Em minha opinião, a candidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do Partido Social Democrata representa uma lufada de ar fresco e uma esperança que se abre, quer para o PSD, quer para a sociedade portuguesa – podendo, por isso, significar uma enorme mais valia para todos os que anseiam participar mais activamente na vida política do nosso País, mas não se revêem totalmente na forma como os Partidos têm, muitas vezes, conduzido as suas actuações.
Encarnando, sem dúvida, uma linha de renovação no PSD, mas com experiência quer ao nível político, quer empresarial, Pedro Passos Coelho tem abordado com frontalidade todas as questões que lhe são colocadas (independentemente da sua natureza), e tem mostrado estar familiarizado com as fragilidades e os problemas que o nosso País enfrenta nas mais diversas vertentes.
Na minha área de formação, a economia, a situação que Portugal atravessa é muito complicada – o que já sucede desde há vários anos a esta parte. O crescimento económico é extremamente débil; o nível de vida da população tem vindo a deteriorar-se, ano após ano, face aos padrões europeus; a produtividade compara mal com a maior parte dos países da União Europeia; o desemprego subiu para níveis historicamente elevados; a desigualdade na distribuição de rendimentos é das maiores da Europa; o endividamento externo atingiu, desde há alguns anos, níveis preocupantes; o défice das contas públicas tem sido combatido muito mais à custa da receita do que da despesa (uma fórmula errada e não sustentável); a sociedade (famílias e empresas) encontra-se estrangulada com uma carga fiscal excessiva; o investimento, quer nacional, quer estrangeiro, escolhe outras paragens…
É fundamental perceber que, sem colocar o crescimento económico no topo da agenda governativa, nenhum dos outros problemas que enumerei será resolvido.
Ora, isso significa uma profunda mudança na estratégia de política económica que desde há vários anos tem vindo a ser prosseguida no nosso país. Significa, em particular, equilibrar o combate ao défice público com a necessária e urgente dinamização da economia. Assegurar a consolidação das contas públicas tem, obrigatoriamente, que passar pela redução do peso da despesa do Estado no PIB, em particular as despesas de funcionamento. Potenciar o crescimento económico implica a prossecução de políticas viradas para a competitividade e a produtividade, que tornem o país mais atractivo para as empresas – sem o que nunca será possível criar mais e melhores empregos, apoiar os mais carenciados e atenuar as desigualdades sociais.
Em ambas as vertentes, e como há anos venho defendendo, a política fiscal deve desempenhar um papel estratégico fundamental que, infelizmente, tem sido sistematicamente esquecido/adiado em Portugal.
O Governo Socialista liderado pelo Engenheiro Sócrates trouxe-nos mais do mesmo, e está visto que – até pelas suas raízes ideológicas – não será capaz de proporcionar esta viragem na política económica que Portugal urgentemente necessita.
Em minha opinião, o discurso que Pedro Passos Coelho tem proferido e as ideias que tem lançado colocam-no, de entre os candidatos à liderança do PSD, na melhor posição para materializar esta mudança, apresentar um projecto de governação alternativo ao que o Engenheiro Sócrates tem corporizado e, dessa forma, poder aspirar a ser Primeiro-Ministro em 2009. Um projecto mais liberal na economia, que permitirá uma maior ambição no domínio social.
E é por acreditar que este será o melhor caminho para o nosso País que, de forma convicta, lhe manifesto o meu apoio.
Nota: Este texto foi publicado no jornal "24 Horas" em Maio 23, 2008.
Encarnando, sem dúvida, uma linha de renovação no PSD, mas com experiência quer ao nível político, quer empresarial, Pedro Passos Coelho tem abordado com frontalidade todas as questões que lhe são colocadas (independentemente da sua natureza), e tem mostrado estar familiarizado com as fragilidades e os problemas que o nosso País enfrenta nas mais diversas vertentes.
Na minha área de formação, a economia, a situação que Portugal atravessa é muito complicada – o que já sucede desde há vários anos a esta parte. O crescimento económico é extremamente débil; o nível de vida da população tem vindo a deteriorar-se, ano após ano, face aos padrões europeus; a produtividade compara mal com a maior parte dos países da União Europeia; o desemprego subiu para níveis historicamente elevados; a desigualdade na distribuição de rendimentos é das maiores da Europa; o endividamento externo atingiu, desde há alguns anos, níveis preocupantes; o défice das contas públicas tem sido combatido muito mais à custa da receita do que da despesa (uma fórmula errada e não sustentável); a sociedade (famílias e empresas) encontra-se estrangulada com uma carga fiscal excessiva; o investimento, quer nacional, quer estrangeiro, escolhe outras paragens…
É fundamental perceber que, sem colocar o crescimento económico no topo da agenda governativa, nenhum dos outros problemas que enumerei será resolvido.
