1. A frase em título foi proferida no discurso de posse do Presidente Obama e é talvez das expressões mais significativas da sua proclamação ao País e ao Mundo.
2. Como não podia deixar de ser, essa expressão, dada a sua importância e significado, passou despercebida no meio da imensa baboseira em que se transformou o noticiário da generalidade dos nossos media sobre o acto de posse do novo Presidente.
3. Esta notável frase fez-me recordar a entrada de Portugal no Euro em 1999: como teria sido importante as nossas distintas autoridades da época – algumas das quais são de novo autoridades no momento que corre – dizerem aos Portugueses “atenção que esta participação no Euro não é uma dádiva, implicou custos, temos de fazer por merece-la”...
4. Mas não foi isso que aconteceu entre nós, os nossos astutos políticos da época entenderam que era motivo e ocasião para “Enjoying life in the Eurozone” como sugestivamente intitulava um suplemento do Financial Times, de meados de 2000, dedicado à economia portuguesa...
5. Criaram-se então, como aqui tenho repetido à saciedade, as bases para o aniquilamento de qualquer hipótese de correcção dos desequilíbrios da nossa economia que, já nessa altura, eram ameaçadores...
6. No breve consulado de Durão Barroso, a tentativa séria de atacar esse problema com a determinação e a coragem de M. F. Leite, seria completamente minada com a famosa declaração do Presidente Sampaio “Há mais vida para além do Orçamento”.
7. Essa declaração, feita em 25/04/2003, dando razão às violentas críticas, sem qualquer fundamento, que os entusiastas da despesa pública acolitados por uma comunicação social insana dirigiam á política de F. Leite, seria absolutamente fatal e marcaria a "tragédia" da política económica até aos nossos dias.
8. Acabam de ser divulgados os dados provisórios das contas externas para Novembro de 2008 e por eles se percebe que só por “milagre” que tenha acontecido em Dezembro o défice externo não terá superado 10% do PIB em 2008...
9. Os entusiastas da despesa pública estão conduzindo o País para um beco sem saída, repetindo-se os sinais de que a política de aparente combate à crise não é mais do que uma política de aprofundamento da crise...
10. Falta-nos um Presidente com poderes executivos, como tem Barack Obama, que começasse por nos recordar “Enjoying life in the Eurozone is over...it is time to go back to reality”...
11. Em vez disso continuamos, agora terrivelmente endividados, com menos dinheiro e com o crédito cada vez mais caro e a acabar-se, a seguir a grande máxima do ex-Presidente “Há mais vida para além do Orçamento”.
12. Resta apenas acrescentar - que triste vida essa...
Ontem apareceram logo alguns entusiastas da despesa pública a procurarem descredibilizar a Standard & Poor's, a velha estratégia, a mensagem é má, há que matar o mensageiro, o pior é que não estou a referir-me apenas a blogues, também a SIC-N deu para o peditório. Alguns mais entusiastas pela regulação chegaram ao ponto de defender a criação de agências de rating inter governamentais, claro está que as avaliações seriam sempre excelentes, não percebo é para que serviriam nesse caso tais agências. Mais, se os empréstimos ainda existem, é porque alguém solicita crédito, e alguém o concede, será que sem tais agências e avaliações, existiria crédito? Colocar rotativas a funcionar para fabricar mais papel moeda também não é opção, não será mesmo altura de mudar de vida? Antes de cairmos no abismo para onde nos empurram, mas parece que as pessoas que tão "bem" negociaram o dossier Airbus serão as mesmas do NAL e TGV. Medo!
ResponderEliminarInfelizmente para nós, a crise caiu mesmo a calhar para os intervencionistas e entusiastas de mais Estado e, segundo eles, justifica todas as medidas que vêm sendo tomadas. Medidas essas que mais não farão do que aprofundar a crise existente.
ResponderEliminarPor que é que o Governo intervém onde não deve e não intervém
onde deve?
Por exemplo, nos licenciamentos rápidos,a cargo do Estado ou das autarquias, que não envolvem despesa pública e dinamizam a actividade? Ou no fazer funcionar as funções soberanas?
Peter estava certamente a pensar nos nossos governantes quando enunciou o seu célebre princípio!...
Não tenho escrito nada, pelo menos aqui, sobre as eleições nos EUA e sobre o seu novo presidente. Mas agora que ele tomou posse e vai começar a trabalhar, apraz-me dizer algo.
