domingo, 21 de junho de 2009

Coragem tardia!...

Um grupo de Economistas de formação e outros de equiparação lançaram um Manifesto, pedindo a reavaliação e, nalguns casos, a travagem dos grandes investimentos públicos. Porquê? Porque não são suportáveis pela economia e pelas finanças públicas. Diz o Manifesto que “o défice externo situou-se nos 10,5% do PIB em 2008 e a dívida externa líquida cresceu de 14% do PIB, em 1999, para cerca de 100%, em 2008, e a dívida pública directa cresceu de 56% do PIB, em 1999, para 67% em 2008”.
Fizeram bem os Economistas. Bem, mas demasiado tarde.
Uma boa parte deles, ainda não há muito tempo, entoava louvores à consolidação orçamental anunciada a cada passo pelo Governo, esquecendo ostensivamente que ela era feita, não pela redução da despesa pública, mas pelo aumento dos impostos. E, ainda mais grave, não se dando conta que a despesa corrente vinha sempre aumentando em termos nominais, em termos reais e em relação ao PIB. E, pior ainda, que o investimento público, também ao contrário do que o Governo dizia, vinha diminuindo ano após ano: em 2006, menos do que em 2005, em 2007, menos do que em 2006, e em 2008, menos do que em 2007. Muitos desses economistas, oligopolistas da opinião, com acesso livre e imediato à comunicação social, nunca o disseram no tempo devido.
Pelo contrário, também muitos deles manifestaram-se contra a política orçamental de Manuela Ferreira Leite que, contra ventos e marés, procurava sanear as contas públicas, sofrendo uma barragem de críticas que dificultou, e de que maneira, esse desiderato.
Mais valendo tarde do que nunca, fizeram bem os Economistas. Pena foi que não o tivessem feito antes. E precisassem do incentivo da derrota de Sócrates nas Europeias!...Falo de alguns, não falo, obviamente, de todos!...

15 comentários:

  1. Ainda bem que fez a ressalva final. Alguns dos economistas que subscrevem o documento já vinham denunciando a situação e não precisaram do resultado das europeias para ganhar coragem. Quanto aos outros, seja qual for o motivo de só agora virem a terreiro, é de louvar que o tenham feito. O "Apelo" parece-me um documento notável e muito bem fundamentado.

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  2. Pois é. A Manuela é que é.
    Ela é que conseguiu diminuir as despesas e fazer a consolidação orçamental. Ou será que não e a partidarite do Dr. Pinho Cardão não o deixa ver a mediocridade da ministra das fianças de Durão Barroso.
    Tirando congelamento de salários (conjuntural), venda da rede da PT ao desbarato (conjuntural), venda de dívidas que não existiam ao citigroup, obrigando o actual governo a gastar mais de 3000M€.
    O que fez realmente Manuela Ferreira Leite pela consolidação das contas públicas portuguesas?
    Nada. Zero. Assumam as vossas incapacidades de uma vez por todas.

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  3. Caro Tino:
    Em primeiro lugar, o meu amigo leia o que escrevi. Das duas, uma: ou não compreendeu, ou não quer compreender. Se não compreendeu, convido-o a ler outra vez. Se não compreender ainda, o melhor é ir às Novas Oportunidades, mas não sei se tirará resultado palpável.
    Independentemente disso, a Drª Manuela Ferreira Leite fez um trabalho notável, nas condições em que o fez e com a barragem de críticas que teve, nomeadamente do Partido Socialista. Ficou muito por fazer, mas não fica nada mal, e é justo, reconhecer o que de bom foi feito.
    Quanto à venda da dívida, qualquer observador imparcial concorda que terá sido das melhores decisões alguma vez tomadas. Permitiu encaixar dinheiro que só chegaria, se fosse cobrado, anos depois. E exigiu que os Serviços trabalhassem de forma dinâmica e proactiva na cobrança das dívidas. Se mesmo assim alguma não pôde ser cobrada pelos serviços, muita mais ficaria por cobrar se não houvesse essa imposição.
    E fique a saber que o essencial da legislação que permitiu a securitização foi preparada pelo Governo de Guterres, sinal de que se preparava para fazer o mesmo. E, se o tivesse feito, seria a decisão correcta. Mais dinheiro seria recuperado e os Serviços seriam colocados, anos antes, sob pressão, em vez de continuarem a agir com a inércia costumeira.

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  4. Caro Freire de Andrade:
    Claro que é um excelente documento. E claro que tem toda a validade. Mas teria sido muito mais útil, se tivesse chegado antes. Só isso!...

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  5. Sobre isso tenho esta teoria...

    http://tonibler.blogspot.com/2009/06/do-ferromagnetismo-e-da-esperteza.html#links

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  6. Excelente texto, caro Pinho Cardão!

