A pior coisa que poderia suceder no conflito que opõe o Ministério da Educação e os sindicatos e professores seria a sua banalização. Já está a acontecer.
O que pode o País esperar de mais anúncios de reuniões, negociações e conversações, para amanhã ou para a semana, de greves anunciadas, marcadas para 2009 não fosse a época Natalícia, de apelos à desobediência, de atitudes de intransigência, de ameaças, de uma desconfiança, num permanente diz que disse o que não disse ou diz que não disse o que disse, quando a batalha já está ganha ou já está perdida pensam uns e outros? Com efeito, não se pode esperar outra coisa que não seja um triste espectáculo, um ano lectivo perdido, minado pela instabilidade e intranquilidade, em que as principais vítimas são os alunos e as escolas.
A banalização do conflito instalou-se, o conflito assumiu uma tal irracionalidade que às tantas já ninguém percebe de que lado está a razão ou a verdade, o que é que uns e outros defendem e acusam. Fica a sensação que o conflito saltou do País real para um qualquer sítio virtual em que Ministério da Educação e os sindicatos e professores continuam “alegremente” a testar até onde é que uns e outros podem ir, medindo forças, definindo estratégias de ataque e de defesa, prevendo e avaliando as diversas hipóteses de resultados, delineando planos mediáticos ao minuto.
O tempo dispendido em toda esta laboriosa batalha não pode efectivamente deixar tempo para tratar do essencial. E o essencial é adoptar um sistema de avaliação do desempenho que promova o mérito, que incentive e motive os professores e as escolas a fazerem melhor, que promova a qualidade do ensino. É disto que se trata.
E porque não transferir a discussão do plano político para o plano técnico? É que embora o conflito seja político, a matéria alvo da discórdia é essencialmente técnica.
O que pode o País esperar de mais anúncios de reuniões, negociações e conversações, para amanhã ou para a semana, de greves anunciadas, marcadas para 2009 não fosse a época Natalícia, de apelos à desobediência, de atitudes de intransigência, de ameaças, de uma desconfiança, num permanente diz que disse o que não disse ou diz que não disse o que disse, quando a batalha já está ganha ou já está perdida pensam uns e outros? Com efeito, não se pode esperar outra coisa que não seja um triste espectáculo, um ano lectivo perdido, minado pela instabilidade e intranquilidade, em que as principais vítimas são os alunos e as escolas.
A banalização do conflito instalou-se, o conflito assumiu uma tal irracionalidade que às tantas já ninguém percebe de que lado está a razão ou a verdade, o que é que uns e outros defendem e acusam. Fica a sensação que o conflito saltou do País real para um qualquer sítio virtual em que Ministério da Educação e os sindicatos e professores continuam “alegremente” a testar até onde é que uns e outros podem ir, medindo forças, definindo estratégias de ataque e de defesa, prevendo e avaliando as diversas hipóteses de resultados, delineando planos mediáticos ao minuto.
O tempo dispendido em toda esta laboriosa batalha não pode efectivamente deixar tempo para tratar do essencial. E o essencial é adoptar um sistema de avaliação do desempenho que promova o mérito, que incentive e motive os professores e as escolas a fazerem melhor, que promova a qualidade do ensino. É disto que se trata.
E porque não transferir a discussão do plano político para o plano técnico? É que embora o conflito seja político, a matéria alvo da discórdia é essencialmente técnica.
Chegados a este ponto, será que mais alguma coisa nos poderá espantar?
Margarida,
ResponderEliminarGostei do post!
Em minha opinião, cara Margarida, os professores perderam o timming e os sindicatos "orquestraram" péssimamente quando ameaçaram que a próxima partitura seria o abaixo-assinado. Um abaixo assinado nesta fase representa menos que uma aspirina para uma infecção respiratória.
ResponderEliminarA partir deste ponto, só duas situações poderão ocorrer, ou a completa humilhação da classe do professorado, ou um acto tresloucado de consequências imprevisíveis. Contudo, seja qual for a decisão dos professores, conjunta ou não com a sindical, o governo e especialmente a D. Maria de Lurdes, ganharam um camarote no S. Carlos.
