segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Caso BPN: estranho episódio (ainda) não esclarecido

1. Na mais-do-que-falada novela BPN, o turbilhão de notícias, informações e contra-informações que se vão sucedendo a ritmo alucinante, deixou para trás algumas questões cuja clarificação seria útil…importa por isso não as deixar cair no esquecimento…
2. Um dos capítulos mais extraordinários da novela tem que ver com as relações entre a Segurança Social e o Banco em causa.
Soube-se que a Segurança Social, através do Instituto que gere as respectivas finanças, teria em depósito (D/O) no BPN qualquer coisa como € 500 milhões…
O Ministro da pasta veio explicar que isso seria natural pois a Segurança Social gere um fundo de maneio da ordem de € 2.000 milhões…
3. Eu direi que isso não é nada natural, bem pelo contrário, pois significa que 25% de todo fundo de maneio da Segurança Social estaria depositado num Banco cuja quota de mercado não chegava a 2%...
4. Como explicar uma tão elevada concentração de depósitos, contra todas as regras da boa gestão disponibilidades – não ter “os ovos todos no mesmo cesto”?
5. Será que o BPN pagava uma remuneração mais elevada que a concorrência? Mas se assim fosse, isso deveria constituir motivo adicional de cautela, desaconselhando fortemente tão grande concentração na aplicação das disponibilidades...Se não, qual a razão?
4. O problema não fica por aqui pois também se soube que, só no mês de Agosto, a Segurança Social teria levantado qualquer coisa como € 300 milhões do BPN – 60% do montante depositado - arrasando literalmente a tesouraria do Banco…como arrasaria a de muitos outros bancos da praça se fossem contemplados com semelhante hemorragia de fundos num prazo tão curto e numa época tão difícil...
5. Esse formidável levantamento, num mês apenas, suscita naturais dúvidas - qual o motivo para tal levantamento, que tem todas as características de um levantamento anormal e precipitado?
6. Para ser um levantamento normal, seria necessário que a Segurança Social tivesse levantado cerca de 60% (cerca de € 900 milhões) das suas disponibilidades noutros bancos, elevando os levantamentos em Agosto para qq coisa como € 1.200 milhões...cenário altamente inverosímil...
8. Parece bem mais verosímil a hipótese de tal levantamento ter sido motivado por um súbito receio da difícil situação financeira do Banco...
9. Mas como obteve a Segurança Social informações sobre a difícil situação do Banco ao ponto de se precipitar numa retirada maciça de fundos?
10. Quem, na esfera de interesses do Estado, dispunha de informações acerca da iminente ruptura do Banco, além do BdeP...?
11. É forçoso assim concluir que, quem quer que tenha “ajudado” a Segurança Social a retirar os fundos à pressa do BPN contribuiu, obvia e generosamente, para a queda do Banco, abrindo caminho a uma intervenção na forma que é conhecida
12. Pode argumentar-se que os problemas do Banco não eram novos...e que qualquer que fosse a atitude do depositante Segurança Social a sua insolvência seria inevitável e uma questão de tempo apenas...mas isso nada abona neste estranho episódio, apenas agrava a nota de imprudência na gestão da tesouraria.
13. Algum dia estes pontos serão clarificados? Será que a Comissão de Inquérito da A.R. lhes vai dedicar alguma atenção?

28 comentários:

  1. Todos os pontos acabaram de ser clarificados pelo Dr. Vitor Constâncio... que fosse do seu conhecimento, nada aconteceu que não fosse absolutamente normal... ele nem percebe o porquê de se estar a dar tanta importância ao assunto...o banco de Portugal fazia umas inspecções mais frequentes que aos restantes bancos, mas por razão nenhuma em concreto... só porque sim... e porque havia que dar trabalho à rapaziada das inspecções...
    Bahhh, neste país é sempre a mesma coisa... quando se lhes dá para perseguir um homem...