Ora, isso significa uma profunda mudança na estratégia de política económica que desde há vários anos tem vindo a ser prosseguida no nosso país. Significa, em particular, equilibrar o combate ao défice público com a necessária e urgente dinamização da economia. Assegurar a consolidação das contas públicas tem, obrigatoriamente, que passar pela redução do peso da despesa do Estado no PIB, em particular as despesas de funcionamento. Potenciar o crescimento económico implica a prossecução de políticas viradas para a competitividade e a produtividade, que tornem o país mais atractivo para as empresas – sem o que nunca será possível criar mais e melhores empregos, apoiar os mais carenciados e atenuar as desigualdades sociais.
Em ambas as vertentes, e como há anos venho defendendo, a política fiscal deve desempenhar um papel estratégico fundamental que, infelizmente, tem sido sistematicamente esquecido/adiado em Portugal.
O Governo Socialista liderado pelo Engenheiro Sócrates trouxe-nos mais do mesmo, e está visto que – até pelas suas raízes ideológicas – não será capaz de proporcionar esta viragem na política económica que Portugal urgentemente necessita.
Em minha opinião, o discurso que Pedro Passos Coelho tem proferido e as ideias que tem lançado colocam-no, de entre os candidatos à liderança do PSD, na melhor posição para materializar esta mudança, apresentar um projecto de governação alternativo ao que o Engenheiro Sócrates tem corporizado e, dessa forma, poder aspirar a ser Primeiro-Ministro em 2009. Um projecto mais liberal na economia, que permitirá uma maior ambição no domínio social.
E é por acreditar que este será o melhor caminho para o nosso País que, de forma convicta, lhe manifesto o meu apoio.
Nota: Este texto foi publicado no jornal "24 Horas" em Maio 23, 2008.
Caro Miguel Frasquilho,
ResponderEliminarNão consigo vislumbrar qualquer diferença de estratégia no plano económico/social por parte de Ferreira Leite ou Passos Coelho. Aliás, não vejo qualquer diferença na estratégia preconizada em qualquer dos quatro candidatos.
Passos Coelho apesar de ser o candidato mais novo e de melhor figura, tem um discurso tão velho como os demais.
Com Ferreira Leite e Passos Coelho, só poderemos esperar mais do mesmo. Ferreira Leite, a neoliberal com as receitas de sempre, Passos Coelho, o novo delfim do “moderno” liberalismo. Ambos a defender mais cortes sociais nas Funções Sociais do Estado, no caso, a defender a extinção do princípio constitucional do “Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito”.
Nenhum dos candidatos apresentou alternativas credíveis à actual politica de Sócrates. Não souberam explicar as causas, as razões profundas dos Défices Públicos elevados, do agravamento, ano após ano, das desigualdades sociais, da continuada divergência económica de Portugal com os seus parceiros europeus.
E sem explicar estas razões, não haverá política alternativa capaz de motivar os portugueses.
E, como não sabem explicar as causas da continuada crise económica nacional, mostram-se incapazes de apresentar soluções eficazes, continuando assim, a apresentar as velhas e estafadas receitas de sempre, as mesmas que conduziram o País à pobreza em que nos encontramos hoje e que continuarão inexoravelmente a arrastar o País para o agravamento das suas condições económicas e sociais.
Mas o Miguel Frasquilho já estava como apoiante na sessão de apresentação da candidatura, antes de o Passos Coelho ter feito qualquer discurso ou ter lançado qualquer ideia. Não deve ter sido por isso...
ResponderEliminarPois, há razões que a própria razão desconhece...
ResponderEliminarCaro Miguel Frasquilho,
ResponderEliminarA questão da geração numa fase em que estaremos numa transição/descontinuidade para qualquer outro estádio parece-me igualmente importante. É preciso realmente renovar e arriscar um pouco mais. Espero que Pedro Passos Coelho tenha esse perfil e estou convicto de que alguma menor experiência profissional possa ser equilibrada com bom senso e apoio de outros, nomeadamente da geração anterior.
