Nunca percebi qual a razão da expressão “esperto que nem um alho”. Em contrapartida até sou capaz de entender uma outra, “cabeça de alho chocho”, que corresponde a não haver nada de interesse lá dentro. Mas voltando à primeira, dizem – confesso que nestas coisas não sou um grande entendido -, que vem de um portuense, Afonso Martins Alho, que foi o responsável pelo tratado entre Portugal e Inglaterra nos meados do século XIV. Pronto, sendo assim estou esclarecido. Afinal, não tem nada a ver com o célebre vegetal. E ainda bem! Não vá haver alguém a enfiá-lo pela boca abaixo das crianças para aumentar o Q.I.! Por outro lado, sempre compreendi uma outra, “esperto que nem um rato”.
Lembro-me do barulho que os ratitos faziam no sótão lá de casa durante a noite. Era assustador para uma criança. Quando vi os primeiros, até lhes achei graça. Pequeninos, simpáticos, com umas ”mãozinhas” cor-de-rosa. Quantas vezes, fiquei, momentaneamente, aflito, quando ouvia gritos de horror, como se tivesse acontecido uma tragédia, por causa de um ratito. Ficava de boca aberta e só acalmava quando ouvia as ordens para ir buscar a vassoura! A caça ao rato era uma epopeia. Nem o veneno era capaz de os matar. Ratoeiras? Qual quê! Só se andassem distraídos ou fossem “burros como os humanos”! Esta última frase, poderia ser atribuída com a maior naturalidade a estes animais, a que nos ligam um antepassado comum que, há cerca de 70 milhões de anos, se “lembrou” de ensaiar alternativas para originar duas das mais interessantes espécies que andam por aí, os humanos e os ratos.
Dizem que somos mais aparentados com os chimpanzés, porque partilhamos 99% do genoma, contra 95% dos ratos. Apesar dos esforços para colocar os chimpanzés no mesmo género do humanos, ou os humanos no género dos chimpanzés – há quem nos rotule de “terceiro chimpanzé” -, acabamos por ter muito mais semelhanças com os ratos, e daí a alguém afirmar que somos o “segundo rato” é um pequeno salto. Para onde vai o homem vai o rato, o mesmo não se passa com o chimpanzé. O rato, na sua fisiologia, assemelha-se muito aos seres humanos, ao ponto de os utilizarmos com frequência para diferentes tipos de estudo. Devemos muito, mesmo muito, a estes animais. Claro que eles, também, não deixam os seus créditos em mãos alheias e têm-nos contemplado com muitas doenças. Não sei se isso fará parte de alguma estratégia por parte deles. Será que também andam a investigar-nos? Já não digo nada. Também não compreendo esta aversão dos humanos pelos ratos. Parece que tudo começou com Noé que, desobedecendo às ordens divinas, recusou a entrada do casal de ratazanas na arca. Pelo menos é o que diz Günther Grass, na sua obra, “A Ratazana”, na qual acabamos por ler que o homem, espécie extinta, passa a ser um mero vulto na memória dos ratos, os quais continuam a sonhar com os velhos primos, reinventando-o a cada momento.
Tudo parece em conformidade com uma evolução muito peculiar dos ratos. Neste momento, são aos milhares os “novos” ratos de laboratório, entretanto modificados e transformados para os mais diversos fins. É de ficar com os cabelos em pé. Devido à facilidade de os criar e reproduzir, os “novos animais” estão a ser pressionados em termos evolutivos numa velocidade alucinante, ao ponto de começarem a perder muitas das qualidades dos seus irmãos selvagens e adquirirem outras. Vivem em condições asséticas, são bem alimentados, alteram-lhes a estrutura genética, modificam o seu sistema imunológico, eu sei lá o que fazem a estes animais, que vivem em condições verdadeiramente futuristas.
De todos os animais, os ratos têm sido objeto de particular atenção, desde o famoso Mickey, que já entrou há algum tempo na terceira idade, mas que mantém uma agilidade impressionante, ao “superesperto” Tom, da famosa dupla, Tom e Jerry, em que consegue ser superior ao gato, passando pelo recente Despereaux, um ratinho corajoso, que prefere ler livros a comê-los, ou mesmo a Firmin, que através das letras consegue ser mais humano do que os humanos. Não há dúvida, tudo aponta para que os ratos - caso ocorra alguma catástrofe -, possam substituir os humanos. Já falam, já discursam, já filosofam e já sonham com os humanos. Entretanto, alguns representantes da espécie humana, talvez prescientes do futuro da humanidade, comportam-se como verdadeiros ratos, falam, discursam, filosofam e sonham com as ratazanas...