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  2. Ora aí está uma questão nova, caro TMoreira, nova e certeira.
    Que deve ser esclarecida, tanto como aquela que o M. Finanças deixou, mas ninguém explorou, quando referiu que, dada a gravidade dos prejuízos,tinha que afastar a proposta de MCadilhe, que incluía um aumento de capital a subscrever pelos accionistas, e tinha que optar pela nacionalização. O que significa, a serem certos os prejuízos, que é o Estado, isto é, nós, que os iremos suportar na totalidade, libertando os accionistas desse ónus adicional.
    Enfim, neste jogo do rapa, tira , põe e deixa muitos raparam, muitos tiraram, muitos puseram e muitos deixaram...
    E, diz o ditado, tão responsável é o que tira, como o que guarda e deixa...

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  3. o que me parece, como cidadã portuguesa é que a supervisão bancária é uma palhaçada (perdoe-me o vernáculo) tão grande como o segredo de justiça.

    os meus cumprimentos.

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  4. Caro Bartolomeu,

    Já conhecemos o estilo, Ómega puro, não adianta nem atrasa...
    Mas esta questão de utilizar a Segurança Social para "derrubar" um Banco tem muito de curioso, é uma interessante inovação financeira...

    Caro Pinho Cardão,

    Assim é mais simples e até ajuda a aumentar a confusão das contas públicas - além de poder servir de desculpa para algumas derrapagens que já antes eram inevitáveis...

    Cara Pèzinhos,

    Olhe que há palhaços grandes profissionais...não lhe merecem respeito, esses?
    Estamos num mundo onde já não é possível destrinçar:
    - a incompetência e a competência;
    - o exercício justo e independente da autoridade e a prepotência;
    -a aplicação correcta e fundamentada de normas sancionatórias e a sua utilização por simples perseguição pessoal;
    - o sentido da responsabilidade no exercício de funções e o apego ao poder a todo o custo.
    Parece que estamos "trapped" num lodaçal democrático...a lei é ordinariamente utilizada a bel-prazer de quem detém autoridade formal, em geometria variável, sem qualquer preocupação de fazer justiça, para satisfação de propósitos mesquinhos ou inconfessáveis...
    Como foi possível chegar até aqui?

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  5. Caro Tavares Moreira,

    A pergunta deve ser só uma: Como explicar uma tão elevada concentração de depósitos, contra todas as regras da boa gestão disponibilidades – não ter “os ovos todos no mesmo cesto”?

    Quem gere assim, desta forma temerária, fundos públicos desta importância, não deve ser escrutinado? Até à exaustão?

    Bem, afinal há uma segunda pergunta: porque é que a oposição deixou cair este tema e se virou, de unhas e dentes para a supervisão?
    Intrigante!... ou não será!

    Não que a supervisão seja assunto de menor importância, antes pelo contrário. Mas, ao contrário do outro, este assunto não deve ser encarado na óptica de culpabilidade, - sem a descartar, claro está - mas principalmente na perspectiva da detecção de falhas do sistema, onde o modelo da gritaria adoptado nada resolverá, claro está. É só mais um para fazer de conta, como diz Pinho Cardão no seu post.

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  6. Caro Dr. Tavares Moreira, na minha humilde opinião, tudo se resume, ... a:


    - Honestidade .... Precisa-se !

    De cima a baixo, e de baixo a cima. Em todas as vertentes da vida do País.

    Estamos em sérias dificuldades de vida, para sobreviver em Portugal. Sufocante !

    Processos com contornos "sicilianos" seria o que menos convinha ao País neste momento. Vamos ver até onde vai parar a "espuma".

    Que as próximas eleições estão ganhas para o PS, "está na cara, né" ?

    Nem será necessário dispender euros em futuras sondagens.


    Os Meus Cumprimentos.

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  7. Caríssima Pezinhos,

    No que se refere às próximas eleições quero dizer-lhe que o meu oráculo considera que está tudo em aberto apesar da conversa mais ou menos histérica que por aí vai...
    Mas o grande problema com as próximas eleições, na minha perspectiva, não é quem as vai ganhar...
    O grande problema, na minha pobre análise, poderá ser o estado comatoso em que o "País" chegar ao momento das eleições - e o inerente risco, face à ausência de escolhas credíveis, de uma vitória esmagadora da abstençao...
    Vai a abstenção querer governar, com maioria absoluta? Quem serão os deputados da abstenção...e o governo que dela emanará?
    O que fará o PR em tal cenário, alguma coisa?