O PSD é urgente até porque com a crise do preço dos combustiveis e a problemática do ISP mal explicada, o Sr. Sócrates arrisca cair da cadeira.
Não sou do PSD nem voto no PSD mas há neste post duas coisas que me fazem muita confusão:
ResponderEliminarcomo se considera uma lufada de ar fresco uma candidatura que praticamente arrebanha todo o aparelho do PSD afecto a Luis Filipe Menezes (para além dos seus 25 anos de militância partidária activa, muitos deles a tempo inteiro);
como se faz esta profissão de fé no liberalismo e na correcção das medidas económicas de uma candidatura que na primeira oportunidade séria em que é posta à prova propõe uma intervenção administrativa no mercado dos combustíveis.
henrique pereira dos santos
"Um projecto mais liberal na economia, que permitirá uma maior ambição no domínio social."
ResponderEliminarQuadratura do círculo?
Sendo o Dr. Pedro Passos Coelho um candidato com superiores qualidades para ser eleito presidente do PSD, não mencionou ainda de que forma pretende unir internamente o partido. Aliás, tal como acontece com os restantes candidatos, exclui essa matéria dos seus discursos.
ResponderEliminarDo mesmo modo que o caro Dr. Miguel Frasquilho deixa expresso no final deste post, os candidatos à presidencia do partido, são, antes de o ser, candidatos a primeiro-ministro. É obvio que ha duas eleições para vencer antes de alcançar esse desejado "posto", contudo, parece-me que todos se estão a esquecer de um pequeno pormenor... é que, para presidente do PSD, os candidatos já estão definidos e... jogam todos no mesmo "campo", mas até às eleições legislativas e, para as legislações legislativas, algumas surprezas podem ainda suceder. Não lhe parece que seria mais coerente e até estratégico, focalizar o primeiro objectivo com coerência e determinação e na altura adequada avançar para o passo seguinte?
"Um projecto mais liberal na economia, que permitirá uma maior ambição no domínio social."
ResponderEliminar.
Faz todo o sentido. O dinheiro sorvido pelo monstro, destina-se quase todo para alimentar o próprio monstro, o "domínio social" é só um espantalho que o monstro agita para legitimar o saque aos impostados.
.
Basta lembrar que o ministério da educação gasta por mês 600 euros por aluno.
.
Se no final dos anos 80 do século passado, se fez o Live Aid, para fazer o by-pass aos governos africanos que ficavam com a maioria das ajudas, nós por cá temos necessidade cada vez mais de instituições com o Banco Alimentar, para fazer aquilo que se espera, e é dever, que o monstro faça e não faz, porque o gasta consigo próprio.
Algumas breves notas sobre os comentários que leio.
ResponderEliminar1. Dizem que não encontram diferenças profundas entre os projectos protagonizados por MFL e PPC. Pois não. Mal feito fora que as houvesse! Pelos vistos há quem não repare que os candidatos pertencem ao mesmo partido.
Apesar disso, só quem não esteve atento é que não acusou as diferenças...
2. Há não muito tempo atrás diabolizava-se quem se considerava liberal. Não deixa de ser divertido que se vejam estas eleições como uma espécie de concurso "quem quer ser mais liberal"...
3. PPC tem o aparelho de LFM com ele? Apercebi-me, de facto, de alguns apoios de PSDs que estiverma com LFM, como outros que outrora apoiaram Marques Mendes. E Santana Lopes. E Durão Barroso ou mesmo Cavaco Silva. E há, creiam, entre os apoiantes de PPC gente que tem um profundo respeito e sincera admiração pelas qualidades, que são muitas, da Dr.a Manuela Ferreira Leite. E, contudo, consideram ser PPC quem está melhor colocado para servir o País, liderando o PSD e o governo que nele se apoiar.
Se eu fosse militante do PSD, estava entre estes últimos.
Só se prova com isto algo que há muito não acontecia pelas bandas do PSD: há quem tenha ultrapassado a fase sebastianista. É um bem, não é um mal...
4. Vai para aí uma grande confusão sobre a proposta de redução da carga fiscal sobre os combustíveis.
Então diminuir a carga fiscal quando se considera exagerada é uma medida proteccionista e anti-liberal?
Não será o contrário?
