Foram muitas as vozes, de alunos, pais, professores e especialistas que se indignaram com a redução do grau de exigência dos exames nacionais do ensino secundário. Muito se disse e se comentou acerca do facilitismo dos exames. Em particular na disciplina de matemática, que se apresenta estruturalmente problemática em termos de resultados de aprendizagem. Muitas acusações foram feitas sobre a desadequação do nível de dificuldade dos exames aos programas curriculares e ao trabalho exigido a alunos e a professores durante o ano lectivo.
Houve quem acusasse o governo de trabalhar para a qualidade da estatística em lugar de se preocupar com a qualidade da aprendizagem.
Estas manifestações de preocupação e de desagrado traduzem, pelo menos, um facto positivo. A consciência da sociedade de que o facilitismo não é o caminho, um ganho de sensibilidade para a verdade de que sem trabalho não há bons resultados.
Uma coisa é certa. Registou-se uma melhoria global de resultados de 2007 para 2008, em particular na Matemática A, cuja média passou de 9,4 valores para 12,5 valores, e na Matemática B, cuja média passa de 7,5 valores para 11,4 valores, tendo diminuído a percentagem de reprovações. No Portal do Ministério da Educação a explicação para os resultados reza assim:
Esta melhoria, que se verifica, pelo terceiro ano consecutivo, é seguramente o efeito combinado de três factores:
. mais tempo de trabalho e de estudo por parte dos alunos, acompanhado pelos professores, no quadro das actividades das escolas no âmbito do Plano de Acção para a Matemática;
. provas de exame correctamente elaboradas, sem erros e com mais tempo para a sua realização;
. maior alinhamento entre o exame, o programa e o trabalho desenvolvido pelos professores, designadamente através dos vários testes intermédios realizados nas escolas e da utilização do banco de itens disponibilizado pelo Gabinete de Avaliação Educacional por alunos e professores.
Uma coisa é certa. Registou-se uma melhoria global de resultados de 2007 para 2008, em particular na Matemática A, cuja média passou de 9,4 valores para 12,5 valores, e na Matemática B, cuja média passa de 7,5 valores para 11,4 valores, tendo diminuído a percentagem de reprovações. No Portal do Ministério da Educação a explicação para os resultados reza assim:
Esta melhoria, que se verifica, pelo terceiro ano consecutivo, é seguramente o efeito combinado de três factores:
. mais tempo de trabalho e de estudo por parte dos alunos, acompanhado pelos professores, no quadro das actividades das escolas no âmbito do Plano de Acção para a Matemática;
. provas de exame correctamente elaboradas, sem erros e com mais tempo para a sua realização;
. maior alinhamento entre o exame, o programa e o trabalho desenvolvido pelos professores, designadamente através dos vários testes intermédios realizados nas escolas e da utilização do banco de itens disponibilizado pelo Gabinete de Avaliação Educacional por alunos e professores.
O esclarecimento prestado deixa, pelo menos, sem resposta duas questões fundamentais. A de saber qual o grau de exigência fixado para os objectivos de aprendizagem para a disciplina de matemática e a de saber se os objectivos foram no final do ano lectivo efectivamente atingidos.
Com efeito, a subida significativa das médias nacionais deixa legítimas dúvidas sobre a sua adesão à melhoria de competências e à solidez dos conhecimentos. Como é que vamos ter possibilidade de saber? Os relatórios de instâncias internacionais continuam a chamar a atenção para a necessidade de Portugal investir na qualidade do ensino e a sublinhar os atrasos recorrentemente registados em relação aos nossos parceiros europeus.
Com efeito, a subida significativa das médias nacionais deixa legítimas dúvidas sobre a sua adesão à melhoria de competências e à solidez dos conhecimentos. Como é que vamos ter possibilidade de saber? Os relatórios de instâncias internacionais continuam a chamar a atenção para a necessidade de Portugal investir na qualidade do ensino e a sublinhar os atrasos recorrentemente registados em relação aos nossos parceiros europeus.
Não é facilitando o trabalho de quem ensina e de quem aprende e com tentações de trabalhar para as estatísticas que vamos ultrapassar as dificuldades. Só há mesmo um caminho, o da exigência, do esforço e do trabalho. Outra coisa diferente, e experiência não nos falta para sabermos que assim é, só pode ter como consequência comprometermos o futuro…
Cara Margarida,
ResponderEliminarDeve reparar que nessas justificações não cabe aquela que seria a justificação de facto: as médias subiram porque os alunos sabiam mais. Porque essas justificações até estão em linha com as críticas. "Alinhamento entre o exame e os testes intermédios" quer dizer em português corrente "fizemos os exames de acordo com aquilo que eles sabiam e não os fizemos saber aquilo que eles deviam".
Portanto, as questões até estão respondidas e pela negativa.
