A ANA anunciou que no aeroporto de Lisboa já não há capacidade para fornecimento de combustível a aeronaves que não prestem serviços de urgência ou de Estado.
Não deixa de ser estranha esta agora patenteada fragilidade do País. Três dias de bloqueio - parcial, porque ocorreram abastecimentos ao aeroporto, ainda que em menor frequência - foram suficientes para quase fechar uma das principais portas de entrada e saída.
A segurança, em Portugal, é mesmo uma miragem...
ACTUALIZAÇÃO. Leio que os bombeiros pedem a reserva de postos para permitir o abastecimento de combustível às viaturas utilizadas em serviços de emergência. Será possível que não exista um plano de contingência para situações como a que vivemos?!
ACTUALIZAÇÃO (2). À hora de almoço entrei num dos supermercados de Lisboa. Constato que afinal as notícias não são alarmistas. Que me lembre, nunca vi as prateleiras de produtos frescos vazias como há poucas horas as encontrei...
ACTUALIZAÇÃO (3). Ao que parece, Madrid está a viver uma situação ainda mais complicada que a capital portuguesa. Apesar de 53 anunciadas medidas com que o governo do PSOE pretendeu resolver o problema das transportadoras espanholas. Sócrates e Zapatero irmanados...
ACTUALIZAÇÃO (4). Alguns órgãos de comunicação estão a informar que duas das medidas acordadas entre o Governo e a ANTRAM são: a consagração legal de fórmula de revisão automática dos preços dos serviços, de acordo com as variações do preço do combustível, e estabelecimento de coimas pelo seu incumprimento; e a consagração legal do prazo máximo de 30 dias para o pagamento dos serviços de transporte, e estabelecimento de coimas pelo seu incumprimento. Deve haver algum equívoco ou então o ministro ensandeceu de vez! O contrato de transporte é um contrato emergente da autonomia da vontade das partes que o celebram. É um contrato de direito privado. Coimas pelo incumprimento?! A crise deu em loucura! Internem-os, ou isto piora...
ACTUALIZAÇÃO (5). Hellas! Nesta medida, sim, eu acredito! Governo e ANTRAM acordaram na "criação de um grupo de trabalho envolvendo os Ministérios dos Transportes e do Trabalho, para adaptação da legislação laboral à especificidade do sector". Finalmente uma solução para o problema. Podemos enfim desligar que os transportadores rejubilam a esta hora perante a grandeza da conquista...
ACTUALIZAÇÃO (6). À medida que as noticias do acordo entre a ANTRAM e o Governo vão sendo conhecidas, fico esmagado com a capacidade demonstrada pela associação e a largueza das cedências do Governo. Então não é que conseguiram nem mais nem menos do que a "criação de apoios à formação no sector e criação do Centro de Novas Oportunidades para Transportes"? Depois de mais esta esmagadora conquista, os transportadores só não desmobilizam se forem masoquistas.
(Depois desta, tenho de mudar o título deste post. Quais fragilidades, qual quê! Toma lá Zapatero que é para veres como é que as coisas são resolvidas deste lado!)
Será que esta notícia é o prenúncio de que o Governo se está a preparar para acabar com a brincadeira?
ResponderEliminarEspero que seja!
... Ou será que tudo se começa a conjugar de modo a que a vontade e o querer popular ganhem expressão^?
ResponderEliminarImaginmo a revolta que Santana Lopes deve estar a sentir... por muito menos, um presidente da república que tambem se escusava a comentarios, mostrou-lhe um cartão vermelho, expulsando-o de campo...
A ANA é um verdadeiro maná da nossa democracia.Falta gasolina...ora bem mas não faltam milhões de Euros para o granel da gestão do aeroporto
ResponderEliminarHá um mês o PM dizia que graças a "eles" o país estava agora mais bem preparado para enfrentar qualquer crise internacional...
ResponderEliminarVê-se! Nem uma crise interna (para já!) quanto mais uma inernacional...
Fragilidades sim, em especial na "massa cinzenta".
ResponderEliminarPorque se calhar era melhor, já terem pensado (e consumado !) a diversificação das formas de energia e do transporte de mercadorias.
