O problema da contaminação ambiental está na ordem do dia. Rara é a circunstância em que não se equacione o impacte ambiental. Ainda bem dirão muitos, porque deste modo talvez se consiga criar uma nova mentalidade face às inúmeras agressões antropogénicas capazes de provocar graves desequilíbrios.
Quem diria que o destino a dar aos corpos também começa a preocupar os ambientalistas? Enterrar e cremar constituem as formas mais comuns, mas há outras que estão na calha. Não entrando pelos aspetos culturais do culto dos mortos, enterrar um corpo pode não ser muito amigo do ambiente. A escolha da madeira e as “ferragens” utilizadas podem contaminar os solos. Nos E.U.A., os “metais” das urnas, enterradas anualmente, dão para fazer uma ponte como a Golden Gate e o cimento utilizado nas campas para fazer uma autoestrada de Nova Iorque a Detroit. Mas não ficam por aqui, porque certas substâncias utilizadas nos embalsamentos são perigosas e até carcinogénicas! Até a decomposição dos corpos, que se faz na ausência do oxigénio, liberta metano, um gás com poderoso efeito estufa. Mas se optar pela cremação, então as coisas poderão ser um pouco melhores, mas não muito, já que exige combustível, liberta substâncias tóxicas, caso das dioxinas, e, se o corpo tiver amálgamas nos dentes, até mercúrio sai pela chaminé! Quanto ao dióxido de carbono libertado por este processo o melhor é pensar comprar créditos a fim de evitar o aquecimento global. A “pegada ecológica” aumenta na ordem dos 10%. Até depois de mortos continuamos a poluir. Sendo assim, não é de admirar que comecem a aparecer correntes que defendem os “ecofunerais”. Nada de embalsamentos, utilização de madeiras menos nobres e mais facilmente degradáveis, nada de vernizes, nada de metais, enterrar o corpo não muito longe do local onde residem os familiares, de forma a evitar deslocações, optar pela incineração, caso não ofenda os costumes e desde que a “fábrica” funcione e queime bem. Mas também há outras opções, como é o caso da hidrólise alcalina, que liquefaz o corpo numa solução de cal e água. O produto final, cinzas de ossos e biofluidos, pode ser utilizado como fertilizante das plantas, mesmo as das nossas casas. Neste caso a pegada ecológica é 18 vezes inferior à cremação. Quem tiver costela de futurista, pode optar por colocar as suas, e o resto do corpo, em azoto líquido e depois ser fragmentado em pó. Ainda não estão comercializados. Mas é uma questão de tempo. Também existe a hipótese de lançamento no mar, entrando rapidamente na cadeia alimentar da fauna marinha. De qualquer modo, face às preocupações ambientais, às limitações dos espaços destinados aos cemitérios, ao número de matéria-prima em crescendo, quiçá a interesses imobiliários – não esquecer que muitos cemitérios ocupam lugares privilegiados -, às consequências da redução do tamanho das famílias com a subsequente diminuição dos cuidados nas campas e do culto tradicional dos mortos, teremos, muito provavelmente, que optar por novas formas de dar destino aos corpos. Algumas já foram enunciadas e não admiraria nada que ainda apareçam mais, do género lançá-los para o espaço. Parece que já enviaram alguns para aquelas bandas, mas, com tanto lixo a orbitar ao redor da Terra, é capaz de ser perigoso, não vá um dia o comandante de uma nave espacial colidir com o seu bisavô!
Mas que raio de tema eu tinha que abordar nesta tarde de cinza primaveril...
