terça-feira, 11 de novembro de 2008

Simplesmente vergonhoso

Confesso que estava à espera de um episódio destes.
Relata-se que a Ministra da Educação teve de abandonar Fafe onde se deslocou oficialmente perante uma manifestação de alunos e professores que gritaram palavras de ordem e atiraram ovos à governante.
Pelo que li e ouvi gritado e cantado por alguns professores na manifestação do passado de semana, não me custa a imaginar o teor das palavras de ordem. Como igualmente acho normal que os alunos se sintam estimulados pelo lastimável exemplo dos seus educadores.
Sei que aqui virão alguns escrever que a culpa é da ministra. Mas não é. É da falta de educação que nenhum ministro, por mais competente que seja, pode dar a quem a não tem. Mas é também e sobretudo da falta de vergonha de alguns.
E já agora: é tão fácil perder a razão!

17 comentários:

  1. A crise, a desconfiança, a incerteza das pessoas quanto ao futuro, estão a fazer vir ao de cima o pior de todos nós...
    Estou convicto que, chegados a este ponto, basta um pequeno pretexto para tudo descambar nestas situações que são de todo reprováveis.

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  2. Toda a razão. Sou estudante e estive na manifestação de dia 5. Uma das coisas que se dizia era: "uuuuuuuuuuuuooooooooooooohhhhhhhhhh PUTA!" (perdoe o palavrão). Fiz questão de não acompanhar o grupo nesses momentos. Apenas descredibiliza quem se manifesta e torna "coitadinho" o alvo da manifestação.

    abraço,

    TMR

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  3. Estou de acordo consigo.
    É indesculpável.
    Independentemente disso, sem que seja a menor sombra de qualquer desculpabilização, convém perceber por que razão se chega a este ponto.
    Será bom lembrar que a estratégia do Governo (quer com os professores, quer com os juízes, quer com os funcionários públicos e sempre com algum fundo de verdade) foi uma estratégia de desconsideração. E no caso dos responsáveis deste ministério essa estratégia tem sido levada muito para lá do razoável.
    Penso que a Correia de Campos, ministro pouco popular, isto não aconteceu (podia ter acontecido, mas sempre foi bem menos provável).
    Estou de acordo consigo que esta violência estúpida é expectável neste caso e que é a maneira mais rápida de se perder a razão.
    Mas à Ministra cabia aguentar, como fez Mário Soares na Marinha Grande, por exemplo, e não fugir.
    À GNR cabia evitar se possível, reprimir se necessário.
    Quem semeou ventos pode queixar-se ao colher tempestades mas não pode surpreender-se com isso.
    Mesmo sendo verdade que estas tempestades são indesculpáveis e que os sindicatos, os partidos da oposição e outras formas organizadas de defesa dos interesses das pessoas envolvidas, deveriam estar a fazer a pedagogia da civilidade, que não estão.
    henrique pereira dos santos

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  4. É, realmente vergonhoso, mas era esperado.

    Há nesta coligação sindicatos-professores-alunos-oposições, uma convergência de interesses que só pode terminar um dia destes com a desistência da ministra e a nomeação de um outro são sebastião.

    Porque, até hoje, e já lá vão três dezenas de anos, nenhum ministro da educação conseguiu sair-se airosamente da incumbência. E de cenas destas ou parecidas já estamos servidos quanto baste.

    O problema da educação, que todos concordam ser nuclear na viragem que o nosso país precisa, só terá solução se o objectivo a perseguir for mais e melhor educação.

    Para que tal objectivo se atinja é forçoso que se trabalhe mais e melhor. Com mais exigência, portanto.

    Ora não há exigência sem avaliação, um conceito que faz arrepiar muitos professores, muitos alunos, muitos pais, com grande regozijo dos sindicatos e das oposições.

    Se o governo fosse PSD, a história seria exactamente a mesma, trocando o papel de oposição com o PS.

    Assim, definitivamente, não vamos lá.

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  5. Caros amigos
    1 Já não se lembram do que é desconsideração. Desconsideração foi vaiar Durão Barroso na inauguração do Estádio da Luz (25 de Outubro de 2003), no Coliseu do Porto (no dia da abertura do Porto 2001, quando apoiava o protesto dos comerciantes) ou na comemoração do 25 de Abril em 2004. Desconsideração foi, também, a vaia ao PR Cavaco Silva, em Coimbra, em Janeiro deste ano, ou a Rui Rio (em Novembro de 2004, no Coliseu; em Junho de 2007, na reabertura do Rivoli; em Campanhã, em Setembro de 2005; etc.). Desconsideração foi a rábula do porteiro do Hospital de Faro que pediu o BI ao PM Cavaco Silva, vai para 15 anos, e não o deixou entrar. Desconsideração é o que a Sra Ministra tem feito repetidamente aos professores. Lembro-me de todas estas desconsiderações terem merecido o aplauso abrutalhado de destacados dirigentes e de simples simpatizantes de um certo partido que me dispenso de nomear.