Intervir administrativamente no mercado não é fazer acrescer ao custo e ao lucro um encargo que nada tem que ver com as actividades de produção, transformação (refinação), armazenagem, transporte e comercialização, como é manifestamente o encargo fiscal? Desagravar o peso da fiscalidade para animar a economia não é uma proposta que aposta no mercado e na suas capacidades de regerar riqueza?
5. Quadratura do circulo pretender ser mais liberal na economia e mais ambicioso no social, só para quem tenha absoluta fé no monopólio do Estado nestas matérias e entenda que o actual modelo social tem futuro.
Bom, mas se até os que se reclamam herdeiros dessa criação (de resto muito importante para a sociedade de bem estar que foi possivel construir no pos-guerra, com altos e baixos), entendem que é necessário mudar de paradigma!
E esses abnegam - ou dizem abnegar! - as propostas do social-liberalismo!
Melhor saúde, melhor apoio social, melhor emprego, dependem da maior capacidade de gerar riqueza e reservar parte da riqueza criada para um conjunto de prestações sociais, que podem e devem ser realizadas pela iniciativa privada, sem prejuizo do papel que ao Estado neste domínio deve ser mais do que reconhecido, exigido. Quer no plano das prestações, quer no que respeita à função de controlo e regulação do sector social privado.
6. Independentemente da opinião que os meus caros Amigos possam ter acerca de PPC, há uma coisa que julgo que lhe tem de lhe ser creditada: agitou positivamente estas eleições pelo carácter sério e sereno das propostas que fez (e que parece que não foram ouvidas por alguns, o que é perfeitamente normal), quebrando a tradição de as disputas internas no PSD circularem sempre em redor das pessoas.
Como demonstra o passado recente do PSD, as pessoas, quando escolhidas como meros personagens são facilmente descartáveis quando não lhe cai, de maduro, o poder nas mãos. Quando não se é capaz de compensar a insatisfação de se estar na oposição, ou de demonstrar às hostes e ao aparelho (qual o partido que o não tem?) que saber estar na oposição é meio caminho andado para legitimamente conquistar o poder.
Já quem se apresenta com ideias, e com elas quer fazer oposição marcando a diferença, é certo que pode por em causa algumas formas tradicionais de estar na política partidária, mas é seguramente mais dificil de descartar.
7. Finalmente, mais do que coerente, o apoio aqui declarado de Miguel Frasquilho a Pedro Passos Coelho é sobretudo consequente. Porque só quem não conhece o que sempre o Miguel Frasquilho defendeu é que pode estranhar a adesão à candidatura.
"Um projecto mais liberal na economia, que permitirá uma maior ambição no domínio social."
ResponderEliminarMuito interessante este seu parágrafo (ou pensamento?) caro Rui Fonseca.
Mas subsiste, a meu ver, uma dúvida: -Será que há a possibilidade real de um projecto mais liberal na economia portuguesa, concomitante com a actual “realidade” empresarial (pouca, ou nenhuma vontade de arriscar num cenário tão nublado)?
Quanto a uma economia mais liberal conduzir a uma maior ambição social, seria desejável, o que não sei é se é compatível…
"Um projecto mais liberal na economia, que permitirá uma maior ambição no domínio social."
ResponderEliminarPeço perdão ao caro Rui Fonseca, obviamente o pensamento é do caro Drº Miguel Fraquilho.
Ao JMFerreira de Almeida,
ResponderEliminarRecordo as palavras de Sá Carneiro.E medito. Será que pertenceu ao mesmo partido que estes dois candidatos PPC e MFL?
"A evolução da socialdemocracia a partir dos fins dos anos 50 foi nitidamente esta: a conciliação dos valores liberais fundamentais com um regime económico que rejeita o capitalismo liberal. Para que as liberdades sejam desenvolvidas e se dê satisfação à justiça social a social-democracia rejeitou, e bem, o capitalismo liberal e enveredou por outras formas económicas em que é mais importante uma política de preços de rendimentos, de salários, de justa distribuição de rendimentos, de participação dos trabalhadores nas empresas e nas próprias decisões conjunturais do que propriamente da propriedade dos meios de produção.
Numa social-democracia, o que é característico é o apoio dos trabalhadores industrializados: e esse apoio é tanto mais significativo quanto mais o País estiver industrializado. As sociais-democracias do Norte da Europa, por exemplo, nasceram com o apoio dos operários da indústria, mas também de agricultores, de pescadores e de pequenos comerciantes, tal como no nosso país. A nossa base social de apoio é tipicamente social-democrata. O nosso programa é um programa social democrático avançado, em relação, por exemplo, ao programa do S.P.D. alemão - e, portanto, isto afasta qualquer deturpação que se queira fazer no sentido de nos apresentar como partido liberal ou democrata-cristão, o que são puras especulaçõestendenciosas que não têm qualquer base.
