Doze filmes portugueses estreados em 2008 e dezasseis milhões de euros de apoio de fundos públicos. O resultado de tal investimento é verdadeiramente extraordinário. Vejamos:
Um filme, Terra Sonâmbula, teve 1245 espectadores e nove filmes não chegaram a 6000 espectadores. Dos dois restantes, Aquele Querido Mês de Agosto, atingiu a estratosférica soma de quase 20.000 espectadores e o Amália poderá atingir os 200.000 espectadores.
Nada, aliás, diferente do que aconteceu em 2006. Das 12 longas-metragens de 2006, três não atingiram 1.000 espectadores, seis não atingiram os 10.000 espectadores (e muitos ficaram bastante abaixo) e apenas duas ultrapassaram 10.000 espectadores, um com 29.000 e outro com 11.000.
E também nada diferente do que aconteceu em 2004. Em 2004 foram estreados 15 filmes, que tiveram uma audiência de 233 mil espectadores. Um dos filmes, Querença, teve, imagine-se, a assistência verdadeiramente extraordinária de 100 espectadores, três atingiram a imponente e redonda cifra de 400 espectadores, outros três chegaram a uma assistência fenomenal, de 1.300 a 5.000 espectadores e dois tiveram um enorme sucesso, já que foram vistos por 6.000 e 9.000 devotados cinéfilos!...O filme mais visto, Sorte Nula, teve 74.100 espectadores.
Diz-se que quantidade não significa qualidade. Não é verdade nesta sucessão de casos. Tivessem os filmes qualidade que haveria um número razoável de cidadãos que os iriam ver. Não vão, porque não estão para se sujeitar a verdadeiras borracheiras sem tino nem senso.
Alegremente, vamos desperdiçando recursos e deitando dinheiro ao lixo, melhor, para benefício de meia dúzia que fizeram modo de vida na invocação de valores culturais que não têm, nem sentem, nem alguém lhes reconhece.
Um filme, Terra Sonâmbula, teve 1245 espectadores e nove filmes não chegaram a 6000 espectadores. Dos dois restantes, Aquele Querido Mês de Agosto, atingiu a estratosférica soma de quase 20.000 espectadores e o Amália poderá atingir os 200.000 espectadores.
Nada, aliás, diferente do que aconteceu em 2006. Das 12 longas-metragens de 2006, três não atingiram 1.000 espectadores, seis não atingiram os 10.000 espectadores (e muitos ficaram bastante abaixo) e apenas duas ultrapassaram 10.000 espectadores, um com 29.000 e outro com 11.000.
E também nada diferente do que aconteceu em 2004. Em 2004 foram estreados 15 filmes, que tiveram uma audiência de 233 mil espectadores. Um dos filmes, Querença, teve, imagine-se, a assistência verdadeiramente extraordinária de 100 espectadores, três atingiram a imponente e redonda cifra de 400 espectadores, outros três chegaram a uma assistência fenomenal, de 1.300 a 5.000 espectadores e dois tiveram um enorme sucesso, já que foram vistos por 6.000 e 9.000 devotados cinéfilos!...O filme mais visto, Sorte Nula, teve 74.100 espectadores.
Diz-se que quantidade não significa qualidade. Não é verdade nesta sucessão de casos. Tivessem os filmes qualidade que haveria um número razoável de cidadãos que os iriam ver. Não vão, porque não estão para se sujeitar a verdadeiras borracheiras sem tino nem senso.
Alegremente, vamos desperdiçando recursos e deitando dinheiro ao lixo, melhor, para benefício de meia dúzia que fizeram modo de vida na invocação de valores culturais que não têm, nem sentem, nem alguém lhes reconhece.
Mas que os administradores dos dinheiros públicos irresponsavelmente premeiam.
Ia deixar vários argumentos, mas nao o faco enquanto uma coisa nao for clara. Qual é o objectivo dos seus parágrafos?
ResponderEliminarÉ que nao percebo. Está a reclamar contra os realizadores? Contra os ministérios? Contra as distribuidoras? Contra as salas de cinema? Tem nocao que o trabalho do realizador é o de fazer o filme, e nao de o "executar"?
De qualquer modo parece que nao é contra o espectador, já que na sua lógica, o espectador é o cliente, e o cliente é rei. Nao sei se quer sugerir que os Morangos deveriam ter apoio do estado, ou que as distribuidoras deveriam receber subsídios para mostrar o último 007. Mas pelo menos parece.
16 milhões de euros compram 1 100 000 livros escolares. Mas não há a menor hipótese de que o impacto sobre a cultura das nossas crianças que esses 1 100 000 livros escolares seja superior aos filmes subsidiados com esse dinheiro. Eu, pelo menos, fico bastante contente que o meu filho só possa comprar os livros da escola com o dinheiro que sobra daquele que o estado me tira para que A Terra Sonâmbula possa ser salvar a vida de 12000 profundos carenciados. Sim, porque não me passa pela cabeça que os meus filhos possam ter que prescindir dos seus livros escolares para que alguém faça um filme se esse filme não sirva para salvar a vida de alguém.