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  8. Quem sabe Dr. TM, se um cordial apelo à paz e à amizade institucional?!...
    Assim como assim, agora já é tarde para dissolver a assembleia...
    Talvez o mais sensato, já que ninguem aprova a regionalização, fosse dividir o país em "avos" e daqui a 6 meses, voltávamos a falar.
    Nessa altura estará a DRª. MFL a dizer de si para si, torçam a orelha à vontade, que nem pinga vai sair.

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  9. Caro Tavares Moreira,

    Vamos por partes:

    1. Como já foi divulgado publicamente, pelo próprio presidente do IGFSS, a segurança social tem contas correntes, para proceder à recepção e pagamento de prestações em diferentes bancos - a saber, são 8.
    2. Estas contas correntes correspondem a montantes de gestão de tesouraria, não são aplicações a médio ou longo prazo.
    3. A escolha dos bancos correlaciona-se, entre outros factores e não sendo este o menos importante, com a remuneração de curtíssimo prazo que é oferecida por cada entidade bancária.
    4. A percentagem dos montantes da segurança social que está em cada entidade bancária tem uma volatilidade significativa de variação mensal e até semanal. Estas variações – e é importante ter isto presente - verificam-se regularmente de banco para banco e de mês para mês, ao longo dos últimos anos. O alegado "levantamento" de 300 milhões - uma falsa questão, não se tratando de um levantamento mas de uma utilização corrente de pagamentos - é algo que não tem nada de extraordinário. Ocorria e ocorre frequentemente, em relação ao BPN e a outros bancos.
    5. Posto isto, se a tese que está a agitar tivesse validade, qualquer entidade bancária com montantes da segurança social correria o risco de ter a tesouraria “arrasada” e de falir todos os meses ou várias vezes por ano, o que, atente-se, não sucede. Logo, parece-me estar a inverter-se o verdadeiro cerne do problema: a questão não será qual o contributo da segurança social para a insolvência do BPN, mas por que ordem de razão deveria um banco privado, que foi vítima da sua própria gestão, ser ou deixar de ser salvo por uma operação corrente e habitual da segurança social.
    6. É compreensível que a situação de insolvência do BPN provoque incomodidade dentro de um certo arco político – que será o do meu caro Tavares Moreira -, afectando a sua imagem de competência e seriedade. O que me parece de honestidade duvidosa é procurar bodes expiatórios para explicar o desastre da administração do banco, que levou à sua insolvência. A culpa já foi endossada ao regulador, só faltava que o fosse também à segurança social.

    Cumprimentos

    André Salgado

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  10. Mas se nós temos a CGD e não a querem privatizar,porque segundo "os grandes timoneiros desta nau"é um sector estratégico para o estado,tal como a galp,EDP,Pt,porque razão o dinheiro da segurança social ,foi parar a um banco privado,que foi fundado por ex-governantes e não na CGD?
    É só imaginar esses milhões nas mãos destes "artistas"do BPN.

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  11. Caro Tavares Moreira,

    pode comentar esta resposta às suas questoes?

    http://arrastao.org/e-a-economia-estupido/o-culpado-do-costume/

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. @Paulo,

    nao exactamente, penso eu de que. Nao estava a falar dessa vertente "lesta e justiceira" (que por mim nao me agrada muito a mencao), mas sim os outros factos que nao sao mencionados - tal como nao o sao no post que indicou.

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  14. Caro Dylan T/André Salgado,

