Recordo-me de ter assistido, em tempos, a uma cena em que um grupo de crianças, como eu, ao responderem onde habitava uma certa senhora, “mulher de virtude”, não se quedaram na informação, gaiatamente aconselharam as utentes para que não se esquecessem de pedir à senhora o número da sorte grande. Ato contínuo, e ao mesmo tempo que expeliam risinhos marotos, davam gás aos pneus de bicicleta com os seus bastões, fugindo cada um para o seu lado. Matutei no assunto e conclui: então se a mulher descobria o futuro, também deveria conhecer o número da sorte grande e, desta forma, fugiria à miséria em que vivia. Sim, porque a localidade, a habitação, e as condições de vida da senhora eram de uma pobreza confrangedora. Pensei que deveria sofrer imenso com a sua perspetiva de futuro, devido às suas artes divinatórias. Terrível fado, uma pessoa que adivinhava a miséria do seu próprio destino e não era capaz de ficar com a sorte grande que lhe possibilitaria ter uma vida mais condigna.
Muitos procuram a sorte no jogo e tudo fazem para ganhar e fugir à miséria ou à pobreza. Os portugueses podem ser considerados como jogadores compulsivos, basta olhar para o que gastam, e ganham, nos ditos jogos legais. Até são estimulados, à exaustão, a comportarem-se dessa maneira, e não é só na lotaria, no totoloto, no euromilhões ou no totobola, mas também nos concursos televisivos. Tudo o que seja dinheiro fácil é uma atração, procurando, deste modo, a solução para muito dos seus problemas.
Não tenho nada contra quem joga. Confesso que já fiz uma ou outra aposta, mas sem qualquer convicção. Nem os jackpot do totoloto me seduzem. A somar à elevada improbabilidade de ganhar, acrescento, meio a sério meio a brincar, que o risco de ganhar a taluda pode ser muito perigoso para a própria saúde, bem-estar e segurança. Contra-argumentam da maneira mais previsível, “está bem, está”, “tomara eu”, “qual quê”, “ai seu ganhasse, o que não faria”, “tretas”, entre outras banalidades próprias da ocasião.
Mas é verdade. Quem ganha ao jogo, sobretudo a partir de certo quantitativo, e não são precisos milhões, a saúde das pessoas não melhora. Pelo contrário, agrava-se, já que passam a comemorar mais, bebendo, comendo, enfim, sofrem uma alteração substancial dos hábitos. Quanto ao bem-estar mental, numa primeira fase ocorre uma explosão agradável, mas não tem continuidade no futuro. Sob o ponto de vista financeiro, nos primeiros dois anos, o risco de bancarrota diminui cerca de 50%, mas a partir daqui aumenta. A riqueza dos que ganharam prémios chorudos é transitória e o risco de perturbações físicas é uma realidade, demonstrada através de alguns estudos epidemiológicos recentemente publicados.
Face a estes dados, à minha conceção do jogo e à volubilidade do dinheiro fácil, pergunto se a tal “mulher de virtude” não teria já adivinhado as consequências do perigo em ganhar a sorte grande, evitando assim por em causa a sua saúde física e bem-estar...
Muitos procuram a sorte no jogo e tudo fazem para ganhar e fugir à miséria ou à pobreza. Os portugueses podem ser considerados como jogadores compulsivos, basta olhar para o que gastam, e ganham, nos ditos jogos legais. Até são estimulados, à exaustão, a comportarem-se dessa maneira, e não é só na lotaria, no totoloto, no euromilhões ou no totobola, mas também nos concursos televisivos. Tudo o que seja dinheiro fácil é uma atração, procurando, deste modo, a solução para muito dos seus problemas.
Não tenho nada contra quem joga. Confesso que já fiz uma ou outra aposta, mas sem qualquer convicção. Nem os jackpot do totoloto me seduzem. A somar à elevada improbabilidade de ganhar, acrescento, meio a sério meio a brincar, que o risco de ganhar a taluda pode ser muito perigoso para a própria saúde, bem-estar e segurança. Contra-argumentam da maneira mais previsível, “está bem, está”, “tomara eu”, “qual quê”, “ai seu ganhasse, o que não faria”, “tretas”, entre outras banalidades próprias da ocasião.
Mas é verdade. Quem ganha ao jogo, sobretudo a partir de certo quantitativo, e não são precisos milhões, a saúde das pessoas não melhora. Pelo contrário, agrava-se, já que passam a comemorar mais, bebendo, comendo, enfim, sofrem uma alteração substancial dos hábitos. Quanto ao bem-estar mental, numa primeira fase ocorre uma explosão agradável, mas não tem continuidade no futuro. Sob o ponto de vista financeiro, nos primeiros dois anos, o risco de bancarrota diminui cerca de 50%, mas a partir daqui aumenta. A riqueza dos que ganharam prémios chorudos é transitória e o risco de perturbações físicas é uma realidade, demonstrada através de alguns estudos epidemiológicos recentemente publicados.
Face a estes dados, à minha conceção do jogo e à volubilidade do dinheiro fácil, pergunto se a tal “mulher de virtude” não teria já adivinhado as consequências do perigo em ganhar a sorte grande, evitando assim por em causa a sua saúde física e bem-estar...
Com este texto o meu amigo arrisca-se, sem querer, a ganhar uma taluda especial que a Santa Casa lhe entregará, de bom gosto, para não repetir posts de igual teor!...
ResponderEliminarExactamente caro Dr. Pinho Cardão, o texto do Senhor Professor constitui uma terapia para qualquer jogatano-dependente.
ResponderEliminarAtendendo à reconhecida excelência das matérias com que o Senhor Professor Massano Cardoso compõe os seus textos, bem andará a Santa Casa se manifestar com maior visibilidade o destino social em que a percentagem dos prémios que lhe cabe, é manifestamente empregue.
Só vejo este modo, capaz de silenciar a contraposição do Senhor Professor, porque não acredito que alguma taluda consiga comprar-lhe a concordância.
Já é consolo, assim já tenho resposta para os que me criticam por não saber preencher um totoloto!
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