Polónio dirige-se a Hamlet e diz: - Meu senhor, a Rainha queria falar-vos e já. Hamlet: - Vês aquela nuvem? Parece quase um camelo. Polónio: - Por Deus que sim, senhor; parece realmente. Hamlet: - Está-me a parecer mais uma doninha... Polónio: - O lombo é mesmo de doninha. Hamlet: - Não será antes uma baleia? Polónio: - Parece-se muito como uma baleia. (Terceiro ato – I Cena)
Este curto diálogo entre Hamlet e o camareiro-mor, Polónio, traduz de forma inequívoca o fenómeno de servilismo ou de sabujice. Quando o subalterno quer cair nas graças do seu senhor faz não só o que ele quer, como ainda se sintoniza com as suas particularidades e os seus disparates. É o que abunda por aí. Sabujos a dar que nem um pau.
Dizer que alguém é sabujo é capaz de causar alguma estremeção, mas, de fato, é sinónimo de servilismo. E se não quisermos chamar-lhes sabujos ou servis então passemos a utilizar eufemisticamente a designação de “Polónios” ou, se preferirem, “Osricos”. Esta última designação resulta de uma outra passagem da mesma obra de Shakespeare. No quinto ato, segunda cena, podemos ler outro interessante diálogo. Hamlet para Osrico: - Recebê-lo-ei com o maior afã. E reponde o vosso barrete no cabide próprio – quero dizer: ponde-o na cabeça! Osrico: - Mil graças a Vossa Senhoria mas está grande calor... Hamlet: - Nada, nada... Acho até que está muito frio! O vento é do norte. Osrico: - Talvez muito frio, realmente, meu senhor...
Hamlet: - Está-me a parecer abafado e quente de mais para o meu gosto... Osrico: - Quentíssimo, sim senhor... abafado em excesso que nem sei dizer...
Quando leio, vejo e escuto certas afirmações, atitudes e comentários de muita gente responsável, mas conscientemente temerosos de perderem as suas benesses, caso não basculem o apêndice cefálico, emerge das profundezas do meu cérebro o palavrão sabujo, que, na minha meninice e adolescência, lá para as minhas bandas, era utilizada como arma de arremesso que lançávamos com raiva na cara de alguns, quando se comportavam como verdadeiros bonecos de plasticina, uns lambes-cus, uns lacaios, uns sevandijas, uns parasitas.
Ao mergulhar na realidade do país, repleto de “Polónios” e de “Osricos”, pulgões ostensivos e despudorados, sinto cada vez mais a necessidade de "urticarizá-los," mesmo que isso me custe alguma coisa, o que é mais certo. Mas que importa? O tempo encarregar-se-á de sepultar as minhas angústias...
Este curto diálogo entre Hamlet e o camareiro-mor, Polónio, traduz de forma inequívoca o fenómeno de servilismo ou de sabujice. Quando o subalterno quer cair nas graças do seu senhor faz não só o que ele quer, como ainda se sintoniza com as suas particularidades e os seus disparates. É o que abunda por aí. Sabujos a dar que nem um pau.
Dizer que alguém é sabujo é capaz de causar alguma estremeção, mas, de fato, é sinónimo de servilismo. E se não quisermos chamar-lhes sabujos ou servis então passemos a utilizar eufemisticamente a designação de “Polónios” ou, se preferirem, “Osricos”. Esta última designação resulta de uma outra passagem da mesma obra de Shakespeare. No quinto ato, segunda cena, podemos ler outro interessante diálogo. Hamlet para Osrico: - Recebê-lo-ei com o maior afã. E reponde o vosso barrete no cabide próprio – quero dizer: ponde-o na cabeça! Osrico: - Mil graças a Vossa Senhoria mas está grande calor... Hamlet: - Nada, nada... Acho até que está muito frio! O vento é do norte. Osrico: - Talvez muito frio, realmente, meu senhor...
Hamlet: - Está-me a parecer abafado e quente de mais para o meu gosto... Osrico: - Quentíssimo, sim senhor... abafado em excesso que nem sei dizer...
Quando leio, vejo e escuto certas afirmações, atitudes e comentários de muita gente responsável, mas conscientemente temerosos de perderem as suas benesses, caso não basculem o apêndice cefálico, emerge das profundezas do meu cérebro o palavrão sabujo, que, na minha meninice e adolescência, lá para as minhas bandas, era utilizada como arma de arremesso que lançávamos com raiva na cara de alguns, quando se comportavam como verdadeiros bonecos de plasticina, uns lambes-cus, uns lacaios, uns sevandijas, uns parasitas.
Ao mergulhar na realidade do país, repleto de “Polónios” e de “Osricos”, pulgões ostensivos e despudorados, sinto cada vez mais a necessidade de "urticarizá-los," mesmo que isso me custe alguma coisa, o que é mais certo. Mas que importa? O tempo encarregar-se-á de sepultar as minhas angústias...
O pior é que esses sabujos tendem a ocupar a primeira fila junto ao poder que os acolhe, sem lhe acrescentar nada de útil, porque é muito mais cómodo olhar à volta e só ver cabeças a acenar que sim do que ter que pesar argumentos contrários e continuar à procura da melhor decisão. É claro que quem manda vai ficando cada vez mais isolado no seu mundo de abana cabeças, é como a história da Branca de Neve, a bruxa fica contente quando o espelho lhe repete que não há mais bela do que ela, até ao dia em que a resposta não lhe agrada e ela parte o espelho numa fúria...
ResponderEliminarOra, nem mais!
ResponderEliminarCaro Professor:
ResponderEliminarEles, os sabujos,proliferam em todo o lado. Porque sabujos são também aqueles a quem querem agradar.
Aqui há uns anos, o dono e presidente do conselho de administração de uma empresa americana ameaçou despedir os administradores e directores de alto nível se persistissem em aceitar passivamente todas as ideias que propunha. "Se estão sempre de acordo comigo, não preciso de vocês, basto eu, disse-lhes".