Volta e não volta caio na tentação de falar de chás, como se fosse um perito. Não sou. Aprecio os diversos tipos, devido ao facto de ter passado uma longa época, em que experimentei uma imensidão deles, alguns exóticos, presenteados por amigos que me traziam das quatro partidas do mundo. Uma fase como qualquer outra, que poderia chamar da “chazada”, sucedânea de um cafeísmo tóxico e pouco saudável. As recaídas são uma constante e, no meu caso particular, não fujo à regra. Presentemente, mais comedido, evito beber café depois das 3 da tarde. Vá lá, confesso, às vezes alargo-me até às 5.
Beber chá era, e continua a ser, um recurso em caso de nervosismo, dificuldade em adormecer, problemas do estômago, dificuldades na digestão, alterações intestinais, dores diversas, doenças hepáticas e falta de apetite, só para falar de alguns, tudo isto acompanhado de uma ternura especial de quem o prepara. Às tantas, a cura está neste pequeno pormenor! Infusões aos montes, desde o chá de cidreira ao de poejo, passando pelo de tília, de hipericão, de camomila, não esquecendo o chá negro, alvo preferencial de cerimónias sociais. O chá também é utilizado como arma de arremesso para denunciar a falta de boas maneiras. É tão comum, que às vezes se revela ridícula, sobretudo quando vem de onde vem. Recordo-me, a este propósito, que, um dia, no Parlamento, uma senhora deputada, ao intervir sobre um determinado assunto, ter afirmado que “os membros da maioria não deveriam ter tomado chá”. Olhei para o relógio e vi que passava um pouco das cinco. Pensei logo: - Boa ideia! Convidei de imediato, alguns colegas da vizinhança e fomos para o bar (momentaneamente) deliciar-nos com esta bebida, cujas virtudes têm de ser enunciadas. A pausa foi reconfortante; seguimos o conselho e contribuímos para a saúde mental, social e física. Três em um, além de ter permitido dissertar sobre os benefícios do chá. Quem diria que uma expressão tão usual, "falta de chá", pudesse desencadear esta reacção, curiosamente vinda de alguém que, em determinadas circunstâncias, era bem capaz não de convidar-me para o chá das cinco, mas ministrar o da "meia noite"!
Vem-me à memória este episódio, porque há dias na bela cidade de Ponta Delgada, ao jantar, ter abordado, mais uma vez as acções terapêuticas e preventivas das propriedades dos chás. Referi um estudo recente feito em ratinhos diabéticos em que a camomila originou reacções muito interessantes ao reduzir a glicemia pós prandial nestes animais. Tal facto, apesar de não estar documentado na espécie humana levanta a hipótese de beber chá de camomila às refeições. Esta conversa passou para segundo plano e outras emergiram durante o repasto. Éramos quatro e quando chegámos ao final da refeição, o empregado, solícito, perguntou-nos se tomávamos café. Dois disseram que sim, porque ainda conseguiam resistir aos efeitos estimulantes. Os outros dois, com problemas de diabetes, pensaram: - Aqui está um bom motivo para começar um novo hábito! E se pensaram, melhor disseram, ao mesmo tempo: - Dois chás de camomila se faz favor! O empregado olhou para aqueles dois marmanjos, apreciadores de bons vinhos, e meio atolambado exclamou: - Chá de camomila não temos! – Os dois “doentes” olhando um para o outro, dispararam: - Então podem ser dois bagaços.
Agora compreendo o papel educativo daquela famosa cena do filme português, o Pátio das Cantigas, no bufete do arraial: “Para mim, podem ser dois pastelinhos de Belém. - Pastéis de Belém não temos! - Então podem ser dois copinhos de vinho branco”…
Beber chá era, e continua a ser, um recurso em caso de nervosismo, dificuldade em adormecer, problemas do estômago, dificuldades na digestão, alterações intestinais, dores diversas, doenças hepáticas e falta de apetite, só para falar de alguns, tudo isto acompanhado de uma ternura especial de quem o prepara. Às tantas, a cura está neste pequeno pormenor! Infusões aos montes, desde o chá de cidreira ao de poejo, passando pelo de tília, de hipericão, de camomila, não esquecendo o chá negro, alvo preferencial de cerimónias sociais. O chá também é utilizado como arma de arremesso para denunciar a falta de boas maneiras. É tão comum, que às vezes se revela ridícula, sobretudo quando vem de onde vem. Recordo-me, a este propósito, que, um dia, no Parlamento, uma senhora deputada, ao intervir sobre um determinado assunto, ter afirmado que “os membros da maioria não deveriam ter tomado chá”. Olhei para o relógio e vi que passava um pouco das cinco. Pensei logo: - Boa ideia! Convidei de imediato, alguns colegas da vizinhança e fomos para o bar (momentaneamente) deliciar-nos com esta bebida, cujas virtudes têm de ser enunciadas. A pausa foi reconfortante; seguimos o conselho e contribuímos para a saúde mental, social e física. Três em um, além de ter permitido dissertar sobre os benefícios do chá. Quem diria que uma expressão tão usual, "falta de chá", pudesse desencadear esta reacção, curiosamente vinda de alguém que, em determinadas circunstâncias, era bem capaz não de convidar-me para o chá das cinco, mas ministrar o da "meia noite"!