    Apesar da profunda, mesmo radical discordância em relação à forma e à substância da sua prosa - já lá iremos - registo com muito apreço seu contributo para o debate deste tema no forum sem compromissos (na parte que nos toca) que é o 4R.
    Vamos também por pontos, se concordar, guiados pela radiante luz da sua prosa.
    1º) Esforça-se por nos explicar que as aplicações da SS têm natureza de muito curto prazo, estão tituladas por contas-correntes, não se trata de aplicações de médio/longo prazo...
    Ora com toda a franqueza, para quê esta explicação? Qual a necessidade?
    Quem disse que se tratava de aplicações de médio/longo prazo? Fui eu? Aonde viu isso?
    Confesso que não percebo a razão da explicação...
    Se é para sugerir que não sabemos destrinçar uma coisa da outra perde seu tempo, meu Caro.
    Tratando-se de disponibilidades como enfatizei no Post, acha que alguém com um mínimo de conhecimento iria pensar que seriam aplicações de médio/longo prazo?
    Se é para desviar a atenção do problema principal, perde igualmente seu tempo, nesse tipo de artimanhas não caímos...
    2º) A escolha dos bancos atende a vários factores, diz...mas só refere a remuneração "de curtíssimo prazo..." - quais são os outros factores, não quer explicar? A quota de mercado não conta?
    3º) Refere a volatilidade das aplicações nas contas-correntes, mas isso é o chamado "vulgar de Lineu" nesse tipo de aplicações! Também aqui nos quer dar lições, igualmente dispensáveis? E que interessa isso para o esclarecimento das questões suscitadas?...
    4º) Considera "falsa questão" a referência a um "alegado levantamento" de € 300 milhões, "esclarecendo" que não se trata de levantamento - só os ignorantes poderão falar em tal - mas de simples movimentos/utilizações da conta-corrente...
    Com franqueza, meu Caro esta então é ironia da mais fina...
    Que diferença faz, no que à tesouraria do banco respeita - e é isso que nos interessa - tratar-se de levantamento ou outro tipo de débito da dita conta-corrente?
    Reconhece alguma diferença - será que os movimentos a débito da conta-corrente que não sejam simples levantamentos não reduzem a posição de liquidez do banco?
    Com franqueza!...
    5º) Acusa-me de "agitar" uma tese - mas como agitei, se me limitei a utilizar informações veiculadas por orgãos da comunicação social? E informações não desmentidas, de todo, apesar de algumas hesitações e de alguns "balbuciamentos" iniciais aliás comprensíveis face ao embaraço do tema...
    6º) A sua compreensão pelo embaraço sentido num determinado "arco político" pelo que aconteceu no BPN é dispensável no meu caso.
    Agradeço sua generosidade, mas dispenso para quem mais precisar...
    Nunca fui cliente do BPN, nunca lá tive conta nem qq tipo de relação.
    Estou afastado de toda a actividade política há 4 anos mas, mais importante do que isso, a pouca que exerci nunca teve características "carreiristas", não andei por lá para promover interesses pessoais...o que, reconheço, pode ter sido um comportamento anómalo face ao paradigma reinante...serei o que por certo apelidará de "manga-de-alpaca" mas creia que me sinto feliz com esse título...
    7º) Já quanto a questões de competência ou seriedade, convido-o a não voltar a esse tema porque aí meu Caro o assunto é mais fino e mais grave...e nem lhe posso admitir a mais pequena veleidade ou sugestão que seja - desculpe mas é assim mesmo...
    8º) Não me pareceu de bom gosto, de resto, essa sua incursão pela análise política que percebo nem será o seu forte pela amostra avançada...sabe que esse é um terreno escorregadio...e o Senhor já escorregou ao admitir motivações políticas nesta matéria..convido-o pois a ter mais cuidado - se quiser claro, se não quiser não se queixe depois...

    Em breve conclusão, já vou muito longo, direi que depois de tanta explicação com um toquezinho de arrogância da "moda" pelo meio, limito-me a dizer que faltou apenas explicar...tudo!
    Ou seja qual a razão (i) para uma tão grande concentração de disponibilidades numa instituição com uma quota de mercado tão diminuta e (ii)também, para uma saída de fundos (para não ferir a sua sensibilidade não lhe chamo levantamentos) tão avultada, 60% da aplicação, € 300 milhões, num período tão curto e de tanto aperto para ai instituição debitada/sacada.

    Fico naturalmente ao seu dispor para qq esclarecimento.
    Creia que eu não hesitarei em corrigir o meu juízo se perceber que não tenho razão, nunca tive esse problema...mas neste caso não tenho ainda dados para tal.
    Com toda a consideração, volte sempre meu Caro!

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  15. Caro Tavares Moreira,

    Obrigado pelo apreço com que acolheu o meu contributo. Também registo que revelou alguma – desnecessária – crispação na resposta que teve a amabilidade de me endereçar.
    Vamos então continuar por radiosos pontos de prosa.

