Presumo que uma vez por outra já tenha sentido uma sensação de incómodo misturado com raiva ao pretender ultrapassar um bêbado. A mim já me aconteceu e mais do que uma vez. Em determinadas ruas, sobretudo nas mais estreitas, ao pretender contornar, por exemplo, pela direita, o individuo até parece que nos adivinha a intenção colocando-se de imediato à nossa frente num equilíbrio ameaçador. Subitamente vem à cabeça a solução: acelero e ultrapassa-o pela esquerda. Mas, mais uma vez, o bêbado traça uma diagonal a um ponto imaginário à esquerda impedindo, novamente, a possibilidade de sair da situação. Mesmo parado e cambaleante consegue travar as nossas intenções. Um desespero.
Lá para as minhas bandas, agora, no Verão, desfruto algumas noites na varanda que dá para o largo onde vai desaguar uma rua íngreme em curva. De repente, aí, pelas onze, onze e meia, começo a ouvir os sons característicos desta fauna das tabernas. Monólogos estranhos, algumas vezes insultuosos, outras vezes políticos, muitas vezes sem nexo a preceder a entrada triunfal no largo. Sendo um pouco íngreme procuro ver se algum caí de costas, mas qual quê, dançam, param, tiram azimutes a tudo o que lhe aparece pela frente, as pernas dificilmente obedecem ao comando central, auto interrogam-se, alto e em bom som, por que razão as mulas das pernas não obedecem, porque é que cada uma quer fazer o que lhe apetece, e continuam assim até desaparecerem na rua contígua. Um só é suficiente para travar o passo de um não bêbado. Também já se deu o caso de um par de amantes de Baco se transformarem em verdadeiros siameses. Um deles apontou para a esquerda e o outro para o lado direito. Quando quiseram regressar ao ponto inicial, fizeram-no de tal forma que ficaram encostados ombro com ombro. Não disseram nada e, de repente, arrancaram juntos como um compasso bem aberto. Não mais se desviaram, galgando com uma rapidez nunca vista, para bêbados, a subida do largo. Uma boa solução, sobretudo para os que vêm atrás.
Esta abordagem foi despertada pelo facto de ter sido estudado pela primeira vez os movimentos de populações embriagadas, com vista a serem desenhadas ruas que permitam ajudar este pessoal a chegar à cama sem grandes problemas e sem provocar raiva nas pessoas sóbrias, já que podem originar conflitos violentos.
Investigadores da Universidade de Cardiff deslocaram-se ao centro da cidade para monitorizar a conduta destas pessoas nas Sextas-feiras e Sábados à noite. Cerca de 25% dos que consumiam bebidas alcoólicas apresentavam dificuldades na marcha.
Os modelos matemáticos criados permitiram estudar o fluxo de pessoas que, indo no mesmo sentido, são precedidos pelos “felizes” do álcool, revelando, quando um quinto vai a “dançar”, uma lentificação de 9% e de 38% quando todo o pessoal vai grosso! Estes modelos também estão a ser desenvolvidos para as grandes multidões, sobretudo em época de peregrinações.
Os autores propõem que, no futuro, as ruas sejam desenhadas de forma a facilitar os fluxos, sobretudo em determinadas zonas das cidades, assim como o reordenamento do denominado mobiliário urbano, de forma a facilitar a vida de todos.
Face a esta última sugestão, os autores do trabalho deveriam ter acesso ao velho filme português, “O Pátio das Cantigas”, de 1943, para saberem que nós, por cá, há muito que nos preocupamos com o mobiliário urbano. Naquela hilariante passagem, em que Vasco Santana, bêbado que nem um cacho, pede lume ao candeeiro e, a partir daí, a entrada em jogo do candeeiro móvel que o vai atraindo para a porta de entrada, até o levar para a cama, está bem demonstrada uma solução de mobiliário urbano móvel.
Aguardamos a apresentação das soluções para as novas ruas e mobiliário.
Já estou a ver alguns autarcas e outros políticos a exigirem medidas de protecção para as minorias abusadoras do álcool. Sim! Porque têm direitos. Não podem correr riscos de caírem, esbarrarem contra um poste ou torcer um pé no passeio.
O pior é se não forem considerados como uma minoria...
Lá para as minhas bandas, agora, no Verão, desfruto algumas noites na varanda que dá para o largo onde vai desaguar uma rua íngreme em curva. De repente, aí, pelas onze, onze e meia, começo a ouvir os sons característicos desta fauna das tabernas. Monólogos estranhos, algumas vezes insultuosos, outras vezes políticos, muitas vezes sem nexo a preceder a entrada triunfal no largo. Sendo um pouco íngreme procuro ver se algum caí de costas, mas qual quê, dançam, param, tiram azimutes a tudo o que lhe aparece pela frente, as pernas dificilmente obedecem ao comando central, auto interrogam-se, alto e em bom som, por que razão as mulas das pernas não obedecem, porque é que cada uma quer fazer o que lhe apetece, e continuam assim até desaparecerem na rua contígua. Um só é suficiente para travar o passo de um não bêbado. Também já se deu o caso de um par de amantes de Baco se transformarem em verdadeiros siameses. Um deles apontou para a esquerda e o outro para o lado direito. Quando quiseram regressar ao ponto inicial, fizeram-no de tal forma que ficaram encostados ombro com ombro. Não disseram nada e, de repente, arrancaram juntos como um compasso bem aberto. Não mais se desviaram, galgando com uma rapidez nunca vista, para bêbados, a subida do largo. Uma boa solução, sobretudo para os que vêm atrás.
