1. Na sua edição de hoje o Financial Times dedica página inteira (9) a um exercício de classificação dos Ministros das Finanças europeus no qual a última posição (19º) é atribuída ao Ministro português.
2. Na sua lacónica explicação para a atribuição de tão desprestigiante posição no ranking, o F. Times diz simplesmente: “Bottom on the pile came Portugal’s F. T. Santos, dragged down by a poor national economic performance and his low European profile”.
3. Convenhamos que para um Governo que preza a imagem exterior acima de tudo, com enormes dispêndios (directa e indirectamente) em retribuições a agências de comunicação e a media para tentar manter a sua maquilhagem esbelta, esta notícia é simplesmente devastadora!
4. É infelizmente a confirmação do muito que aqui se tem dito e redito acerca da ineficácia e da incompetência das medidas de política económica – bastas vezes contraproducentes – que têm sido vendidas por um marketing interno esmagador mas que não convence, de todo, os observadores independentes como os do 4R e do FTimes...
5. É claro que quem sai mais atingido é o Ministro das Finanças que arca com as culpas que são próprias e as outras...o seu “low European profile” é seu, com certeza (Bruxelas é implacável nestes aspectos...), mas a “poor national economic performance” não é só obra sua, nem talvez sobretudo sua...
6. Este Governo, mais cedo ou mais tarde vai acabar (ou está já) pagando uma factura elevada (i) pelas falsas expectativas que criou, (ii) pelas fanfarronadas frequentes de alguns dos seus mais conhecidos porta-vozes, (iii) pelos exageros de marketing que tantas vezes rompem a esfera do ridículo mais atroz, (iv) pela sua falta de humildade em tantas situações em que a humildade seria regra de ouro, (v) pelo abuso do auto elogio especialmente quando injustificado (mais frequente), (vi) pela ocultação dos problemas nomeadamente no âmbito da consolidação orçamental, (vii) por não ter percebido as exigências da gestão macroeconómica em moeda única, etc, etc.
7. Dito isto, quero salientar que sou das pessoas sem quaisquer ilusões quanto à extrema dificuldade em governar este País nas condições actuais em que faltam recursos para tudo...e vai ser ainda pior ao longo dos próximos anos...governar Portugal é, com efeito, uma tarefa terrivelmente exigente e desgastante - e será cada vez mais exigente e mais desgastante...
8. Mas é precisamente por isso que entendo que quem tem a responsabilidade de governar deveria assumir uma postura totalmente diferente, oposta mesmo à que é apanágio deste Governo...não oferecer expectativas muito elevadas, não embarcar em triunfalismos fátuos, não reivindicar louros que não lhe pertencem, reconhecer as dificuldades e o esforço que é exigido a todos para as ultrapassar...
9. Será que este Governo algum dia entenderá estas “verdades”? Creio bem que não pois está demasiadamente convencido das suas (más) razões...mas então que se prepare para mais machadadas como esta – e enquanto vierem só de fora...
Caro TMoreira:
ResponderEliminarClaro que a política orçamental de aumento da despesa pública está errada e que a política fiscal de aumento de impostos é um óbvio desastre. Teixeira dos Santos e Sócrates ainda pensam que, nas actuais circunstâncias, o crescimento é dinamizado pela despesa pública, tese que na conjuntura portuguesa vigente até Keynes reprovaria. Sócrates ainda tem a desculpa de não ter tido formação básica em economia na Independente; mas TS é doutorado e professor de economia e não vejo como é que pode sustentar tal política. Nem em lições ao primeiro ano da Faculdade!...
A intervenção "keynesiana" que se impõe é a baixa dos impostos, por tudo aquilo que no 4R se vem, há muito, dizendo.
Não posso estar mais de acordo, caro Pinho Cardão...e o F. Times não é comprável...embora Peter Wise (Lisbon correspondent), neste caso não havido nem achado, tenha vindo a demonstrar uma considerável falta de atenção...
ResponderEliminarO problema não é deste governo,o problema é de todos os politicos e das leis que fizeram para se protegerem.