É que a social-democracia, que defendemos, tem tradições antigas em Portugal. Desde Oliveira Martins a António Sérgio. É a via das reformas pacíficas, eficazes, a caminho duma sociedade livre igualitária e justa. Social-democracia que assegura sempre o respeito pleno das liberdades".
Recordo estas palavras de Sá Carneiro.E medito. Será que Sá Careneiro pertenceu ao mesmo partido que estes dois candidatos PPC e MFL?
Caro Ferreira de Almeida,
ResponderEliminarIndependentemente de discutir o valor político de uma lufada de ar fresco a minha questão não é a de saber se existem ou não muitos apoios que materializam essa lufada de ar fresco. O que me faz confusão é o sucesso da candidatura junto de tudo aquilo que faz com que se peça uma lufada de ar fresco. Alguém parece estar enganado;
A segunda questão é mais de fundo. Se o objectivo é a diminuição da carga fiscal por que razão se escolhe baixar o imposto sobre combustíveis? É esse o sinal mais racional que o Estado pode dar aos agentes económicos da necessidade de adaptação estrutural a um mundo de energia cara? E a diminuição da carga fiscal a partir desse imposto é a prioridade na diminuição da carga fiscal sobre a economia? A sua resposta foi interessante mas parece-me que ao lado porque a motivação da diminuição da carga fiscal sobre os combustíveis não foi liberal, como descrita por si, mas bem intervencionista para manter um preço que se considera desejável.
henrique pereira dos santos
Meu caro Ruy:
ResponderEliminarEntendo a nostalgia. Mas, com todo o respeito, chamo-lhe a atenção para a época em que essas palavras foram escritas e para o facto público e notório de que o mundo mudou muito. Faça uma excursão pelos discursos dessa época proferidos por todos os lideres sem excepção e compare-os com os que se fazem hoje. Vai ver que o comunismo já não é o que era, o socialismo democcrático acabou no léxico politico-partidário, a democracia cristã tem um recorte hoje indefinido porque se deu, naturalmente, o aggiornamento da doutrina social que lhe estava na base. Não haveria de mudar o pensamento social democrata?
Olhe bem para a sociedade que temos e repare que a ambicionada sociedade industrializada e a estrutura do mundo do trabalho dos anos 70 pouco ou nada tem que com a realidade dos dias de hoje.
E se quiser perceber que também o pensamento de Sá Carneiro evoluiu - em pouco tempo, devo dizer - recorde alguns dos seus discursos enquanto Primeiro-Ministro.
Meu caro, mantenham-se os dois valores essenciais da social-democracia, o personalismo e o reformismo. É neste quadro essencial de valores que deverá ser pensada a democracia do século actual.
Caro Henrique Pereira dos Santos:
A expressão "lufada de ar fresco" é sua, mas acho-a adequada ao aparecimento de PPC, em especial se sentida por alguém que se confessa não pertencer e não votar no PSD. Um bom sinal...
Agora quanto à questão essencial, o aumento dos combustíveis.
O meu Amigo parece esquecer-se do contexto em que foi feita a proposta de "mexer" na tributação sobre o consumo dos combustíveis. O contexto é a actual situação de asfixia da actividade económica a que o preço dos combustíveis, no qual a componente tributária não é desprezível, conduz.
Pode o meu caro HPS dizer-me que é necessário mudar o paradigma de desenvolvimento económico, que temos de abandonar a economia do carbono, que há que mudar atitudes e comportamentos sociais e económicos que nos libertem e libertem o planeta da dependência de um recurso finito e comprovadamente susceptível de agravar factores que põem em causa as condições de vida. Com tudo isso estarei de acordo. Mas não é nada disso está em causa quando alguém propõe que NESTA CONCRETA SITUAÇÃO o Estado prescinda de parte da receita que aplica em despesa ou investimento não reprodutivo para acudir a uma fase complexa do ciclo económico.