    1. Ter referido que as aplicações são de curtíssimo prazo não é uma artimanha para distrair, não é uma sugestão de que não “sabemos destrinçar”, nem me exigiu especial esforço. Trata-se tão só de um mero exercício de articulação de raciocínio, precisamente para enquadrar o essencial. Não percebo a confusão que lhe fez, nem ter-lhe dedicado 6(!) interrogações.
    2. O meu Caro Tavares Moreira conhecerá os critérios de “rating” para a escolha de entidades bancárias muito melhor do que eu. Com certeza que a remuneração oferecida desempenha um papel fundamental, penso que nisso estaremos de acordo.
    3. Dispenso-me humildemente de ter a pretensão em dar-lhe lições, aliás, o que mais faltava. Uma vez mais, permita-me o simples exercício de articulação de raciocínio. Quanto à importância que tem para o esclarecimento das questões suscitadas, verá que não é tão pouca assim.
    4. Faz toda a diferença, dependendo de como a questão for enquadrada. O que se torna essencial é perceber que esta gestão de conta-corrente não é uma operação anómala por parte da segurança social, nem obedeceu a um dito “levantamento” anómalo, que não suceda em diferentes alturas do ano e em diferentes entidades bancárias.
    5. Caro Tavares Moreira, o escrito e o blogue são seus. Não estamos a debater notícias da comunicação social, mas a interpretação e as interrogações que colocou sobre esta matéria.
    6. Não tenho qualquer interesse na sua actividade política ou de que bancos é cliente, não é isso que está em debate. Falei de incomodidades dentro de um “arco político” comum, que tem procurado explicar a queda do BPN por todas as razões menos a competência da sua administração.
    7. Se tivesse lido o que escrevi com mais atenção e menos turvado pela crispação, teria compreendido sem dificuldade que não me referi a si, no que respeita a competência ou seriedade, mas no dano de imagem que este caso pode provocar no universo de “um arco político”. Como se pode ler em qualquer jornal e tendo inclusive originado um comunicado do Presidente da República. Parece-me que está a dar um tiro na água.
    8. Registo o seu “convite”, mas parece-me estar a dar outro tiro na água. A quem se ouviu sobre motivações políticas, foi ao dr. Miguel Cadilhe.

    E como, parafraseando-o, já vou muito longo, vamos ao essencial:

    A mobilidade dos montantes da segurança social entre entidades bancárias é um procedimento normal, de gestão corrente e com variações significativas ao longo dos meses do ano e por entidades depositárias. Se isto fosse um problema estrutural para a tesouraria dos bancos - como já tinha escrito anteriormente - as outras entidades bancárias teriam problemas de insolvência ou de ameaça de falência, várias vezes ao longo do ano. O que não sucede. Por que será?
    O que nos leva a uma questão ainda mais pitoresca. Deveria a segurança social equacionar o cumprimento dos seus compromissos e deixar de efectuar uma operação financeira que é frequente, em função dos problemas de gestão de um banco?
    Ou dito de outra forma, deveria a segurança social, por exemplo, explicar aos pensionistas que naquele mês não haveria ordem de pagamento de pensões porque o banco onde está a conta-corrente andou a fazer asneira e precisa de ficar mais algum tempo com o dinheiro?
    A segurança social terá o dever de responder pelos seus compromissos e obrigações. Os bancos respondem pela competência da sua administração. Tentar justificar problemas graves de descapitalização, eventualmente de outra origem e natureza, com operações correntes que sempre se efectuaram, dá a medida da competência da sua gestão.

    Com igual consideração

    André Salgado
    (desculpe o meu comentário vir encabeçado como Dylan T., trata-se de um nick que tenho há muito e não tive ainda vagar para descobrir como alterá-lo no registo pelo velhinho blogger)

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  16. Caro T. Dylan/André Salgado,

    Já percebi que não vamos lá...o meu Amigo circula, circula, mas não vai directo aos dois pontos essenciais que continuam sem qq resposta - nem é sem resposta esclarecedora, é mesmo sem resposta...
    Não vou insistir mais pois percebo que terá limites funcionais para não dizer tudo...é compreensível.
    Até admito que já tenha feito um grande esforço em chegar aqui apesar de nada adiantar de concreto e, por isso, recebo esta sua resposta com respeito e simpatia.
    Volte sempre!

