Uma vez li algures que há pessoas que detestam fotografias porque entendem que é uma forma de lhes roubarem a alma. A imagem fixa o momento, uma expressão, um perfil, uma forma de vestir, um trejeito ou um defeito, e fica ali, presa, à mercê de quem queira devassá-la, vê-la à lupa ou interpretar um gesto fora do seu contexto. Em regra, quando olhamos as fotografias reparamos em muito mais do que nas caras que ali vemos, lembramos o que estávamos a fazer, porquê, quando, quem tirou o retrato e talvez mesmo de muitas histórias que julgávamos esquecidas e que a imagem nos devolve.
De certo modo, uma fotografia é irremediável, porque prende um momento entre milhões de momentos possíveis e é esse que é verdadeiro e que recria todos os outros até se desembocar nele e as pessoas são figurantes na paisagem ou na história que o documento ilustra.
Mas se, neste sentido, as fotografias podem roubar a alma, expondo ao olhar desconhecido o que só o fotografado pode realmente decifrar, também há fotografias que ajudam o próprio a desvendar a sua alma, a conhecer-se melhor porque se deixa captar pelo olhar de quem a observa para a fotografar.
Há dias estive em casa de uma amiga que tinha ido a uma sessão fotográfica em Londres, uma fotógrafa que faz álbuns de pessoas vulgares que querem ver como é que ficam quando se entregam nas mãos de quem sabe captar imagens. Não é ir tirar um retrato, é fazer-se fotografar só porque sim, porque a pessoa quer ver como é que os olhos de outra a podem descobrir para além do que ela própria encontra quando se vê ao espelho.
De certo modo, uma fotografia é irremediável, porque prende um momento entre milhões de momentos possíveis e é esse que é verdadeiro e que recria todos os outros até se desembocar nele e as pessoas são figurantes na paisagem ou na história que o documento ilustra.
Mas se, neste sentido, as fotografias podem roubar a alma, expondo ao olhar desconhecido o que só o fotografado pode realmente decifrar, também há fotografias que ajudam o próprio a desvendar a sua alma, a conhecer-se melhor porque se deixa captar pelo olhar de quem a observa para a fotografar.
Há dias estive em casa de uma amiga que tinha ido a uma sessão fotográfica em Londres, uma fotógrafa que faz álbuns de pessoas vulgares que querem ver como é que ficam quando se entregam nas mãos de quem sabe captar imagens. Não é ir tirar um retrato, é fazer-se fotografar só porque sim, porque a pessoa quer ver como é que os olhos de outra a podem descobrir para além do que ela própria encontra quando se vê ao espelho.
Passou dezenas de fotos em que mudava de roupa, de penteado, de maquilhagem e é incrível como surgia sempre como se fosse uma pessoa diferente, lindíssima quando a sua personalidade era sublinhada pela roupa certa e as poses que assumia com gosto, banal quando estava constrangida, quase feia se a luz lhe enchia a cara ou o cabelo ocultava a expressão dos olhos. A mesma pessoa com vários cambiantes e a máquina a prender o momento, olha aqui que bem que estás, meu Deus, nunca mais uses este vestido, afinal não és nada gorda, quando ris assim até se iluminam os olhos…Passámos um serão divertidíssimo, a discutir opiniões sobre o aspecto físico e a personalidade de uma pessoa que julgávamos conhecer tão bem e em quem afinal nunca nos tínhamos detido um momento a observar realmente com atenção.
Enfim, um caleidoscópio de como a mesma pessoa pode tirar o melhor partido de si própria, aprender a valorizar-se ou a combater o desleixo, um verdadeiro antídoto contra a falta de auto estima ou uma lição para os que não são gratos com a natureza.
Os efeitos “movie star” ao alcance de qualquer um, aí está uma revolução nos tratamentos para a depressão, a democratização dos conselheiros de imagem!
Enfim, um caleidoscópio de como a mesma pessoa pode tirar o melhor partido de si própria, aprender a valorizar-se ou a combater o desleixo, um verdadeiro antídoto contra a falta de auto estima ou uma lição para os que não são gratos com a natureza.
Os efeitos “movie star” ao alcance de qualquer um, aí está uma revolução nos tratamentos para a depressão, a democratização dos conselheiros de imagem!
Posso entender este texto como uma homenagem ao Senhor Oliveira, que completa hoje um centenário de existência?