Não deixa, aliás, de ser curisoso observar que quem hoje se mostra avesso á liberalização não deixa de pensar, ainda que sem plena cconsciência, como os mentores do liberalismo do século XIX. O optimismo liberal não éra mais do que a doutrina segundo a qual, sucedesse o que sucedesse na economia, existiria sempre uma "mão invisível" que se encarregaria de mudar os ciclos. Assim pensam os assumidos anti-liberais de hoje: suceda o que suceder, mantenha-se o nível de supressão do rendimentos das famílias e das empresas a favor do Estado, que retira capacidade de consumo e de investimento, logo, ânimo à actividade económica. Supremo paradoxo!
Quem perde com esta situação? Não são os ricos, esse leit motiv permanente das medidas fiscais. Para esses a crise é mero motivo de conversa...
Até o insuspeito Sarkozy já o percebeu.
100% com a argumentação e contra argumentação de Ferreira de almeida.
ResponderEliminarRelativamente aos combustíveis ainda reforço:
- há muito que sabíamos da diferença de preço entre Portugal e Espanha resultante do ISP e IVA; estávamos a perder competitividade, volume de vendas e base tributária, tudo erros amplificados agora pelo aumento constante dos preços, erros suficientes para mudarmos de governo e vir outro com outra política, nomeadamente de impostos;
- para os que ainda não perceberão - o governo estabelece taxas unitárias à gasolina e gasóleo entre outros combustíveis que, pelo que apurei, são de 0,58€ por litro para a gasolina e 0,364 para o gasóleo. Sobre estas taxas fixas incide IVA, imposto também fixado pelo governo em 21%. Ora com IVA e taxa temos para a gasolina 0,70€ por litro para os cofres do estado. Este valor poderia ser diferente caso o governo assim entendesse. E alterar estes valores não é subsidiar os combustíveis ou congelar os preços, situação que eu estaria sempre contra e penso que Pedro Passos de Coelho também. A menos que alguns considerem que estas taxas e impostos vêm expressos na Constituição.
- combater o consumo de combustíveis com o aumento da carga fiscal por razões ambientais e de mudança de hábitos é uma medida desproporcionada e ineficaz tendo em conta a nossa dimensão e apenas leva a “secar a economia”, situação em que o governo Sócrates é exímio;
Caríssimos,
ResponderEliminarSobre os apoios é natural que os membros do PSD apoiem os seus candidatos. Ou estavam à espera que fosse o aparelho do PS a apoiar?
Quem paga o corte no ISP? MFL diz que nada propõe pois não conhece o estado da situação actual. PPC o que propõe? Corta nos serviços do estado ou emite dívida pública?
MFL parece-me intelectualmente mais honesta e credível. PPC acusa falta de experiência. Deveria ter feito uma travessia do deserto a "sério".
Por outro lado PPC tem um problema que virá à superfície mais tarde ou mais cedo. Licenciado pela universidade lusíada e carreira de gestor.
a) Não está em causa o esforço que teve para tirar a sua licenciatura. A Lusíada é da Fundação Minerva cujo presidente é Martins da Cruz (lembram-se?).
b) Também não está em causa a sua competência como gestor. Relembra-se que a Fomentinvest, SGPS, é liderada por próximos do PSD.
Também dá aulas num obscuro instituto. Tal como Sócrates trabalhou na área do ambiente.
PPC terá sempre a nuvem de que é mais um com curso na privada e que fez carreira com os contactos da política. É pena porque PPC parece-me ser uma pessoa com valor.
Como eleitor, compro mais facilmente um carro em 2a mão a MFL do que a PPC. E você?
Cumprimentos,
Paulo
Caríssimos,
ResponderEliminarMuito obrigado pelos vossos comentários e pelo dinamismo que este meu texto possibilitou... quanto ao mais, meu caro José Mario Ferreira de Almeida, você no seu comentário já disse tudo - pelo que, se não se importar, faço minhas, a 100%, as suas sábias palavras!... :-)
Mas que desgosto, Miguel Frasquilho!!! Vê-lo a propagandear Pedro Passos Coelho como a solução de futuro para o PSD :(:(
ResponderEliminarClaro, eu até percebo, e talvez em rigor nem devesse espantar-me (isto sem ironia fácil).
Porque afinal você não faz mais do que apoiar pragmaticamente aquela candidatura que lhe garante, não propriamente a autoridade, (e muito menos a autoria…) para desenvolver uma certa concepção de Estado e de sociedade, mas a que lhe assegura a passividade necessária à instalação do clima 'laissez faire' que preconiza. Portanto, no fundo, é evidente que você vê nos líderes e candidatos a PM não mais do que meros lugares, (ainda que lugares-chave), capazes de viabilizar, ou não, o seu modelo económico de eleição.