Lembro-me do barulho que os ratitos faziam no sótão lá de casa durante a noite. Era assustador para uma criança. Quando vi os primeiros, até lhes achei graça. Pequeninos, simpáticos, com umas ”mãozinhas” cor-de-rosa. Quantas vezes, fiquei, momentaneamente, aflito, quando ouvia gritos de horror, como se tivesse acontecido uma tragédia, por causa de um ratito. Ficava de boca aberta e só acalmava quando ouvia as ordens para ir buscar a vassoura! A caça ao rato era uma epopeia. Nem o veneno era capaz de os matar. Ratoeiras? Qual quê! Só se andassem distraídos ou fossem “burros como os humanos”! Esta última frase, poderia ser atribuída com a maior naturalidade a estes animais, a que nos ligam um antepassado comum que, há cerca de 70 milhões de anos, se “lembrou” de ensaiar alternativas para originar duas das mais interessantes espécies que andam por aí, os humanos e os ratos.
Dizem que somos mais aparentados com os chimpanzés, porque partilhamos 99% do genoma, contra 95% dos ratos. Apesar dos esforços para colocar os chimpanzés no mesmo género do humanos, ou os humanos no género dos chimpanzés – há quem nos rotule de “terceiro chimpanzé” -, acabamos por ter muito mais semelhanças com os ratos, e daí a alguém afirmar que somos o “segundo rato” é um pequeno salto. Para onde vai o homem vai o rato, o mesmo não se passa com o chimpanzé. O rato, na sua fisiologia, assemelha-se muito aos seres humanos, ao ponto de os utilizarmos com frequência para diferentes tipos de estudo. Devemos muito, mesmo muito, a estes animais. Claro que eles, também, não deixam os seus créditos em mãos alheias e têm-nos contemplado com muitas doenças. Não sei se isso fará parte de alguma estratégia por parte deles. Será que também andam a investigar-nos? Já não digo nada. Também não compreendo esta aversão dos humanos pelos ratos. Parece que tudo começou com Noé que, desobedecendo às ordens divinas, recusou a entrada do casal de ratazanas na arca. Pelo menos é o que diz Günther Grass, na sua obra, “A Ratazana”, na qual acabamos por ler que o homem, espécie extinta, passa a ser um mero vulto na memória dos ratos, os quais continuam a sonhar com os velhos primos, reinventando-o a cada momento.
Tudo parece em conformidade com uma evolução muito peculiar dos ratos. Neste momento, são aos milhares os “novos” ratos de laboratório, entretanto modificados e transformados para os mais diversos fins. É de ficar com os cabelos em pé. Devido à facilidade de os criar e reproduzir, os “novos animais” estão a ser pressionados em termos evolutivos numa velocidade alucinante, ao ponto de começarem a perder muitas das qualidades dos seus irmãos selvagens e adquirirem outras. Vivem em condições asséticas, são bem alimentados, alteram-lhes a estrutura genética, modificam o seu sistema imunológico, eu sei lá o que fazem a estes animais, que vivem em condições verdadeiramente futuristas.
De todos os animais, os ratos têm sido objeto de particular atenção, desde o famoso Mickey, que já entrou há algum tempo na terceira idade, mas que mantém uma agilidade impressionante, ao “superesperto” Tom, da famosa dupla, Tom e Jerry, em que consegue ser superior ao gato, passando pelo recente Despereaux, um ratinho corajoso, que prefere ler livros a comê-los, ou mesmo a Firmin, que através das letras consegue ser mais humano do que os humanos. Não há dúvida, tudo aponta para que os ratos - caso ocorra alguma catástrofe -, possam substituir os humanos. Já falam, já discursam, já filosofam e já sonham com os humanos. Entretanto, alguns representantes da espécie humana, talvez prescientes do futuro da humanidade, comportam-se como verdadeiros ratos, falam, discursam, filosofam e sonham com as ratazanas...
Mais do que comportar-se como, alguns são mesmo verdadeiros ratos, caro Professor!...
ResponderEliminarNão são "antepassados" que nos orgulhem, caro Prof. Massano, são pouco corajosos,são rasteirinhos, chafurdam na imundície, não se lhes conhece grandes qualidades que gostaríamos de ver nos humanos.Mas ao menos têm a utilidade de servir de para experimentações científicas que podem vir a salvar muitas vidas, o ideal seria que os humanos fossem dignos, no seu comportamento, da evolução que lhes permite ter acesso a uma vida com menos sofrimento.
ResponderEliminarJá agora, a propósito de evolução e de semelhanças, vale a pena ir ver a exposição sobre Darwin, na Gulbenkian, é muito interessante.
Será que a "espécie" do futuro vai emergir do cruzamento entre o rato e o humano?
ResponderEliminarDiz a mitologia que o grande lider do povo Lusitano, Viriato, nasceu do cruzamento entre um bode e uma mulher...
Bem, mas naquele caso o bode era a forma de um deus, que no acto, assumiu a forma humana...
Contudo o ideal, talvez pudesse ser o resultado de uma trilogia: alho-rato-gente.
Aquilo que poderá originar a degeneração, ou extinção completa da raça, será:
gente-alha-rato
Outras associações ao comportamento de alguns humanos podem ser feitas, meu caro Professor. Ao longo da minha existência assisti algumas pessoas, digo, ratos, a demonstrarem as suas qualidades houdinicas de fuga ao primeiro sinal de rombo no barco...
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