Gosto de saborear e beber um bom café. Comecei cedo. Primeiro com o “garoto”, quando andava na Escola Primária. Recordo que à noite ia ver televisão ao café da estação e bebia uma chávena que era mais leite do que café, café de saco, cheiroso, cujo aroma perfumava todo o estabelecimento. Sabia bem. Ainda hoje guardo esse sabor, mais do café do que do leite, bebida que nunca foi do meu agrado. Dez tostões era quanto custava. Por volta das dez da noite, o mais tardar, a contragosto e sem sono, ia para casa, porque no dia seguinte a escola estava à minha espera e para um miúdo acordar cedo era um tormento agravado pelo facto de me deitar tarde. Ia sempre ensonado e maldisposto como é fácil de prever. No entanto, a caminho da escola passava junto a um local onde procediam à torrefacção do café. Parava uns instantes e inspirava profundamente, deliciando-me com aquele aroma que impregnava toda a estrada. Quando chegava à escola até parecia que estava mais bem-disposto e mais acordado!
Anos mais tarde - andava no Colégio - aprendi a beber café. Ao princípio, por recomendações familiares, bebia apenas um carioca. Com o tempo passei ao café, que passou a ser um ritual e uma forma de socialização. Curiosamente, o preço mantinha-se a dez tostões!
Andava no 6º ou no 7º ano, quando fui à aldeia de um concelho vizinho passar as férias do Carnaval. A mãe do meu amigo ao ouvir a nossa conversa sobre tomar um bom café depois do jantar, antes de irmos para o Quartel dos Bombeiros, deve ter desatado a correr para comprar no café do povoado uma embalagem, como mais tarde fiquei a saber. Até aqui nada de especial, a não ser quando me contemplou com uma avantajada malga cheia de um café negro a fumegar. A senhora, de condição muito humilde, fez aquilo que costumava fazer com o café de mistura tipo chicória. Não quis ser indelicado e, pensando que era um malga do tal café de mistura, bebi-o, mas havia qualquer coisa de estranho, o sabor era diferente e o fundo estava cheio de borras. O meu colega não bebeu, porque ia beber uma chávena quando chegássemos aos Bombeiros. E assim foi. Quando chegámos bebemos uma bica. Passado pouco tempo fiquei atrapalhado, porque sentia tudo a tremer. Pensei que se tratava de um tremor de terra e agarrei-me a um poste de aço do recinto. Mas como não passava acabei por verificar que era eu que tremia. E de que maneira. Pior do que ter febre. Falei com o colega que também estranhou a minha agitação motora para a qual não tinha explicação até que me lembrei do café da senhora. – Olha lá como é que a tua mãe fez o café? Respondeu: - Sei lá! Mas agora recordo que ela disse que ia ao café. Às tantas foi buscar café bom e fê-lo como se fosse chicória. – Estou tramado! Não consigo deixar de tremer. Tenho que me ir deitar. E assim foi. Não gozei a festa, passei toda a noite acordado e de manhã lá fui no trama para casa. Só da parte da tarde é que adormeci.
Estas reminiscências sobre o café da minha infância e adolescência não ficam por aqui. Muito mais poderia contar. Quem despertou estas recordações foi um artigo segundo o qual, os ratos privados de sono apresentam redução de certas moléculas expressas por onze genes a nível cerebral. Quando são sujeitos apenas ao aroma as tais moléculas derivadas da acção de nove genes voltam ao normal e em duas delas até aumentam. Apesar de não haver estudos em seres humanos, muitos desses genes têm os seus equivalentes entre nós. Assim, o facto de alguém se sentir cansado pode ser devido à tal redução das moléculas. A apetência para tomar um café pode explicar a reactivação dos genes fazendo com que o individuo se sinta melhor. Aqui está uma explicação para os amantes do café. O mais interessante é que nem precisamos de o beber. Basta cheirá-lo. Sendo assim o melhor é perfumar os locais de trabalho, as escolas, os gabinetes dos ministros e a própria Assembleia da República com aroma de café. Ficariam mais despertos, mais criativos e menos fatigados. Sem riscos para a saúde, nem efeitos secundários...
Anos mais tarde - andava no Colégio - aprendi a beber café. Ao princípio, por recomendações familiares, bebia apenas um carioca. Com o tempo passei ao café, que passou a ser um ritual e uma forma de socialização. Curiosamente, o preço mantinha-se a dez tostões!
