As estatísticas sucedem-se, as tendências mantêm-se num significativo aumento, os portugueses continuam a ser uns grandes consumidores de "remédios"... se já estamos em 3º lugar, entre os países da OCDE, no maior consumo de antibióticos para lá caminharemos quanto ao consumo de antidepressivos, hipnóticos, ansiolíticos e sedativos.
Os números são impressionantes e, mais uma vez, hoje se revelam com um aumento que aponta para os 27,3% nos últimos seis anos, com o Infarmed a informar que se consumiram 28 milhões de embalagens destes fármacos no ano de 2006!
Os portugueses estão, cada vez mais a "refugiar-se" nos antidepressivos, por causas várias, de instabilidade ou inadaptação no emprego, por dramas sociais, familiares ou por incapacidades várias de resistência às adversidades da vida.
Tudo são explicações plausiveis mas uma atenção muito especial tem que ser dada à prática reinante de excesso de prescrição, o número de embalagens prescritas per capita é, na europa, dos mais elevados.
Este padrão português de consumo de medicamentos não é "genético", ele indicia uma cultura de prescrição que foi evoluindo com o deficiente acesso, em tempo util, à medicina de proximidade, ao acompanhamento e à revisão dos esquemas terapêuticos, em suma, à ilusão dum bem estar farmacológico, induzido e pressionado...
O tema já tem contornos de saúde pública e está na altura de actuar!
Estou a assistir na TV a umas cenas na Madeira (onde poderia ser?). Garanto que aqueles fulanos não tomam comprimidos a mais. Deixaram de os tomar!
ResponderEliminarTenho alguns dados sobre a prescrição de antidepressivos em Portugal. Trinta por cento dos utentes do SNS com mais de 18 anos "tomam" este grupo de fármacos! Uma barbaridade! No entanto, as principais causas são de origem social e não propiamente "clínica". Ou seja, o mal estar social, a instabilidade, a pobreza, as inúmeras dificuldades do dia a dia acabam por ser "medicalizadas". Consequências? Prescrição médica numa tentativa de minimiza o sofrimento que é real!
ResponderEliminarTomar anti-depressivos deve ser ainda a forma mais económica e portanto, possível, de tratar os tais problemas que afinal são sociais...
ResponderEliminarClara
ResponderEliminarO que nos conta é alarmante, mas é um bom indicador do estado de atraso em que ainda nos encontramos!
Pois é, Dr. Ferreira de Almeida, há situações onde a patologia é tão grave que, infelizmente, os remédios nem milagres fazem...
ResponderEliminarjotaC e Margarida, os indicadores são, de facto, alarmantes e o Prof Massano lá está a confirmá-los; e quem melhor do que um distinto epidemiologista a fazê-lo?
Gostava de vêr o Alto Comissariado para a Saúde a actuar neste tema.