seu lado a capacidade atractiva do país que á Portugal mas esta está a revelar-se contraproducente. Neste contexto a dependência externa é obsessiva. E quando não dependemos de nós próprios a qualquer hora o castelo desmorona-se.

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  9. "Quando se é realista, pode-se começar a pensar em como sair do buraco."

    Caro CCz,

    Inteiramente de acordo. Mas não se sai do buraco não passando de gritar

    Caímos no buraco! Caímos no buraco!

    E eu não vejo quem diga como se sai dele. Só ouço gritar que caímos nele.

    Ajuda? Não. Desmoraliza ainda mais.

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  10. Anónimo19:16

    Caro Rui Fonseca,


    Não precisa de ir muito longe.
    Neste blog, alguns dos autores têm apontado o caminho. O problema são os medos!!

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  11. Caro Miguel Frasquilho:

    Dentro do PSD são infelizmente poucas as vozes que tem feito coerentemente e persistentemente uma crítica às «rosadas» doutrinas económicas de Sócrates e corja SA.

    Leio-o e escuto sempre com admiração crescente e sinceramente espero que tenha em breve a projecção que merece no PSD. A bem de Portugal.

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