Andava no 6º ou no 7º ano, quando fui à aldeia de um concelho vizinho passar as férias do Carnaval. A mãe do meu amigo ao ouvir a nossa conversa sobre tomar um bom café depois do jantar, antes de irmos para o Quartel dos Bombeiros, deve ter desatado a correr para comprar no café do povoado uma embalagem, como mais tarde fiquei a saber. Até aqui nada de especial, a não ser quando me contemplou com uma avantajada malga cheia de um café negro a fumegar. A senhora, de condição muito humilde, fez aquilo que costumava fazer com o café de mistura tipo chicória. Não quis ser indelicado e, pensando que era um malga do tal café de mistura, bebi-o, mas havia qualquer coisa de estranho, o sabor era diferente e o fundo estava cheio de borras. O meu colega não bebeu, porque ia beber uma chávena quando chegássemos aos Bombeiros. E assim foi. Quando chegámos bebemos uma bica. Passado pouco tempo fiquei atrapalhado, porque sentia tudo a tremer. Pensei que se tratava de um tremor de terra e agarrei-me a um poste de aço do recinto. Mas como não passava acabei por verificar que era eu que tremia. E de que maneira. Pior do que ter febre. Falei com o colega que também estranhou a minha agitação motora para a qual não tinha explicação até que me lembrei do café da senhora. – Olha lá como é que a tua mãe fez o café? Respondeu: - Sei lá! Mas agora recordo que ela disse que ia ao café. Às tantas foi buscar café bom e fê-lo como se fosse chicória. – Estou tramado! Não consigo deixar de tremer. Tenho que me ir deitar. E assim foi. Não gozei a festa, passei toda a noite acordado e de manhã lá fui no trama para casa. Só da parte da tarde é que adormeci.
Estas reminiscências sobre o café da minha infância e adolescência não ficam por aqui. Muito mais poderia contar. Quem despertou estas recordações foi um artigo segundo o qual, os ratos privados de sono apresentam redução de certas moléculas expressas por onze genes a nível cerebral. Quando são sujeitos apenas ao aroma as tais moléculas derivadas da acção de nove genes voltam ao normal e em duas delas até aumentam. Apesar de não haver estudos em seres humanos, muitos desses genes têm os seus equivalentes entre nós. Assim, o facto de alguém se sentir cansado pode ser devido à tal redução das moléculas. A apetência para tomar um café pode explicar a reactivação dos genes fazendo com que o individuo se sinta melhor. Aqui está uma explicação para os amantes do café. O mais interessante é que nem precisamos de o beber. Basta cheirá-lo. Sendo assim o melhor é perfumar os locais de trabalho, as escolas, os gabinetes dos ministros e a própria Assembleia da República com aroma de café. Ficariam mais despertos, mais criativos e menos fatigados. Sem riscos para a saúde, nem efeitos secundários...
Cumprimentos, Sr. Professor Salvador Massano Cardoso
ResponderEliminarInteressante, esta informação acerca das potencialidades do... aroma do café. E para mim, portador de forte dislipidémia, talvez seja a solução. Recentemente, médico meu amigo (e sistemático prevaricador no que respeita à comida a ao tabaco) disse-me que o café deveria ser tomado com probidade também pela gordura que contém e transporta. Curioso.
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarFelizmente que sou muito regrada no café. Depois de uma certa hora do dia se tomar um café, a tremer não fico, mas fico com enormes dificuldades em descansar.
Quando bebo o café de manhã é pelo gosto de o saborear. Não sei se seria capaz de substituir este pequeno prazer pelo simples acto de o cheirar!
Há dois anos atrás, quando fumava, tomava uns sete cafés por dia só para logo seguir fumar não sei quantos cigarros...
ResponderEliminarEra nestas alturas que o cigarro (juntamente com o café) sabia melhor, e, mesmo que estivesse cansado, aguentava sempre.
Agora só bebo um cafézinho, ganhei 4 kg que nunca mais os vou perder... enfim que saudades do cigarrinho!
4R, venho-vos dar uma triste noticia. O ministerio da educaçao fez asneira outra vez. Desta vez com os exames de geografia A. Leiam isto:
ResponderEliminarhttp://oafilhado.blogspot.com/2008/06/denncia-o-ministrio-faz-o-mesmo.html