Portugal continua a ter uma economia extremamente vulnerável porque não foi capaz de criar um tecido empresarial competitivo e de fazer as reformas necessárias para dotar o contexto económico e social de condições que facilitem o investimento. Se aos investidores e empresários lhes compete investir, correr riscos e gerir os negócios, ao Estado compete reformar a justiça e a educação e mudar a organização e o funcionamento da administração pública, só para citar algumas das áreas vitais para melhorar a competitividade.
Os diagnósticos estão feitos, bastando, para tal, olhar para a evolução dos pesos da despesa pública no PIB e do Estado na economia, do peso da carga fiscal, dos níveis do endividamento externo e das famílias, dos níveis de poupança da economia e das desigualdades sociais, apenas para mencionar alguns indicadores.
Atingidos pela crise internacional sofremos agora duplamente pelas fragilidades da nossa economia e pela falta de “reservas” financeiras que tanta falta fazem em tempos de “vacas magras”. Com este pano de fundo, o aumento do desemprego deve ser levado muito a sério (dados do IEFP vindos hoje a público revelam que se inscreveram, em média, de Setembro a Novembro 63.700 pessoas por mês, o que representa um crescimento homólogo de 19,7%, o maior desde Abril de 2003) não só pelo seu dramático impacto na deterioração das condições de vida dos portugueses atingidos e nos níveis de pobreza e de exclusão social, afectando uma parte importante da população, mas também porque retira à actividade económica capacidade produtiva que em tempo de crise se revela necessária para a retoma.
Para além das preocupações conjunturais que temos que ser capazes de ultrapassar, mantêm-se os problemas estruturais que o País precisa de resolver. Estes há muito que existem sem que tenhamos sido capazes de os arrumar. Por isso, as condições de partida para enfrentarmos a crise internacional são muito difíceis, pelo que me questiono como é que vamos resistir. Resistir já seria um bom resultado, se pensarmos que nos convinha que as condições de chegada fossem pelo menos iguais às condições de partida! É uma meta pouco ambiciosa? Talvez, mas poderá ser bem pior!
Os diagnósticos estão feitos, bastando, para tal, olhar para a evolução dos pesos da despesa pública no PIB e do Estado na economia, do peso da carga fiscal, dos níveis do endividamento externo e das famílias, dos níveis de poupança da economia e das desigualdades sociais, apenas para mencionar alguns indicadores.
Atingidos pela crise internacional sofremos agora duplamente pelas fragilidades da nossa economia e pela falta de “reservas” financeiras que tanta falta fazem em tempos de “vacas magras”. Com este pano de fundo, o aumento do desemprego deve ser levado muito a sério (dados do IEFP vindos hoje a público revelam que se inscreveram, em média, de Setembro a Novembro 63.700 pessoas por mês, o que representa um crescimento homólogo de 19,7%, o maior desde Abril de 2003) não só pelo seu dramático impacto na deterioração das condições de vida dos portugueses atingidos e nos níveis de pobreza e de exclusão social, afectando uma parte importante da população, mas também porque retira à actividade económica capacidade produtiva que em tempo de crise se revela necessária para a retoma.
Para além das preocupações conjunturais que temos que ser capazes de ultrapassar, mantêm-se os problemas estruturais que o País precisa de resolver. Estes há muito que existem sem que tenhamos sido capazes de os arrumar. Por isso, as condições de partida para enfrentarmos a crise internacional são muito difíceis, pelo que me questiono como é que vamos resistir. Resistir já seria um bom resultado, se pensarmos que nos convinha que as condições de chegada fossem pelo menos iguais às condições de partida! É uma meta pouco ambiciosa? Talvez, mas poderá ser bem pior!
Diz aqui - http://downloads.officeshare.pt/expressoonline/PDF/1CAD_020109.pdf - que o património Unesco em Portugal se encontra em ruína.
ResponderEliminarNão seria a recuperação (conservação) deste património de valor incálculável, uma fonte de emprego ?
Um abraço e Bom 2009
Cara Drª Margarida Corrêa de Aguiar, Portugal sempre teve uma economia extremamente vulnerável, não é um problema de hoje, nem de ontem, é de sempre e tem a ver directamente com vários aspectos: Solos pobres, terrenos acidentados, mão de obra escassa, falta de visão e tacanhez na forma de administrar a força braçal e os recursos, egoísmo e cobiça desmesurados. Mais recentemente, completo desaproveitamento dos fundos para o desenvolvimento quer da agricultura, como das indústrias. Desde a fundação do reino,que o êxodo rural constituiu precupação de vários reis. Lembro-me que no reinado de D. Fernando, em 1375, foi promulgada em Santarem a lei das Sesmarias. Esta lei, visava fundamentalmente "obrigar" os trabalhadores do campo a fixarem-se às terras.
