Aqui há dias, não sei se Marcelo ou Júdice, um dos dois propôs a nomeação de um árbitro para mediar o conflito entre Professores e o M. da Educação. Ontem, foi José Vitorino a propor uma Comissão de Sábios. Como o próprio depois esclareceu, tal Comissão não se destinava a mediar o conflito, mas a “avaliar” a avaliação no final do ano lectivo.
Soluções brilhantes, de cérebros brilhantes, que suscitam comentários brilhantes, e que seriam brilhantes se se adequassem à realidade e servissem para resolver o problema. Mas os mediadores só funcionam se as partes estiverem de acordo na arbitragem, e não estão; e também os sábios, mesmo que muito sábios e de grande saber, por muito que se esforcem, nunca poderão “avaliar” no fim aquilo que persiste em não existir.
De modo que, apesar das brilhantes propostas que dão brilho a quem as faz, mas só servem para empatar, ficamos na mesma. Ministério, de um lado, Professores do outro, numa luta sem honra nem glória, de que todos, mas todos, sairão vencidos.
Soluções brilhantes, de cérebros brilhantes, que suscitam comentários brilhantes, e que seriam brilhantes se se adequassem à realidade e servissem para resolver o problema. Mas os mediadores só funcionam se as partes estiverem de acordo na arbitragem, e não estão; e também os sábios, mesmo que muito sábios e de grande saber, por muito que se esforcem, nunca poderão “avaliar” no fim aquilo que persiste em não existir.
De modo que, apesar das brilhantes propostas que dão brilho a quem as faz, mas só servem para empatar, ficamos na mesma. Ministério, de um lado, Professores do outro, numa luta sem honra nem glória, de que todos, mas todos, sairão vencidos.
Impõe-se um mínimo de realismo. Se todos concordam com a avaliação, por que não extirpá-la daqueles objectivos políticos, pelos quais se pretende responsabilizar individualmente cada professor, quando a responsabilidade é colectiva e abrange os pais, os alunos, o meio envolvente, como é o objectivo de medir a contribuição individual para o sucesso escolar ou para abandono escolar? Custa assim tanto abandonar a imposição de objectivos individuais tão absurdos?
Se todos concordam com a avaliação, por que se persiste em condenar as quotas, por exemplo, de excelente, quando se sabe que, em cada categoria, é sempre possível haver uns melhores e outros piores, sem desdouro para qualquer, e que, porventura a próxima avaliação equilibrará? Não acontece já isto no sector privado?
Se todos concordam, por que se persiste em levantar questões sobre a categoria de professor titular, que deve ser travada noutro foro de discussão? Sensibilidades individuais sobre o avaliador podem prejudicar o bem colectivo?
Quer o Ministério e querem os professores resolver o problema em que estão metidos, ou querem agravá-lo? Se o querem resolver, tenham a sábia atitude de conversar e chegar a entendimento. Frente a frente e prescindindo dos sábios do costume. Dignificaria a classe e a Ministra. Se não querem, digam, para a gente entender. É que já não há pachorra!...
Se todos concordam com a avaliação, por que se persiste em condenar as quotas, por exemplo, de excelente, quando se sabe que, em cada categoria, é sempre possível haver uns melhores e outros piores, sem desdouro para qualquer, e que, porventura a próxima avaliação equilibrará? Não acontece já isto no sector privado?
Se todos concordam, por que se persiste em levantar questões sobre a categoria de professor titular, que deve ser travada noutro foro de discussão? Sensibilidades individuais sobre o avaliador podem prejudicar o bem colectivo?
Quer o Ministério e querem os professores resolver o problema em que estão metidos, ou querem agravá-lo? Se o querem resolver, tenham a sábia atitude de conversar e chegar a entendimento. Frente a frente e prescindindo dos sábios do costume. Dignificaria a classe e a Ministra. Se não querem, digam, para a gente entender. É que já não há pachorra!...
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarUm estagiário de gestão resolveu construir um sistema de avaliação para os profissionais com os piores resultados do mundo civilizado. Que outro cenário estaríamos nós à espera e, pior, que outro cenário estamos nós à espera?
Outra questão que gostaria que os sábios da vida me respondessem é: em qual dos últimos 30 anos viram nos ministério da educação a competência para educar? E para escolher professores? É que à primeira cai quem quer, à segunda,...,à 29ª,...
Caro Pinho Cardão.
ResponderEliminarEstas suas propostas são deveras interessantes, mas temo que devido à arrogância da Ministra e do Primeiro Ministro e ao facto de estarem constantemente a atirar com as culpas de quase tudo para cima dos professores e das escolas, um acordo será impossível de obter.
Neste momento, a raiva (porque é disso que se trata) dos professores em relação à Ministra da "Educação" e aos seus secretários de "Estado" é de tal modo grande que já está a atingir o Primeiro Ministro.
A corda foi de tal maneira esticada que agora só resta mesmo... partir.
E, sinceramente, acho que o Primeiro Ministro ainda não percebeu de forma cabal a dimensão da raiva (porque é disso que se trata) que os docentes nutrem pela Ministra da "Educação" e estou completamente convencido que o PS vai pagar muito caro esta teimosia em manter alguém no cargo contra tudo e contra todos, apenas para que o Primeiro Ministro mantenha a imagem de determinado, deixando os alunos e o ensino para segundo plano.