ResponderEliminarOs Morangos, pelo menos, tem gajas boas e é de borla. A Terra Sonâmbula tem o quê para para que se deixe de ter livros escolares???
Meu caro João Pais:
ResponderEliminarPois não parece, nem é!...
Temos tido uma constante divergência sobre estes temas, e digo-lhe que até gostaria de concordar consigo sobre muitos aspectos, porque, se é verdadeiramente quem penso, é uma pessoa culta e que admiro.
Em Portugal há um público culto e cinéfilo, que não se reduz, felizmente, a 1.000, 5.000, ou mesmo 20.000 ou 30.000 espectadores. Por que razão não adere esse público ao cinema português? Porque está mal formado, não sabe o que é cinema, ou porque sabe distinguir o trigo do joio?
Pois eu estou convicto de que a razão é esta última. Caso lhe fosse apresentado cinema nacional com qualidade mínima, aderiria.
Mas enquanto os produtores, realizadores, subsidiadores, alguns críticos, etc, etc, não perceberem que existem espectadores críticos e com critério, nunca produzirão cinema de qualidade.
Estes agentes não podem considerar os espectadores como débeis mentais a quem tudo se pode impingir. O problema está neles, não nos espectadores. Muitos filmes têm histórias aos solavancos, cenas inverosímeis, são mal trabalhados e isso denota preguiça confrangedora, mal montados, mal representados. Não dizem nada, não traduzem nada, não têm qualquer mensagem ou, se a há, é tão tosca que a ninguém sensibiliza, são um completo vazio de ideias.
Por isso, deitar dinheiro público a essas "fitas" é deitar dinheiro fora, não se vendo qual a sua utilidade social. Claro que há um reduzido grupo que beneficia, mas onde está a arte, a estética que o justifica?
Não nego a profunda subjectividade dos critérios artísticos e também não nego que o Estado deva apoiar as artes e, no caso concreto, o cinema. Mas com outros critérios que não os de subsidiar obras que, à partida, pelo tema, argumento, etc, etc, apresentam a alta probabilidade de virem a ser obras confidenciais, para gozo dos intervenientes e meia dúzia de amigos.
Já vou longo e termino.
A quantidade não certifica a boa qualidade. Há filmes muito maus e muito vistos. Mas também há filmes muito maus e pouco vistos. Receio bem que estes sejam a maioria dos filmes portugueses que pagamos em duplicado: na bilheteira e nos impostos. E outros ainda pagam as dívidas dos produtores que ficaram por saldar.
Um abraço
Olá,
ResponderEliminarnao sei se sou quem pensa, mas isso talvez se possa tratar noutra altura.
Também acho que em Portugal há um público cinéfilo que aprecia qualidade. Mas, mesmo sem pertencer ao meio, imagino que o problema é mais complexo do que o realizador acaba um filme, e depois o filme vai por si só para as salas de cinema. Parece-me que no meio há muitos passos, com distribuidoras, salas, etc.
Por exemplo, na sua zona, quantos cinemas dao relevância a filmes portugueses, ou mesmo filmes internacionais de qualidade que nao estejam no mercado comercial das últimas 3 semanas? (sem contar com videoclubes ou cinematecas) Quantos cinemas se dignam a mostrar alguma repeticao de Oliveira, um autor reconhecido e com "obra feita"? (eu por acaso nao gosto muito dele)
Pelo tipo de discurso parece que está a culpar os "artistas", quando deveria estar a apontar baterias para o estado, que nao tem (e nunca teve) política cultural, limitando-se a distribuir o dinheiro que nao é seu (nao só no cinema, mas em todas as culturas). Por exemplo, se em vez de dar subsídios apenas ao produtor, também fizesse parte do processo que o filme fosse distribuído, seria muito mais eficaz (mesmo se no final fosse apoiada menos quantidade). E, tendo uma ideia de política cultural concreta, talvez soubessem melhor quais os objectivos a cumprir para cada subsídio. Também porque nao sei se nota, mas o artista (realizador, etc.) é a pessoa com menos poder neste circuito. Ele faz o que pode, com os meios que pode, desde que lhe deixem. Já agora, alguns dos problemas do cinema, e outras artes, portuguesas, sao também a falta de meios para trabalhar - nao só a preguica.
Mas falar em geral também nao é muito fácil (embora este seja um problema geral). Eu costumo comprar os Dvds de curtas da fnac (apoiadas pelo estado), e em média estou contente com o que vejo (e claro, também há algumas coisas que nao interessam).
[Uma questao aparte: se a Zon (?) tivesse ido para a frente com a oferta de bilhetes grátis de modo a afogar por completo as outras companhias, acha que daqui a um ano ou dois haveria mais ou menos oferta em termos de qualidade que agora?]
Duplo castigo.Primeiro nos impostos para dar trabalho aos criadores(?) desempregados e depois ainda por cima me impedem de ver filmes de borla para me obrigarem a ver a porcaria que fazem... estamos nos tempos do estaline ou quê?
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