Para si, e em suma, o Governo da Nação é um simples enabler, não é assim?
Eu entendo que a saúde económica é um valor fulcral para qualquer sociedade, nem questiono!
Sei há eras que o modelo do Estado-Providência faliu (não pelo descrédito da filosofia que o inspira, mas por manifesto défice do seu orçamento social ou assistencial, o que só reforça o valor dos parâmetros económicos).
Sigo com imenso interesse as suas opiniões. E sou particularmente fã das suas propostas em matéria fiscal…
MAS assim não!!!
Irra, o problema maior dos economistas (desta geração que tb. é a minha?) é o de instaurarem uma ordem de intervenção pública em que, pura e simplesmente, os meios se sobrepõem aos fins.
E como isso é perverso…
O primado pertence aos fins, com meios adequados!
Neste caso, o primado pertence à Política: - o exercício aglutinador que legitima e dá envergadura a todos os parâmetros parciais.
Parciais, sim, porque são meras parcelas da verdade: - eis aquilo de que eu e muitos não abdicamos.
A visão política é a síntese que humaniza e dá sentido ao resto.
Ora, para este papel, não basta um PM simples “guarda-nocturno”.
É preciso alguém com mais do que aptidões empresariais… porque Portugal não é uma grande empresa, a que se aplique o ‘dernier cri’ em matéria de modelos de gestão de projectos, a fim de melhorar o seus lucros (e melhor dividi-los entre os seus ‘stakeholders. Que serão, note-se, apenas alguns de nós…)
Pedro Passos Coelho é um homem agradável. Nos antípodas de Sócrates.
Mas não é um político de 1ª.
Nem é um estadista.
Nem se reconhece no seu discurso mental o mínimo exigível, que seria qualquer objectivo amplo (um ‘valor’ consistente que seja!) ou, ao contrário, qualquer limitação genuína ao seu leque de vectores estratégicos.
“Sinais de chama”, em suma? Nenhum!
Tudo isto faz de PPC um candidato insuficiente, para quem tem dos Partidos e da Política uma visão superior (ainda que numa praxis insatisfeita).
Mas nem era preciso ir por caminhos tão analíticos para percebermos que, além de “não chegar”, de ser “muito pouquinho”, PPC não serve mesmo.
Bastava ter em conta o facto de ele ser planta do mesmo regadio de Menezes!.
Isto é o seu valor facial, e devia chegar-nos.
E se o PSD não estiver minado, como se diz à boca cheia, em trafulhices de bastidor, não será PPC quem ganha.
- Estará? Não estará?
Veremos!
(e se estiver, esta crise será seguramente o 'requiem' do PSD em que sempre votei. Não propriamente pelo PPC, mas por tudo o resto).
Cá estaremos a observar atentamente.
Por mim, quero lá saber da idade dos candidatos!!!
Desde quando é que isso é critério substantivo?!?!
Cara Laura:
ResponderEliminarExcelente!
dia 31 o PPC vai vencer com o meu apoio e de cerca de 60% dos militantes do PSD até lá está tudo dito neste post , o mofo significa o estado do nosso pais a desgraça e a miséria em que nos encontramos todos....Pedro Passos Coelho é o Homem que vai mudar Portugal e é agora, basta de barões e de elites que o poder seja entregue aos jovens pensadores, inteligentes, empreendedores, honestos e com futuro...
ResponderEliminarpara os mais velhos deixo um recado: todos vós tendes filhos, e muitos deles estão no desemprego porque pessoas como Manuela Ferreira Leite e aqueles que a apoiam ocupam lugares a mais de 30 anos, estão agarrados ás cadeiras do poder e deixam os jovens sem alternativas está na hora de vocês que são pais que são avós darem uma oportunidade aos vossos filhos e netos de serem alguém , e só votando Pedro Passos Coelho se renova a classe politica e empresarial de Portugal , só com Pedro Passos Coelho os Jovens vão ter a esperança de ser alguém !!!
