I. Recordo-me do tempo em que as crises da economia portuguesa, traduzidas num grande desequilíbrio entre despesa e produção, se resolviam em 2 anos, mais ou menos, mediante uma receita quase infalível: subida dos juros e forte desvalorização da moeda, algum aperto orçamental.
II. A procura interna contraía, bem como as importações, aumentavam as exportações, ou seja...reequilibravam-se despesa e produção, a situação voltava ao normal, até à crise seguinte...
III. Assim sucedeu nas crises de 77/78, de 83/84, de 92/93...até que chegamos ao Euro em 1999! Convencemo-nos então, ou pelo menos os tambores oficiais disso nos quiseram convencer, que os períodos de crise tinham ficado definitivamente para trás...como agora bem sabemos, não é verdade?
IV. A situação actual da economia em Portugal é extremamente complexa:
(i) Enorme desequilíbrio entre despesa e produção, reflectido no maior défice
externo da zona Euro a seguir à Grécia;
(ii) Elevadíssimo grau de endividamento de todos os sectores, Estado, Famílias,
Empresas;
(iii) Grande dificuldade de acesso ao crédito externo por parte de quase todos os
agentes económicos, incluindo bancos, com excepção (por enquanto...) do Estado;
(iv) Necessidades de financiamento externo crescentes pois, apesar do elevado
endividamento o défice externo não para de crescer (+ 35% segundo os
últimos números divulgados, para o período Janeiro-Outubro);
(v) Produtividade dos factores em contínua perda, incapaz de contrariar a
tendência de agravamento dos desequilíbrios que se vão acumulando ano
após ano;
(vi) Moeda que tem vindo a fortalecer em relação às restantes divisas,
agravando seriamente o problema da já de si precária competitividade dos
produtos e serviços com origem em Portugal;
(vii) Para cúmulo, uma política económica que, justificada oficialmente pela
necessidade de “resposta” à crise, na prática traduz-se na promoção de um
tipo de despesa publica que agravará ainda mais o desequilíbrio
insustentável que arrastamos...
V. Ontem mesmo o INE dava conta de uma tendência que explica parte dos nossos problemas e tem sido tema de amplo debate aqui no 4R (merecido destaque para as claras posições de Pinho Cardão): a carga fiscal em 2007 atingiu o máximo de (pelo menos) 13 anos, tendo subido continuamente nos últimos 3 anos, 2005-2007.Para que não restem dúvidas... é de fonte oficial!
VI. Estamos metidos numa camisa-de-forças de que não vejo processo de nos libertarmos...a velha fórmula desvalorização/subida dos juros/aperto orçamental pertence ao passado, não pode mais funcionar.
VII. Reli ontem por coincidência um artigo de Medina Carreira, na edição do PUBLICO de 17 de Junho último, “O declínio inequívoco de Portugal” e receio que este corajoso Cidadão, de opiniões sempre desassombradas e grande independência, esteja cheio de razão...
VIII. Confesso que não contava, no último dia do ano da graça de 2008, estar sob tão “sombre mood”...mas depois do que tem acontecido parece-me insano extrair conclusões optimistas a partir do quadro acima descrito.
IX. Apesar da camisa-de-forças que nos aperta cada vez mais, os mais sinceros votos de Bom Ano Novo aos nossos ilustres Visitantes!
II. A procura interna contraía, bem como as importações, aumentavam as exportações, ou seja...reequilibravam-se despesa e produção, a situação voltava ao normal, até à crise seguinte...
III. Assim sucedeu nas crises de 77/78, de 83/84, de 92/93...até que chegamos ao Euro em 1999! Convencemo-nos então, ou pelo menos os tambores oficiais disso nos quiseram convencer, que os períodos de crise tinham ficado definitivamente para trás...como agora bem sabemos, não é verdade?
IV. A situação actual da economia em Portugal é extremamente complexa:
(i) Enorme desequilíbrio entre despesa e produção, reflectido no maior défice
externo da zona Euro a seguir à Grécia;
(ii) Elevadíssimo grau de endividamento de todos os sectores, Estado, Famílias,
Empresas;
(iii) Grande dificuldade de acesso ao crédito externo por parte de quase todos os
agentes económicos, incluindo bancos, com excepção (por enquanto...) do Estado;
(iv) Necessidades de financiamento externo crescentes pois, apesar do elevado
endividamento o défice externo não para de crescer (+ 35% segundo os
últimos números divulgados, para o período Janeiro-Outubro);
(v) Produtividade dos factores em contínua perda, incapaz de contrariar a
tendência de agravamento dos desequilíbrios que se vão acumulando ano
após ano;
(vi) Moeda que tem vindo a fortalecer em relação às restantes divisas,
agravando seriamente o problema da já de si precária competitividade dos
produtos e serviços com origem em Portugal;
(vii) Para cúmulo, uma política económica que, justificada oficialmente pela
necessidade de “resposta” à crise, na prática traduz-se na promoção de um
tipo de despesa publica que agravará ainda mais o desequilíbrio
insustentável que arrastamos...
