O acidente com o Airbus que ontem amarou nas águas geladas do rio Hudson em Nova Iorque é em tudo extraordinário. As abundantes notícias sobre o desastre do avião não poupam nas adjectivações de "espectacular" e"inacreditável". Com efeito, não é coisa para menos.
É extraordinário e raro o derrube de um avião pelo embate de um bando de pássaros nas turbinas dos motores, provocando a sua paralisação, e deitando abaixo o aparelho. Apenas 1% dos acidentes aéreos em todo o mundo ocorrem por este motivo.
É extraordinário o talento e são impressionantes a perícia, a competência, o sangue frio, o pulso, a rapidez de reacção, o instituto de sobrevivência do comandante do avião, que em poucos segundos decide, com elevada destreza, fazer "aterrar" o avião em águas pouco firmes. A amaragem é das operações mais difíceis.
É extraordinário que o avião não se tenha partido, permitindo que tivesse flutuado o tempo necessário para que os passageiros e a tripulação escapassem com vida, com tempo para vestirem os coletes salva vidas e de forma ordeira aguardarem por socorro em cima das asas.
É extraordinária a rapidez e bem assim a eficácia das operações de salvamento.
É extraordinário que todos os passageiros (155) e a tripulação tenham, ainda assim, sobrevivido a um acidente tão grave.
Mas foram poucas as notícias que informaram sobre um outro facto absolutamente extraordinário, ímpar, de excepcional valor, digno de evidência, que não deveria ser secundarizado ou esquecido. É um extraordinário exemplo! Refiro-me à última decisão do comandante na gestão de tão extraordinário desastre. É que "O piloto foi o último a sair do aparelho e, antes de o fazer, percorreu-o duas vezes para se certificar de que ninguém tinha ficado para trás".
O piloto quis ter a certeza de que todos seriam salvos. Um piloto que para além de ser um grande comandante comportou-se como um grande homem, com letra grande!
É extraordinário e raro o derrube de um avião pelo embate de um bando de pássaros nas turbinas dos motores, provocando a sua paralisação, e deitando abaixo o aparelho. Apenas 1% dos acidentes aéreos em todo o mundo ocorrem por este motivo.
É extraordinário o talento e são impressionantes a perícia, a competência, o sangue frio, o pulso, a rapidez de reacção, o instituto de sobrevivência do comandante do avião, que em poucos segundos decide, com elevada destreza, fazer "aterrar" o avião em águas pouco firmes. A amaragem é das operações mais difíceis.
É extraordinário que o avião não se tenha partido, permitindo que tivesse flutuado o tempo necessário para que os passageiros e a tripulação escapassem com vida, com tempo para vestirem os coletes salva vidas e de forma ordeira aguardarem por socorro em cima das asas.
É extraordinária a rapidez e bem assim a eficácia das operações de salvamento.
É extraordinário que todos os passageiros (155) e a tripulação tenham, ainda assim, sobrevivido a um acidente tão grave.
Mas foram poucas as notícias que informaram sobre um outro facto absolutamente extraordinário, ímpar, de excepcional valor, digno de evidência, que não deveria ser secundarizado ou esquecido. É um extraordinário exemplo! Refiro-me à última decisão do comandante na gestão de tão extraordinário desastre. É que "O piloto foi o último a sair do aparelho e, antes de o fazer, percorreu-o duas vezes para se certificar de que ninguém tinha ficado para trás".
O piloto quis ter a certeza de que todos seriam salvos. Um piloto que para além de ser um grande comandante comportou-se como um grande homem, com letra grande!
também ouvi, e gostei.
ResponderEliminarO Comandante foi o último a sair.
Mas hoje ouvi um comentário de um instrutor de aviação (tb dos USA) que disse algo que igualmente me impressionou muito.
Para este instrutor o Comandante não fez nada de extraordinário.
Fez aquilo que lhe competia fazer do ponto de vista técnico para resolver o grave incidente, pondo a salvo a vida de todos os passageiros e tripulantes.
Esta simplicidade de análise, sem vedetismos, desta ocorrência significa muito em termos de mentalidade.
