Chá, vinho, cerveja, chocolate, brócolos, canela, águas, iogurtes, bagas, açafrão, vinagre, café, alhos, sardinhas, azeite, só para falar de alguns produtos, têm sido objeto de estudos científicos que provam ser benéficos na saúde. Que novidade! É tão fácil demonstrar os efeitos benéficos do que quer que seja e até o oposto, ou seja, também podem fazer mal à saúde. Como explicar estes achados? É fácil. São tantos, tantos os fatores que estão na base da saúde ou da sua perda, e a interação entre eles são tão complexos, que se torna um pouco difícil saber qual o verdadeiro papel de cada um. Sendo assim, não é de excluir o papel de outros fatores. Além do mais, há uma grande confusão entre associação e causalidade. Quanto à primeira, é relativamente fácil de estudar, mas, quanto à última as coisas são muito mais complexas.
Mas por que razão continuam a ser anunciados na comunicação social os efeitos benéficos na saúde de todos aqueles produtos? Será que há interesses económicos subjacentes à promoção? Haverá empresas que estão interessadas no financiamento deste tipo de investigação? Não sei, mas considero pertinente fazer estas perguntas.
Esta reflexão vem a propósito de uma notícia, segundo a qual as idosas que bebem café perdem menos memória. É do conhecimento dos cientistas, desde há já algum tempo, que a ingestão regular de cafeína está associada a menos doença de Alzheimer e de doença de Parkinson. Já agora podiam também ter dito que um cigarrito a acompanhar o café também ajuda a diminuir o risco destas doenças!
O que é curioso nesta notícia é que a associação foi encontrada apenas nas mulheres. Nos homens, nada! Que chatice! E eu a pensar que com dois cafezitos por dia podia diminuir o risco de uma demência! Ah! Já me esquecia! Parece que beber café diminui o risco de lesões hepáticas devido ao álcool. Quando souberem isto, vai ser o bom e o bonito. Depois de beberem uns bons copázios de vinho tinto, que até faz bem ao coração, algumas pessoas acabam por abusar deste efeito cardioprotetor e arriscam a sofrer lesões hepáticas Mas devem lembrar-se logo a seguir: - Um cafezito para a sossega e para proteger o fígado! Voltando à discrepância de género quanto aos efeitos protetor do café nas capacidades cognitivas, a favor das mulheres, gostaria de perguntar aos investigadores se tomaram em linha de conta a forma de tomar o café ou o chá. Não devemos esquecer que as senhoras gostam de “coloquiar” ao redor de um café ou de um chá durante horas e horas a fio. Ora, sendo assim, seria de perguntar se foi tomada em linha de conta esta variável, “conversas de mulheres”. Não é por nada, mas trata-se de um ótimo exercício para os neurónios, e talvez explique melhor a associação mais do que propriamente a ingestão de cafeína!
Café ou conversa? Eu opto mais pela conversa, mas como não vejo interesses de natureza económica subjacente à última, não vou, seguramente, ver anunciado nas páginas dos jornais as virtudes da estimulação cognitiva da conversação...
Estou convicto de que as sessões de “má língua” serão muito mais benéficas do que café e quejandos.
Mas por que razão continuam a ser anunciados na comunicação social os efeitos benéficos na saúde de todos aqueles produtos? Será que há interesses económicos subjacentes à promoção? Haverá empresas que estão interessadas no financiamento deste tipo de investigação? Não sei, mas considero pertinente fazer estas perguntas.
Esta reflexão vem a propósito de uma notícia, segundo a qual as idosas que bebem café perdem menos memória. É do conhecimento dos cientistas, desde há já algum tempo, que a ingestão regular de cafeína está associada a menos doença de Alzheimer e de doença de Parkinson. Já agora podiam também ter dito que um cigarrito a acompanhar o café também ajuda a diminuir o risco destas doenças!
O que é curioso nesta notícia é que a associação foi encontrada apenas nas mulheres. Nos homens, nada! Que chatice! E eu a pensar que com dois cafezitos por dia podia diminuir o risco de uma demência! Ah! Já me esquecia! Parece que beber café diminui o risco de lesões hepáticas devido ao álcool. Quando souberem isto, vai ser o bom e o bonito. Depois de beberem uns bons copázios de vinho tinto, que até faz bem ao coração, algumas pessoas acabam por abusar deste efeito cardioprotetor e arriscam a sofrer lesões hepáticas Mas devem lembrar-se logo a seguir: - Um cafezito para a sossega e para proteger o fígado! Voltando à discrepância de género quanto aos efeitos protetor do café nas capacidades cognitivas, a favor das mulheres, gostaria de perguntar aos investigadores se tomaram em linha de conta a forma de tomar o café ou o chá. Não devemos esquecer que as senhoras gostam de “coloquiar” ao redor de um café ou de um chá durante horas e horas a fio. Ora, sendo assim, seria de perguntar se foi tomada em linha de conta esta variável, “conversas de mulheres”. Não é por nada, mas trata-se de um ótimo exercício para os neurónios, e talvez explique melhor a associação mais do que propriamente a ingestão de cafeína!
Café ou conversa? Eu opto mais pela conversa, mas como não vejo interesses de natureza económica subjacente à última, não vou, seguramente, ver anunciado nas páginas dos jornais as virtudes da estimulação cognitiva da conversação...
Estou convicto de que as sessões de “má língua” serão muito mais benéficas do que café e quejandos.
Parece que a Medicina começa a enfermar dos mesmo males que a Economia, falta de Matemática. Os economistas até usam a expressão latina "ceteribus paribus", que traduzido à letra significa "com tudo o resto constante" e cuja tradução correcta é "já que vou fazer asneira que a faça com uma expressão em latim que ninguém conhece", para essa asneira.
ResponderEliminarSabe, nós, os epidemiologistas, usamos a matemática para evitar as tais asneiras, mas é um pouco complicado convencer muitos dos nossos colegas das vantagens de certas práticas!
ResponderEliminarNo livro "O prazer da Descoberta" (Gradiva), está reproduzida uma conferência que Richard Feynman deu em Itália, em 1964, a outros cientistas, pela comemoração do aniversário de Galileu.
ResponderEliminarA conferência é toda ela muito interessante, mas para mim o mais extraordinário é a clareza e visão, com que Feynman já em 1964 aponta à falta de espírito científico de tudo o que nos é "oferecido" como ciência (já nessa época).
Começando na página 73, onde Feynman põe a questão:
"E se o homem (Galileu) estivesse aqui e lhe mostrássemos o mundo, o que é que ele diria?". E depois continua.
Vale a pena ler em
http://postaisalemanhalinks.blogspot.com/2009/06/richard-feynman.html.
40 anos depois, mas parece que foi escrito hoje: conversa fiada, manipulação de estatísticas, astrologias, etc.
Não sei se falta matemática, mas bom senso e seriedade faltam com certeza muitas vezes. Quanto ao post, também estou com o palpite do Massano cardoso, mais valia terem em conta a tagarelice, qual é a graça de se beber um café sozinho? Só pode fazer mal à saúde!, agora quando um chá, um café ou mesmo um cigarrito são o pretexto para prolongar uma bela conversa ou o prazer de uma companhia, só podem mesmo aumentar a saúde mental...
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