1. Defrontado hoje com questões acerca da eventual crise (financeira) de países do Euro, o comissário Almunia respondeu de uma forma que nos pode deixar bastante “tranquilos” quanto ao futuro.
2. Disse o Comissário que os países da zona Euro em dificuldades podem contar com a ajuda da U.E....
3. Acrescentando que a U.E. tem soluções para ajudar esses países...
4. E ainda que a U.E. está “equipada intelectual, política e economicamente para enfrentar o cenário de uma crise”...
5. E finalmente que “Existe uma solução antes de recorrer ao FMI”...
6. Esta última afirmação levanta naturais dúvidas - uma solução antes de recorrer ao FMI? Quer dizer que o recurso ao FMI pode, não obstante a ajuda da U.E., vir ainda a ser necessário? Uma vez terminado o tratamento nas urgências da EU – ou em caso de insucesso desse tratamento - o país-paciente pode ainda ser transferido para as do FMI? Ou o FMI encarrega-se dos cuidados continuados?
7. Quando questionado sobre que tipo de ajuda a U.E. poderá dispensar a um país do Euro em dificuldades, Almunia declinou esclarecer, afirmando “Não é inteligente falar dessas soluções em público, mas elas existem...” e também “Por definição este tipo de coisas não devem ser discutidas em público...”.
8. Para nós que estamos com uma "dividalite" aguda, estas declarações são bastante reconfortantes...podemos imaginar o delicioso MENU que, com a assistência técnica do FMI, a U.E. terá para oferecer aos países do Euro que venham a revelar dificuldades graves de financiamento.
9. Encaremos pois o futuro com grande tranquilidade, como sugerem nossos esclarecidos dirigentes, podendo continuar a gastar como até aqui em "investimentos" inúteis ou semi-úteis, acumulando défices atrás de défices sem temermos vir a ser confrontados com um aperto de financiamento...os serviços de urgência da U.E. garantem-nos tratamento VIP em caso de necessidade...caso o tratamento requeira maior especialização o FMI dará preciosa ajuda, não nos deixando chegar à incómoda situação de insolvência.
10. Chega pois de preocupações, Caro Dr. Medina Carreira e seus companheiros profetas da desgraça!
Todos os sinais são bem claros quanto à situação grave em que TODOS nos encontramos, por isso que é feito do Presidente da República?
ResponderEliminarNão chegou a hora de convocar o Conselho de Estado? Não chegou a hora de fazer comunicações CLARAS ao país? Não chegou a hora de DEMONSTRAR que os interesses nacionais estão para além dos interesses conjunturais? Não chegou a hora de perceber que este regime político já deu TUDO o que tinha a dar? Não chegou a hora de a população portuguesa saber a VERDADE da nossa situação?
Como pode o comum dos portugueses saber o que fazer nos próximos anos se o Presidente da República não faz nada que se veja e que se perceba? É normal termos uma dúvida pública próxima dos 100% do PIB? É normal termos um crescimento económico próximo de 1% desde 2000? É normal que a nossa dívida com o exterior aumenta um milhão de euros a cada hora que passa? É normal termos um Primeiro Ministro sem qualquer credibilidade?
Se nada disto é normal, porque é que o Presidente da República não convoca o Conselho de Estado?
A população pode começar a considerar que tudo isto é normal e, pior ainda, uma fatalidade! É isto o que quer o Presidente da República?
Será que o Presidente da República ainda não percebeu que neste momento está meio país à espera que faça alguma coisa que se veja?
Sinceramente, este silêncio do Presidente da República começa a dar-me voltas ao estômago!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarLi as declarações do Almunia reproduzidas no Financial Times e posteriormente cruzei-me com este seu post que subscrevo integralmente. Aliás tinha publicado um hoje que o convidava a analisar. O link é:
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/03/os-erros-no-desenho-neoliberal-da-uem-e.html
O âmago da minha tese é que há contrasensos demasiados no desenho da UEM que tem de mudar de rumo para não implodir. Vem na sequência de análises que enquanto académico venho produzindo a respeito. Não tome a minha crítica ao neoliberalismo no usual sentido de esquerda: a minha posição assenta no liberalismo clássico e na doutrina social da igreja. Esclareço isto só para evitar mal entendidos.
Fica o convite.
Obrigado,
Carlos Santos
Caro Tavares Moreira, estaremos por acaso a falar da solução do PM Luxemburguês? Os países ricos pagam as dívidas dos países pobres e governam-nos? Terá sido a isso que o comissário Almunía se referiu?
ResponderEliminarPor outro lado, e o comentador Carlos Santos trouxe o tema do futuro da UE. Sobre o qual eu pergunto - e pergunto há muitos anos, não de agora - se o futuro óbvio da UE não é, precisamente, a implosão e, eventualmente, ficar apenas o que era a antiga CEE... com sorte!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEste post vem de encontro a uma preocupação que exprimi num comentário a um post anterior, no qual receava a perda de soberania financeira do nosso país. Começo a temer que as pessoas e este Governo percam a cabeça e se endividem até pararmos nas mãos do F.M.I. Nessa altura, certamente arrumaremos as contas, mas... será preciso chegar a esse ponto???
A segunda parte da análise que produzo sobre os erros conceptuais no desenho da UEM em:
ResponderEliminarhttp://ovalordasideias.blogspot.com/2009/03/os-erros-no-desenho-neoliberal-da-uem.html
Caro Fartinho da Silva,
ResponderEliminarCompreendo suas interrogações - mas quem pode responder?
Se há coisa de que me encontro totalmente desprovido,nesta altura, é de respostas para interrogações como as suas - confesso.
Caro Carlos Santos,
Muito, mas muito interessante mesmo sua análise em torno dos "shortcomings" da Zona Euro para poder ser tida como zona monetária óptima.
Quanto às justificadas duvidas que coloca sobre a capacidade da U.E. para intervir em situações de grave dificuldade de algum membro do Euro, a minha percepção é de que uma boa parte do trabalho acabará por ser realizada pelo FMI, em outsourcing. Certamente a com contribuição financeira dos Estados membros mais poderosos, mas sob condições draconianas...
Caro Zuricher,
Não creio na e muito menos desejo a implosão da UE. Não me aprece, realisticamente que tal cenário possa suceder.
Mas já creio no tremendo sufoco que alguns membros do Euro - nosso País incluído - irão experimentar se não modificarem rapida e drasticamente suas opções de política económica!
Caro André,
De facto, numa situação de crise grave como a que podemos antecipar, a soberania financeira do país ficará seriamente diminuída...mas parece que os nossos esclarecidos dirigentes estão desejando ardentemente tal desiderato...