Tenho o hábito de tratar a presidente do Conselho Científico da minha Faculdade como a minha “presidenta” favorita. Faço questão de dizer “presidenta”. Estou a feminizar uma palavra a par de tantas outras que sofreram o mesmo destino nos últimos anos. Recordei-me deste facto, quando li, no passado Domingo, uma entrevista de Pilar del Rio que, a propósito de ser chamada de presidente da Fundação Saramago, replicou de imediato que era “presidenta” e não presidente, e, seguidamente, deu a explicação para esta posição. Se as palavras não existem, então, criem-se!
Apesar de não concordar com muitas coisas descritas nessa entrevista, concordo inteiramente com esta posição. Posição para a qual fui “treinado” durante a minha estadia na Assembleia da República. De facto, não era nada fácil escolher as palavras, tendo de estar com muita atenção ao género das mesmas, porque senão ouvia das “boas” por parte de algumas deputadas. Ao fim de algum tempo transformei-me num “ás”(!) nesta matéria granjeando “admiração” por parte das minhas amigas. O pior foi no último dia do funcionamento da Assembleia da República (IX Legislatura). Tinham-me pedido para fazer uma pequena intervenção sobre o Ano Internacional da Física (voto). Fi-lo, após o almoço. Talvez, porque se tratava da minha derradeira intervenção - que, curiosamente, fechou a sessão - , ou por falta de tempo na sua preparação, falei mais no “masculino”. No final ouvi lindas “bocas”! Desculpei-me como pude, naturalmente!
A igualdade entre géneros é um imperativo. Muito esforço e muitas lutas têm ocorrido nas últimas décadas e ainda bem. Mas persistem sinais e comportamentos de um sexismo incompreensível, sobretudo em determinadas áreas.
A Igreja de Inglaterra aprovou a ordenação de mulheres bispo. Claro que há quem conteste dentro e fora desta Igreja. As mulheres já podem ser ordenadas padres desde 1994. O Vaticano está, naturalmente, contra esta posição e remata como sendo “um novo obstáculo à reconciliação das duas Igrejas”. A razão da recusa da igualdade entre homens e mulheres deve-se ao facto de “Jesus ter escolhido apenas doze homens”!
Seja como for, a Igreja Anglicana deu, mais uma vez, um passo muito importante e vai originar a criação de uma nova palavra: bispa!
Apesar de não concordar com muitas coisas descritas nessa entrevista, concordo inteiramente com esta posição. Posição para a qual fui “treinado” durante a minha estadia na Assembleia da República. De facto, não era nada fácil escolher as palavras, tendo de estar com muita atenção ao género das mesmas, porque senão ouvia das “boas” por parte de algumas deputadas. Ao fim de algum tempo transformei-me num “ás”(!) nesta matéria granjeando “admiração” por parte das minhas amigas. O pior foi no último dia do funcionamento da Assembleia da República (IX Legislatura). Tinham-me pedido para fazer uma pequena intervenção sobre o Ano Internacional da Física (voto). Fi-lo, após o almoço. Talvez, porque se tratava da minha derradeira intervenção - que, curiosamente, fechou a sessão - , ou por falta de tempo na sua preparação, falei mais no “masculino”. No final ouvi lindas “bocas”! Desculpei-me como pude, naturalmente!
A igualdade entre géneros é um imperativo. Muito esforço e muitas lutas têm ocorrido nas últimas décadas e ainda bem. Mas persistem sinais e comportamentos de um sexismo incompreensível, sobretudo em determinadas áreas.
A Igreja de Inglaterra aprovou a ordenação de mulheres bispo. Claro que há quem conteste dentro e fora desta Igreja. As mulheres já podem ser ordenadas padres desde 1994. O Vaticano está, naturalmente, contra esta posição e remata como sendo “um novo obstáculo à reconciliação das duas Igrejas”. A razão da recusa da igualdade entre homens e mulheres deve-se ao facto de “Jesus ter escolhido apenas doze homens”!
Seja como for, a Igreja Anglicana deu, mais uma vez, um passo muito importante e vai originar a criação de uma nova palavra: bispa!