Desculpe estar aqui a colocar este tema mas gostava de ver debatida a disponibilidade demonstrada por Portugal de receber os presos de Guantanamo.
ResponderEliminarPenso ser uma situação extremamente grave, que coloca o país na mira do terrorismo.
Portugal está necessitado de mão-de-obra barata, meretíssimo. Já que os casais se sentem incapazes de atender aos apelos do Sr. Presidente da República para que procriem em abundância...
ResponderEliminarEsta será a única forma de nos tornarmos competitivos, capazes de responder aos desafios extremos que nos serão colocados a partir do próximo ano. Soaram-me uns zun-zuns de que a fábrica de armamento para o exercito vai ser reactivada, mas desta vez para iniciar a produção de ferramentas agrículas e de correntes e bolas de aço para prender aos tornozelos desses prezos...
Não, desculpe, não é para que não se evadam, é para que possam permanecer no fundo do rio Tejo, abrindo os cabocos para ancorar os pilares da nova ponte Xelas-Barreiro.
Aquele Senhor Sócrates é um crâneo, acredite. Ah e possiu uma qualidade valiozíssima, nunca diz "jamai", nunca!
Acho que muito pouca gente percebeu o que se passa com os "professores".
ResponderEliminarO que se passa é que os "professores" se fartaram do papel que lhes tem sido atribuído desde 1992 - burocratas do tempo da antiga URSS.
Este é que é o problema principal.
Em relação à "avaliação exigente e rigorosa", expliquem-me por favor como se pode exigir uma avaliação séria, rigorosa e exigente aos professores se se exige exactamente o oposto aos alunos?
O segundo problema é obviamente este.
E, não quero falar na violência clara, evidente e objectiva que se passa nas salas de "aula" das nossas "escolas" entre "alunos" e por vezes até entre "alunos" e "professores"! E não falo neste tema porque estou convencido que em breve acontecerá algo tão grave que toda a gente perceberá definitivamente no que se transformou a "escola" pública.
Entretanto, podem ir discutindo o tema "avaliação" de docentes que é isso que os populistas que nos têm "governado" pretendem que se discuta para que as pessoas não se apercebam de tudo o que REALMENTE se passa à sua volta.
Parece-me haver em tudo isto alguma forma de insanidade mental.
ResponderEliminarA avaliação dos professores nos moldes em que foi feita é um atentado à sua inteligência e dignidade. Daí a Sra. Ministra ter alterado o modelo inicial, que antes defendia com unhas e dentes. Enfim…
Mas as asneiras não são só para os professores. Não! Estão a ser também para a f.p em geral.
Um amigo falou-me de um Organismo em que um dos critérios de avaliação de desempenho é o facto de morar mais ou menos longe do emprego!?; num outro Organismo também um dos critérios é que todas as faltas dadas legalmente para além das férias, nomeadamente as de doença, são também um dos critérios penalizantes.
Quer dizer: as faltas dadas dentro dos limites da lei (desconto no vencimento ou na redução das férias) essas faltas são duplamente penalizantes…
Mas no que tem a ver com a doença, aí eles são mais queridos e refinados, isto é: se a doença for de internamento ou terminal, já não conta, mas se for uma doença que possa ser tratada em casa já conta...
Enfim, não sei se avaliar funcionários por estes critérios se vai chegar a algum lado, mas o futuro, os nossos filhos e netos o dirão…
Muito sinceramente, Dra. Margarida Aguiar, se estivesse no começo da minha vida profissional, não queria ser mais um elo desta insanidade, mas a vida é o que é, e eles estão instalados nos patamares superiores da pirâmide…
Cara Dra. Margarida Aguiar:
ResponderEliminarVou-lhe confessar um segredo:
-Depois de postar o meu comentário fiquei a remoer com os meus botões (aquele remoer que faz inchar o estômago, sabe?) que, se calhar, aquela gente toda que decide sobre a vida dos outros, que estabelece critérios de avaliação, tem toda a razão, pois, se ocupam os lugares é porque têm mérito e sabem o que fazem...
Mas ironia das ironias enquanto jantava ouvi o Engº Belmiro Azevedo, na TVI, a dizer que não conseguia entender a razão por que alguém não colocava um semáforo com uma luz vermelha a mandar parar as ideias dos tgvs e quejandas!