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  17. Caro Dr. Tavares Moreira

    Permite-me que chame a atenção para o seguinte.

    No post "Gates do poder" de 7-11-2008 do meu blogue Do Portugal Profundo, já tinha levantado a questão do depósito em 1999 da Segurança Social no nóvel BPN. Ainda sobre o BPN/SLN publiquei os seguintes posts: "Dia de fiéis defuntos" de 2-11-2008, "SIRESP" de 12-11-2008, "SSgate" de 25-11-2008 e ainda "O impasse do Estado" de hoje, 27-11-2008.

    No post de 7-1-2008 escrevi:

    "Informou o próprio primeiro-ministro José Sócrates, no Parlamento em 5-11-2008:

    «Não é verdade que o Estado tenha ido a correr depositar 500 milhões de euros ao BPN. Não existe um depósito de 500 milhões de euros da Segurança Social. O que há é uma conta aberta no BPN desde 1999.»

    Quem eram os responsáveis políticos pela Segurança Social em 1999? Em 1999, governava António Guterres. A partir de 28-10-1999, no XIV Governo Constitucional, toma posse como secretário de Estado da Segurança Social o dr. José António Fonseca Vieira da Silva, em substituição do prof. Fernando Ribeiro Mendes. O ministro (do Trabalho e da Solidariedade) com a tutela da Segurança Social, é o mesmo que vinha do XIII Governo: o dr. Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues. Portanto: quando em 1999 foi aberta a conta no BPN - um banco que havia sido criado em BPN em 1993 "em resultado da fusão entre as sociedades financeiras Soserfin e Norcrédito", funcionando como banco de investimento, mas que ganha expressão comercial em 1998 com a entrada para seu presidente do dr. José Oliveira e Costa, vindo do Finibanco - o ministro responsável pela Segurança Social no Governo era o dr. Eduardo Ferro Rodrigues. Na data do ano de 1999 em que a conta foi aberta seria já secretário de Estado com essa tutela o actual ministro dr. José António Vieira da Silva? É provável, porque o dr. Ribeiro Mendes tinha, e tem, ideias diversas sobre a Segurança Social, mas esse esclarecimento deve-o fazer o Governo.
    "

    Creio que a questão do esclarecimento do estranho depósito da Segurança Social no BPN em 1999 é decisiva para a compreensão do comportamento do Governo sobre o banco - para além da magna questão do SIRESP e negociatas.

    Julgo que a sua explicação clara - absolutamente clara -, da estranheza do depósito da Segurança Social de 1999, bem como dos movimentos da Segurança Social/Governo de Agosto de 2008 (disfarçados pelo empréstimo de curto prazo da CGD) foi decisiva para a consolidação da conclusão da opinião pública informada de que a tomada de poder pelo Governo no BPN foi um capricho do primeiro-ministro Sócrates. Por isso o citei no post "SSgate" de 25-11-2008. O carácter decisivo da questão "1999" é explicado pela pressa e violência dos companheiros de jornada, induzidos pelos aliados entalados, na desvalorização do assunto e do mensageiro. Essa violência tem sido consentida pela tolerância da oposição de direita: poupa-se o inimigo quando este está à mercê e sujeita-se a morrer-lhe nas mãos...

    Acho, portanto, que, nestas duas linhas (1999 e Verão/Outono de 2008), convirá ir mais longe. Como eu tentei no post de 7-11-2008 "Os gates do poder" e hoje, 27-11-2008, no post "O impasse do Estado".

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  18. Caro António Balbino Caldeira,

    Agradeço seu contributo para este debate.
    Como terá verificado pelo lado da SS só nos chegam evasivas e explicações redundantes ou totalmente dispensáveis em torno de uma matéria que deve ser esclarecida - e quanto antes em minha opinião.
    Dito isto, devo acrescentar que pela minha parte e a partir do alerta que aqui lancei entendo que não me compete ir mais longe.
    Caberá aos senhores Deputados da Comissão de Inquérito sobre o caso BPN, se assim entenderem, realizar o competente trabalho de investigação, nomeadamente interrogando as individualidades responsáveis e requerendo ao Banco as informações relativas a estes movimentos financeiros - até à exaustão se tal se justificar.

