quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Investimento publico essencial face à crise: 100% de acordo!

1. O principal responsável do Governo terá declarado hoje, mais uma vez, que o investimento público é essencial face à crise que nos invade, emociona, angustia e...até ajuda o Governo como álibi universal.
2. Cabe-me dizer que não posso estar mais de acordo, o investimento público – o do Programão bem entendido, outro poderá não ser tão perverso – é com efeito absolutamente essencial para assegurar (i) que a crise será ainda mais profunda e sobretudo mais duradoura, (ii) que as pequenas e médias empresas e sobretudo as que estão expostas à concorrência externa terão cada vez maiores dificuldades de acesso a financiamento, (iii) que vai prosseguir e até acelerar o desequilíbrio externo e o crescimento do elevadíssimo endividamento do País, (iv) que os escassíssimos recursos de que dispomos vão continuar a ser mal aplicados, (v) que os encargos vão ser atirados para o futuro tornando virtualmente impossível a gestão das finanças públicas dentro de poucos anos, (vi) que a qualidade de vida dos portugueses irá continuar a degradar-se ao longo dos próximos anos, (vii) que o défice de produtividade de que tanto nos queixamos nunca mais terá solução, (viii) que o futuro do País fica cada vez mais comprometido, (ix) que o Ministro das Finanças português continuará a ser o mais mal classificado entre os seus pares europeus, (x) que... etc,etc.
3. Se for este o sentido da declaração de S. Exa., estamos inteiramente de acordo...Alguma vez esta importante convergência teria de acontecer!
4. Mas se assim não for, só deixo um apelo: não voltem a queixar-se, mais tarde, que as coisas nos correm mal! Já tiveram tempo de sobra para aprender...se não aprendem é porque não querem!

14 comentários:

  1. Não comento questões financeiras uma vez que não é a minha especialidade. No entanto, há algo que me preocupa imenso: a produtividade.

    Como podemos aumentar a produtividade quando tempos pessoas que pertencem aos dois maiores partidos políticos a defender que se baixe a produtividade no sector do ensino?

    Caro Tavares Moreira, como podemos defender "reformas" neste sector quando as mesmas implicam que cerca de 20% dos professores do ensino não superior leccionem apenas uma disciplina a uma turma para que, pasme-se, possam responder a toda a carga burocrática que decorre das tais "reformas"...? Como podemos defender tais "reformas" se os restantes professores despendem cerca de 30% do seu tempo de trabalho a justificar as tais "reformas" através de produção de burocracia inútil?

    Se é assim neste sector depreendo que o seja, também, em muitos outros.

    Por isso, aqui levanto uma vez mais esta questão - os professores não deveriam ensinar? Os médicos não deveriam tratar doentes? Os juízes não deveriam julgar?

    Se o Estado dá este exemplo de péssima gestão e se este exemplo é defendido por tanta gente do maior partido da oposição, como podemos acreditar que o sector privado aumente o seu nível de produtividade?

    Estaremos condenados a empobrecer alegremente ano após ano?

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  2. Gabo-lhe a paciência, caro Tavares Moreira. Não vale a pena, porque os seus conterrâneos acham que os investimentos vão dar lucro ao estado, seja lá o que isso fôr e, por isso, querem um aeroporto e um TGV e raio que os parta a todos.

    Deixe-me recordar-lhe que são os mesmos que compram o plasma porque causa do Euro e precisam de crédito porque têm que ir ao Brasil de férias. Acha realmente que se preocupam com uma situação que, ainda por cima, calha a todos? Quando vier a conta vamos pedir aos espanhóis...

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  3. António Costa afunda-se na SIC
    http://aoutravarinhamagica.blogspot.com/2008/11/antnio-costa-afunda-se.html

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  4. Caro Fartinho da Silva,

    O exemplo que dá é interessante e serve tb para perceber a extraordinária falta de visão da grande maioria dos nossos políticos tanto no Governo e à volta dele como da oposição - com honrosas mas escassas excepções...
    Em última análise, aquilo que o Senhor aponta como falta de produtividade é precisamente o dispêndio de recursos, humanos e outros, em tarefas que não acrescentam qq valor ao ensino.
    Isso mesmo se passa em N outros sectores - tudo sectores protegidos, no sentido em que nâo "têm de fazer pela vida" para adquirir os recursos que alegremente consomem...
    Essa é a tragédia do País que se agudizou enormemente coma entrada no Euro sem perceber que estamos a gastar um recurso cujo valor não temos qualquer capacidade de gerir e que nos vai custando cada vez mais caro...
    Essa é a tragédia do Programão pois vamos queimar recursos em alguns projectos - altamente dispendiosos em capital que não temos - para nunca mais recuperarem esse capital, forçando-nos a suportar dois fluxos negativos no futuro: o fluxo dos juros do capital que foi necessário para financia-los e o fluxo negativo gerado por receitas de exploração futuras inferiores aos custos...
    Não temos alternativa a não ser empobrecer, não sei se alegremente se resignadamente...mas sempre a empobrecer!

