Muito raramente vou às praias da Costa de Caparica. A razão é muito simples, é que a Costa de Caparica é um verdadeiro inferno, um atentado ao ambiente e ordenamento do território, uma ameaça à qualidade de vida e bem estar das pessoas, é um desafio à tolerância e paciência dos cidadãos e dos contribuintes.
Mas hoje lá fui, um pouco contrariada, com aquela ideia de lá vou eu meter-me em engarrafamentos, na poeirada e no meio da confusão. Mas tinha que ser porque os amigos não têm culpa e gostos não se discutem.
Passaram-se décadas e não fomos capazes de impedir a degradação da fabulosa costa da Costa de Caparica, deixámos avançar o betão e de forma anárquica, como já vem sendo hábito pelo país fora, e deixámos que as areias fossem levadas pelo mar. Pouco ou nada fizemos para fazer a sua reabilitação urbana e valorização ambiental e, em particular, para oferecer aos habitantes de Lisboa e Almada e ao turismo local a fruição de um espaço de veraneio que tinha (ou tem) todas as possibilidades de ser um ex-líbris.
É nestas coisas que podemos bem avaliar a facilidade com que embarcamos, anos após anos, em políticas medíocres, incapazes de travarmos os erros da destruição do ambiente, do desordenamento do território e da “diarreia” do betão e pouco exigentes no conceito de bem estar e de qualidade de vida.
Portugal tem uma costa maravilhosa, o mar, as falésias, as arribas, as praias, a vegetação, as vistas e muito mais. É um privilégio que deveríamos acarinhar e aproveitar com todo o respeito. Não tem sido assim, muito se tem destruído e de forma irreversível. Somos ingratos e incultos.
A Costa de Caparica é, para a minha geração, um caso chocante, uma vergonha. Passaram-se décadas e o espectáculo não acabou. É um desastre urbanístico desde que me conheço.
Mas parece haver agora uma luzinha ao fundo do túnel. Fiquei agradavelmente admirada com a reabilitação da zona dos pontões que se desenvolve para norte da vila da Costa de Caparica numa extensão de várias centenas de metros. Foi feita uma limpeza geral urbanística em redor e recriada uma vasta zona, supostamente, verde na qual se adivinham árvores e arbustos recentemente plantados, foram construídos bons acessos para automóveis, bicicletas e zonas pedonais, incluindo amplos parques de estacionamento bem empedrados com estruturas modernas de protecção solar, foi construído um passeio marítimo com acesso às praias servido por equipamentos de restauração uniformes na sua arquitectura e de design simples, bem integrados na paisagem marítima, e foram aumentadas as áreas úteis de areia para os banhistas. Reparei nos ecopontos estrategicamente colocados.
Enfim, o que vi, sendo uma pequena intervenção em relação à dimensão do problema que se estende ao longo de toda a costa - da Trafaria até à Fonte da Telha - representa um volte face em relação ao estado de coisas prevalecente.
Fui informada que a reabilitação operada foi realizada ao abrigo do Programa Polis, através de um papelinho que se encontrava pendurado no vidro do meu automóvel que avisava que dentro em breve o estacionamento seria cobrado.
Tenhamos, pois, esperança que a operação de requalificação se estenda por toda a Costa de Caparica. Depois de décadas de desvario urbanístico e desmazelo ambiental, ainda assim mais vale tarde do que nunca!
Mas hoje lá fui, um pouco contrariada, com aquela ideia de lá vou eu meter-me em engarrafamentos, na poeirada e no meio da confusão. Mas tinha que ser porque os amigos não têm culpa e gostos não se discutem.
Passaram-se décadas e não fomos capazes de impedir a degradação da fabulosa costa da Costa de Caparica, deixámos avançar o betão e de forma anárquica, como já vem sendo hábito pelo país fora, e deixámos que as areias fossem levadas pelo mar. Pouco ou nada fizemos para fazer a sua reabilitação urbana e valorização ambiental e, em particular, para oferecer aos habitantes de Lisboa e Almada e ao turismo local a fruição de um espaço de veraneio que tinha (ou tem) todas as possibilidades de ser um ex-líbris.
É nestas coisas que podemos bem avaliar a facilidade com que embarcamos, anos após anos, em políticas medíocres, incapazes de travarmos os erros da destruição do ambiente, do desordenamento do território e da “diarreia” do betão e pouco exigentes no conceito de bem estar e de qualidade de vida.
Portugal tem uma costa maravilhosa, o mar, as falésias, as arribas, as praias, a vegetação, as vistas e muito mais. É um privilégio que deveríamos acarinhar e aproveitar com todo o respeito. Não tem sido assim, muito se tem destruído e de forma irreversível. Somos ingratos e incultos.
A Costa de Caparica é, para a minha geração, um caso chocante, uma vergonha. Passaram-se décadas e o espectáculo não acabou. É um desastre urbanístico desde que me conheço.
Mas parece haver agora uma luzinha ao fundo do túnel. Fiquei agradavelmente admirada com a reabilitação da zona dos pontões que se desenvolve para norte da vila da Costa de Caparica numa extensão de várias centenas de metros. Foi feita uma limpeza geral urbanística em redor e recriada uma vasta zona, supostamente, verde na qual se adivinham árvores e arbustos recentemente plantados, foram construídos bons acessos para automóveis, bicicletas e zonas pedonais, incluindo amplos parques de estacionamento bem empedrados com estruturas modernas de protecção solar, foi construído um passeio marítimo com acesso às praias servido por equipamentos de restauração uniformes na sua arquitectura e de design simples, bem integrados na paisagem marítima, e foram aumentadas as áreas úteis de areia para os banhistas. Reparei nos ecopontos estrategicamente colocados.