ResponderEliminarComo cavaquista que sou,reconheço hoje,que Portugal nos anos de ouro dos subsidios europeus não só não investiu esse dinheiro,como foi utilizado da pior maneira possível.Foi um "ver se te avias",eles eram fundações dos partidos,foram as centrais sindicais,nomeadamente a UGT,eles foram ministros sem cheta que hoje são gente riquissima,eles são bancos feitos por amigos(BNP)do bloco central,eles são conselhos de administração dos varios organismos do estado e de empresas públicas que desbaratam o nosso dinheiro e deixam milhões de contos de dividas e em vez de serem penalizados,são recompensados em milhões,porque as leis foram feitas por eles e o senhor Tavares Moreira diz que somos um país de poucos recursos,claro que somos,mas se as empresas fossem melhor geridas,para não dizer aquilo que penso,Portugal estaria ,muito melhor.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarPrimeiro, humildemente, quero aderir à previsão 4R do crescimento para 2008 depois da publicação de hoje da taxa de desemprego nos 7,7%. Claro que esta revisão vem acompanhada de milhentas desculpas relaccionadas com crise de crédito inesperada. Afinal, não sou menos que os outros.
Segundo, quanto ao governo português, e ao seu ministro das finanças, e seguindo a doutrina Cardão para coisas desagradáveis: "Não se pode exterminá-los?"
Caro Mafegos,
ResponderEliminarEm parte dou-lhe razão...o desperdício já vem de longe, mas a situação alterou-se qualitativamente e para muito pior depois da entrada no Euro...de olhos fechados e com o cérebro em curto-circuito...aí sim e sobretudo nos primeiros anos assistiu-se a um desperdício de recursos sem precedente, um desvairamento sem quaquer nexo mas com pesadíssimas consequências, que estamos a pagar e continuaremos a pafar por esses anos afora...
E já agora faça a justiça de reconhecer que entre as muitas pessoas que ocuparam cargos de responsabilidade, nesse período, algumas houve, como este humilde contribuinte do 4R, que não ficou riquíssimo - nem rico tampouco...embora se contente com o que tem!
E essas mesmas pessoas, sobretudo, tiveram o escrúpulo de nunca usar os cargos que exerceram para obter qq benefício para si próprios (em sentido amplo, incluindo familiares)!
Agora que o problema é deste Governo, a isso é que não escapa e olhe bem gostariam de escapar...
Caro Tonibler,
Meu amigo não tem de invocar qq humildade para aderir, nós é que nos sentimos confortados com a sua adesão... pois por direito próprio faz parte da família 4R...e as suas previsões, embora diferentes e optimistas, sempre aqui foram muito respeitadas!
Que pena o Financial times não se dedicar a analisar a sua economia e as suas finanças lá do UK que, como todos sabemos, têm sido motivo de fartos aplausos e nem estão em recessão nem nada!
ResponderEliminarE o ministro das finanças de sua magestade sereníssima nem se enganou nas previsões, nem nos bancos que faliram e nacionalizaram, nem na taxa do desemprego ..
Aquilo sim é que é um ranking!Uma economia e umas finanças de estalo!
MFerrer
Não tenha qualquer espécie de pena, caro MFerrer, se tivesse lido o texto em questão teria verificado que o magnífico Chanceler do Tesouro britânico está tb bastante mal classificado - não tão mal quanto o M. Finanças luso, mas mesmo assim num modestíssimo 14º lugar, entre 19!
ResponderEliminarE note ainda que o F. Times não traz todos os dias na capa as mesmas entediantes criaturas que aqui nos visitam à força, nos jornais, na televisão, diariamente, em tudo quanto é sítio público ou até privado, que já não se atura...
Que pena o Senhor não ter lido o texto, caro MFerrer!
Se é consensual que este Ministro é o melhor deste miserável governo, guiado pelo disparate, imaginem os outros...
ResponderEliminarBoa dedução, caro André, própria de um jurisconsulto observador, atento e astuto!
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