Ah... que alívio! Apesar de estar a falar noutro contexto, é certo, o homem que por sinal não é parvo nenhum, afinal põe em causa decisões de quem é suposto tudo saber…
Parece uma tontice , mas já me sinto muito melhor!
Peço perdão por este desabafo.
:)
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarPegando nas suas palavras, perdemos todos. Não há ganhadores. Estamos numa daquelas situações "loose-loose"! Muitas das coisas que se têm passado têm contornos
"tresloucados".
Caro Fartinho da Silva
É claro que o problema do ensino não é o problema do sistema de avaliação do desempenho. A falta de avaliação da qualidade do ensino é de facto um problema. Os agentes do ensino - alunos, professores e escolas - deveriam estar sujeitos a "provas" exigentes. Não tem sido assim. O sistema de ensino não pode estar à margem da exigência de qualidade que é hoje um factor essencial ao desenvolvimento.
Caro jotaC
Esses critérios de avaliação que descreve no seu post são um absurdo. Não fossem relatados pelo Caro jotaC e não acreditaria.
A avaliação do desempenho para ser credível tem que assentar, entre outras coisas, em objectivos que têm associados resultados, qualitativos ou quantitativos, passíveis de ser medidos. É mesmo caso para falar de "insanidade mental"!
Escrevi há pouco um post a propósito das declarações do Eng.º Belmiro de Azevedo que o Caro jotaC ouviu enquanto jantava. Nas suas empresas a gestão assenta na definição de objectivos e os resultados estão sujeitos à avaliação do desempenho. Seria impensável não ser assim.
Cara Margarida,
ResponderEliminarRepare que eu nunca disse que a Margarida ainda não tinha percebido o que se passa verdadeiramente com os professores, tentei apenas reforçar o facto de a grande maioria dos nossos comentadores não conseguir superar a enorme cortina de fumo populista que este governo lançou nas escolas com os únicos objectivos de reforçar a escola da brincadeira e poupar recursos.
Já agora, recomendo vivamente a leitura de livros de autores como Nuno Crato (por exemplo: "O "Eduquês" em discurso directo") ou Quintana Cabanas. Ambos deixam muito claro naquilo em que se transformou a "escola" pública. Em relação ao segundo autor posso até resumir aqui de quem se trata e aquilo que defende e para isso vou aproveitar um texto que recebi por gentileza na minha caixa de correio electrónico de um professor do ensino secundário:
"José Maria Quintana Cabanas é um filósofo e pedagogo espanhol que nasceu e vive na Catalunha. É o crítico espanhol mais lúcido das teorias curriculares que têm vindo a destruir a escola pública e a afastar dela os filhos das classes alta e média alta. Quintana Cabanas desenvolve um combate feroz contra a confusão curricular e a falsificação estatística dos resultados dos alunos para OCDE e UE verem. Critica o aumento exponencial das funções administrativas e burocráticas dos professores e propõe o regresso à centralidade da missão de ensinar. Opõe-se à criação das "tangas" e "tralha" curriculares que dão pelo nome de projectos curriculares de escola, projectos curriculares de turma, planos educativos individuais e outras papeladas e grelhas com siglas complicadas que têm vindo a criar a ilusão de que é possível aprender sem esforço. É um acérrimo defensor de um currículo centrado no cânone cultural, artístico, humanístico e científico. Um opositor declarado da aldrabice pedagógica que dá pelo nome de aprendizagem de competências. Um defensor do professor intelectual. O professor que ensina conteúdos porque é o garante da transmissão do legado civilizacional."
Tudo aquilo que Quintana Cabanas e Nuno Crato entre muitos outros defendem é tudo aquilo que fez com que 120 000 professores se tivessem manifestado em Lisboa. Tudo o resto é ruído dos lobbies que têm vivido à custa do trabalho dos professores, à custa da "imbecilização" dos alunos e, claro, à custa do Orçamento de Estado. Os professores sabem onde está o problema, no entanto ninguém parece os querer ouvir. Faz-me lembrar um médico começar a prescrever a receita a um doente sem o conhecer de lado nenhum, sem lhe ter feito um única pergunta e sem lhe ter feito um único exame diagnóstico.
