Há 3 a 4 milhões de anos, Ug e Og, um casal de australopitecos, depois de terem enchido as panças até não poderem mais com os alimentos encontrados numa pequena zona florestal, nas margens de uma longa planície africana, decidiram dar uma volta, sem antes despenderem algum esforço para garantir a sobrevivência da espécie. Impulsionados pela necessidade de pesquisar o desconhecido, afastando-se das sua origens, Ug, do alto do seu metro e vinte, ao olhar para trás, sempre desperto pelo instinto da sobrevivência, repara na presença de um tigre dente de sabre cheio de fome. Põe-se aos saltos e aos gritos avisando a sua companheira. Og e Ug ficam com os pelos todos enriçados, olhos esbugalhados, defecam e urinam de imediato, e, com os corações numa aceleração perfeitamente louca, acompanhando o aumento da frequência respiratória, disparam numa correria frenética à procura de um local que lhes permita escapar aos desejos de um refinado apreciador de carne pré hominídea. Ao avistarem uma árvore solitária trepam-na com uma agilidade própria dos ascendentes arborícolas. Durante o curto período em que estiveram sob ameaça, muitas modificações ocorreram nos seus corpos. Aumento de muitas hormonas, inibição de outras, paragem da multiplicação das células, produção e libertação maciça de glicose no sangue para ser utilizado pelos músculos, desvio do sangue das vísceras para os músculos, pulmões e cérebro, paragem de todos os processos ligados à reprodução e à reparação, libertação de “pesos” desnecessários, caso das fezes e da urina, para ficarem mais leves, enfim, um conjunto de modificações fisiológicas que hoje são considerados como típicos de stress. Ao fim de algum tempo, mais calmos, analisam a situação com o bicharoco lá em baixo à espera da almoço. O tempo passa e a vontade de urinar chega, agora, Ug, de forma consciente, e não reflexiva, como na vez anterior decidiu mijar sobre o tigre, o qual, humilhado, se afasta à procura de outra ementa. Ug e Og foram corajosos e conseguiram escapar, pelo menos dessa vez.
Urinar reflexivamente, agora nas calças, continua a ocorrer nos nossos dias, mesmo milhões de anos depois dos nossos antepassados terem sentido essa necessidade face às ameaças por parte dos predadores. Quando alguém é raptado, ameaçado e sujeito a sevícias por parte de bandidos e terroristas é perfeitamente natural que ocorram as reacções descritas nos nossos antecessores australopitecos. Comportam-se como vítimas indefesas de predadores mais perigosos do que os tigres dentes de sabre, até, porque nestes era perfeitamente legítimo o seu desejo.
Um predador a urinar nas calças é coisa nunca vista! Mas aconteceu! Aitzol Iriondo Yarza, chefe da ETA, foi apanhado por um polícia francês que lhe apontou a pistola à cabeça. Ainda tentou resistir, conjuntamente com dois colegas, numa viatura carregado de explosivos, mas a “coragem” do chefe de organização terrorista, responsável por mortes e atentados, esvaiu-se de forma inglória pelas pernas abaixo. Assim se vê a bravura de certos “heróis”...
Urinar reflexivamente, agora nas calças, continua a ocorrer nos nossos dias, mesmo milhões de anos depois dos nossos antepassados terem sentido essa necessidade face às ameaças por parte dos predadores. Quando alguém é raptado, ameaçado e sujeito a sevícias por parte de bandidos e terroristas é perfeitamente natural que ocorram as reacções descritas nos nossos antecessores australopitecos. Comportam-se como vítimas indefesas de predadores mais perigosos do que os tigres dentes de sabre, até, porque nestes era perfeitamente legítimo o seu desejo.
Um predador a urinar nas calças é coisa nunca vista! Mas aconteceu! Aitzol Iriondo Yarza, chefe da ETA, foi apanhado por um polícia francês que lhe apontou a pistola à cabeça. Ainda tentou resistir, conjuntamente com dois colegas, numa viatura carregado de explosivos, mas a “coragem” do chefe de organização terrorista, responsável por mortes e atentados, esvaiu-se de forma inglória pelas pernas abaixo. Assim se vê a bravura de certos “heróis”...
