Um dos resultados da construção da união europeia foi a abolição das fronteiras. Os cidadãos adquriram a liberdade de circular de Estado para Estado dentro do espaço comunitário.
Não foram, porém, abolidas todas as fronteiras. Algumas existem que contrariam a natureza das coisas e sobretudo as coisas da natureza.
A visita do Presidente da República a Trás-os-Montes tornou público que se estuda a criação da primeira área protegida transfronteiriça, unindo o português Parque Natural do Douro Internacional e o espanhol Parque Natural Arribes del Duero.
Os domínios da conservação da natureza não devem, efectivamente, conhecer os limites que desenham a geografia politica, sobretudo quando esses limites são traçados por um rio que as espécies não conhecem como fronteira e que obviamente não divide, antes unifica os habitats.
Espero sinceramente que a intenção se concretize. Estou convencido que a criação de um primeiro parque natural ibérico, entre outras coisas, permitirá dar impulso a políticas e práticas de salvaguarda do imenso património natural na zona raiana. Concretizando-se pode ser que o exemplo se replique noutras zonas da raia, ricas em biodiversidade, nas quais visões diferentes têm colocado limites bem mais vincados do que aqueles que os governos impuseram antes de serem abolidas pela ideia de uma Europa sem fronteiras. Estou a lembrar-se das duas margens de outro rio, o Guadiana, onde do ponto de vista da defesa da biodiversidade aquele curso de água e os habitats que criou continuam a dividir. Basta ir a Castro Marim ou a Vila Real de Santo António, ao sapal que constitui uma riquissima reserva natural que não conhece soberanias, e lançar o olhar para a outra margem. Percebe-se logo como nos domínios do ambiente e da conservação da natureza não basta desarmar fronteiras, é essencial a cooperação.
Mas os Douro Internacional não é já gerido em conjunto pelos portugueses e espanhóis? Pelo menos há dois anos os guias, que eram espanhóis em barcos portugueses, diziam que sim e apontavam exactamente essa característica, de ser um parque natural internacional.
ResponderEliminarNão, infelizmente não, Tonibler. Admito que possa haver alguma cooperação nos domínios da visitação e até talvez na investigação entre os dois parques. Mas colaboração institucional baseada no princípio de que a conservação da natureza não deve encontrar barreiras nas soberanias, sobretudo quando se trata de habits contínuos, infelizmente não.
ResponderEliminarBem, pelo menos para cima de Miranda alguma coisa tem que ser comum porque aquilo tem uma segurança quase militar.
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