O cerco é uma táctica de ataque ancestral mas há uns séculos aguentava-se muitos meses porque cada burgo tinha grande autonomia. Agora, nesta nossa sociedade tão desenvolvida, as dependências são quase ao minuto, a logística planeia para uma cadência veloz, a armazenagem custa muito dinheiro, e pronto, em poucas horas instala-se o caos e a emergência. A comunicação social ajuda, espalhando o pânico e fazendo com que as pessoas corram a abastecer-se como se houvesse uma epidemia. O que impressiona muito é realmente esta imagem de vulnerabilidade, que não é só cá, como se vê, mas que dá uma força desmesurada a quem tenta impor as suas condições.
ResponderEliminarQuiçá, o governo consiga convencer os grevistas que aumentar o valor do abono de familia tem tudo a ver com o travar o aumento da gasolina. É que esta é uma rica ideia.
ResponderEliminarDepois de ter ido buscar os meus filhos de comboio e tê-los feito palmilhar 1.5 km com 30ºC, agora acho que temos um défice de camionistas atropelados...
ResponderEliminarAnime-se amigo Tóni! :)
ResponderEliminarVeja as coisas pelo lado positivo, o exercício faz bem à saúde e ajudou a proteger o ambiente.
Os ecologistas devem estar radiantes!
Caro Ferreira de Almeida, eles rejubilam, eu fico com a certeza de vivermos num manicómio gigante. Centro de Novas Oportunidades para o Transporte, ahahahahah, deixem-me rir! O que é isso mais do que um nome pomposo?
ResponderEliminarEstá a perder-se uma excelente ocasião para reformar todo o sector dos transportes terrestres de mercadorias mas enfim. É o que há.
Pssst....(vocês estão malucos???!!! Por acaso andaram hoje debaixo do sol de Junho de fatinho a suar as estopinhas???)
ResponderEliminarO acordo é maravilhoso! É uma grande vitória para os camionistas! Histórica!!!!
Tem razão Tonibler. É um grande acordo.
ResponderEliminarCaros Tonibler e Dr. Ferreira de Almeida, por melhor que tenha sido o resultado do acordo obtido, nunca se poderá dizer que foi um bom acordo.
ResponderEliminarÉ um acordo manchado com o sangue da vida de dois portugueses que pereceram entre os sucessivos bloqueios.
Verificou-se uma ausência de autoridade do Estado. O Governo não soube exercê-la.
A segurança dos cidadãos que participavam neste bloqueio não foi acautelada e protegida, pelas forças policiais.
E por isso morreram duas pessoas.
Serviu de (mau) exemplo.
Manifestação é uma coisa.
"Passar cidadãos, a ferro" com um camião e bloquear o país é outra.
Pode vir a repetir-se. Ainda com este Governo. Ou com o próximo Governo.
Os meus amigos desculpem a observação, é que, fica-me a sensação que ninguem prestou atenção ao comentário colocado pela comentadora Suzana Toscano.
ResponderEliminarAperceberam-se por acaso da fragilidade da sustentabilidade das cidades em matéria de abastecimento público?
É muito inquietante, para nós, população e para um governo que eventualmente estará convencido que numa situação extrema resolverá tudo com uma mera requisição civil.
Os confrontos entre camionistas e autoridades, na vizinha Espanha mantem-se, os nossos agricultores desmobilizaram-se para ja, mas, os problemas-base não foram eliminados. E, se a um bloqueio mal resolvido, sobrevier outro melhor organizado, não sei até se para evitar palmilhar 1,5km, o caro Toni não terá de ir à feira da Malveira comprar um burro.
A coisa está ainda a ferver, muitas bolhas encheram e estão prestes a rebentar, não sei se será inteligente fazer como os nossos antepassados dos burgos, que antes do cerco, aramazenavam nas suas casas o mais que podiam...
Caros
ResponderEliminarO sequestro acabou com um mínimo de "ganhos" (que eu saiba). Acabou com uma dramática divisão do sector. Acabou com incómodos mínimos para o cidadão (porque quem os considera relevantes não sabe o que custa a vida). Acabou quando perceberam que a seguir a "coisa ficava muito preta". Acabou com morto(s?) e feridos, e uma imagem de que os democráticos sequestradores não passam de trauliteiros. Enfim... acabou sem que se perceba o que ganharam os sequestradores.