A situação de se ter uma arma apontada à cabeça, é bastante desconfortável. Passei 2 vezes por essa experiência. A primeira vez teria 17 anos, praticava atletismo no Clube Os Belenenses foi meu treinador o angolano Rui Mingas. Como a minha modalidade era o corta-mato, costumava depois do aquecimento na pista, zarpar para a mata de Monsanto, onde geralmente encontrava Carlos Lopes, Aniceto Simões e muitos outros, que procediam aos seus treinos e a quem me juntava. Possuo ainda um par de sapatos de bicos oferecidos a Carlos Lopes no Brasil, quando ele venceu a famosa prova de S. Silvestre, e que ele depois me ofereceu. Um dia decidi, subir as bancadas do estádio, saltar o muro e fazer o treino nos terrenos anexos pertencentes ao clube e onde existia a casa do guarda. Eu não sabia, mas o senhor já tinha sido assaltado por duas vezes, quando subia um carreiro íngreme, tinha no cimo o tal guarda de pistola em punho apontada a mim e, de mão a tremer e olhos injectados, acusava-me de ladrão. Confesso que levei um susto que foi obra, pior ainda porque o homem não me queria dar hipotese de me explicar, até que, entre um chorrilho de injúrias, lá consegui dizer à pressa que era atleta do clube. Isso fez com que ele acalmasse um pouco, sem deixar contudo de apontar a pistola. Como do ponto onde estávamos se conseguia ver a pista e o treinador e os atletas que estávam em treino, comecei a chamar o Rui Mingas, mas a distância era grande e ninguem me ouvia. Comecei a desesperar, mas fui insistindo e agitando os braços, conseguindo por fim chamar a atenção de um atleta que seguidamente chamou a atenção dos outros que começaram tambem a fazer sinais. Estes movimentos todos, deixaram o guarda meio hesitante e distraído, assim que percebi essa hesitação tratei de sair de cena, calmamente para não reavivar a ira do homenzinho. Só quando cheguei às bancadas é que me sentei um bocado a tomar fôlego. Depois caí na asneira de ir à pista relatar o sucedido, levei um raspanete por me ter armado em esperto, não tinha nada de ter ido para onde não devia.
ResponderEliminarA segunda vez estava na tropa, depois de passar a pronto, fui para o forte do Alto do Duque no Restelo, a minha especialidade era transmissões, sempre que ficava de serviço, à noite, reunia um grupo de colegas na sala de operações, reuníamos umas cervejas, convidávamos o cozinheiro que levava uns petiscos e fazíamos uma "rave". É de calcular que em determinadas alturas o barulho aumentava e era preciso restabelecer a ordem. Tínhamos no quartel um oficial com graves problemas de alcoolísmo, um belo dia, ou melhor, uma bela noite, seríam talvez 3 ou 4 horas da manhã, a porta da sala abre-se muito lentamente e entra-nos por ali dentro o oficial de dia, o tal tenente, completamente ébrio, de pistola em punho. Todos emudecemos instantâneamente. Passados uns minutos em que se manteve no meio da sala a vacilar e a olhar para todos, perguntou quem era o responsável. Foi como se uma abelha me tivesse picado. Dei um passo em frente e pensei com os meus botões: deixa-me cá fazer isto direitinho para ver se o homem não estrilha muito. Empertiguei-me todo, fiz sentido e continência e apresentei-me: sou eu meu tenete... disse o posto e o número e fiquei à espera que o trovão ribombasse. Então o oficial de olhos cravados em mim deu ordem aos restantes para sairem da sala sem barulho. Ficámos so eu e ele. Depois de todos sairem, o tenente sentou-se à mesa, colocou a valter em cima, mandou-me sentar e perguntou-me se sabia como se jogava à roleta russa.
Aí acho que o meu coração disparou tal e qual o do Ug quando viu o dente de sabre. Tentei aguentar-me o mais possível calado, até que ele insistiu, sabes como é ou não? e com o dedo encostado ao cano da pistola, fazia com que ela rodasse.
Pensei em milhentas formas de tentar desviar-lhe a atenção, mas nenhuma delas me parecia suficientemente eficaz, até que, meio atabaloadamente comecei a tentar entabelar conversa e fui puxar o assunto da guerra do ultramar onde sabia que o tenente tinha feito várias missões. Foi pior a emenda que o soneto, mal puxei o assunto, o homem começou a enfurecer-se e a demonstrar sinais de excitação e nervosísmo, começou a gritar e chamar-me nomes e à minha geração que não tinha estado na guerra, que não sabia o que era estar no meio de uma embuscada, que nunca tinha morto um turra e sei lá mais o quê. Se não fosse a perigosidade da situação, acho que até tinha sentido pena do homem.
Passado algum tempo que me pareceu uma eternidade, entrou na sala um outro oficial que não estava de serviço mas que residia numas habitações à saída do quartel e que os colegas que estavam comigo foram chamar. Mal esse oficial entrou na sala, deu-me ordem para sair e ficou sozinho com o tenente. A verdade é que fiquei de tal forma petrificado que parecia colado ao chão e nem me recordo de quanto tempo demorei a sair da sala. Quando cheguei cá fora e encontrei os outros colegas, pareciamos todos meios aparvalhados sem saber o que dizer uns aos outros.
Felizmente tanto da primeira como da segunda vêz consegui conter-me sem borrar as calças.
;)))
O UG após a cxxxxxxxa inicial, recompôs-se, comportou-se como um verdadeiro austrolopiteco e zás, marcou mesmo no cachaço do outro o seu território... Mal sabia ele que ia dar origem ao homo sapiens, uma espécie mais inteligente e racional mas que por vezes se mija de tanta cobardia...
ResponderEliminarApós este episódio tenho a certeza que o UG bateu no peito, apanhou um cepo florido, ofertou-o à OG e cá andamos todos.
Gostei imenso história, caro Professor Massano Cardoso.