Vem-me à memória este episódio, porque há dias na bela cidade de Ponta Delgada, ao jantar, ter abordado, mais uma vez as acções terapêuticas e preventivas das propriedades dos chás. Referi um estudo recente feito em ratinhos diabéticos em que a camomila originou reacções muito interessantes ao reduzir a glicemia pós prandial nestes animais. Tal facto, apesar de não estar documentado na espécie humana levanta a hipótese de beber chá de camomila às refeições. Esta conversa passou para segundo plano e outras emergiram durante o repasto. Éramos quatro e quando chegámos ao final da refeição, o empregado, solícito, perguntou-nos se tomávamos café. Dois disseram que sim, porque ainda conseguiam resistir aos efeitos estimulantes. Os outros dois, com problemas de diabetes, pensaram: - Aqui está um bom motivo para começar um novo hábito! E se pensaram, melhor disseram, ao mesmo tempo: - Dois chás de camomila se faz favor! O empregado olhou para aqueles dois marmanjos, apreciadores de bons vinhos, e meio atolambado exclamou: - Chá de camomila não temos! – Os dois “doentes” olhando um para o outro, dispararam: - Então podem ser dois bagaços.
Agora compreendo o papel educativo daquela famosa cena do filme português, o Pátio das Cantigas, no bufete do arraial: “Para mim, podem ser dois pastelinhos de Belém. - Pastéis de Belém não temos! - Então podem ser dois copinhos de vinho branco”…
Sugestão
ResponderEliminarhttp://avarinhamagicadevalentimloureiro.blogspot.com/
Celente Senhor Professor, celente.
ResponderEliminarFiquei a saber que aquelas clareiras que por vezes se notam nas bancadas da assembleia se ficam a dever ao saudável facto de estar na hora do cházinho.
;)))
Já agora, aproveitando o tema e não querendo abusar da sua paciência, aproveito para lhe pedir a confirmação da tese de um amigo que adora comer, em qualidade e abundância, mas fas questão de terminar o repasto bebendo um cházinho de folhas de hortelã verde. Garante ele que não existe digestivo mais eficaz e que passada uma horita está pronto para repetir a refeição.
Será mito?
Nem acredito no rasto de erros ortográficos que presegue a minha escrita, até parece bruxedo. Mas não voltei por isso, foi porque me esqueci de formular uma perguntinha mais: Terá sido a D. Natália Correia a autora da frase que cita?
ResponderEliminarCaro Bartolomeu
ResponderEliminarNão sou muito dado a "botânicas", mas de qualquer modo, posso afiançar-lhe que a hortelã pimenta tem propriedades "tranquilizantes" do intestino. Quem sofre de colopatia espasmódica beneficia, e muito, deste tipo de terapêutica. Tanto faz ser chá ou usá-la na sopa. Quanto à deputada, não foi a Natália Correia, até porque eu estive apenas na última legislatura...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA falta de chá cria-nos, às vezes, situações embaraçosas se bem que à meia noite essa questão já não se ponha…
ResponderEliminarUma vez, ao mesmo tempo que fazia a vénia e estendia a mão a uma Srª aí da praça para a cumprimentar, de imediato, senti a mãozinha dela debaixo do meu nariz…
Foi nessa altura que percebi que esta coisa do chá tem muito que se lhe diga!
Pois eu também aconselho o de camomila, por ser muito repousante, principalmente quando se dorme fora da cama habitual e estranha.
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarA brincar também se dizem as verdades. Afinal com tantas variedades e aplicações de chá, tão agradáveis e tão "à mão de semear", ainda temos por aí muita gente com "falta de chá"!
Nem de propósito, bebi ontem à noite um chá de gengibre trazido pelo meu irmão da Tailândia, de entre uma variedade espectacular de chás. Confesso que nunca tinha experimentado chá de gengibre. Ligeiramente apimentado, uma verdadeira delícia!