Todos os anos a compra dos manuais escolares constitui para a maioria das famílias portuguesas um verdadeiro pesadelo.
Apesar do aumento do número de famílias abrangido pela acção social escolar, a verdade é que a maioria das famílias com filhos a estudarem enfrenta no início do ano lectivo grandes dificuldades para fazer face ao custo do material ditado pelas escolas. A semana passada a imprensa divulgou vários orçamentos, dos quais retive que o custo dos manuais escolares no 10º ano ronda os 250 euros. Ora convenhamos que se trata de um montante que não está alinhado com a remuneração média da família portuguesa e ao qual haverá que juntar um vasto conjunto de outros gastos obrigatórios a que é necessário fazer face.
Não bastando esta dor de cabeça, também se constata que tem sido normal nos últimos anos os preços dos manuais escolares sofrerem aumentos bem acima da inflação, o que só agrava as dificuldades. Este ano, por exemplo, num cenário de taxa de inflação nula ou mesmo negativa, o agravamento dos preços pode ir até aos 5,6%.
Reparei, aliás, na publicidade de vários bancos sobre o lançamento de linhas de crédito especiais para a aquisição de material escolar.
Mas o que mais me intriga é que as escolas não promovam a reutilização e até a reciclagem dos manuais escolares, contribuindo para ajudar as famílias a resolverem problemas concretos e fazendo a pedagogia nos alunos da necessidade de pouparem e combaterem o desperdício.
Lembro-me que no meu tempo de estudante do liceu, os meus pais tinham a preocupação de os meus irmãos herdarem os livros da irmã mais velha. Havia da minha parte e dos meus irmãos a preocupação de preservar e poupar os livros porque a sua utilidade atravessava pelo menos três anos lectivos. Esta preocupação de pais e filhos em relação à reutilização dos livros era incentivada pela comunidade escolar e partilhada de um modo geral por todos.
Hoje não é assim que as coisas se passam. Não há aparentemente incentivos para o fazer, o que não deixa de ser estranho já que o principal incentivo seria justamente a poupança de despesas, permitindo uma melhoria da gestão do rendimento familiar.
Como não somos um país de abundantes recursos, damo-nos ao luxo de gastar como se fossemos ricos…
Apesar do aumento do número de famílias abrangido pela acção social escolar, a verdade é que a maioria das famílias com filhos a estudarem enfrenta no início do ano lectivo grandes dificuldades para fazer face ao custo do material ditado pelas escolas. A semana passada a imprensa divulgou vários orçamentos, dos quais retive que o custo dos manuais escolares no 10º ano ronda os 250 euros. Ora convenhamos que se trata de um montante que não está alinhado com a remuneração média da família portuguesa e ao qual haverá que juntar um vasto conjunto de outros gastos obrigatórios a que é necessário fazer face.
Não bastando esta dor de cabeça, também se constata que tem sido normal nos últimos anos os preços dos manuais escolares sofrerem aumentos bem acima da inflação, o que só agrava as dificuldades. Este ano, por exemplo, num cenário de taxa de inflação nula ou mesmo negativa, o agravamento dos preços pode ir até aos 5,6%.
Reparei, aliás, na publicidade de vários bancos sobre o lançamento de linhas de crédito especiais para a aquisição de material escolar.
Mas o que mais me intriga é que as escolas não promovam a reutilização e até a reciclagem dos manuais escolares, contribuindo para ajudar as famílias a resolverem problemas concretos e fazendo a pedagogia nos alunos da necessidade de pouparem e combaterem o desperdício.
Lembro-me que no meu tempo de estudante do liceu, os meus pais tinham a preocupação de os meus irmãos herdarem os livros da irmã mais velha. Havia da minha parte e dos meus irmãos a preocupação de preservar e poupar os livros porque a sua utilidade atravessava pelo menos três anos lectivos. Esta preocupação de pais e filhos em relação à reutilização dos livros era incentivada pela comunidade escolar e partilhada de um modo geral por todos.
