segunda-feira, 31 de agosto de 2009

As novidades da longa vida


Os japoneses acusam o Partido agora vencido nas eleições de não ter sabido combater o envelhecimento da população durante as largas décadas que esteve no poder.
No Japão, o número de centenários duplicou nos últimos cinco anos e hoje há cerca de 37 mil com mais de 100 anos, 85% dos quais mulheres, e um em cada cinco cidadãos tem mais de 65 anos. Por outro lado, o número de jovens com menos de 14 anos é o mais baixo desde 1950, o que é atribuído à entrada das mulheres no mercado de trabalho, ao adiamento do casamento e à estagnação económica. Nas últimas três décadas, o número de japonesas solteiras entre 30 e 34 anos subiu de 7% para 32% e o de homens solteiros, de 14% para 47%.
Li algures num jornal o testemunho amargo de alguns desses centenários, lembrando como é difícil o dia-a-dia de quem perdeu capacidades e muitas vezes autonomia, de como são longas as horas sem nada para fazer, de como é dura a solidão. E esses foram ainda os que tiveram filhos e netos, pelos vistos e geração mais nova nem vai ter a quem se queixar ou com quem contar a não ser aos serviços de apoio e aos programas de ocupação que sejam previstos para todos.
O novo mundo tecnológico, cientificamente avançado, cheio de altas velocidades e receitas para a longa vida e máximo proveito, enfrenta um problema estranho: a velhice dos muitos que não morreram e a prolongada juventude dos poucos que nasceram.

2 comentários:

  1. Anónimo11:11

    Deve ser uma fase, mas noto que o 4R anda por estes dias muito orientalizado...

    Visitei, há já alguns anos, o Japão. É notório o número de idosos, mas fiquei com a ideia, pelos vistos falsa, de que existia muita juventude.
    Um pouco a latere do post, houve uma coisa que me impressionou deveras - a vontade dos mais velhos se conservarem activos e úteis à sociedade.
    Explicaram-me que a maioria, para além de hábitos de combate à sedentarização com actividades físicas diárias - o que explicará em parte a longevidade - encerradas as suas carreiras profissionais prolongam a sua vida activa com serviços prestados graciosamente à comunidade. Vi alguns exemplos disso.
    Registei esse e outros aspectos de uma cultura milenar que nos ensina que não é necessário que seja o Estado a ditar as regras da solidariedade.

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  2. Suzana
    Os japoneses são conhecidos pela sua longevidade. As pessoas mais velhas do mundo vivem no Japão. Os japoneses preocupam-se muito com a saúde. Não há japonês que se preze que não tenha um qualquer seguro de saúde. Aliás, os japoneses são "fanáticos" dos seguros. Têm seguros para tudo, de vida, de morte, de envelhecimento e por aí fora!
    A medicina faz maravilhas e tem permitido aumentar a esperança média de vida das populações. A esta evolução extraordinária não correspondeu ainda, a bem dizer, uma reorganização da sociedade e da economia que permita assegurar qualidade de vida e bem-estar aos velhos e à sociedade em geral. Não parece haver uma resposta (ou consciência) à altura do desafio da longevidade. Em Portugal, então, é assunto de que não se fala!
    O número de solteiros no Japão, suponho que sem filhos (será?), é assustador. Quem irá tratar destes solteiros quando chegarem aos cem anos?

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