Esta noção de apenas dever cumprido, agrada-me muito.
O dever pelo dever, e nada em troca.
Não é preciso mais.
Gostei.
A Pézinhos tirou-me as palavras da boca.
ResponderEliminarFez bem em enaltecer o acto e a pessoa, cara Margarida!...
Cara pézinhos, permita-me que corrobore por inteiro o seu comentário.
ResponderEliminarEm Portugal há o péssimo hábito de sobrevalorizar actos que decorrem do exercício normal da profissão, chegando-se até ao ridículo de lhes serem atribuídas condecorações. Imagine-se as "medalhas que este piloto não levaria cá no burgo!
Devido à minha vida profissional actual já cá não aparecia à diversos meses... se calhar mesmo há mais de um ano... mas tendo em atenção o assunto que é não podia deixar de falar...
ResponderEliminarConforme já aqui foi dito, e muito bem, os pilotos cumpriram o seu dever até ao fim...sem olhar aos perigos e riscos que corriam! Não fizeram mais do que aquilo para que são treinados durante horas, dias, semanas e meses a fio nos simuladores!
Sabe muito bem ver que as horas gastas nesses treinos podem fazer a diferença entre a vida e a morte de centenas de pessoas!
Geralmente o factor humano na cadeia de acontecimentos que leva ao acidente aéreo é responsável por mais de 80% dos mesmos... Seja da tripulação, manutenção, controle aéreo, etc... Neste momento, e até termos acesso aos relatórios sobre o acidente da NTSB, ainda é prematuro saber se mais uma vez o factor humano foi ou não responsável pelo acidente!
O que ficou desde já claro é que o factor humano no cockpit (independentemente de se vir a descobrir que também possa ter tido alguma responsabilidade, ou não, neste acidente) foi o factor que contribuiu definitivamente para salvar aquelas 155 almas!
Isto para referir tão simplesmente que por maiores que sejam os automatismos, por mais sofisticadas que sejam as máquinas, o factor humano sempre foi, e sempre será, o factor que poderá fazer a diferença entre a tragédia e um final feliz, a par de também ser o factor que poderá ter maior peso no desenvolvimento da tragédia.
Isto tão simplesmente para dizer que ao mesmo tempo que todos nós podemos um dia tomar uma decisão errada que poderá levar a acontecimentos terrveis, também temos dentro de nós a capacidade de lutar para inverter o caminho de uma tragédia e tomar a decisão mais adequada que poderá mudar o nosso futuro e de todos os que nos rodeiam quer sejam próximos de nós ou não.
A decisão do comandante não salvou apenas 155 pessoas nessa tarde... salvou a vida largas centenas, ou possívelmente milhares, de pessoas que directa e indirectamente tem as suas vidas ligadas aquelas 155 almas...
Aquelas 155 pessoas, e todos os que os rodeiam, foi dada uma segunda oportunidade na vida... algo que a muitas pessoas é vedado!
Este acidente deve ser uma lição de vida não só para aqueles sobreviventes, mas para todos nós que testemunhámos o que ali aconteceu...
Devemos parar pelo menos 5 segundos e reflectir sériamente sobre o que ali aconteceu e sobre o que poderemos nós fazer todos os dias para melhorar a vida daqueles que nos rodeiam... eu quase sempre o tentei fazer... mas agora dou comigo a fazê-lo de cada vez que me sento no cockpit de um avião e desde o acidente já foram algumas vezes...
De facto...que posso dizer... estou feliz... tenho o melhor trabalho do mundo, no escritório com a melhor vista do mundo... e agora vou aproveitá-lo ainda mais todos os dias... por ter a honra de ser colega de homens como aqueles dois pilotos!
Grande texto. Parabéns.
ResponderEliminarNão posso concordar, quando se fala aqui de um facto banal, ou seja, que o piloto tenha feito a sua obrigação e que tudo o que se tem dito, em jeito de louvor, seja desproporcional, no sentido de que o piloto não fez mais do que a sua obrigação.
A sua obrigação era seguir o que lhe foi dito pela torre de controlo. Se tivesse feito a sua obrigação tinha morrido. Ele e mais de uma centena de pessoas.