Do local de onde tirou essas justificações há, porém, uma frase que vinha a seguir a essas, que revela uma coisa muito pior. É que, muito provavelmente, os alunos até são quem sabe mais de matemática nesta cena toda. Porque quem salienta uma correlação elevada entre as notas dos exames e as notas das escolas só pode um perfeito asno. (justificação está aqui http://tonibler.blogspot.com/2008/07/estupidez-correlacionada.html )
No próximo ano deve haver um PISA2009. Então, veremos se os meninos portugueses melhoram relativamente aos dos outros países e aos próprios scores de 2006.
ResponderEliminarÉ importante sublinhar uma coisa. Para além das acusações de facilitismo. A ministra mente. E como gente grande. Vem para as televisões mentir. Vejamos: diz que estas notas se devem ao Plano Nacional de Matemática. Falso, este plano tem-se aplicado, mas apenas ao 2º ciclo!!! Não ao 12º ano!
ResponderEliminarE tem a malvadez de referir que estavam disponibilizados exercícios na página do GAVE. É verdade, mas não para o 12º ano!!! Para estes estão os exercícios de exame. Que estão disponíveis todos os anos.
Estes últimos tempos da ministra demonstram que ainda se pode ir mais baixo. Não consigo esquecer as suas fotos no Expresso último... é muito mau.
Saudações,
Luís Vilela.
Caro Tonibler
ResponderEliminar"O alinhamento entre o exame e os testes intermédios" é um factor que não é demonstrativo do grau de exigência colocado no ensino nem da melhoria da solidez dos conhecimentos. Não me parece que subitamente, num curto espaço de tempo, se tenham registado melhorias. O aumento significativo da média nacional da matemática não me parece normal. Não é possível concluir que o nível de conhecimentos registou uma melhoria sustentável.
Caro Arnaldo Madureira
Vamos aguardar pelos próximos relatórios da OCDE porque, lamentavelmente, continuamos a não fazer avaliações sérias e independentes. As classificações obtidas nos exames são, a meu ver, insuficientes para retirar conclusões credíveis.
Caro Luís
O que é lamentável é continuarmos a insistir nos mesmos erros políticos. Privilegiar a quantidade em detrimento da qualidade e os resultados imediatos à sua sustentabilidade é um caminho perigoso porque nestas circunstâncias a exigência dá lugar ao facilitismo.
"diz que estas notas se devem ao Plano Nacional de Matemática. Falso, este plano tem-se aplicado, mas apenas ao 2º ciclo!!! Não ao 12º ano!"
ResponderEliminarVamos lá pôr os pontos nos is.
O dito plano nasceu em 2006/2007 tendo como alvo o 3º ciclo. Após dois anos de resultados desastrosos no exame de matemática do 3º ciclo a ministra implementou o plano. No ano seguinte, 2007/2008, e após os maus resultados na prova de aferição do 6º ano, a ministra alargou-o ao 2º ciclo.
Curiosamente no seu primeiro ano de implementação no terreno proporcionou os piores resultados de sempre no exame do 3º ciclo, apenas 27,2% de níveis positivos. É óbvio que a culpa não foi do plano, a melhoria a matemática (na qual, no actual estado das coisas, não acredito) só poderá ser conseguida a médio/longo prazo e nunca com um estalar de dedos.
Como para grandes males grandes remédios, a rapaziada do ME não foi de modas, e este ano com um exame da treta vão conseguir "grandes" resultados (antes de começar o jogo aponto para um intervalo de 50% a 60% de níveis positivos, o que tendo em atenção o tipo de exame acaba por ser pior do que o ano passado).
A mentira, descarada e ainda por cima escrita, reside no facto de se pretender associar o plano ao 12º ano, o que de facto demonstra até que ponto vai o vale tudo.
Curiosamente, só há muito pouco tempo reparei na 2ª chamada de matemática do exame do 9º ano.
Para quem ainda se lembra minimamente da matemática dos seus tempos de estudante, é um exercício interessante comparar as duas chamadas. Acho que se podem dar alvíssaras a quem descobrir qualquer grau de "parentesco" entre as duas. Se dúvidas existissem, a simples comparação dos dois exames revela até que ponto foi a desonestidade do primeiro.
Caro jm
ResponderEliminarOportunos os seus "pontos nos is". Devo confessar que não percebo porque é que depois de tanto mediatismo à volta dos exames nacionais - justamente induzido pelo facilitismo das provas - não ocorra agora um balanço sério do estado do ensino e dos resultados dos exames. Há muitas questões que a ministra da educação deveria esclarecer. Não sendo agora quando é que é? Para o ano? Quando de novo estivermos em cima dos exames nacionais? Enfim, o País ora está em polvorosa mediática ora remete-se ao silêncio e nada se passa!