No túnel de acesso à esplanada sobre o rio Mondego, no Museu da Água, reparo em garrafais letras vermelhas nas paredes, P, O, R, Q, U, E e depois da curva V, I, V, E, M, O, S, ?. Demorei um pouco a ler a frase como se fosse uma criança a juntar as letras. Curiosamente, lembrei-me da primeira palavra que a minha filha mais velha leu sozinha. Íamos de carro quando fui obrigado a parar devido ao sinal. A miúda olha para o hexágono e começa a ler as letras, S, T, O, P, e dá um grito de satisfação, STOP! E começou a ler. Neste último caso não manifestei tamanha satisfação, antes pelo contrário, fiquei acabrunhado perante tão inquietante interrogação: "Porque vivemos?". Pergunta muito simples e, ao mesmo tempo, altamente provocadora. Após o ponto de interrogação mais enigmático que conheço, estava escarrapachada, na restante parede, uma folha gigante de papel onde se podia ler muitas respostas e comentários. Li-os todos, na esperança de encontrar a resposta. Não a encontrei e queria tanto! De qualquer modo, deliciei-me com os comentários, ao ponto de os transcrever para o meu livrinho de notas. Como só muito poucas pessoas irão ler, lembrei-me de os levar ao leitor conjuntamente com a pergunta, “porque vivemos?”. Desconfio que ninguém irá dar a resposta certa. Mas não importa desde que cada um construa a sua...
Querem ler os comentários e as respostas? Aqui os têm: “Para imortalizar os nossos genes... ou talvez não”; “Por amor”; “Para melhorar o legado que deixarmos”; "Com gaivotas a barca serrana fica mais autêntica”; “Para sermos felizes”, letra de criança; “A Alexandra é muito amiga da água”, letra de criança, naturalmente; “Para simplesmente deixarmos as nossas memórias”; “Porque Sim!”; “Para orgulharmo-nos da condição humana”; “Para fazer da nossa vida uma obra de arte”; “Vivo para os meus filhos”; “A Mariana bebe água”; “Para os outros, Para sermos felizes”; “Para que os outros nos aturem!”; “Para nos lembrar...”; “Para crescer!”; “Para ter paixão”; “Para ir à escolinha", mais uma letrinha infantil; “Para fazermos o melhor para a Terra”; “Para apreciarmos a vida”; “Amote mt corazón”!, versão castelhana; “Viver para a diverção!!!”, nota-se muito bem através do ç!; “Por favor não deitem lixo para os rios!” mais uma vez o aviso de uma criança.
Graças a uma fina cortina de nuvens, que impedia a agressão do sol, aliada a uma temperatura ótima e à ausência de vento, sentei-me, ociosamente, na esplanada e gozei a leitura de um excelente livro, “Desisto”, de Philippe Claudel. Volta e não volta o tema do livro, ao conjugar-se com o raio da “pergunta”, obrigava-me a saltar do pensamento do autor para os pensamentos dos autores do placard, ao mesmo tempo que entremeava a seguinte questão: - Escrevo ou não um comentário? - Não, decidi. Não vou escrever. Prefiro adotar uma das respostas. Fiquei indeciso entre duas: “Com gaivotas a barca serrana parece mais autêntica” e “Para nos lembrar...”. A primeira correspondia à realidade. À minha frente pairava a barca onde dormitavam muitas gaivotas preguiçosas. Uma boa razão para viver. A segunda porque, por muito pouco, esteve à beira de dar a resposta. Malditos pontos...
Querem ler os comentários e as respostas? Aqui os têm: “Para imortalizar os nossos genes... ou talvez não”; “Por amor”; “Para melhorar o legado que deixarmos”; "Com gaivotas a barca serrana fica mais autêntica”; “Para sermos felizes”, letra de criança; “A Alexandra é muito amiga da água”, letra de criança, naturalmente; “Para simplesmente deixarmos as nossas memórias”; “Porque Sim!”; “Para orgulharmo-nos da condição humana”; “Para fazer da nossa vida uma obra de arte”; “Vivo para os meus filhos”; “A Mariana bebe água”; “Para os outros, Para sermos felizes”; “Para que os outros nos aturem!”; “Para nos lembrar...”; “Para crescer!”; “Para ter paixão”; “Para ir à escolinha", mais uma letrinha infantil; “Para fazermos o melhor para a Terra”; “Para apreciarmos a vida”; “Amote mt corazón”!, versão castelhana; “Viver para a diverção!!!”, nota-se muito bem através do ç!; “Por favor não deitem lixo para os rios!” mais uma vez o aviso de uma criança.
Graças a uma fina cortina de nuvens, que impedia a agressão do sol, aliada a uma temperatura ótima e à ausência de vento, sentei-me, ociosamente, na esplanada e gozei a leitura de um excelente livro, “Desisto”, de Philippe Claudel. Volta e não volta o tema do livro, ao conjugar-se com o raio da “pergunta”, obrigava-me a saltar do pensamento do autor para os pensamentos dos autores do placard, ao mesmo tempo que entremeava a seguinte questão: - Escrevo ou não um comentário? - Não, decidi. Não vou escrever. Prefiro adotar uma das respostas. Fiquei indeciso entre duas: “Com gaivotas a barca serrana parece mais autêntica” e “Para nos lembrar...”. A primeira correspondia à realidade. À minha frente pairava a barca onde dormitavam muitas gaivotas preguiçosas. Uma boa razão para viver. A segunda porque, por muito pouco, esteve à beira de dar a resposta. Malditos pontos...
Ora aqui está, um saboroso desafio caríssimo Professor Massano Cardoso!
ResponderEliminar;)
Começo por reflectir numa questão adjacente: vivemos por vontade própria, por necessidade, obrigação, acaso, ou pura e simplesmente por inacção?
Num dos temas mais belos de José Afonso, A velha da Erva, escuta-se o seguinte verso «há quem viva sem dar por nada, há quem morra sem tal saber».
"Porque vivemos?" Em lugar de uma interrogação, penso que esta frase deveria ser uma afirmação. Se assim fosse, uma das frases "Porque sim!" estaria a meu ver correctíssima. Mas ao entendimento humano, coloca-se a mesma reflexão em forma de questão, desde que adquire consciência de si mesmo e do mundo que o rodeia, ou seja, a partir do momento em que adquire capacidade para ler a placa de "S,T,O,P"
Dos comentários transcritos, e em minha opinião, são os dois primeiros que mais se aproximam da resposta que penso ser a adequada.
“Para imortalizar os nossos genes... ou talvez não”; “Por amor”
Um complementa o outro na perspectiva em que a nossa existência seja fruto da vontade de uma consciência superior.
Einstein formulou a teoria da sujeição cósmica a uma lei dinâmica que assenta numa permanente troca de energia(s).
Nada difícil de perceber, na medida em que, numa ínfima percentagem, constatamos a presença dessa energia em todos os momentos da nossa actividade, inclusivamente quando nos encontramos inactivos.
;)
Ora bem, em minha opinião, existimos para manter a existência de Deus, ou dessa energia cósmica de que nos fala Einstein.
Se a raça humana deixar de existir, Deus deixa de existir, se Deus deixar de existir, a raça humana extingue-se.
Logo...se penso... tenho consciência, estou apto a ler o sinal de STOP...então existo!
Resumindo: Porque vivemos!? Porque já conseguimos ler o sinal de STOP!!!!