    2 O que aconteceu hoje em Fafe à dita senhora, eu não aprovo e nunca o faria.

    3 Uma avaliação mal feita, como esta, não promove exigência, nem boa qualidade, no domínio da educação.

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  6. Totalmente de acordo, José Mário. Nada pode justificar o indecoroso comportamento dos alunos, a não ser a falta de educação a que se chegou. A educação está de rastos.

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  7. Para o caro JM Ferreira de Almeida quem insulta a Ministra revela má educação, quando a Ministra insulta os professores ou os deputados nada diz. Sintomático.

    Acho engraçado fazer a seguinte afirmação: "perante uma manifestação de alunos e professores", esteve presente em Fafe? Como sabe que foi uma manifestação de alunos e professores? Não terá sido uma manifestação de alunos e respectivos pais? Ou será que não foi uma manifestação apenas de alunos?

    É também deveras interessante verificar a inclinação do seu texto, subentendendo qua culpa dos ovos lançados à Ministra é culpa dos... professores!

    É tudo culpa dos professores. Um dia ainda ouviremos alguém descobrir que a culpa da queda do Meteorito em Tunguska se deveu aos professores.

    Triste país que tão mal trata os seus professores.

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  8. Eu, por acaso, acho que nos faz falta mais episódios como este.

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  9. A propósito da má educação de quem vaia, vejam isto:
    http://br.youtube.com/watch?v=W9mU22TOLfs

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  10. Anónimo23:05

    Meu caro Fartinho da Silva:
    Quando se tem "inclinações", como lhe chama, só se lê o que se quer ler, e é então inevitável a interpretação dominada pelo preconceito.
    Não tenho qualquer preconceito quanto aos professores e aos seus legítimos protestos.
    Mas parece não ser o seu caso, a medir pelo ocmentário que fez.
    Se quiser ter a bondade de clicar no sublinhado do post, verá que verti para o texto as informações que constam de uma notícia.
    Como reparará, a notícia refere-se a professores e a alunos. Não a vi desmentida. Mas estou pronto a corrigir se o meu Amigo tiver estado lá e me garantir o contrário.
    Outro preconceito em que o meu caro labora no seu comentário: a de que só critico os professores. Engana-se redondamente.
    Censuro aqueles que, investidos na situação de professores, se comportam como os vi comportarem-se na manifestação, fazendo do insulto um argumento.
    Esses, meu caro, tiram razão à mais que justa motivação dos demais para se manifestarem. Mas também em relação a esses não ouvi da parte de quem tinha obrigação de censurar, uma palavra de censura.
    Por isso, meu caro Fartinho, estas condutas, para além de lamentáveis, só enfraquecem a razão de quem a tem.
    Espero ter clarificado o que escrevi

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  11. É a realidade de hoje, de ontem e infelizmente do nosso amanha. Não apenas em Portugal mas lá fora também se fazem destas coisas.

    Os educadores que a tanto custo muitas vezes têm de por ordem numa sala de aula, perder facilmente a noção de como agir. Parecem crianças. Tristes, amarguradas e capazes de qualquer coisa mesmo saberem ao certo porquê.

    Muitas vezes quando faço o retrato da nossa sociedade, refiro-me a centenas de pessoas que se juntam, no comboio, metro ou até no autocarro e começam um dialogo. Dito dialogo são reproduções à letra e sem qualquer tipo de filtro do que viram ou ouviram nas noticias e cada um no seu canal.. A pessoa da Sic com a da Tvi ou Rtp e assim diariamente, ainda que possam estar a contradizer a noticia do dia anterior. Falam por falar. Falam porque alguém falou assim.
    Nos professores, não no seu todo mas em grande parte ocorre um pouco o mesmo. Ouvem que têm de reclamar, não sabem ao certo do que porque para muito até é indiferente.. mas vamos armar o barraco e ver o que acontece, até "nos baldamos a umas aulas e tudo". Parecem crianças.

    É o vale tudo. Com atitudes destas, acham que não deviam ser avaliados?

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  12. Deviam e devem (devemos), antes e depois deste acontecimento. De preferência, bem avaliados, porque há boas prácticas que estão estudadas há muito tempo e nada se deve fazer amadoristica e incompetentemente.

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  13. Obviamente que perdem a razão. Isto é uma demonstração que na educação, o que está mal não é só a avaliação dos profs.

    A educação é constantemente agredida por todos: Alunos, Profs, Tutela, Pais.

    Assim, não se augura nada de bom para o futuro.

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  14. Caro JM Ferreira de Almeida, agradeço os seus esclarecimentos.