Hoje não é assim que as coisas se passam. Não há aparentemente incentivos para o fazer, o que não deixa de ser estranho já que o principal incentivo seria justamente a poupança de despesas, permitindo uma melhoria da gestão do rendimento familiar.
Como não somos um país de abundantes recursos, damo-nos ao luxo de gastar como se fossemos ricos…
A reciclagem para os manuais escolares, seria o exemplo de uma política de País desenvolvido!
ResponderEliminarQuer pelo oneroso encargo anual para os agregados familiares, na compra dos ditos manuais, quer em termos ambientais...
Mas e depois as editoras???
Quem não chora, não mama...
Creio que o que está definido é que a escola tem que utilizar o mesmo manual 3 anos seguidos, de forma a poderem ser reutilizados, o problema é que o espaçamento médio de idades entre irmãos deve ser superior. Além disso, muitos manuais são de preenchimento no próprio.
ResponderEliminarGuardei um título do jornal Público do ano passado(5 Set.), que dizia o seguinte:
ResponderEliminar”Famílias gastam 80 milhões de euros em manuais "obrigatórios" no regresso às aulas.
As famílias portuguesas deverão comprar em Setembro cerca de dez milhões de manuais definidos pelas escolas como "obrigatórios". O regresso às aulas para os mais de 1,4 milhões de alunos faz movimentar todos os anos um negócio de milhões.”
Na Alemanha (pelo menos no estado onde vivo) os alunos (do ensino secundário) podem, mediante uma quantia relativamente pequena (até 50 euros), levantar por empréstimo TODOS os manuais escolares que precisam. Quem quiser pode também comprar, mas a grande maioria levanta os livros na biblioteca da escola.
Claro que para isto ser possível é necessário haver estabilidade de programas escolares, de forma a permitir a continuidade e reutilização dos livros (com horizonte temporal muito superior aos 3 anos).
Cara Margarida,
ResponderEliminarSerá que cabe à escola incentivar a partilha dos manuais escolares?
Considero que a escola deve oferecer essa possibilidade, mas a escolha cabe aos pais dos alunos.
Por outro lado é bom não esquecer que estamos muito habituados a atirar com todas as responsabilidades para cima da escola, esquecendo que existem diversos lobbies que gravitam em torno da mesma e devem a sua existência à escola inclusiva e democrática inventada e cimentada pelo Bloco Central.
Enquanto não se recentrar a missão da escola naquilo que sabe fazer - a transmissão dos conhecimentos e da cultura duramente conquistados pelas gerações anteriores - estes lobbies continuarão a alimentar-se dos dinheiros do contribuinte e de todos aqueles que acreditam na banha da cobra.
Espero, sinceramente, que o próximo governo faça neste sector aquilo que as grandes empresas fizeram nos idos anos 80 quando começaram a definhar com as imensas missões que o seu enorme tamanho começou a exigir: recentraram a sua missão, fizeram o outsourcing de tudo aquilo que não sabiam fazer bem, dividiram a empresa em unidades mais pequenas centradas em projectos, fizeram o downsizing das estruturas intermédias, reduziram o número de processos, simplificaram processos, aumentaram os salários e criaram prémios de desempenho para os colaboradores core da empresa, etc.
Enquanto isto não for feito continuaremos a empobrecer alegremente, uma vez que são as gerações que temos mantido entretidas na "escola" inclusiva que vão competir com o resto do mundo.
O sector onde talvez o slogan do PSD faça mais sentido "Política de Verdade" parece-me ser o da instrução (até o nome do Ministério é uma enorme falácia, na minha opinião)!
Tenho dois filhos já na universidade com diferença de 2 anos entre eles e penso que desde o 5º ao 12º ano não passou um único livro do mais velho para o mais novo.
ResponderEliminarNa altura os livros eram escolhidos pela escola e mudavam a cada 3 anos, para além de serem concebidos para que os alunos fizessem os exercícios no próprio livro.
Isto não é atitude de um país rico, é atitude de um país amorfo e de um poder submisso aos lobbies.
Porque não estabelecer por concurso público o livro único da disciplina para os próximos 10 anos.