    Se tudo o que se tem passado neste governo populista (ooops, quero dizer socialista) tivesse sido feito pelo PSD, caia o Carmo e a Trindade. Teríamos debates de hora a hora nas televisões, manchetes dos jornais sobre as trapalhadas, fóruns nas rádios sobre todas as inverdades governamentais, etc.

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  7. Se Sócrates não fosse um vendedor de banha-de-cobra estatista, ainda me veria transformado em simpatizante do homem: Gosto pouco de ver os ratos a abandonarem o navio que se afunda. Salvo Medina Carreira, Vitor Bento, Cadilhe e mais um ou outro.

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  8. Muitos dizem-se corajosos
    sempre prontos a opinar,
    muitos são pegajosos
    a quem está a governar.

    Não contam toda a verdade
    nas suas doutas alusões,
    logo perdem credibilidade
    criando ignóbeis ilusões!

    Com o barco a naufragar
    alguns descobrem a virtude,
    isto não é forma de apagar
    a sua tremenda lassitude.

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  9. Caro Pinho Cardão,

    Leio este teu post e constato que, também tu, relativamente a um documento que suponho consideras bem feito, voltas a tua crítica não para o documento em si mas para os subscritores.

    Não estás só.

    Praticamente, de todos os quadrantes políticos, as críticas são de fulanização e não de avaliação do mérito ou demérito do documento e da proposta.

    Porque há um documento (ou um conjunto deles) e há uma proposta de entregar a apreciação do assunto a um "comité" de sábios.

    Por cá é (quase) sempre assim: Não se discutem as ideias mas os fulanos.

    Percorro a Blogocidade e ainda não encontrei uma apreciação crítica do documento. Há até quem o considere um "exercício extremamente bem feito" para depois dizer alto lá ...vamos a ver quem são eles e, dos 28, só reconhece como economistas um ou outro.

    http://pedrolains.typepad.com/pedrolains/2009/06/o-manifesto-dos-28-quem-s%C3%A3o.html

    Mas se fores aqui

    http://corporacoes.blogspot.com/2009/06/viagens-na-minha-terra_21.html

    constarás, presumo, que estás "mal acompanhado".

    Discutamos o documento.Discutamos a proposta. Independentemente dos seus autores.

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  10. Mais um exemplo acabado de um país sem rumo...

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  11. Leste mal, caro Rui.
    Elogiei o Manifesto. E o maior elogio que lhe fiz foi dizer que devia ter vindo mais cedo. Para ser mais eficaz.
    Não discuti os Autores.Mas não me pareceu bem a oportunidade para a publicação do mesmo, logo após a derrota de Sócrates.
    Se o probema levantado se coloca há muito, porquê só agora? De qualquer modo, mais vale tarde do que nunca. Mas não afasta a ideia que é mais um, agora, a bater no ceguinho!...
    Aqui no 4R, por exemplo, o homem era criticado quando merecia, mesmo quando se apresentava na sua máxima força!...

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  12. Anónimo19:29

    Honra seja feita à Drª Ferreira Leite, já em 2005 era genericamente contra a utilização do investimento público para fazer crescer a economia. Talvez por intuição ou saber de experiência, a Drª saiba que os lideres políticos que temos tido identificam mal as necessidades do país; as instituições que temos actualmente não sabem executar os investimentos escolhidos e os agentes económicos tratam de sugar os recursos postos à disposição.
    Investimento público nestas condições é de evitar, mesmo que o cenário macro económico não fosse o que é.

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  13. Sou social Democrata desde sempre, mas tenho medo muito medo do que vem ai...O PSD que vai entrar com Manuela Ferreira Leite não são os rostos visiveis, são os nomes que a própria não quer dizer....isso sim me faz ter medo, medo do futuro de Portugal!!!
    Já começou as ameaças politicas e perseguições internas no PSD...quem não apoiou MFL e Santana Lopes está já a ser perseguido, e a ser ameaçado de que assim que estiverem no poder os vão destruir etc.....

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  14. Concordo que a avaliação do documento em si é mais importante que as pessoas que o fizeram até porque se faz com duas palavras que o meu filho mais velho usa muito: DAAH!!!! OINNC!!! (devidamente acompanhadas por uma mão a abanar em frente à cara...)

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  15. caro Pinho Cardão,

    A esta intervenção pública do distinto grupo de economistas do regime (sem desprimor e com algumas,poucas, excepções), cabe comentar "mais vale tarde do que nunca".
    Já há muito tempo que outros "economistas", certamente menos competentes e exteriores ao regime do que este valente punhado, vinham clamando nomeadamente neste 4R contra a falta de racionalidade económica e social do "Programão" - um amontoado de projectos de "investimento" com fraquíssima lógica económica tendo como único traço de união o de induzirem despesa, como tal sendo tidos por virtuosos.
    Mas ainda bem que chegaram estes economistas - para que a mesma argumentação, até aí não merecedora de grande crédito junto dos "media" passasse a gozar de um novo estatuto...

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