    Em relação à sua fonte, apenas tenho a dizer que poderia ter escolhido as seguintes:

    - http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1349665&idCanal=58;

    - http://www.tvi.iol.pt/i-nformacao/noticia.php?id=1011992;

    - http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/450284;

    - http://sic.aeiou.pt/online/noticias/pais/Estudantes+de+Fafe+atingiram+o+carro+de+Maria+de+Lurdes+Rodrigues.htm;

    - http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=358417;

    - entre outros.

    Nenhum fala em "manifestação de alunos e professores", no máximo referem a presença de alguns professores.

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  15. Anónimo15:11

    Seja, meu caro Fartinho da Silva. Corrijo: "a manifestação foi coordenada por alunos da Escola Secundária de Fafe, mas contou com a presença de alguns professores, que aproveitaram para protestar contra a política do Ministério da Educação", como se diz num dos sitos que indicou.
    Mantenho, porém o sentido que escrevi no post e do que procurei esclarecer no comentário ao seu comentário.
    Sempre agradecido pela colaboração neste espaço.

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  16. Caro JM,

    o que eu vi e o que ouvi na manifestação do passado Sábado nada tem a ver com o que viu e ouviu nas televisões, porque eu estive lá (outra vez e com grande sacrifício físico). Eu vi muitos rostos cansados, tristes, abatidos e ouvi muito silêncio, em comparação com a manifestação de 8 de Março. Não estou a duvidar que tenham existido excessos mas nem eu os percepcionei, nem os senti.

    É fácil pegar nuns quantos exemplos de slogans mais "lastimáveis", para usar as suas palavras, e fazer disso a caracterização da manifestação (como é fácil pegar no exemplo de Fafe e escrever que facilmente se pode perder a razão). O difícil é ter estado lá, chegar a casa à uma e meia da manhã, doente e no dia seguinte entrar no 4R à procura de alguma espécie de espelho e encontrar uma caixa de comentários onde proliferam as mentiras, onde não interessa saber, de facto, se a implementação deste processo de avaliação está a trazer qualquer melhoria às escolas do nosso país. Senti uma vontade enorme de responder, ainda abri o word para começar a rebater ponto por ponto mas depois faltaram-me as forças e pensei que não valia a pena. Só para dar um exemplo: já aqui escrevi em tempos todas as formas pelas quais fui avaliada (como todos os outros professores) desde que comecei a dar aulas: a licenciatura e o estágio que concluí, os relatórios de avaliação que entreguei, as acções de formação que frequentei, as classificações que aí obtive, o curso de mestrado que fiz. No entanto, isso não interessa para nada: "durante 30 anos os professores deste país nunca foram avaliados"; "os professores o que querem é não ser avaliados"! Isto é só um exemplo. E ao contrário do que referia o Dr. Pinho Cardão em post anterior, não me parece que o problema esteja no emissor da mensagem (os professores) mas no receptor (a opinião pública) ou no "ruído".

    Eu poderia falar do processo de avaliação de desempenho em si; das fichas de avaliação dos Presidentes dos Conselhos Executivos cujos vinte e tal parâmetros de avaliação se multiplicam por quatro ou cinco descritores; da existência de uma equipa responsável pelo apoio à implementação do processo junto das escolas (o que comprova a existência de problemas); das dúvidas que ficam por responder quando as perguntas dizem respeito ao âmbito da operacionalização; que não há formas nem fórmulas técnicas de ultrapassar determinados problemas deste processo; da percepção que todos os que lidam realmente com o processo têm de que a única solução para tudo isto é política... Mas venho aqui e sinto que não vale a pena. Se realmente alguém quisesse ter conhecimento real do que se passa era só procurar determinados blogues de professores e ler as fichas ou pedi-las por mail que qualquer um de nós as enviávamos ou os meus relatórios de avaliações anteriores ou as minhas classificações obtidas no modelo de avaliação anterior... Mas não vale a pena... O "combate", como alguém hoje à tarde na minha escola dizia, tem de ser outro. É mostrarmos que assim não. Custe isso o que custar, porque eu não posso desenvolver na minha escola um projecto pela memória do Holocausto e tentar mostrar aos meus alunos a importância da democracia, da intervenção cívica e o perigo da observação passiva e depois nada fazer quando está em causa a educação no nosso país. Assim, é que era fácil perder a razão.

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  17. Neste caso, quem semeia ventos colhe tempestades.
    Não sou professor, mas tenho conhecimento do ambiente que se vive nas escolas. Aquilo que os alunos de Fafe fizeram à ministra não se coibem, também, de o fazer aos seus professores.
    No meio dessa atitude, há um aspecto positivo. A ministra tem a oportunidade de acompanhar, "in loco", como funciona o estatuto do aluno na punição deste tipo de atitudes.

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