Desde que foi anunciado ontem mais um pronunciamento da SEDES sobre o Estado da Nação, assistimos a uma catadupa de reacções, bastante agrestes, dos defensores oficiosos da “situação”:
– Jaime Silva, ao que parece agora também responsável pela pasta dos contenciosos políticos (pode ser que aí mostre mais talento do que na pasta que tem ocupado) foi o primeiro a disparar;
- Logo a seguir Manuel Pinho, com um duro ataque a Campos e Cunha, sugerindo frustrações pessoais na motivação do pronunciamento da SEDES;
- Depois Santos Silva, no seu esclarecida avaliação sobre matérias políticas, emitindo os habituais juízos definitivos e irrevogáveis,
- E até Basílio Horta, muito estimado e incansável Presidente da AICEP, cujo trabalho não posso deixar de apreciar pelo grande empenho que põe no apoio aos Investidores, veio hoje a terreiro para defender o Governo do “injustificado e imerecido” ataque da SEDES.
Para além de algumas duras críticas de vários porta-vozes do partido do Governo, procurando contrariar, de forma apriorística, as conclusões da SEDES.
Não deixa de ser curioso este intenso fogo de artilharia oficial disparado contra uma Associação Cívica como é a SEDES.
Dá a noção de que o Governo se sente sitiado e acossado, disparando para todos os lados, furiosamente, sem poupar munições...quando a final a SEDES se limitou a apresentar um relatório de análise sócio-política como já fez N vezes no passado sem alguma vez ter dado origem a tal alarido que me recorde.
É certo que esse relatório tem aspectos críticos em relação à actuação recente do Governo, denunciando preocupações eleitorais – mas, sejamos francos, pensa o Governo que estamos todos cegos e não percebemos perfeitamente que muitas das medidas anunciadas recentemente são ditadas por preocupações de carácter eleitoral?
Aquilo que parece, pois, é que a SEDES se limitou a expressar, porventura de uma forma mais elaborada e com algum impacto mediático, aquilo que é hoje a percepção do cidadão comum: o Governo abandonou o chamado “ímpeto reformista” – limitado, aliás - e passou a gerir a sua acção em função sobretudo de objectivos eleitorais.
Uma só questão para ilustrar este ponto: para quando a (mais de 50 vezes) prometida introdução de portagens nas SCUT's?
Muito provavelmente, à medida que o tempo passar, esta tendência de governar para o voto irá acentuar-se e estender-se a todas as áreas da administração - a nível central e local não nos iludamos.
Mas um Governo que se sente sitiado e acossado desta forma tão visível, perante uma denúncia quase óbvia, transmite um mau sinal: pode significar, por exemplo, que o eleitoralismo que aí vem é capaz de ultrapassar a nossa imaginação...preparemo-nos pois, o melhor será apertar já os cintos de segurança...
Hiper, hipersensível, este Governo...
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
ResponderEliminarAdmitindo que as garantias do estado aos veículos dos "project finance" das SCUTS estão mais que firmados, qual é o valor económico das portagens nas SCUT?
Quanto à SEDES, seria talvez altura de o tal relatório não ser feito com recortes de jornais. Alguém me diz a que reformas se referia o relatório? É que eu não me lembro de nenhuma que estivesse em curso...
Caro Tonibler,
ResponderEliminarNão discuto aquinem agora o valor económico da introdução de portagens nas SCUT'S - questiono, tão somente, o cumprimento de um anuncio - mil vezes repetido pelo Governo mas ainda não cumprido - da introdução de portagens nessas magníficas vias do desenvolvimento (algumas delas às moscas).
Quanto à SEDES, com ou sem recortes dos jornais, este pronunciamento foi pouco mais do que inócuo - veio dizer aquilo que nós todos já tínhamos percebido.
Daí a curiosidade deste imenso alarido governamental em torno dessa inocuidade...provavelmente têm muito mais eleitoralismo na manga mas não querem que ninguém repare - ficam muito zangados quando alguém diz que está a perceber a marosca...
Sinceramente, eu nunca me acreditei que um governo viesse tecer comentários, quanto mais como os jocosos que foram proferidos, quanto a uma respeitável associação cívica.
ResponderEliminarÉ pena que os media andem inebriados com patéticos anúncios ministeriais, ao invés de olharem para a conjuntura mundial. Ao tempo, que nos periódicos internacionais se falava diariamente e de forma preocupada sobre o desenvolver da crise, Portugal acorda com uma crise gigante, nos espaço de dois dias. É fantástico. Pena esta crise já ter começado em Setembro, mas até lá ninguém se preocupava. Enfim...
Quanto às SCUTS uma breve pergunta.
Vai-se cobrar as SCUTS na zona do grande porto que tem um papel vital para industria e desenvolvimento nessa região, enquanto aos turistas( Via do Infante), não se cobra? Andamos loucos?
Caro André,
ResponderEliminarPois é...mas não estejam preocupados com a introdução de portagens.
Isso é uma das medidas "reformistas" para guardar no gavetão...à espera que o Programão faça o milagre de "revitalizar" a economia.
Programão é um revitalizante económico com efeito muito semelhante ao da morfina em certas doenças graves...ou ao da cicuta em estados muito depressivos.