O pior ainda esta para vir, isso que se passou não é nada com o que se espera, ainda hoje a Galp aumentou novamente os combustíveis, os veículos iram parar, de qualquer forma
ResponderEliminarMinha cara Pézinhos, a concordância com o "juizo de valor" do Tonibler foi um mero gesto de solidariedade para com o dramático sacrifício que aqui ele nos relatou de ter sido forçado a caminhar uns metros.
ResponderEliminarTerá sido dos efeitos mais crueis do bloqueio!
Agora, muito a sério.
Quanto ao que diz, nada a opor.
Acho até que começam a ser demasiadas as vezes em que o Governo é reactivo em vez de medir bem as circunstâncias e agir em conformidade antecipando os problemas e administrando so remédios.
Naturalmente que os sectores das pescas ou dos transportes estão mais expostos à crise da subida dos combustíveis. Sei que não é o governo o responsável pela subida do preço do crude, embora lhe caiba a responsabilidade de não admitir qualquer alteração no quadro fiscalque permitiria garantir alguma estabilidade nos preços.
Independentemente disso não se entende, porém, como é que os ministérios sectoriais não antecipam os problemas e não poupam o País a estes sacrifícios adicionais aos que resultam imediatos dos factores externos negativos.
Foi assim nos transportes com custos de muitos milhões de euros e, infelizmente, o prejuizo irreparável de uma vida humana.
Foi assim com os pescadores.
Foi assim com o aeroporto da Ota, aventura que só não descolou porque se ergueram, fortes, oposições várias que puseram nú a irracionalidade de uma decisão teimosamente mantida e assente nos piores argumentos.
Mas foi assim também com o fecho das urgências dos hospitais, processo que só recuou perante a reacção popular aos efeitos intoleráveis da falta de planeamento.
Foi assim na Educação com os métodos da avaliação dos professores onde só a indignação de muitos produziu resultados.
Tenho a sensação que o governo chega a esta fase da legislatura, cansado, incapaz de reagir ás adversidades da conjuntura. Sem capacidade de reacção e com alguns dos ministros sem o menor crédito. O que é grave, precisamente porque era agora, nesta situação adversa, que precisávamos todos de governantes com visão.
Mais uns pregos para o caixão.
ResponderEliminarGrupos de trabalho, apoios para centros complicadíssimos e que não dão em nada, mais legislação a adaptar a existente a circunstâncias especiais, mais despesa, mais acordos, mais grupos de trabalho envolvendo tudo e todos.
O governo tem de chamar a si a resolução de tudo mesmo que não resolva nada e está claro mobilizar os recursos necessários.
Que cansaço !!
Descer o ISP é que nem pensar !!
Onde anda o PSD, para além do Eng. Angelo Correia
O PSD está a fazer exactamente aquilo que deve, admitindo que o país está acima do partido. Está calado e bem.
ResponderEliminarVisto de Sábado este "episódio" do "bloqueio" tem outras nuances:
ResponderEliminar1. Ficou provado que estamos a beira de convulsões sociais de gravidade maior;
2. A capacidade deste governo para as prever e/ou amenizar é nula. Respondem com "novas oportunidades" ... medida tipicamente "Sócretina", com espaço após a 1ª sílaba!
3. Assistimos a uma total incapacidade das forças de segurança em cumprir alegadas ordens do governo... enquanto o MAI se passeava pelos Brasis em campanha eleitoral junto da comunidade Portuguesa de Brasilia.
4. Até o Manuel Pinho brilhou... como Ministro da Administração interna ao promover a articulção inexistente das forças de segurança.
Desta vez resisti estoicamente ao delirio de massas com açambarcamento de viveres e stock de combustível... Mas já estou a planear a constituição imediata de "celeiro" de bens não perecíveis e enlatados... a maneira do verão quente de 1975... vem aí borrasca.
Aguardemos pelo que os agricultores e taxistas vão reivindicar proximamente.
Caro iluminurado anjo do senhor, desculpe de "meter a colherada".
ResponderEliminarNão me parece que agricultores e taxistas tenham a mesma força que os camionistas.
Nestes últimos, situam-se duas fragilidades lusas FATAIS:
- a dependência da economia portuguesa de um determinado tipo de transporte
- a dependência da economia portuguesa de um determinado tipo de energia
O que não significa que agricultores e taxistas não possam causar alguma perturbação social, mas nunca com a dimensão do bloqueio recentemente organizado.
É a minha humilde opinião.