Aqui há dias, numa roda de amigos, discutia-se o caso da sentença do Juiz que “reduzira” a penhora de um réu de 1/6 para 1/5 do vencimento mensal.
Havia quem sustentasse que o Juiz deveria ter uma assessoria que lhe fizesse as contas, já que estava lá para julgar e não era obrigado a saber fazê-las.
Creio que o episódio demonstra o facilitismo em que insensivelmente todos fomos caindo. Ninguém é obrigado a nada. E devemos ter um ajudante para as tarefas elementares a que somos obrigados.
Contas com números fraccionários ou quebrados aprendiam-se na terceira e na quarta classe. E quem não soubesse calcular o valor decimal de 1/5 ou de 1/6 levava pela certa duas palmatoadas das antigas para melhor assimilar o conceito.
Agora, um Juiz não é obrigado a saber dividir um por cinco. Pela mesma ordem de razões, um engenheiro projectista não é obrigado a saber o que é uma montanha, um advogado a saber onde fica a Europa, um economista a distinguir a China do Japão, um oficial de artilharia a distinguir um campo de futebol no Algarve de um campo de tiro no Afeganistão. E um político não é, obviamente, obrigado a saber nada!...
Tempos houve, aliás, em que no exército português o oficial não era obrigado a saber ler, minudência que se destinava ao sargento. E em muitas sociedades era mesmo matéria que competia aos escravos mais ilustrados, alguns mesmo adquiridos especialmente para o efeito.
Desconfio que estamos a retornar ao ponto em que as elites não têm que saber nada, descarregando nos consultores, nos assessores e nos calculadores as matérias perturbadoras do seu exclusivo direito de existir e prosperar.
Havia quem sustentasse que o Juiz deveria ter uma assessoria que lhe fizesse as contas, já que estava lá para julgar e não era obrigado a saber fazê-las.
Creio que o episódio demonstra o facilitismo em que insensivelmente todos fomos caindo. Ninguém é obrigado a nada. E devemos ter um ajudante para as tarefas elementares a que somos obrigados.
Contas com números fraccionários ou quebrados aprendiam-se na terceira e na quarta classe. E quem não soubesse calcular o valor decimal de 1/5 ou de 1/6 levava pela certa duas palmatoadas das antigas para melhor assimilar o conceito.
Agora, um Juiz não é obrigado a saber dividir um por cinco. Pela mesma ordem de razões, um engenheiro projectista não é obrigado a saber o que é uma montanha, um advogado a saber onde fica a Europa, um economista a distinguir a China do Japão, um oficial de artilharia a distinguir um campo de futebol no Algarve de um campo de tiro no Afeganistão. E um político não é, obviamente, obrigado a saber nada!...
Tempos houve, aliás, em que no exército português o oficial não era obrigado a saber ler, minudência que se destinava ao sargento. E em muitas sociedades era mesmo matéria que competia aos escravos mais ilustrados, alguns mesmo adquiridos especialmente para o efeito.
Desconfio que estamos a retornar ao ponto em que as elites não têm que saber nada, descarregando nos consultores, nos assessores e nos calculadores as matérias perturbadoras do seu exclusivo direito de existir e prosperar.
O que traz óbvias vantagens às elites. Se a coisa dá para o torto, está ali à mão o culpado. Para isso, e por isso, é que são elites!...
Talvez tenha sido este o princípio da velhinha frase "só falta lavar-lhes o rabinho com água de malvas"...
ResponderEliminarIsto deveria ser visto como uma oportunidade para multiplicar o ordenado dos juízes em 1/2 e avisá-los para não gastarem o aumento todo duma vez porque estamos em crise.
ResponderEliminarSe calhar aí percebiam, mas era mais justo para todos nós. Pois, mas de justiças também não percebem nada...