quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Os deuses estão mesmo loucos!...

Vítor Constâncio, num encontro promovido pela Câmara do Comércio Luso-espanhola, aconselhou a subida do défice orçamental, recomendou mais despesa e investimento público e rejeitou a baixa de impostos.
Daniel Bessa, num encontro promovido pela Plataforma Construir Ideias, de Pedro Passos Coelho, aconselhou a suspensão dos limites do défice, recomendou um programa de obras públicas e rejeitou a redução da carga fiscal.
Octávio Teixeira, no DN, defende, naturalmente, um deslize do défice, mesmo acima dos 3% e não defende a baixa de impostos.
João Ferreira do Amaral, no DN, aponta o aumento da despesa pública para reanimar a economia, defende o défice acima dos 3% do PIB e rejeita a baixa de impostos.
Vítor Baptista, economista e deputado do PS, também no DN, é adepto do aumento da despesa e até veria com bons olhos um aumento do défice.
Os três primeiros, por certo devido a notável coincidência, em uníssono referiram que havendo qualquer descida dos impostos, os cidadãos aproveitariam a folga para poupar. Presume-se que não seria bom.
Agora digo eu. Nos últimos dez anos, em termos de PIB, o investimento público, em Portugal, foi o maior da Europa, e Portugal foi o país que menos cresceu, se é que se considera crescimento o ligeiríssimo aumento do produto.
O Governo, seguindo tão doutos e autorizados conselhos, já disse que ia aplicar a mesma receita, melhor, o mesmíssimo veneno que nos levou a este estado.
Os deuses estão mesmo loucos!... E os bonzos da corte, também!...

6 comentários:

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  2. Caro Paulo:
    Ora aí está um argumento verdadeiramente racional para explicar grande parte do investimento público.

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  3. Caro Drº Pinho Cardão:
    Eu não sei nada, mas parece-me que além da trampa em que estamos atolados, parce haver alguma insanidade mental...
    Acho que começam a faltar as forças para ouvir tanto cromo, que num dia diz que não há crise, no outro que isto está em crise, e que em em meados de 2009 aí sim a coisa começa a levantar...

    Ainda me sobram forças para ler este poema:

    "Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
    Estendendo-me os braços, e seguros
    De que seria bom que eu os ouvisse
    Quando me dizem: "vem por aqui!"
    Eu olho-os com olhos lassos,
    (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
    E cruzo os braços,
    E nunca vou por ali...

    A minha glória é esta:
    Criar desumanidade!
    Não acompanhar ninguém.
    - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
    Com que rasguei o ventre a minha mãe

    Não, não vou por aí! Só vou por onde
    Me levam meus próprios passos...

    Se ao que busco saber nenhum de vós responde
    Por que me repetis: "vem por aqui!"?

    Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
    Redemoinhar aos ventos,
    Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
    A ir por aí...

    Se vim ao mundo, foi
    Só para desflorar florestas virgens,
    E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
    O mais que faço não vale nada.

    Como, pois sereis vós
    Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
    Para eu derrubar os meus obstáculos?...
    Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
    E vós amais o que é fácil!
    Eu amo o Longe e a Miragem,
    Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

    Ide! Tendes estradas,
    Tendes jardins, tendes canteiros,
    Tendes pátria, tendes tectos,
    E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
    Eu tenho a minha Loucura !
    Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
    E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

    Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
    Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
    Mas eu, que nunca principio nem acabo,
    Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

    Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
    Ninguém me peça definições!
    Ninguém me diga: "vem por aqui"!
    A minha vida é um vendaval que se soltou.
    É uma onda que se alevantou.
    É um átomo a mais que se animou...
    Não sei por onde vou,
    Não sei para onde vou
    - Sei que não vou por aí!

    José Régio

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  4. Caro jotaC:
    Valeu a pena o post pelo belo poema que trouxe do José Régio.
    Grande poeta, humanista e culto.
    Ao contrário dos aspirantes a tecnocratas que nos governam, que vão sempre por aí, porque não sabem nem sonham que há outros caminhos.
    Ignorantes que são...ou então atrevidos, porque a via que seguem é a que lhes perpetua o poder.

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  5. É espantoso, não é? Afinal os ilustres professores de economia quando questionados sobre algo que não se passou nos EUA do pós-guerra respondem com um empirismo imediatista a roçar a imbecilidade. Realmente, se a solução que têm é o estado gastar dinheiro então porque não foi solução ontem? Isto de andar a pensar pela cabeça dos escribas das revistas americanas...

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  6. Vitor Constâncio já deu pmais que provas que está feito com os "grandes da banca"
    è o mais bem pago do mundo com cerca de 20500 euros de vencimento por ano... E...

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