Enfim, o que vi, sendo uma pequena intervenção em relação à dimensão do problema que se estende ao longo de toda a costa - da Trafaria até à Fonte da Telha - representa um volte face em relação ao estado de coisas prevalecente.
Fui informada que a reabilitação operada foi realizada ao abrigo do Programa Polis, através de um papelinho que se encontrava pendurado no vidro do meu automóvel que avisava que dentro em breve o estacionamento seria cobrado.
Tenhamos, pois, esperança que a operação de requalificação se estenda por toda a Costa de Caparica. Depois de décadas de desvario urbanístico e desmazelo ambiental, ainda assim mais vale tarde do que nunca!
Pelos motivos que invoca, também eu não visito a Costa da Caparica há muitos anos e fico satisfeito pelas melhorias que descreve, mas confesso que não sou grande adepto do popular ditado com que inicia e termina o seu post.
ResponderEliminarDe facto, um dos aspectos mais decisivos da nossa vida é o tempo limitado de que dispomos. Assim, se a solução de um problema consome uma fracção exagerada do nosso tempo de vida, não sei se podemos ficar muito satisfeitos.
Podemos ficar satisfeitos pelos vindouros, que vão encontrar um problema resolvido, mas se as estruturas da administração pública, responsáveis pela resolução dos problemas do grande "condomínio", continuarem a actuar com a lentidão que temos testemunhado, os actuais e próximos problemas serão resolvidos em prazos que, da mesma forma, representarão uma fracção exagerada do tempo de vida dos nossos descendentes, o que não lhes dará grandes motivos de satisfação.
Por isso, era bom que, naquilo que respeita à administração pública, rejeitássemos o ditado “mais vale tarde que nunca”, exigindo a governos nacionais e locais a resolução dos problemas em prazos tão curtos quanto o nosso tempo de vida útil nos permite aceitar.
Efectivamente na Costa de Capa Rica, foi feito um trabalho ambiental urbanístico, estéticamente muito agradável e funcional tambem. Apesar de no meu ponto de vista, se ter aproximado demasiadamente os carros dos espaços de lazer e fruição.
ResponderEliminarSe a colocação dos eco pontos foi objecto de cuidado selectivo, tal como dos equipamentos de restauração, os estacionamentos a meu ver, visaram especialmente satisfazer o conforto deste povo que se habituou a estacionar o pópo ao lado da mesa do restaurante, ou ao lado da toalha da praia.
E depois, cara Drª Margarida, juntamente com o pópo, vem inevitávelmente o vandalismo, a degradação precoce dos pisos e dos equipamentos. Não vai tardar muito, possívelmente na próxima época balnear, se voltar à Costa da Capa Rica, irá dizer; ainda o ano passado isto estáva tão bonito, tão agradável e já alguem estoirou com isto... mais aquilo... e aqueloutro... Espero que não sinceramente.
Olhe, ha dias fui convidado para almoçar em Troia. Passei de barco e o casal amigo que me esperava, depois de estacionar o carro, levou-me a conhecer as novas obras, os novos equipamentos, a marina, os passeios pedonais, etc.
Devo referir que Troia está bonita.
Mas, qual é o meu espanto, quando começo a notar no chão do passeio pedonal construído em madeira sobre estacaria e que se estende ao longo da praia, paralelo aos apartamentos, a falta de uns "candeeirinhos" que acumulam energia solar durante o dia e acendem à noite, dando referência a quem passeia e embelezando.
Comentei o facto com os meus amigos e por graça disse-lhes: realmente o país está em crise, o Sr. Engº Belmiro vendeu estes apartamentos de luxo a gabirus que vêm à noite fanar os candeeiros.
Eles atalharam de imediato; não são os proprietários que roubam a iluminação, mas sim quem vem de fora... isto está acessível a toda a gente...
Pensei com os meus botões: mas porque raio é que ainda abro a boca? nunca ninguem entende as minhas piadas... vou tornar-me eremita e esquecer a sociedade!
Cara Dra. Margarida Aguiar:
ResponderEliminarMuito bem observado, sem dúvida. Bem poderia este texto ser um discurso ampliado e aproveitado por um vereador da Câmara de Almada para na Assembleia Municipal abanar as cabecinhas daqueles senhores que há anos assistem impávidos à destruição e degradação de toda aquela extensão, desde a Costa da Caparica até à Fonte da Telha.
Fizeram-se umas obras, mas os problemas subsistem.
Caro Jorge Oliveira
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente tudo o que disse. Não podemos ficar satisfeitos com os erros, incluindo os de omissão, que se cometem na gestão da coisa pública.
No caso do desvario do desordenamento do território e dos atentados ao ambiente estão em causa perdas imensas que prejudicam gerações inteiras e comprometem caminhos sustentáveis de futuro.
Caro Bartolomeu
Tenhamos esperança que o espaço agora reabilitado seja respeitado e valorizado por todos aqueles que dele irão usufruir.
Veremos também se o estacionamento foi bem dimensionado para a procura e se haverá fiscalização suficiente para não permitir o estacionamento por cima de "montes e vales" para fugir aos parquímetros. Estou mesmo a ver!
Caro Bartolomeu
Reparei bem na sua última frase. Está proibido, desculpe-me a frontalidade, de se tornar eremita. Faz cá muita falta!
Caro jotaC
Pode crer que preservação e valorização ambiental, reabilitação e recuperação urbana são música celestial para muito "boa" gente, incluindo câmaras municipais!
Agradeço a su simpatia, cara Drª. Margarida Aguiar.
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