1. A sucessiva divulgação de dados cada vez mais desfavoráveis sobre o desempenho da economia no ano em curso, tem provocado um coro de acusações contra o Governo e suas políticas.
2. Isto é particularmente verdade em relação à esperada contracção do PIB que segundo as mais recentes previsões pode mesmo exceder -4% e ao forte aumento do número de desempregados que se aproxima rapidamente da barreira dos 500.000, a caminho dos 10% da população activa.
3. Refira-se, por ser não despiciendo, que o número oficial de desempregados deve ser tido como uma “proxy” subavaliada da realidade por razões que já aqui temos referido: é sintomático que o Instituto do Emprego se recuse a divulgar os números dos ex-desempregados, ou seja das anulações que mensalmente efectua no registo dos desempregados inscritos...
4. Seja como for, com + ou - desempregados, o que importa aqui indagar é da justeza maior ou menor das culpas que são atribuídas ao Governo pelo estado comatoso para que a economia portuguesa vai convergindo.
5. Tenho a noção de que a “culpa” deste Governo pelo actual afundamento da economia é bem diminuta em termos objectivos: no contexto actual, os governos nacionais pouco podem fazer só por si – no curto prazo, entenda-se, no médio/longo prazo já não é assim - para dinamizar as economias ou para as proteger de choques externos sobretudo quando estes têm a violência e extensão do actual.
6. Então porquê esta noção generalizada, que percorre todo o espectro político - desde a impropriamente chamada “esquerda” até à impropriamente chamada “direita” - de que o principal culpado deste estado de coisas é o Governo?
7. A resposta é simples: foi o próprio Governo, com as suas promessas (i) de bem-estar crescente, (ii) de solução para todos os problemas e sobretudo para aqueles que mais escapam ao seu controlo (v.g. Quimonda), (iii) de criação mágica de empregos (onde param os famosos 150.000 prometidos no início da legislatura?) (iv) de sucessiva montagem (e posterior desmontagem) de cenários rosa, (v) de produção de estatísticas pouco ou nada credíveis – que criou as condições para que agora lhe sejam assacadas todas as culpas, mesmo as que numa análise objectiva não merece.
8. Interrogo-me como é possível certas pessoas chegarem ao mais alto nível da chefia política sem se darem conta de que ao fazer certas promessas estão vendendo ilusões - que depois, manifestamente incapazes de cumprir, lhes saem tão caras...
9. No pouco tempo que labutei na A. R. apercebi-me que existe de facto na boa maioria (não todos felizmente) dos políticos profissionais uma tentação cénica irresistível...e uma gémea tentação de viver “aos abraços” com o pessoal da comunicação social ao que me pareceu na ânsia de conseguir mais umas “breves” a seu favor...tudo num plano de ficção e de auto satisfação que muito me impressionava...
10. Mas mais impressionante ainda é o facto de mesmo depois de assumirem a máxima responsabilidade executiva não vislumbrarem que tudo ou quase tudo aquilo que prometem...não existe em armazém e é de entrega muito contingente - isso não reclamará uma indagação do foro “neurológico-político”?...
I Parte
ResponderEliminarVerdadeiramente intolerável
a incompetência socialista,
a sua política deplorável
é de natureza populista.
Fantasiando a realidade
com engenhosas colorações,
hipoteca-se a governabilidade
de futuras gerações.
O jovem mexilhão,
em idade escolar,
não aceita o brincalhão
que passa a vida a burlar!
II Parte
O síndrome de endeusamento
através de obras majestáticas,
conduzirá ao desmoronamento
de ignóbeis políticas estáticas.
Mais próximo das comunidades
e de implementação mais agilizada,
responde-se às necessidades
da população mais fragilizada.
O mexilhão carenciado
das mais básicas necessidades,
sente-se sentenciado
com sumptuosas infantilidades!
Epílogo
De difícil entendimento
esta gente socialista,
de sinuoso pensamento
aliado a uma moral irrealista.
O poder incompetente
por esta gente exercido,
a crise é bem latente
neste Portugal emagrecido!
O mexilhão não absolve
a incompetência socialista,
esta política não resolve
a grave crise actualista.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarNão deve usar a taxa de desemprego do IEFP mas sim ado INE. Esta é obtida por mega-sondagem e tem alguma aderência (pelo menos tem tido) à realidade. Aquilo que é conhecido como "TAXA DE DESEMPREGO" é a do INE e a última foi de 8.3%, bem abaixo do esperado. Estou em querer que não vai tocar nos 9.2% que, de si, já é uma crise à nossa escala. Os 10% e 11% avançados por alguns organismos internacionais parecem-me absurdos e resultantes de uma escala que não é a nossa por todas as razões e mais alguma.
Quanto à culpa do governo, também acho diminuta na sua origem. Quanto ao seu papel na minimização, acho que estão a gastar cartuchos. Eu compreendo que o papel do governo não é mandar o pessoal pescar, como o Islandês fez. Mas quando se passa a vida a dizer que estamos muito bem e a realidade o nega, perdem credibilidade para poderem usar a mentira, que não é necessariamente mau, mais tarde.
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarNão será a isto que se chamaria uma cultura de irresponsabilidade, que estará hoje amplamente disseminada em (quase) toda a sociedade portuguesa ?
Cordialmente
Caro Manuel Bras,
ResponderEliminarEsta sua poesia de intervenção, prenhe de inspiração e de fervor social, traz-me à memória a seguinte frase de um Ministro do Trabalho, proferida já há uns bons anos em V.N.Famalicão (distrito de Braga):
"É preciso criar quadros de referência cultural, mais próximos do cidadão, como forma de combater a tendência para a uniformização..."
Adaptada aos tempos modernos, essa inesquecível frase poderia ler-se assim:
"É preciso criar quadros de resistência social em casa de cada cidadão como forma de combater a tendência para a socretinização".
Que lhe parece?
Caro Tonibler,
Sejam as do IEFP ou ass do INE, essas estatísticas serão sempre, nas condições actuais, uma proxy muito magra (ou rosa, se preferir) da realidade do desemprego...
Caro Olhar ateu,
Sim, creio que em parte reflecte uma pesada cultura de irresponsabilidade, mas do tipo "top to bottom", pois a classe política é quem melhor a interpreta, os outros vão por arrasto... penso eu de que...
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarQuando se contrata um CEO, espera-se, para alêm das qualidades pessoais e de carácter que deve ter, espera-se que lidere, resolva os problemas, antecipe os mesmos e evite os que pode evitar, ah! esquecia-me, é essencial que, aos acionistas fale verdade e não esconda nada.
Se consegue encontrar, no actual PM, mais do que um item positivo de todos os que enunciei, agradecia.
Dito isto, sou daqueles que acha que as eleições de Outubro vão ser uma enorme surpresa, porque os acionistas, desta "empresa" que se chama Portugal, não são completamente tontos.
Doutro modo, sabendo o que já sabe, sabendo ( ou melhor, intuíndo) o que nos espera para o ano (mesmo que não saiba em concreto); e como eu creio que o PM também o sabe, admira-ma que (o PM) deseje continuar. Por isso, podemos andar em encenações, mais ou menos elaboradas.
Cumprimetos
João
Caro Joao,
ResponderEliminarAdmire-se com tudo menos com a vontade de continuar daquele a quem designa por PM...
Há razões, meu Caro, que a razão prefere desconhecer...e por aqui me fico.