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  19. Caro Tavares Moreira,

    Ponto prévio, para que nos entendamos: se os contributos que tenho procurado dar a este debate fossem esclarecimentos “em nome da segurança social”, eu teria tido a amabilidade de me anunciar como tal. Nada me tem levado a crer que seja política desta sua casa etiquetar os seus interlocutores como forma de arrumar a mensagem.
    Dito isto, se os contributos que trouxe a este debate não preenchem inteiramente as suas dúvidas e interrogações, sinto-me humildemente penalizado, mas desde o primeiro momento me considerei livre de responsabilidade para tão grande fardo.
    No entanto, e se me permite, discordo da forma como classifica os meus argumentos, de evasivos, redundantes ou circulares. A verdade, é que eu já referi um ou dois dados de análise substantiva, que o meu Caro tem feito questão de ignorar olimpicamente. Vamos lá outra vez:

    1. Se é verdade, como já foi publicamente assumido por quem tem esse dever de responsabilidade, que existem contas-correntes em 8 entidades bancárias diferentes e que o valor constante em cada uma delas é muito variável, de mês para mês e de banco para banco (e sinto-me tentado a repetir em caixa alta as palavras VALOR, MUITO VARIÁVEL, DE MÊS PARA MÊS, DE BANCO PARA BANCO), qual a razão peregrina para levantar a suspeita que esta variação mensal na conta do BPN tenha fugido a uma prática oficialmente reconhecida como sendo comum?
    2. E sendo estas operações de gestão de tesouraria comuns em qualquer das contas-correntes e em qualquer dos bancos, qual a razão de só em relação ao BPN - e em momento curiosamente oportuno para alijar responsabilidades de gestão - se estar a levantar a teoria conspirativa da criação de dificuldades de tesouraria?
    3. E sendo estas operações de gestão de tesouraria comuns em qualquer das contas-correntes e em qualquer dos bancos, qual a razão do problema dessas dificuldades não se ter colocado, ao longo do tempo, em relação aos outros bancos?

    Mais claro, meu Caro, só fazendo um desenho. Fico convencido que teorias conspirativas de influências exteriores sobre o BPN, mais do que evasivas ou circulares, encontram-se construídas em argumentos não mais que especulativos e que nada do que se conhece das práticas de movimentos financeiros (no caso em apreço, da segurança social) parece corroborar. Entretanto, silêncio relativamente ao que se vai descobrindo do que se passou dentro do BPN para este chegar à situação a que chegou.

    Com consideração

    André Salgado

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  20. Caro André Salgado,

    Não deixo de apreciar seu "heróico" esforço para explicar aquilo que já explicou, ou seja...nada, com a devida vénia.
    O Senhor continua a dar a volta a conceitos, volatilidades, gestão de tesouraria, movimentos em 8 bancos...mas de concreto, nada, mesmo nada.
    Posso por exemplo perguntar-lhe qual foi o montante dos movimentos a débito, líquidos de movimentos a crédito, durante o mês de Agosto, em cada um dos outros 7 bancos?
    Posso pergunatr-lhe qual o saldo médio das aplicações, até Julho de 2008 - e só nesse ano - em cada uam das contas-correntes dos 8 bancos?
    Só com dados concretos é que nos poderemos entender e me poderá convencer...
    E creia que nem será muito difícil se os seus dados provarem uma tese - a sua - que até agora tem sido sustentda em considerações gerais que, por mais boa vontade que tenhamos não passam disso e nada contribuem para o esclarecimento da matéria controvertida...
    Quanto ao resto dos seus comentários, nalguns pontos menos aceitáveis ou améveis, não me vou preocupar com eles - admito que esteja sob um enorme stress, que não me seja imputável, espero...
    Fico a aguardar, com todo o interesse, o que tiver para nos esclarecer.
    Com toda a consideração.