Se se adjudicam milhões num troço de estrada, porque não adjudicar a produção do livro de Inglês ou Matemática para os próximos 10 anos.
Os editores concorrentes teriam que seguir o programa estabelecido pelo ministério da educação e os livros seriam objecto de uma avaliação cientifica e pedagógica pelos serviços do ministério, prévia ao concurso público.
Dos admitidos a concurso seria escolhido o que apresentasse o preço de venda ao público mais baixo.
O editor escolhido teria a garantia de venda de milhões de exemplares nos próximos 10 anos.
Claro que este sistema poderia ser complementado com a reciclagem de livros entre irmãos ou pela organização de bancos de livros pela própria escola.
Caros Comentadores
ResponderEliminarHá ainda muito para fazer neste domínio dos manuais escolares e do material escolar, de modo a promover a reutilização e a fazer a pedagogia da utilidade e combater a ideia da exibição das marcas.
É na mudança de comportamentos, por parte dos professores, das escolas, dos pais e dos alunos, que se deve, a meu ver, apostar. É a melhor forma de combater o lobby das editoras que foi mencionado pelo Caro Engenheiro Mouta.
O Ministério da Educação tem também responsabilidades. Embora tenha fixado o prazo de actualidade dos manuais – julgo que presentemente três anos e a partir de 2010 seis anos - que o Caro Tiago Barbosa bem recordou, a verdade é que nem todas as escolas estão a cumprir com esse regime. É claro que a transmissibilidade ou empréstimo dos manuais nem sempre é possível, designadamente nas disciplinas de português e de matemática. Mas há uma vasta gama de disciplinas em que a reutilização está longe de ser bem conseguida, com responsabilidades repartidas.
Não há razão para que um aluno não possa reutilizar um manual escolar de um outro aluno. A reutilização deve ser feita entre irmãos, quando possível, mas pode e deve ser estendida à comunidade de alunos.
O exemplo apresentado pelo Caro Luís Bonito vem de um país rico, a Alemanha. Mas por ser um país desenvolvido adopta políticas e comportamentos que permitem libertar recursos que de outra maneira seriam desnecessariamente consumidos com prejuízo para a sociedade em geral, porventura com benefício para um grupo limitado de agentes económicos. Estamos em presença de matéria de interesse público que deve ser adequadamente regulada e fiscalizada.
Caro Fartinho da Silva
Acho que também cabe à escola promover a reutilização dos manuais escolares e do material escolar, enquanto parte de uma comunidade que procura oferecer e obter o melhor desempenho ao mais baixo custo. A escola tem aqui um papel muitíssimo importante. Se por exemplo não adoptar os mesmos manuais para um período alargado de anos lectivos, como se está a verificar, não está a prestar um bom serviço. Se por exemplo solicitar no início do ano, como tem estado a acontecer, material escolar que depois não é utilizado durante o ano não está a cumprir com a sua missão.
A escolha cabe, forçosamente, aos pais dos alunos. A escola não os pode obrigar. Mas a escola pode e deve, a meu ver, fazer a pedagogia de comportamentos correctos e eficientes, criando um ambiente que os propicie, por exemplo criando, e em conjunto com outras escolas, uma biblioteca de livros reutilizados. Porque não? A escola é também um facilitador da sua função principal que é a formação.
Não seria má ideia mudar o nome ao ministério da educação. Mas Caro Fartinho da Silva o problema do "recheio" não ficava automaticamente resolvido!
Caro Altivar
A ideia de instituir concursos públicos para a adjudicação de livros poderia ser explorada. Penso que implicaria uma partilha de risco. Estariam, e em que medida, as editoras, o ministério da educação e os pais dispostos a fazê-lo? Assegurar a produção por um período mais ou menos longo de milhões de manuais para um dado preço poderia implicar que fosse garantido às editoras um determinado nível de facturação.
O preço dos manuais, independentemente dos níveis de reutilização, é sem dúvida, uma parcela do problema. Havendo mudança de comportamentos, a reutilização sempre acabará por determinar maior competitividade no mercado das editoras e, por conseguinte, preços mais competitivos.