ResponderEliminarFundamental é tambem percebermos as características do nosso povo. Aquilo que é a nossa característica mais vincada, não tem a ver directamente com métudo, com organização, com planeamento. Somos um povo com características de aventureiro, de descobridor, de conquistador de missionário. Gostamos de construir onde não ha, a nossa aptência é para arriscar, para desafiar e no fim... depois de arrumarmos as botas, sentados à lareira, com a malga do caldo sobre os joelhos, recordar melancólicamente os feitos alcançados, como naturalmente inevitáveis.
Somos assim, tal e qual como o escorpião que ferrou a lambeira da rã que acabara de o transportar para a margem de lá do ribeiro.
Dito isto... transcrevo em seguida aquele poema de Ary de Los Santos:
"Poeta Castrado...Non"
(não quis castrar o poema, por isso deixei ficar "poeta" em lugar de "povo")
Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Cara Pézinhos n' Areia
ResponderEliminarAgradeço e retribuo os votos de um Bom Ano.
Obrigada pela sua chamada de atenção. Sempre atenta e oportuna, Cara Pézinhos n' Areia!
Li há pouco o alerta deixado pelo Expresso. Nem o património classificado escapa à falta de vontade de empreendermos uma política de defesa intransigente do património histórico. Ao permitirmos a sua degradação estamos a destruir a nossa própria identidade nacional que tanta falta faz. A preservação do património histórico não é apenas uma questão cultural, é também uma questão de desenvolvimento, na medida em que em torno dessa actividade, a montante e a jusante, impulsionam-se diversas actividades económicas susceptíveis de criar riqueza e de proporcionarem qualidade de vida e bem estar às populações das localidades onde está inserido. O turismo regional beneficiaria muitíssimo e a oferta turística ganharia novos públicos e novas possibilidades.
Mas não, continuamos a construir betão, esquecendo que a educação e a cultura são valores muito importantes na indução do desenvolvimento, não apenas económico, mas social e humano. A falta de sensibilidade é assustadora. Não é uma questão de dinheiro. Quem viaja por essa Europa fora sabe bem como as coisas poderiam ter outro rumo.
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarTriste fado o nosso, não é?
Mas, Caro Bartolomeu, essa de "Gostamos de construir onde não ha, a nossa aptência é para arriscar, para desafiar" é que me deixa surpresa! E de botas arrumadas estamos nós há muito tempo! E depois não poderia estar mais de acordo com "sentados à lareira, com a malga do caldo sobre os joelhos, recordar melancólicamente os feitos alcançados, como naturalmente inevitáveis". Só que estamos mesmo embriagados! Ou então é do calor! É que de feitos alcançados já só reza a história. Ultimamente não me lembro de nada digno de extraordinário!
Mas, Caro Bartolomeu, há países bem mais acidentados do que o nosso, com climas adversos, sem mar, sem praias e sem sol, que também gostam de estar à lareira, mas que sabem que só trabalhando podem viver bem e progredir! Trabalhando de forma organizada e orquestrada, todos virados para os mesmos objectivos...
É verdade, cara Margarida, ha efectivamente países mais acidentados que o nosso, habitados por pessoas mais organizadas e ordenadas, mas... não estão cobertos pelas asas do "Espírito Santo", como o nosso.
ResponderEliminarAssim, resta-nos um destino para cumprir, uma rota sem rumo definido à partida, mas inscrita no íntimo do sonho de cada um de nós.
;)
Cara Margarida
ResponderEliminarO seu texto refere-se a matéria altamente rodada no momento actual,só que está apresentado de uma forma subtil, possuindo por isso especial interesse, por verdadeiro e correcto nas perspectivas que aborda.
Por mim sempre direi que o que mais me admira e me aterra decisivamente, destruindo qualquer hipótese de melhorias a meu ver, seja qual for o prazo considerado, é a irresponsabilidade demonstrada pelo inefável Sr. Ministro Santos, quando há poucos meses atrás, dizia e apregoava alto e em bom som, que o estado da nossa economia estava de forma a enfrentarmos com êxito a conjuntura fortemente negativa que se aproximava a breve trecho. E quantos aos bancos, não se pode esquecer que sua excelência dizia também pela mesma altura, quando a crise finanaceira se
avolumava, decorrente toda ela da crise económica, que a nossa banca eram instituiçõies robustas e preparadas para o que desse e viesse. Viu-se. Irra que é demais!
Caro antoniodosanzóis
ResponderEliminarEnquanto não formos capazes de criar uma economia competitiva nunca estaremos preparados para enfrentar as crises. É claro que as enfrentamos, não temos outro remédio pois existimos, mas o problema é o preço a pagar, comprometendo ainda mais o esforço, já de si muito difícil, que precisamos de fazer.