-Então se a presidente cometer um deslize já não posso dizer que a sra é uma ignorante, mas uma ignoranta, se tiver o hábito de sorrir já não é uma pessoa sorridente, mas sorridenta. Isto fará parte do novo acordo ortográfico?
ResponderEliminarSe a memória não me atraiçoa a Drª Leonor Beleza foi a primeira mulher portuguesa a reivindicar o título de - a ministra...
ResponderEliminarPessoa sorridente ou senhora "sorridenta"!
ResponderEliminarPor acaso, ou talvez não, não é uma senhora "ignoranta".
Fez-me lembrar quando se começou a utilizar "juíza", "ministra"... Na altura não soava nada bem! E agora?
:-)
Caro professor, tanto quanto sei, embora "juiza", "ministra", "engenheira", etc, etc, sejam usadas na lingua corrente, não existem na realidade. Eventualmente terá mudado com estas modernices do acordo ortográfico. Por mim continuo e continuarei a referir-me e a escrever Sra. Engenheiro Nome de Tal, Meretissima Juiz Nome de Tal, etc, etc. E, claro, para mim, seja homem ou mulher continuará a ser sorridente, ignorante, entre outros, para ficar apenas pelos exemplos dados pelo António de Almeida.
ResponderEliminarCaro Zuricher
ResponderEliminarEstá no seu pleno direito.
Mas quando se refere a uma médica também se lhe dirige "Sra. Doutor"? Como "elas", as médicas, estão em maioria, e que maioria, meu Deus!, ainda arranja algum problema!
Olhe, para ser sincero, às vezes dou conta de que já falo no "feminino"! Quando aconselho alguém a ir a uma consulta digo: - Não se esqueça de ir à "senhora doutora" ou à sua médica!
Já agora, consultei alguns dicionários e juíza e engenheira existem!
Pois já aprendi alguma coisa, Professor Massano Cardoso. Quando eu me licenciei as senhoras "engenheiras" eram tratadas precisamente por Sra. Engenheiro porque o termo Engenheira não existia. Aprendi que já existe, coisa que não sabia.
ResponderEliminarPor acaso médica, doutora, sempre usei. É algo substancialmente mais antigo do que engenheiras ou juízas. E agora que me diz que elas estão em maioria tentarei ter o máximo cuidado em não cometer algum deslize, não vá ficar sem opções e elas resolverem vingar-se com alguma injecção dolorosa!
Um artigo de Francisco Belard (Expresso/Ciberdúvidas) sobre "O Sexo das Profissões" esclarece umas dúvidas e agrava outras.
ResponderEliminarO Houaïss (PT) consagra "presidenta" e "ministra" (não vi o resto, para não me irritar ainda mais).
"Bispa" é uma forma verbal do verbo "bispar" (m.q. "vispar" = ir embora, desaparecer, escapulir, ver a custo, lobrigar). A chatice é que "bispo" também é uma forma verbal do mesmo verbo, de maneira que estamos lixados, não é por aí.
Pelos vistos, o modo de resolver este problema é indiferente, se bem que a respectiva solução seja "indiferenta".
Acho ridículo que as feministas valorem essas coisas e até parece que não têm mais nada para enfatizar.
ResponderEliminarPresidenta é palavra feia e impronunciável.Presidente não é masculino, nem feminino: o género é determinado pelo artigo ou pelo evocativo que acompanha a palavra.
Por mim, nunca usarei Presidenta, nem Bispa, nem quejanda. Não me submeto à ditadura do politicamente correcto.
Acho mesmo que seria uma ofensa chamar a Drª MFLeite, a Presidenta do PSD, ou a Drª Leonor Beleza Presidenta da FundaçãoChampalimaud. Até me arrepia escrever a palavra!...
Presidenta vem associado a uma imagem de um rabo enorme numas saias floridas e a um penteado à Octávio Machado. Não sei porquê...
ResponderEliminarNão teria sido melhor chamá-las de "EPISCOPISAS"? Assim, não teríamos que inventar neologismos.
ResponderEliminarDe facto,soa melhor. Vou nessa!...
ResponderEliminarDeixem-me rir...
ResponderEliminarCoiso grande e penteado à Octávio Machado!?
Esta está muito boa ...
À conta desta decisão vai haver uma cisão na Igreja Anglicana.
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