ResponderEliminarA propósito de imágem... ha um exercício que pratico por vezes, não por narcisísmo nem com frequência, mas sim por curiosidade, vou descrever: Terminado o banho matinal, depois de secar a pele, coloco-me em frente ao espelho da casa de banho e observo. O quê? O dualísmo do meu corpo. É! Aliás, estou convencido que o ambicionado conhecimento interior, deve começar pelo físico, exterior.
Estou a embrulhar tudo?
Então vou tentar simplificar.
Todos sabemos que genéticamente, somo o resultado da "fundição" de dois óvulos, um masculino, outro feminino... n'est pas?
Ora bem, essa junção, pode ser observada exteriormente a olho nu, pode tambem ser conhecida interiormente de um forma abstracta.
Vamos então focar a nossa atenção no exterior: começando pelo topo, verificamos que possuímos duas orelhas, dois olhos, duas fossas nazais, a dentição está simétricamente dividida (para aqueles que ainda possuem os dentes todos) a língua, perceb~-se fácilmente que é composta por 2 partes 1 esq. outra dta. o ombro esq. o dto.o braço esq. o dto. as poitrines, esq. dt.(até parece que voltei aos tempos de recruta)uma perna para a esqda, outra para a dta, até a ginitália é composta por 2 partes uma esquerda, outra direita.
Ora bem, esta observação empírica, leva-me a concluir que: à imagem daquilo que observamos do nosso exterior, possuirá certamente o nosso interior metafísico, a sua natural dualidade, o que me leva a concluir que afinal aquilo que designamos por eu, é afinal, nós... ou seja... eu e este, ou melhor... me and my self.
Bahhh!!!
cala-te Bartolomeu, só dizes asneiras!
Realmente andam por aí fotógrafos a venderem imagens artisticamente obtidas do país e da nossa sociedade. "Fotógrafos profissionais"! Vendem-se muito bem e são baratas! Basta ver as sondagens! Em contrapartida, o PSD não larga a velha fotografia “à la minute”, retrato fiel e triste de uma realidade incomodativa mas que a maioria não quer ver, nem pintada...
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarSusana, que texto bonito, delicado, estético, repousante...
ResponderEliminarParabéns!
Eu incluo-me no grupo dos que não gostam (mas mesmo nada) de tirar fotografias...não porque ache que "me roubam a alma", mas porque acho que ma deturpam...
Presunção? Talvez!
Acho mais felizardos os nossos antepassados, anteriores à técnica fotográfica, porque se faziam pintar, na pose certa, com a roupa certa, no cenário certo...não se expunham ao instantâneo!!!
“(…) Mas se, neste sentido, as fotografias podem roubar a alma, expondo ao olhar desconhecido o que só o fotografado pode realmente decifrar, também há fotografias que ajudam o próprio a desvendar a sua alma, a conhecer-se melhor porque se deixa captar pelo olhar de quem a observa para a fotografar (…)”
ResponderEliminarCara Dra. Suzana Toscano:
Excelente exercício introspectivo.
Quando observo fotografias antigas e actuais, dou por mim a pensar umas vezes, que dou ares a pessoa ingénua, outras a pessoa má, e outras ainda a parvo. É verdade! Mas independentemente das imagens que me ocorrem, curiosamente influenciadas por episódios do dia ou registados na memória, tento sempre valorizar aquelas que melhor servem a minha auto-estima. Não se trata de colocar a melhor máscara, é antes o desejo de corrigir aquilo que acho menos bom, sem alterar no entanto a pessoa que sou.
Os meus sinceros parabéns pela imagem que encima o post, e bem assim, pela “finura” do texto que revela, sem dúvida, uma pessoa com alma muito bonita.
caro Bartolomeu, não era uma homenagem a Manuel de Oliveira mas podia muito bem ser, eu é que não me lembrei! De facto, os filmes dele são lentos, não são imagens atropeladas em que o que se quer é ver o desenrolar da fita, são imagens de observação, de leitura atenta, exactamente o que se pode fazer com uma fotografia.
ResponderEliminarQuanto à dualidade, é o mínimo, porque o que creio é que até temos várias personalidades mais ou menos ocultas, ou reprimidas (felizmente, a confusão que é quando alguém assume atitudes contraditórias!)
Caro massano, e eu aqui com tanto cuidado em não politizar os temas!! ;))
Clara, devia ser um grande frete ficar ali horas a fio sempre a fazer a mesma cara, uf, ainda bem que há hoje métodos mais expeditos de fixar as imagens - e mais baratos também, afinal toda a gente tem direito de ficar para a posteridade..
Caro Jotac,é curioso o que acontece quando pensamos um pouco nas coisas que parecem só banais,já viu como o tema dá pano para mangas?