ResponderEliminarPor mais que muita gente pense Obama não vai, com um passe de mágica, acabar com a guerra no Iraque, resolver o conflito israelo-palestiniano, fechar guantanamo ou tirar os EUA da crise financeira. Obama não é nenhum super-homem.
Como diz muito bem, o José Gomes André no blogue Delito de Opinião "Há muita gente que ainda não percebeu o que quer dizer Obama com 'esperança'. Não se trata de aguardar por soluções messiânicas, mas sim de apelar ao engenho e ao espírito de luta americanos – que nos momentos mais difíceis ergueram uma e outra vez os Estados Unidos."
Ora isto serve também para nós, portugueses e europeus. Não estejamos á espera de messias ou de políticos mágicos para nos tirar desta crise profunda. Vamos também pegar na nossa força de vontade e na nossa capacidade de improvisar, para saírmos desta situação.
Caro Antonio de Almeida,
ResponderEliminarTem toda a razão...se os campiões da despesa pública conseguissem executar toda a sua imaginação, levaria alguns anos mas conseguriamos alguma aproximação ao modelo económico da Guiné-Bissau, que também é membro de uma zona monetária e cujos funcionários públicos têm meses de salários em atraso...porque não há crédito!
Quanto aos infelizes críticos da S&P, devo reconhecer que teriam razão se concluíssem o seu raciocínio ao contrário, ou seja - ainda bem que no nosso caso a S&P não pecou por omissão como noutros casos!
Ao concluirem como concluiram, deviam sim elogiar a S&P por ter falhado na previsão de outros casos de risco iminente e não assinalado a tempo!
Caro Pinho Cardão,
Nem quero imaginar o que se vai seguir com esta súbita explosão da despesa pública em nome do combate à crise!
Vamos pagar esta "brincadeira" com "língua de palmo"...a subida dos impostos nos próximos anos vai-nos deixar siderados!
Caro Luís Melo,
Muito bem, subscrevo sem dificuldade as suas magníficas intenções...mas pode dar-nos uma pequenina ideia, um bocadinho mais concreta de como é que se faz "vamos pegar na nossa força de vontade e capacidade de improvisar, para sairmos desta situação"?
Sabe que nos grandes princípios é fácil estarmos de acordo... quando se entra nos detalhes é que começam as dificuldades!
Caro Tavares Moreira, obrigado por este seu escrito, mais um alerta que irá cair em saco roto como todos os lançados por si e outros ao longo dos anos.
ResponderEliminarPego porém na frase que deu o título ao post. A questão, caro amigo, é que a cultura Portuguesa é extremamente avessa ao trabalho, ao subir a pulso, ao ganhar a grandeza pelo esforço. E, pior, faz todo o possivel por cortar as pernas àqueles que vão mais além ao ponto destes cada vez mais, irem oferecer o seu dinheiro e o seu trabalho nos sitios onde ambos são acarinhados e reconhecidos. Daqui que as medidas do governo - e o aplauso da população - sejam naturalissimas. Num país onde se anda sempre à procura do atalho mais curto para contornar as dificuldades, sejam elas quais forem, é natural que o governo faça o mesmo e os cidadãos aplaudam. Portanto... Greatness? Não é para o seu tempo, não é para o meu nem será para os seus tataranetos!
Caro Zuricher,
ResponderEliminarOlhe que o aplauso dos cidadãos ouve-se pouco e cada vez menos...
As agências de comunicação sim - porque pagas a peso de ouro com o produto dos nossos impostos, directa ou indirectamente - encarregam-se de fazer um enorme alarido em torno destas insanas decisões, pretendendo dar a impressão de que o Povo está aplaudindo...
Quanto à greatness de acordo, o melhor a que poderemos aspirar é a um estado de littleness quando não mesmo de dwarfness...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarAchei o discurso de obama brlhante e li há dias no NYtimes que o "speechwriter" é um jovem de apenas 27 anos.
Quanto à economia portuguesa, sinceramente não sei. Os avisos sérios caem em saco roto. Enquanto este governo não dialogar com a oposição, não prevejo resultados positivos. A cegueira e o autismo político traz consequências graves. Se continuarmos neste caminho, seremos como aquelas empresas que se endividam até à declaração de insolvência.
Caro André,
ResponderEliminar"Se continuarmos neste caminho..." - alimenta meu amigo alguma dúvida de que vamos continuar neste caminho até batermos com a "cabeça na parede"?
Apesar da minha quase insana campanha contra este rumo suicida,não tenho ilusões de que vamos mesmo de encontro ao obstáculo, não vamos parar!