quinta-feira, 26 de março de 2009

Proteccionismo avança: promessas dos políticos são mesmo para esquecer...

1. Na declaração final da 1ª reunião do dos países do novo formato G 20 realizada em Washington em Novembro de 2008, podia ler-se: “Sublinhamos a importância crítica da rejeição do proteccionismo...comprometemo-nos a não criar novas barreiras ao investimento ou ao comércio de bens e serviços...”
2. Para reafirmar e ilustrar sua determinação, os “leaders” do G20 davam também conta de terem transmitido instruções aos respectivos ministros do comércio no sentido de completarem até final desse ano as negociações do Doha round para a liberalização do comercio mundial.
3. Que aconteceu desde então? É a interrogação, em tom irónico, do destacado articulista do Financial Times Gideon Rachman em artigo publicado na edição de 24 do corrente “The importance of empty words”.
4. Em primeiro lugar, observa Rachman, as negociações do Doha Round não foram concluídas, nem tampouco fechadas – continuam em aberto.
5. Mas mais curioso é o facto de desde a data da solene declaração do G20 até hoje, dos 20 países subscritores da mesma nada menos de 17 terem tomado medidas de natureza proteccionista de acordo com um relatório apresentado pelo Banco Mundial...
6. Algumas dessas medidas proteccionistas assumem mesmo a forma do que Rachman chama “plain-vanilla proteccionism”, que aportuguesando poderíamos apelidar de proteccionismo puro e duro, ou seja da imposição de barreiras da mais diversa natureza à importação de bens e serviços.
7. Entre essas medidas contam-se, por exemplo, (i) a proibição imposta pelo Congresso americano à circulação de camions mexicanos nas auto-estradas americanas, (ii) os novos subsídios anunciados pela União Europeia para a exportação de produtos agrícolas e (iii) os benefícios fiscais adoptados pela China e pela Índia como forma de apoio a empresas exportadoras...
8. As promessas dos políticos não são mesmo para levar a sério, tanto no plano nacional – que bem conhecemos e cujas consequências diariamente se ilustram no emagrecimento de nossos orçamentos – como no plano internacional tão bem evidenciado neste episódio...

3 comentários:

  1. Caro Tavares Moreira

    Apenas para complementar, até existe um movmento pró protecionismo de origem francesa onde pontificam nomes como o de Emmanuel Todd
    Será que esse não será o caminho para a Europa?
    Não veja netsapergunta qualquer provocação, nem, de momento, apoio a essa posição, apenas que algumas ideias "velhas" fazem caminho na Europa e não devemos deixar de estar atentos.
    Cumprimentos
    joão

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  2. Caro João,

    Como terá verificado pelo conteudo de meu post, a Europa já deu seu válido contributo para esta marcha proteccionista...mas que vêm aí mais iniciativas do mesmo género, não me restam grandes dúvidas...
    Então na área da chamada contratação pública estou convicto que as barreiras vão aumentar e de que maneira...

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  3. É desanimador. As medidas não sei, mas o facto de insistirem em proclamar uma coisa e fazer o seu contrário.

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