Esta abordagem foi despertada pelo facto de ter sido estudado pela primeira vez os movimentos de populações embriagadas, com vista a serem desenhadas ruas que permitam ajudar este pessoal a chegar à cama sem grandes problemas e sem provocar raiva nas pessoas sóbrias, já que podem originar conflitos violentos.
Investigadores da Universidade de Cardiff deslocaram-se ao centro da cidade para monitorizar a conduta destas pessoas nas Sextas-feiras e Sábados à noite. Cerca de 25% dos que consumiam bebidas alcoólicas apresentavam dificuldades na marcha.
Os modelos matemáticos criados permitiram estudar o fluxo de pessoas que, indo no mesmo sentido, são precedidos pelos “felizes” do álcool, revelando, quando um quinto vai a “dançar”, uma lentificação de 9% e de 38% quando todo o pessoal vai grosso! Estes modelos também estão a ser desenvolvidos para as grandes multidões, sobretudo em época de peregrinações.
Os autores propõem que, no futuro, as ruas sejam desenhadas de forma a facilitar os fluxos, sobretudo em determinadas zonas das cidades, assim como o reordenamento do denominado mobiliário urbano, de forma a facilitar a vida de todos.
Face a esta última sugestão, os autores do trabalho deveriam ter acesso ao velho filme português, “O Pátio das Cantigas”, de 1943, para saberem que nós, por cá, há muito que nos preocupamos com o mobiliário urbano. Naquela hilariante passagem, em que Vasco Santana, bêbado que nem um cacho, pede lume ao candeeiro e, a partir daí, a entrada em jogo do candeeiro móvel que o vai atraindo para a porta de entrada, até o levar para a cama, está bem demonstrada uma solução de mobiliário urbano móvel.
Aguardamos a apresentação das soluções para as novas ruas e mobiliário.
Já estou a ver alguns autarcas e outros políticos a exigirem medidas de protecção para as minorias abusadoras do álcool. Sim! Porque têm direitos. Não podem correr riscos de caírem, esbarrarem contra um poste ou torcer um pé no passeio.
O pior é se não forem considerados como uma minoria...
ahahahaha ....
ResponderEliminarfantástico texto !!
as ruas dos "amigos de baco" deveriam ter inclinação em direcção à porta de casa, para que deslizassem suave e rapidamente para a mesma.
Ou em alternativa, um chip e as esposas ficariam com o GPS, para os irem buscar.
:-)
Aqui está um retrato real do comportamento de um bebedolas e da dificuldade que temos em evitar não esbarrar contra ele ou em o ultrapassar! É mesmo assim como o caro Professor Massano Cardoso diz!
ResponderEliminarGosto de beber, mas sempre que tenho de levar com alguém que não sabe o limite fico passado com isso...
Cara Pézinhos... só pode estar a brincar... qual é a esposa "com os 5 alqueires bem medidos) que vai querer instalar esse chip para encontrar o marido, quando o mesmo se achar bêbado ao ponto de não atinar com a casa onde mora?
ResponderEliminarQuando muito, nessa situação, paga a alguem para "o" instalar num ship que zarpe ainda essa noite e cuja rota seja para muiiiiito longe, de preferência um dos polos... para "ele" ir ver a foca.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaríssimo Amigo Bartolomeu, bons olhos o leiam !!!!
ResponderEliminarAgora diga-me uma coisa:
- Nunca casou, pois não ?
É que no acto do matrimónio, diz "lá" a páginas tantas ....:
Noivo: EU (nome do noivo), RECEBO-TE POR MINHA ESPOSA A TI (nome da noiva), E PROMETO SER-TE FIEL, AMAR-TE E RESPEITAR-TE, NA ALEGRIA E NA TRISTEZA, NA SAÚDE E NA DOENÇA, TODOS OS DIAS NA NOSSA VIDA.
Noiva: EU (nome da noiva), RECEBO-TE POR MEU ESPOSO A TI (nome do noivo), E PROMETO SER-TE FIEL, AMAR-TE E RESPEITAR-TE, NA ALEGRIA E NA TRISTEZA, NA SAÚDE E NA DOENÇA, TODOS OS DIAS NA NOSSA VIDA.
Ah pois ......!!!
portanto os episódios "alcoólicos" também estão incluídos no Contrato.
:-)
Os meus respeitosos cumprimentos com Amizade.
Acho que atingi o sentido cara pézinhos, não totalmente, mas... lá próximo.
ResponderEliminarO mais semelhante com aquilo que descreve que até hoje tive oportunidade de contratar, foi o empréstimo bancário para aquisição de casa própria, mas nesse caso, relativamente à saúde e à doença, fui obrigado a estabelecer um outro contrato com uma seguradora.
Tudo nesta vida encontra reflexos, é à conclusão que consigo chegar.
Ai a minha desatenção...
ResponderEliminaré obvio que lhe retribuo os amigáveis cumprimentos.
Pois é assim mesmo cara pézinhos!
ResponderEliminarOs contratos são para honrar (menos os firmados por políticos, claro!).
;)