Uns dias de férias logo a seguir às emoções eleitorais foram um corte tão radical que me parece ter estado fora muito mais que uns poucos dias feriados. Mas cumprimos o plano de tentar recuperar um pouco da filosofia zen, a bem da sanidade mental na velhice que nos prometem longa e a bem do reavivar de pequenos prazeres que o dia-a-dia vai afastando quase sem darmos por isso. Sem computador, sem televisão e só com o jornal diário que estivesse na mesa onde nos sentávamos ao acaso para beber uma “caña”, desta vez fomos ao norte de Espanha, bem na fronteira entre a Galiza e as Astúrias, num “raio de acção” que nos permitiu ir a Ribadeo e à Rota das Praias, depois Gijón, Oviedo Lugo e, já de regresso, a Santiago de Compostela e Vila Garcia de Arosa, com paragem de um dia numa vilazinha encantadora chamada Cambados, com belas construções em granito a lembrar os mosteiros e berço desse néctar que é o vinho Alvarinhos.
É um passeio lindissimo, entre montanhas e praias fluviais e marítimas, algumas ainda meio selvagens, e pequenas vilas piscatórias onde ainda há vestígios nítidos das formas tradicionais de encontrar sustento, embora os sinais da crise também se notem bem nas construções abandonadas a meio e no comércio abalado.
É incrível o que se construiu em Espanha nestes últimos dez anos, tantos quantos estive sem ir para esses lados, e é uma pena que muitas localidades costeiras estejam hoje esmagadas por prédios e prédios de apartamentos, uns a esconder os outros, bem à semelhança do que encontramos por cá. E é claro que os jornais espanhóis falam muito de como sair da crise e apontam o turismo como uma fonte possível desse novo éden, pondo em causa a oferta de má qualidade e apelando a um novo planeamento, etc, etc. Por enquanto, em Junho, ainda se pode circular por algumas praiazinhas, mas os enormes parques de estacionamento à entrada e o caos dos sentidos do trânsito nas ruelas que atravessam as vilas mostram à evidência que o Verão não deve ser tranquilo por aquelas bandas.
No entanto, há coisas que nunca mudam, por estranho que pareça. Na descida a caminho de Santiago de Compostela, a mais de 100 km de distância já se viam os peregrinos de todas as idades, muitos grupos de jovens com os seus bordões com a concha, outros de bicicleta e, à medida que nos aproximávamos, um carreirinho quase constante que saía dos caminhos assinalados há séculos. Com chuva, vento, ou sol abrasador, lá seguiam todos a rota teimosamente lembrada apesar do crescimento das cidades e das vias rápidas que encurtam as distâncias mas dificultam o encontro entre as pessoas.
Passear devagar, parar para ver, não ter horas nem pressa é assim como fazer tudo ao contrário do que já é hoje a nossa rotina, por isso três ou quatro dias parecem um mês...
É um passeio lindissimo, entre montanhas e praias fluviais e marítimas, algumas ainda meio selvagens, e pequenas vilas piscatórias onde ainda há vestígios nítidos das formas tradicionais de encontrar sustento, embora os sinais da crise também se notem bem nas construções abandonadas a meio e no comércio abalado.
É incrível o que se construiu em Espanha nestes últimos dez anos, tantos quantos estive sem ir para esses lados, e é uma pena que muitas localidades costeiras estejam hoje esmagadas por prédios e prédios de apartamentos, uns a esconder os outros, bem à semelhança do que encontramos por cá. E é claro que os jornais espanhóis falam muito de como sair da crise e apontam o turismo como uma fonte possível desse novo éden, pondo em causa a oferta de má qualidade e apelando a um novo planeamento, etc, etc. Por enquanto, em Junho, ainda se pode circular por algumas praiazinhas, mas os enormes parques de estacionamento à entrada e o caos dos sentidos do trânsito nas ruelas que atravessam as vilas mostram à evidência que o Verão não deve ser tranquilo por aquelas bandas.
No entanto, há coisas que nunca mudam, por estranho que pareça. Na descida a caminho de Santiago de Compostela, a mais de 100 km de distância já se viam os peregrinos de todas as idades, muitos grupos de jovens com os seus bordões com a concha, outros de bicicleta e, à medida que nos aproximávamos, um carreirinho quase constante que saía dos caminhos assinalados há séculos. Com chuva, vento, ou sol abrasador, lá seguiam todos a rota teimosamente lembrada apesar do crescimento das cidades e das vias rápidas que encurtam as distâncias mas dificultam o encontro entre as pessoas.
Passear devagar, parar para ver, não ter horas nem pressa é assim como fazer tudo ao contrário do que já é hoje a nossa rotina, por isso três ou quatro dias parecem um mês...
Este passeio é tambem dos meus preferidos. Funciona como uma lavagem interior. Encontro nestas paragens que descreve um ambiente relaxante e reconciliador, desde que evite Vigo ;)
ResponderEliminarÉ um litoral fantástico onde se usufrui das vantagens oferecidas por uma simbiose difícil de se lhe ncontrar paralelo. O místico, a calma, o espaço, a segurança, a eleza natural preservada, o compromisso com o que é antigo, conjugado com a necessidade o moderno, e a gastronomia.
Boa escolha cara Drª Suzana!
Suzana
ResponderEliminarTem piada que também fui passar uns dias à vizinha Espanha.
O passeio que fez deixa-me uma sugestão para uma próxima saída, pois só conheço parte do percurso.
Cada vez gosto mais do contacto com a natureza. É uma fonte de inspiração e que nos ajuda a apreciar a vida, a valorizá-la naquilo que tem de mais natural.
Faz pena a sangria do betão, tanto lá como cá, feita de qualquer maneira, importando construir a bem de um desenvolvimento mais do que duvidoso. Mas ainda assim há muitas coisas bonitas que esperam por nós e que de cada vez que as procuramos ficamos com a alma tonificada...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar...e sassim se encontra uma bela colecção de viajantes e de bons garfos! ::) Sim, não tinha referido a gastronomia mas é parte integrante, pois claro, no Parador em Ribadeo a ementa é mesmo muito boa, pior é voltar à forma :(
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