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  21. Caro André Salgado,

    É com interesse que venho seguindo os seus comentários, ou pelos menos tentativas de argumentos credíveis da sua parte. Num tom bem Medina Carreira digo-lhe o que " O Senhor está para aí com conversa a ver se engana o pagode". Custe o que custar, doa a quem doer, em especial à sua pessoa, esse levantamento por parte da SS está pejado de tudo, menos de seriedade.

    Quer fazer a mesma figurinha que Vítor Constâncio e tentar fazer-me acreditar que aquele banco ia muito mal, mas a Segurança Social desconhecia por completo a situação, ou sequer desconfiava? Pode tentar dar uma de bem intencionado, mas certamente poderá ser mais um a juntar ao célebre grupo Pino e Lino.

    Já agora, foi de muito mau tom fazer pretensas acusações ao Dr. Tavares Moreira, mas pior ainda foi tentar mudar a interpretação da frase anteriormente escrita. Em bom português isso tem um nome, malabarismo. E ao contrário de Sistemas de Segurança Social, disso sim, o senhor percebe.

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  22. Caro André,

    Depois dos feitos de Alvalade, Kiev e Istambul aí temos o Dragão em plena forma, lançando chamas - e que chamas por esta pequena amostra!
    Registo seu contundente mas bem humorado contributo para este debate, estamos todos à espera de um cabal esclarecimento por parte da SS...pois se ficarmos apenas pelos "esclarecimentos" de André Salgado - pese embora o louvável esforço que temos de lhe reconhecer - ficamos como antes estavamos, sem nada perceber...
    Ou mesmo pior do que antes, pois ficamos a saber que nem os que supostamente "sabem" são capazes de nos explicar o que de vero se passou!

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  23. Caro Tavares Moreira,

    O nosso "temporariamente" e interventivo comentador André Salgado, conjecturo eu, está na calha para substituir Constâncio. Os perfis são semelhantes. Tentam parecer extremamente ingénuos, bem intencionados e respondem a perguntas rectas, com respostas redondas...

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  24. Caro André,

    Apesar da abissal diferença de opinião em relação ao ilustre comentador André Salgado - que alguém terá talvez convencido que o método "venda de banha da cobra" dominante entre nós por estes dias seria suficiente para calar o 4R - confesso que não lhe quero mal nenhum - e portanto reputo de pesadíssima a pena sugerida pelo meu Amigo...
    Porque não, mais simplesmente, propor a nomeação para Adjunto da Gerência do SLB com a especial incumbência de organizar a colocação de acções e obrigações da SAD nos promissores mercado do Zimbabue e da Coreia do Norte?

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  25. Caro Tavares Moreira,

    Sinto-me sensibilizado, mas é de costume dizer-se que quem primeiro invoca o stress numa troca de argumentos é para esconder o seu. Espero, e acredite que com sinceridade, que não seja o caso.
    Está no seu direito de considerar que os meus argumentos nada trazem, o que eu respeito e a mais não me considero obrigado. Gostaria, no entanto, de sublinhar que foi o meu Caro que lançou para o debate a uma tese especulativa sobre os motivos de uma operação da segurança social no BPN. Que não comprovou nem comprova. Não deixa de ser curioso e inusitado que pretenda inverter o ónus, exigindo que seja a sua tese a ser desmentida, desviando as atenções de nada apresentar, a não ser conjecturas especulativas, para comprová-la. Enfim…

    Ao meu homónimo André,

    Quem consegue reunir em três curtos parágrafos a meu respeito, as expressões “a ver se engana o pagode”, “pejado de tudo, menos de seriedade”, “figurinha” e “malabarismo”, não merece resposta nem à mesa de um café, menos ainda num debate que tenho tido com respeito e consideração pelo meu interlocutor.

    André Salgado

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  26. Como o tema é de interesse, a discussão vai longa, e o post já tem dias, resolvi intervir em novo post que acabei de editar.

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  27. Caríssimo André Salgado,

    Não mereci resposta à mesa dum café, mas tive uma referência num blog. E esta, hein? Ou bem ao jeito do nosso Primeiro, "Porreiro, pá!"

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  28. André Salgado,

    Finalmente deixa cair a máscara...já não era sem tempo, meu Caro.
    Perdeu o seu tempo a querer enganar-nos.
    Desclassificado, simplesmente desclassificado.
    Com todo o apreço, volte sempre!

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