domingo, 12 de julho de 2009

Um País fora da realidade

Para lá das afirmações de combate ao desemprego, a realidade revela-nos todos os dias medidas de uma incompreensível irracionalidade que agravam as disfunções estruturais do mercado de trabalho. É grave a situação dos desempregados de longa duração. E é especialmente complicada a condição daqueles que, tendo concluido um curso superior, não vislumbram oportunidade de realização pessoal e profissional. Um dos grupos mais afectados é o dos licenciados em Direito. Milhares de jovens licenciados vivem o desespero de uma Administração Pública que não abre os seus quadros, empresas que não admitem juristas, condenada a grande maioria à vala comum em que se tornou a advocacia de indigência, tenham ou não vocação para a profissão.
Apesar disto, os números das vagas nas universidades são reveladores do autismo que campeia. Á manifesta falta de médicos responde-se abrindo mais uma vaga nas faculdades de medicina. Perante o excesso de licenciados em Direito as universidades abrem o maior número de vagas de entre todos os cursos!

6 comentários:

  1. A preocupação do bastionário da ordem dos médicos, Pedro Nunes, é com as quarenta vagas abertas para licenciados de outras áreas.

    Pobre País que mantêm estes pobres corporações de quem quer ter um estatuto de notável acima dos outros.

    Como é possível esta classe continuar a ser a única classe em Portugal, que agrilhou e muralhou a profissão (igual entre as iguais), criando tantos problemas e frustrações a doentes e jovens com vocação.

    Não é a qualidade das prestações aos doentes que os preocupam, mas a manutenção de um estatuto de privilégio, que não se coaduna nem já com o séc.XX quanto mais com o XXI.

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  2. Caro JM Ferreira de Almeida,

    É deveras preocupante esta forma de "organização" que temos. Como é possível continuarmos a cometer os mesmos erros, ano após ano?

    Caro maioria silenciosa,

    Já cá faltava a história dos privilégios... parece a cassete do partido comunista!

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  3. I Parte

    À lenta deriva inicial
    segue-se o rápido afundamento,
    da política demencial
    regulamento atrás de regulamento.

    A ideia de facilidade
    é democrática e igualitária,
    é esta a moralidade
    de uma política segmentária!

    Com base na autoridade
    do mais puro despotismo,
    tamanha é a imbecilidade
    deste ignóbil autismo!

    Epílogo

    Os despojos educativos
    desta política miserável,
    são ademais elucidativos
    da podridão deplorável.

    Esta triste realidade,
    com milhões desperdiçados,
    é feita de futilidade
    e de diplomas amassados!

    Sem retorno tangível
    para o resto da sociedade,
    esta política fungível
    dilacera até à saciedade!

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  4. José Mário
    Com a falta de médicos com que nos confrontamos, com tendência para se agravar, em particular em determinadas especialidades, seria de esperar um maior número de vagas para medicina. Há, aliás, alunos interessados em seguir medicina.
    Seria bom que o País conhecesse as necessidades a médio e longo prazos e quais são exactamente as políticas para lhes fazer face.
    É incompreensível que as vagas de cursos com dificuldades de saída profissional, como é o caso de direito, tenham aumentado.
    Não faz sentido o que se está a passar. Mais uma vez sou levada a concluir que não há planeamento, não há articulação de políticas e não há informação que oriente as escolhas dos alunos.

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  5. Caro Fartinho da Silva

    Concordo consigo que estamos todos fartos.

    Se há alguém insuspeito de excesso de cassete é a maioria silenciosa, porque a nossa avaliação das políticas e dos partidos não se faz por pacote, mas política à política e situação a situação. Levantar-se sempre a bandeira do partido é apenas o reflexo do levantar sempre a bandeira da partidarite clubística, assacando-se ao árbitro as culpas das derrotas.

    Aliás é por quadros mentais de ou se é por mim ou contra mim, que chegámos a este estado de coisas.

    Ou duvida do poder das corporações e da sua maneira ardilosa de manter privilégios?

    Ou pensa que a responsabilidade de não se abrirem mais vagas para medicina, enquanto se abrem mais para direito é apenas fruto de falta de planeamento e de articulação de políticas? Ou pensa também que os médicos são seres privilegiados e todas as outras formações são para seres menores? É que nem sempre há coincidências!

    E se o é, voltamos à estaca do poder das capelas e corporações ... que as há demais neste quintal mal frequentado e sem sentido de comunidade!

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  6. Caro maioria silenciosa,

    Esta ideia de apontar as vantagens desta ou daquela profissão omitindo as desvantagens e apelidando os seus profissionais de privilegiados, é um raciocínio perigoso...!

    O partido comunista alcançou o poder em diversos países dizendo que todos deveríamos ser iguais, não me parece que quem defende a economia de mercado possa aceitar este raciocínio!

    É óbvio que um médico tem que ter vantagens profissionais em relação a outras profissões, assim como é óbvio que tem que ter desvantagens...!

    É óbvio que as empresas num mercado livre e regulado ofereçam regalias diversas de forma a terem os melhores entre si, é óbvio que o Estado ofereça empregos com uma grande segurança de forma a não ter que pagar grandes salários entre os seus profissionais. Tudo isto é óbvio!

    Aqueles que consideram que os médicos são privilegiados, façam uma coisa muito simples: estudem medicina e depois exerçam medicina! Muito simples...

    Por isso, meu caro, continuarei a desconfiar de todos aqueles que defendem a ideia de que todos devemos ser iguais! É uma questão ideológica, apenas isso.

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