Quem diria que o destino a dar aos corpos também começa a preocupar os ambientalistas? Enterrar e cremar constituem as formas mais comuns, mas há outras que estão na calha. Não entrando pelos aspetos culturais do culto dos mortos, enterrar um corpo pode não ser muito amigo do ambiente. A escolha da madeira e as “ferragens” utilizadas podem contaminar os solos. Nos E.U.A., os “metais” das urnas, enterradas anualmente, dão para fazer uma ponte como a Golden Gate e o cimento utilizado nas campas para fazer uma autoestrada de Nova Iorque a Detroit. Mas não ficam por aqui, porque certas substâncias utilizadas nos embalsamentos são perigosas e até carcinogénicas! Até a decomposição dos corpos, que se faz na ausência do oxigénio, liberta metano, um gás com poderoso efeito estufa. Mas se optar pela cremação, então as coisas poderão ser um pouco melhores, mas não muito, já que exige combustível, liberta substâncias tóxicas, caso das dioxinas, e, se o corpo tiver amálgamas nos dentes, até mercúrio sai pela chaminé! Quanto ao dióxido de carbono libertado por este processo o melhor é pensar comprar créditos a fim de evitar o aquecimento global. A “pegada ecológica” aumenta na ordem dos 10%. Até depois de mortos continuamos a poluir. Sendo assim, não é de admirar que comecem a aparecer correntes que defendem os “ecofunerais”. Nada de embalsamentos, utilização de madeiras menos nobres e mais facilmente degradáveis, nada de vernizes, nada de metais, enterrar o corpo não muito longe do local onde residem os familiares, de forma a evitar deslocações, optar pela incineração, caso não ofenda os costumes e desde que a “fábrica” funcione e queime bem. Mas também há outras opções, como é o caso da hidrólise alcalina, que liquefaz o corpo numa solução de cal e água. O produto final, cinzas de ossos e biofluidos, pode ser utilizado como fertilizante das plantas, mesmo as das nossas casas. Neste caso a pegada ecológica é 18 vezes inferior à cremação. Quem tiver costela de futurista, pode optar por colocar as suas, e o resto do corpo, em azoto líquido e depois ser fragmentado em pó. Ainda não estão comercializados. Mas é uma questão de tempo. Também existe a hipótese de lançamento no mar, entrando rapidamente na cadeia alimentar da fauna marinha. De qualquer modo, face às preocupações ambientais, às limitações dos espaços destinados aos cemitérios, ao número de matéria-prima em crescendo, quiçá a interesses imobiliários – não esquecer que muitos cemitérios ocupam lugares privilegiados -, às consequências da redução do tamanho das famílias com a subsequente diminuição dos cuidados nas campas e do culto tradicional dos mortos, teremos, muito provavelmente, que optar por novas formas de dar destino aos corpos. Algumas já foram enunciadas e não admiraria nada que ainda apareçam mais, do género lançá-los para o espaço. Parece que já enviaram alguns para aquelas bandas, mas, com tanto lixo a orbitar ao redor da Terra, é capaz de ser perigoso, não vá um dia o comandante de uma nave espacial colidir com o seu bisavô!
Mas que raio de tema eu tinha que abordar nesta tarde de cinza primaveril...
Pode ser que venha a ser decretado que morrer é um atentado contra a natureza!...
ResponderEliminarHehe!
ResponderEliminarExcelente tema, Senhor Professor, «além» do mais pretinente. Digo pretinente, na medida em que é comum a todos nós.
ResponderEliminarA preocupação ambiental é com efeito uma obrigação de todos e, conhecer ou descobrir e preticar formas de a minorizar é um dever.
Confesso que apesar de não ser uma das minhas preocupações constantes ou freuentes, penso por vezes de que forma me agradaria ser "despachado". O lançamento do corpo ao mar é uma forma que me é pessoalmente simpática, poética, romanesca até. Contudo... esta forma de que o Senhor Professor nos dá notícia e que desconhecia, chamada de "hidrólise alcalina" deixou-me hesitante.
Imagino(-me)a fertilizar as plantas e as árvores do meu terreno e os meus filhos ou os meus netos acompanhados dos meus netos ou bisnetos a esclarecer as dúvidas dos pequerruchos:- Papá porque é que esta árvore não tem folhas? -Sabes querido!?É que nós fertilizamo-la com os biofluidos do vôvô e... o avôzinho já era careca... - Ahhhh!
Ou então...
-Papá, porque é que esta árvore tem o tronco tão torto?
-Bom meu querido, é que o av^zinho além de careca já andava muito curvadinho... reumático, percebes?
Ahhhhhhh!
-Papá!?
-Diz meu querido!
-Se o avôzinho já estava tão assim tão tortinho e tal, porque é que insistes em estragar as árvores com esse fertilizante!?
Hmmmmm...
-Bom meu querido, vamos lá lavar as mãozinhas, que a mamã já chamou para o almoço...