Mas fez mais. Muito mais. Foi um heroi. Um verdadeiro heroi. A sua acção e, estou certo, a ajuda divina transformaram uma grande tragédia num grande milagre.
O exemplo que dá, em ser o ultimo a sair e verificar que não deixava ninguém para trás, é de um carácter impressionante.
O que considero desproporcionado, é a "gritaria" que se fez, por exemplo, em torno de Ronaldo. Esse sim, faz a sua obrigaçao. Recebe por mês aquilo que a maior parte das pessoas ñão recebe numa vida. E fez mais golos que os outros. Não merece tudo isto. Esse, sim, não fez mais que a sua obrigação.
E poderia dar muitos outros exemplos. Agora este senhor, é um heroi. Merece todo o destaque. Aqui no "burgo" ou nos Grandes States. Mereçe mesmo.
Cara Pézinhos n' Areia
ResponderEliminarA afirmação de que o piloto não fez mais do que a sua obrigação é, perante a dimensão da tragédia, é assim que eu vejo a situação, demasiado simplista e fria. Mas pergunto-me que comentário faria aquele instrutor de aviação se o avião se tivesse despenhado sem sobreviventes? De que não tinha cumprido o seu dever? Neste caso seria também uma afirmação demasiado simplista!
O texto do nosso Caro Vírus é uma ajuda preciosa para entendermos como é complicado estabelecer uma fronteira entre o dever cumprido e o dever não cumprido e para reflectirmos sobre a dimensão humana deste caso.
Caro joraC
Num País em que as pessoas sistematicamente falam e reivindicam direitos, esquecendo-se que também têm obrigações, ou em que, por exemplo, o legislador paga para que os cidadãos cumpram as suas obrigações, a valorização de um dever cumprido com a dimensão do caso em apreço até parece não fazer sentido...
Caro Virus
Pois seja muito bem "aterrado" na pista do 4R! E foi uma aterragem suave, com uma mão cheia de bonitos sentimentos.
Concordo absolutamente quando expressa que o acidente deve ser uma lição de vida para todos. Sem dúvida de que deve ser um exemplo. Um exemplo de que na vida devemos e podemos em cada momento, perante cada situação em concreto, fazer mais e melhor por aqueles que nos rodeiam e, em particular, por aqueles que mais directamente dependem de nós. Que sentido faz pensarmos só em nós? Imagino, a satisfação do comandante do Airbus por sentir, lá bem fundo no seu íntimo, que cumpriu o seu dever com total êxito, num momento em que o factor humano, ele próprio, pesou e de que maneira.
Boa sorte para as suas viagens! Quando aterrar lembre-se de que gostamos de o ter por cá!
Caro Tiago Mendonça
Obrigada pelas suas simpáticas palavras! Digo-lhe com toda a franqueza que este acidente deve ser uma referência, pela coincidência de factos extraordinários cmo final feliz que se sucederam uns atrás dos outros a partir do momento em que, em fracções de segundos, o avião foi atingido de "morte".
Sem demérito para os dotes dos milionários futebolistas, a sua consagração de génios da bola, com contornos de “loucura” colectiva, em que o mediatismo é levado ao rubro, acaba por ofuscar os méritos de tanta gente desconhecida que faz o bem nos mais diversos planos e por distorcer o sentido do dever cumprido. A vida está boa para os Ronaldos!
Caro Tiago Mendonça
ResponderEliminara propósito do que é ser herói, tenho muito orgulho neste português, referido na notícia abaixo, que a meu ver deveria ser condecorado pelo PR.
A notícia:
“Fiz o que tinha de ser feito. Não sou herói”
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=28EB2ACB-22A5-49C9-B09D-E7CEB6ADF23C&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010
os meus cumprimentos.
(to be continued)
:-)
Para o Tiago Mendonça
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=TPH8z8qyPbI
em nome da tripulação o Comandante refere que simplesmente fez aquilo para que foi treinado.
Oiça !
Este Senhor é de facto um herói, Tiago, pelo espírito de grupo e pela humildade que demonstra.