Caro Efeitoplacebo,
ResponderEliminarVisitei o seu blog. Interessante a entrada onde cita o apoio de Ângelo Correia a PPC. Cita Ângelo Correia:
"O País só olhará para o partido doutra maneira se houver um novo líder, um rosto novo, uma janela aberta sobre o País, que deixe entrar uma lufada de ar fresco. Senão continuará o mofo, o bafio, o mesmo do passado"
Não sei se sabe mas o seu candidato PPC é empregado da Fomentinvest. Não sei se sabe mas Ângelo Correia é Presidente da comissão executiva da Fomentinvest.
O presidente do PSD deve ser um homem livre. O primeiro ministro de Portugal deve ser um homem livre.
Acha que PPC sendo empregado de AC é um homem livre? Onde está afinal o mofo? Mas que apoios são estes?
Manuela Ferreira Leite é uma mulher livre.
Meu caro, o vinho de cepas velhas, não nos costuma deixar mal. É pouco mas bom!
Os meus cumprimentos,
Paulo
Meu caro JMFerreira de Almeida, por ausência, só agora acrescento o seguinte:
ResponderEliminarInfelizmente os seguidistas só tardiamente compreendem a evolução histórica. Depois de grandes esperanças depositadas no neoliberalismo, eis que se verifica que tal pratica revela menos crescimento económico e grande agravamento nas desigualdades sociais. O modelo neoliberal, recauchutado do liberalismo de há dois séculos atrás, adaptado e perfilhado pela “globalização”, demonstra hoje, não responder aos anseios de progresso das sociedades. Não é possível deixar o “mercado” à solta, até porque hoje o mercado tal como se entendia há anos atrás já não existe, estando substituído por oligarquias mundiais onde a competição económica se tornou inexistente ou demasiado débil (veja-se o caso presente da especulação dos preços dos combustíveis provocado pela especulação financeira das oligarquias). O neoliberalismo e a divinização do mercado, tem os seus dias contados. É uma ideologia retrógada embora tente convencer do contrário e tente aparecer com um ar de “modernidade”.
Como interpreta o meu caro JMFA, o excelente Post da Susana Toscano aqui no 4ªrepublica, onde se lê:
Uma Comissão criada em 2006 com o apoio do Banco Mundial, presidida pelo Prémio Nobel americano Michael Spencer, liberal ortodoxo, e composta por mais 20 personalidades de relevo mundial – Comissão sobre o Crescimento e Desenvolvimento – publicou um relatório que considera que é necessário um novo consenso para "tornar a mundialização menos selvagem", pondo em causa as políticas de desenvolvimento adoptadas no séc. XX na sequência do chamado “Consenso de Washington”. Este, elaborado pelo economista Jonh Williamson no fim dos anos 80, preconizou a redução dos défices, dos impostos e da despesa pública e a aceleração das privatizações e da desregulamentação.
Chegam agora à conclusão de que o Consenso de Washington “não teve em conta as consequências sociais das políticas que defendia, conduziu à insegurança económica e pôs as populações contra as reformas” consideradas necessárias no mundo global.O relatório da comissão é peremptório: “A ortodoxia tem limites e, se houvesse uma receita infalível, já a teríamos descoberto”. E qual é a principal constatação? Pois bem. É a de que “o crescimento indispensável para fazer recuar a pobreza e assegurar um desenvolvimento sustentado reclama um Estado forte”.E que entendem eles por um Estado forte? De facto, a associação entre o crescimento saudável e o papel do Estado deixa por uma vez o estribilho do apagamento a eito dos sectores públicos versus o sector privado, antes evidenciam que tem que haver um “planeamento a longo prazo que permita funcionários melhor pagos e uma administração “competente, credível e motivada”. Diz mesmo mais, diz que os “investimentos públicos em infraestruturas, educação e saúde, longe de impedir o investimento privado, o estimulam”.
Este relatório é um grande sinal de alarme e um toque de finados ao liberalismo economicista do fim do séc. XX. É que os povos querem é viver melhor, não estão muito interessados em saber quem é que segue de perto as teorias que estão mais em voga…
Um abraço social democrata,
ruy
Meu caro Ruy:
ResponderEliminarDefeito meu, mas tenho muita dificuldade em ler a política nos rótulos. É que não aprecio quase nada do que é enlatado...
A análise que faço, faço-a tendo como referência valores e não etiquetas.
Quanto á ortodoxia do neo-liberalismo a que se refere o texto da Suzana Toscano ou aos excessos de desregulamentação e da globalização, nada tenho a opor. Aliás, nunca me revi em ortodoxias. Nem liberais, nem quaisquer outras.