Há uns anos um amigo de longa data mimoseou-me, em Paris, com um distinto jantar no famoso restaurante Le Procope, fundado em finais do século XVII. Noite inesquecível por vários motivos, o ambiente, o repasto, a companhia e o café que, realmente, era divinal, não obstante ter violado a regra de não beber à noite. Provavelmente terá sido a influência de Voltaire, amante desta bebida, retratado de várias formas naquele que é considerado como o primeiro café de Paris, que me levou a sorve-lo com prazer.
Retenho daquele sumptuoso espaço a sensação provocada pela bela escrivaninha que Voltaire utilizava dando a impressão de a qualquer momento poder sentar-se e continuar a escrever as suas belas obras acompanhado de uma deliciosa chávena de café. Café que deverá ter estimulado a sua veia criativa a par do que aconteceu com muitos outros autores que, ao beberem tão exótica bebida – na altura considerada mesmo “alucinogénica”-, sabiam poder “extrair” a beleza, o pensamento profundo, o prazer, a originalidade, a mudança, a arte, a revolução e a esperança num mundo melhor.
Ainda hoje recordo esse delicado café, sinal de qualidade excepcional, cujo sabor e as associações despertadas pelo ambiente único se irmanaram de forma inolvidável.
Adoro café. Tenho o cuidado e o bom senso de não beber em demasia devido a alguns efeitos negativos. Mas começo a ficar inquieto com tantas virtudes terapêuticas que, ultimamente, lhe têm sido atribuídas. Não vale a pena virtualizá-lo tanto! Será que os produtores e comerciantes andam com medo de perder o negócio da bebida mais consumida no mundo?
Agora imaginem o que se pode sentir – estou a falar dos amantes do café, do bom, não daquelas “aldrabices” pelas quais temos que esportular uma pequena fortuna, usufruindo apenas do efeito da cafeína -, quando lemos que o café pode ser fonte de alucinações. Ouvir, ver e sentir pessoas ou coisas que não existem ocorre com mais frequência nos consumidores de café, o qual pode provocar sintomas “meio psicóticos ou meio esquizofrénicos”. Claro que é preciso ingerir cafeína equivalente a sete chávenas de café ou oito de chá diariamente, para que os tais efeitos alucinogénicos se manifestem, mas dois expressos Starbucks ou três latas de Red Bull são suficientes.
Estamos mergulhados numa sociedade em que os responsáveis nos afiançam que a situação não está mal como alguns andam a afirmar, que o desemprego não é tão grave como isso, que apesar da crise mundial podemos estar confiantes de que a situação vai melhorar, que o ensino está no bom caminho, que a baixa das taxas de juro é da sua responsabilidade, que a saúde dos portugueses vai melhorar, que os bancos não vão falir, que as desigualdades socioeconómicas estão a diminuir, que as entidades responsáveis pela fiscalização e pela regulação irão continuar a actuar de forma perfeita, que a justiça portuguesa é motivo de inveja para o resto do mundo, que a comunicação social continuará a ser isenta, que a corrupção não é motivo de preocupação, enfim, que Portugal está bem entregue, é um verdadeiro paraíso e recomenda-se. Isto só para falar de alguns aspectos. No fundo, “ouvimos, vemos e sentimos” maravilhas dignas de registo. Só encontro uma justificação: às tantas andamos a beber café em demasia ou o “café” rasca que andam a vender por aí deve estar “marado” de cafeína em excesso. Enfim, alucinações! O melhor é começar a beber descafeinado...
Retenho daquele sumptuoso espaço a sensação provocada pela bela escrivaninha que Voltaire utilizava dando a impressão de a qualquer momento poder sentar-se e continuar a escrever as suas belas obras acompanhado de uma deliciosa chávena de café. Café que deverá ter estimulado a sua veia criativa a par do que aconteceu com muitos outros autores que, ao beberem tão exótica bebida – na altura considerada mesmo “alucinogénica”-, sabiam poder “extrair” a beleza, o pensamento profundo, o prazer, a originalidade, a mudança, a arte, a revolução e a esperança num mundo melhor.
Ainda hoje recordo esse delicado café, sinal de qualidade excepcional, cujo sabor e as associações despertadas pelo ambiente único se irmanaram de forma inolvidável.
Adoro café. Tenho o cuidado e o bom senso de não beber em demasia devido a alguns efeitos negativos. Mas começo a ficar inquieto com tantas virtudes terapêuticas que, ultimamente, lhe têm sido atribuídas. Não vale a pena virtualizá-lo tanto! Será que os produtores e comerciantes andam com medo de perder o negócio da bebida mais consumida no mundo?
Agora imaginem o que se pode sentir – estou a falar dos amantes do café, do bom, não daquelas “aldrabices” pelas quais temos que esportular uma pequena fortuna, usufruindo apenas do efeito da cafeína -, quando lemos que o café pode ser fonte de alucinações. Ouvir, ver e sentir pessoas ou coisas que não existem ocorre com mais frequência nos consumidores de café, o qual pode provocar sintomas “meio psicóticos ou meio esquizofrénicos”. Claro que é preciso ingerir cafeína equivalente a sete chávenas de café ou oito de chá diariamente, para que os tais efeitos alucinogénicos se manifestem, mas dois expressos Starbucks ou três latas de Red Bull são suficientes.
Estamos mergulhados numa sociedade em que os responsáveis nos afiançam que a situação não está mal como alguns andam a afirmar, que o desemprego não é tão grave como isso, que apesar da crise mundial podemos estar confiantes de que a situação vai melhorar, que o ensino está no bom caminho, que a baixa das taxas de juro é da sua responsabilidade, que a saúde dos portugueses vai melhorar, que os bancos não vão falir, que as desigualdades socioeconómicas estão a diminuir, que as entidades responsáveis pela fiscalização e pela regulação irão continuar a actuar de forma perfeita, que a justiça portuguesa é motivo de inveja para o resto do mundo, que a comunicação social continuará a ser isenta, que a corrupção não é motivo de preocupação, enfim, que Portugal está bem entregue, é um verdadeiro paraíso e recomenda-se. Isto só para falar de alguns aspectos. No fundo, “ouvimos, vemos e sentimos” maravilhas dignas de registo. Só encontro uma justificação: às tantas andamos a beber café em demasia ou o “café” rasca que andam a vender por aí deve estar “marado” de cafeína em excesso. Enfim, alucinações! O melhor é começar a beber descafeinado...
Não fazia a menor ideia de que três latas de red bull, podem provocar efeitos alucinogénicos! Agora percebo a campanha: red bull dá-te asas! Asas para voar sobre as nuvens… Meu Deus ao que chega a ganância!
ResponderEliminarAinda bem que os nossos governantes pertencem à geração da "bica" cujo efeito alucinogénico tem mais a ver com TGVs. de Sintra ao Rossio...
É sempre assim,caro Professor: eles andam alucinados e tiram o prazer e o proveito, e alucinan-nos a nós, que ficamos com a dor e o custo.
ResponderEliminarVou já tomar três bicas das boas!...