Será assim tão difícil resistirmos todos ao ruído e à cortina de fumo lançada pelos defensores do "status quo" e ouvir o que têm a dizer os professores? Chegámos ao ponto inacreditável de não conseguirmos perceber que quem defende o "status quo" não são os professores, mas sim o Ministério. Será que ninguém viu a série britânica de televisão - "Yes, (prime) minister?"
Caro Fartinho da Silva
ResponderEliminarMuito obrigada pelas sugestões de leitura. Deixo-lhe aqui uma modesta reflexão sobre a situação que se vive na Educação.
O que se passa com os professores tem que ver com tudo o resto. Tem que ver com a sociedade em que nos inserimos - avessos que somos às reformas, desconfiados, com falta de ambição, abituados ao facilitismo - tem que ver com a cultura política de Educação instalada e tem que ver com a ausência de um projecto coerente, estável, exequível, estruturado e com futuro. Mas, depois, todos reclamamos mudança.
Uma coisa é certa, é que dificilmente a Educação poderá estar de boa saúde, depois de sucessivas "reformas" votadas ao insucesso.
Tenho para mim que a Educação necessita de uma reforma assente (1) na descentralização, substituindo o sufocante dirigismo central do actual modelo de gestão, (2) na autonomia da escola, dando lugar à sua responsabilização pela qualidade do ensino que pratica e no diferencial de conhecimentos e competências que consegue transmitir aos seus alunos entre o momento de entrada e o momento de saída e (3) na liberdade de escolha dos pais do projecto de educação para os seus filhos, tudo debaixo de uma regulação competente e fiscalização eficiente do Estado.
Este deveria ser o caminho, para fazer com prudente gradualismo, mas com carácter de urgência, envolvendo as diversas partes interessadas.
Concordo consigo, mas essas medidas não chegam. A situação é de tal forma grave que é necessário muito mais que isso: responsabilização efectiva dos pais e dos "alunos" na indisciplina e nos resultados escolares, exames nacionais rigorosos a todas as disciplinas no final de cada ciclo, turmas de nível, verdadeiros cursos profissionais, redução da carga horária total dos "alunos", redefinição das disciplinas a ministrar, propinas para todos aqueles que as podem pagar, acabar com os cursos "via ensino" nas Universidades, terminar com a brincadeira nas Escolas Superiores de Educação, fechar uma boa parte das escolas referidas, desmantelar o absolutamente gigantesco Ministério da Educação e de todos os seus inúmeros tentáculos e criar uma Secretaria de Estado para este sector, entre outras medidas.
ResponderEliminarO problema é que ninguém fará nada do apontado, os lobbies são demasiado fortes e os professores demasiado fracos, portanto tudo continuará na mesma durante mais uns bons anos, até que algo de muito grave aconteça.
Mas isto é apenas uma opinião.
Caro Fartinho da Silva
ResponderEliminarÉ uma opinião muito certeira, com a qual concordo.
As medidas apontadas serão sempre necessárias, são urgentes e muitas delas seriam de fácil e imediata aplicação, como por exemplo a implementação de "exames nacionais rigorosos a todas as disciplinas no final de cada ciclo". Urgente também, mas de dificílima aplicação, é "desmantelar o absolutamente gigantesco Ministério da Educação", medida que se insere no modelo que defendo.
Caro Fartinho da Silva, os lobbies podem ser "demasiado fortes", o problema é que são medíocres.
Cara Margarida:
ResponderEliminarTenho imensa dificuldade em partilhar do seu optimismo relativamente à facilidade em implementar estas medidas. Os lobbies que referi são muito poderosos, convivem no seio dos dois maiores partidos portugueses e têm uma grande visibilidade mediática, por isso continuo convencido que tudo ficará na mesma durante muito tempo.
Caro Fartinho da Silva
ResponderEliminarNão estou necessariamente optimista. Os lobbies que refere estão bem instalados, o que explica, em parte, as crescentes dificuldades em se avançar. São poderosos, mas nem por isso deixam se ser "medíocres"!