Aliás esta teimosia demonstra, mais uma vez, que para este Primeiro Ministro muito mais importante que o conteúdo é a forma....
Sobre avaliação devemos atender à superior meditação d eManuela Ferreira Leite que hoje disse o seguinte:
ResponderEliminarDefendendo a ideia de que não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais, Manuela Ferreira Leite declarou: "Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia..."."Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se", observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: "E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia"."Agora em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar -- porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos", completou Manuela Ferreira Leite.» [da Lusa)
Palavras para quê?
MFerrer
Ver tambem a saga da Dona Manuela em:
ResponderEliminarÚltima hora: morreu a formiga da Dona Manuela.
eduardo lapa
Só por causa das dúvidas o M Ferrer e o Eduardo Lapa alguma vez votaram no PSD?
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão
ResponderEliminarLembro-me de os meus colegas dizerem que iam candidatar-se a professores titulares mas que não queriam avaliar professores. Muitos professores titulares dizem que acham não estarem preparados para avaliar professores. E nós vamos ser avaliados por eles? De quem é a culpa de ter provido professores titulares que acham que não estão preparados para exercer as funções previstas? Ainda acha que a questão dos titulares não deve ser levantada a propósito da avaliação?
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarComo sucede em qualquer reunião em casa de alguêm, de quando em vez, dois dos convidados engalfinham-se, por qualquer motivo e tornam o ambiente penoso e complicado. Não vem mal ao mundo, apenas incómodo, para os restantes (convidados) e para os anfitriões. O mesmo se passava no episódio da educação, pelo menos até à semana passada. As declarações do PM, dos intervenientes na contenda, proferidas nestes últimos dias modificaram o ambiente e alteraram o nível.
O que estamos a assistir é já um braço de ferro entre os sindicatos e este governo; pela primeira vez, desde o 25/4, um Governo afronta directamente, um sindicato e uma classe profissional.
Posto isto, o resultado final será, necessariamente, um de três: ganha o governo, ganha as eleições e doma os sindicatos, ganha o governo, mas perde as eleições e doma os sindicatos, perde o governo, e perde as eleições e não doma os sindicatos.
Sinceramente, não sei qual será o desfecho final ,(pelo menos hoje), o que lhe posso afiançar é que, no final desta luta, nada será como dantes.
Agora que perdeu uma, possível, via internacional para a sua carreira, (com o fim do processo de Lisboa), José Sócrates joga aqui e agora, o seu futuro político: para o bem e para o mal, em Setembro teremos os resultados de tudo isto, pelo que ainda é cedo para se prever quais serão.
Sinceramente, não sei se o PM mediu/avaliou e estudou todas as variáveis deste processo: é uma classe transversal à sociedade e, numa época de crise e de crispação em vários grupos profissionais, esta luta pode polarizar a sociedade com efeitos imprevisíveis. Dito isto, os próximos três meses serão muito interessantes.
Cumprimentos
João
Caro Arnaldo Madureira:
ResponderEliminarComo sabe, sou um observador longínquo, embora interessado. E se no início era levado a dar razão ao ME, agora, depois desta discussão toda, sou levado a dar razão aos professores. Embora me pareça que alguns argumentos usados por estes, assim à distância, não tenham muita envergadura ea até podem predispor a alinhar pelas posições do ME.
Admito no entanto que possam ser enormes, vistos do lado dos professores. Recorrendo à teoria dos fractais, que o meu amigo bem domina,a dimensão de Portugal, embora pequena pela geometria clássica, torna-se enorme aplicando aquela teoria. Também em Portugal temos fiordes, mas fiordes grandes estão na Noruega.
Onde nós vemos minúsculos problemas, os professores, porventura com razão, vêem grandes problemas.
Para nós, cá de fora, o caso dos professores titulares não devia constituir nenhum problema. Abstraindo das regras do concurso, que se diz serem impróprias, se um professor é titular tem que cumprir os deveres de professor titular. Como um quadro de uma empresa tem que cumprir os deveres inerentes ao seu posto.
Se não sabem ou não querem, o problema resolve-se com processo disciplinar e eventual punição, porventura a destituição. Pois, se beneficiam dos proveitos, também têm que arcar com os custos.
Claro que, como nas empresas, nem sempre os avaliadores directos estão à altura dos avaliados; e, se o avaliado se sente prejudicado, há mecanismos de recurso.
Agora o que eu nunca vi é, numa empresa, um colaborador não ser avaliado porque o avaliador diz que não sabe ou não quer. Isso parece-me um absurdo.
Mas absurdos destes poderá haver muitos mais. Não sei. O que sei é que seria de todo o bom senso acabar esta guerra de onde ninguém sai prestigiado. Mantendo a avaliação, alterando o método.
Desconfio que, entre professores e governo, uns não queiram a avaliação, outros não queiram a alteração do método.
ResponderEliminarCaro Arnaldo Madureira:
ResponderEliminarSempre esclarecido!...