    Caro Tonibler,

    Os meus conterrâneos? Os poveiros? Como chegou a essa conclusão?!
    este assunto não me preocupa nada meu Caro, como já aqui tenho dito... até assisto a este espectáculo, não direi divertido pois isso seria sadismo, mas muito curioso certamente!
    Acho admirável esta imensa procissão de ignorância e de auto-flagelação tantas vezes usando posturas muito solenes e oratórias inflamadas, prenhes de autoridade!
    É de uma imensa obtusidade mas é tão interessante!

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  5. Anónimo03:03

    adorei o seu blog


    http://fogodeletras.blogspot.com/

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  6. Os poveiros, esses, são os piores de todos...

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  7. Fechei à tempos a minha pequena empresa. Porque era disso mesmo que se tratava: uma empresa deveras difícil de manter!
    Mas era a minha empresa, o meu esforço, o meu suor! Não vivia de apoios, de esquemas, nem de tráfico de influências ou favores.

    Era apenas uma empresa, uma pequena empresa feita de carinho, de produtividade, de suor. Mas este suor foi pouco face à empresa de ser empresa em Portugal. Porque do outro lado estavam um multidão de gente ganaciosa e mesquinha apostada em nada fazendo, ou melhor fazendo nada de palpável e utilitário, parasitar.

    Os senhores da banca, na sua magistral capacidade de enriquecer, manipular, e nos empobrecer; os senhores do fisco na sua imensa capacidade de extorquir, destruir e feudalizar; os senhores do governo e dos partidos na sua imensa capacidade de não ouvir, confundir e tudo irrepresentativamente dominar!

    Afinal o que é isso de produtividade? É alguma manha para contrariar a felicidade de criar, ou um novo jogo nas mãos de um povo suicidário?

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  8. Caro Tonibler,

    Essa ofensa aos poveiros, Homens do mar, de herois como o fabuloso Cego do Maio - que tantas vidas salvou do mar às vezes amigo outras vezes assassino - demanda um pedido formal de desculpas...
    Estou mesmo na disposição de o desafiar para um duelo em defesa do bom nome da minha abençoada terra, testemunhado por meus parceiros do 4R...em pleno Passeio Alegre (avenida marginal da Povoa de Varzim)!
    Que grande mal lhe fizeram os poveiros, meu Caro?
    Já alguma vez visitou essa terra?

    Caro PAS/maioria silenciosa,

    Sei que existem muitas outras pessoas com situações semelhantes à sua, que sentem uma genuina revolta porque as empresas que geriam com muito trabalho e risco (não protegidos) sucumbiram sob o peso da burocracia, de uma fiscalidade violenta e da montanha de insensatez que nos "governa"...
    Mas porque não tenta de novo, noutra jurisdição com certeza?

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  9. Caro Tavares Moreira,

    Quando falei aos conterrâneos referia-me aos portugueses. A dos poveiros já foi provocação. De resto, só tenho elogios à Póvoa (de inverno) e espero que aquela raridade de café grande na praia (Guarda-Sol???) com banca de jornais lá dentro ainda exista.

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  10. Caro Tonibler,

    Está esclarecido o "mal-entendido", os seus elogios à Póvoa deixam-me embevecido, acredite!
    Sim senhor, o Guarda-Sol ainda lá está, com a banca de jornais onshore e tudo o mais próprio de uma terra de veraneio que, apesar de muito urbanizada ainda mantém alguns hábitos e estilos de vida típicos dos anos 50 e 60 do século passado!
    Quanto aos outros conterrâneos, não conheço...

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  11. Caro Tavares Moreira,

    Não consigo perceber como se investem tantos milhões para se ganhar 20 minutos entre Porto e Lisboa. Se se acabasse com a exclusividade da TAP dos voos Lisboa Porto, desaparecia a conversa do TGV.

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  12. Caro André,

    Eu também não percebia...mas agora já percebo - é por causa da crise, para a intensificar e para a tornar mais duradoura!
    Compreende-se: um alibi destes não se consegue arranjar facilmente, mais vale conserva-lo bem, trata-lo com carinho e não o deixar cair no esquecimento!
    Elementar, meu caro Watson!

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  13. Caro Tavares Moreira,

    Agradeço as suas explicações em relação ao Programão. Também estou convencido que não temos alternativa ao empobrecimento, infelizmente.

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  14. Nada tem a agradecer, caro Fartinho da Silva: limitei-me a procurar corresponder ao interessante contributo que nos deu para o debate deste tema...e volte sempre que é bem-vindo!

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