V. Ontem mesmo o INE dava conta de uma tendência que explica parte dos nossos problemas e tem sido tema de amplo debate aqui no 4R (merecido destaque para as claras posições de Pinho Cardão): a carga fiscal em 2007 atingiu o máximo de (pelo menos) 13 anos, tendo subido continuamente nos últimos 3 anos, 2005-2007.Para que não restem dúvidas... é de fonte oficial!
VI. Estamos metidos numa camisa-de-forças de que não vejo processo de nos libertarmos...a velha fórmula desvalorização/subida dos juros/aperto orçamental pertence ao passado, não pode mais funcionar.
VII. Reli ontem por coincidência um artigo de Medina Carreira, na edição do PUBLICO de 17 de Junho último, “O declínio inequívoco de Portugal” e receio que este corajoso Cidadão, de opiniões sempre desassombradas e grande independência, esteja cheio de razão...
VIII. Confesso que não contava, no último dia do ano da graça de 2008, estar sob tão “sombre mood”...mas depois do que tem acontecido parece-me insano extrair conclusões optimistas a partir do quadro acima descrito.
IX. Apesar da camisa-de-forças que nos aperta cada vez mais, os mais sinceros votos de Bom Ano Novo aos nossos ilustres Visitantes!
O que fazer então, caro Dr. Tavares Moreira? Pelo que vejo nas "jotas" partidárias aqui do burgo (concelho oestino com betão a mais e visão a menos), a situação vai-se perpetuar, numa espiral decadente, até que caia tudo de podre e se comece de novo, com gente nova e uma esperança renovada para o país.
ResponderEliminarNo entretanto, o que pode um português preocupado com o seu país fazer, além de se angustiar com as notícias que lhe chegam todos os dias?
Desejo a todos que o ano de 2009 nos traga mais ânimo e clarividência, para que possamos encontrar o rumo certo.
Caro rxc,
ResponderEliminarPara já, em relação a 2009, o que se pode recomendar será um capacete bem resistente e cinto de segurança bem apertado.
Depois se verá melhor o que fazer!
Um bom ano também para si, meu caro Tavares Moreira e os desejos de que não tenha razão Medina Carreira, nem se confirmem os receios do meu Ex.mo Amigo.
ResponderEliminarComo dizia hoje o Ferreira Fernandes, podemos prever com certeza que 2009 vai ser um ano ímpar para todos. Por isso, um bom ano ímpar para todos!
ResponderEliminarAcho que o Caro Tavares Moreira necessita urgentemente de ter uma conversa com o Primeiro Ministro, respectivos assessores e respectiva máquina mediática para se tornar num homem novo: o homem socialistócomunistósocial-democratóliberalóneo-liberalóconservadorópopulistóetc-e-tal, que se preocupa apenas com o instante mediático e respectiva forma e nunca com o conteúdo..., ou seja o homem do socialismo pós-moderno :)
ResponderEliminarUm excelente ano para todos, apesar de tudo :)
Um ano recheado de saúde, são os meus votos sinceros.
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarO mais importante de 2009 não é a sua imparidade - para usar uma expressão muito em voga no léxico bancário actualmente - é sim o de não ser divisível por 9!
Para os chineses, este novo ano apresenta-se muito pouco promissor!
Sugiro pois ao Tonibler que poupe os chineses do seu voto, para não os afligir ainda mais...
Caro Fartinho da Silva,
Não necessito e muito menos urgentemente de tal conversa...recearia muito vir de lá ainda mais apreensivo do que estou...é um misto de receio/certeza!
Caro ferreira de Almeida,
O problema na m/ análise não se circunscreve a 2009 como bem compreenderá...tem a ver com 2010, 2011,2012, e por aí fora...
u sei que não há muitas receitas, mas consegue explicar o facto de ainda não terem sido tomadas duas medidas de custo quase zero?
ResponderEliminarProibição do crédito ao consumo, pois este apenas serve para financiar as economias externas, onde são produzidos os bens objecto deste crédito.
Aprovar administrativamente todos os projectos de investimento que neste momento estão parados (e costumam estar um a dois anos parados) nas gavetas dos ambientalistas das CCDR/DRAOT.
Caro Luís Bonifácio,
ResponderEliminarEm relação à sua 1ª sugestão, temo que não seja realizável no contexto legal da União Económica e Monetária a que pertencemos...até admito que fosse possível impor tal restrição aos bancos nacionais, mas o mesmo não se aplicaria aos estrangeiros, pelo que a medida seria ineficaz para além de criar uma desigualdade estranha...
Quanto à 2ª já poderemos estar mais de acordo, noto aliás que continuam a existir neste momento multiplos obstáculos de natureza administrativa ao investimento privado - a bom investimento privado, do ponto de vista económico e ambiental.
Esses obstáculos, que existem apenas para a burocracia se auto-justificar, são especialmente inadmissíveis numa época como a actual em que quase todos os investidores se encolhem...