Imaginem abrir o computador e ler a seguinte mensagem: “Smile today & always”, numa rede social da internet. Quem o escreveu fê-lo com carinho. Não conheço a sua voz, mas sei que é uma mulher de armas que lutou e continua a lutar pelo direito à “fertilidade”, a suprema essência da existência que a Natureza, na sua soberana indiferença, acaba por negar a muitos casais. Não conheço a sua voz. A voz é algo ímpar que ninguém ignora, a qual está associada musicalidade. Há quem afirme que a capacidade de produzir e apreciar música precedeu, e em muito, o aparecimento da linguagem. Quem diria que esta análise foi atribuída a Darwin pelo mais célebre ser virtual que continua a viver no imaginário de muitos: Sherlock Holmes. No regresso de um concerto, o detetive tece considerações sobre a música e o facto de ela “exercer em nós uma influência tão subtil”. – “Deve haver nas nossas almas vagas memórias desses séculos nevoentos em que o mundo estava na sua infância. – É uma ideia um tanto vasta. Observou Watson. – As nossas ideias devem ser tão vastas quanto a Natureza, se quisermos interpretá-la. Setenciou Sherlock” (in Um Estudo em Vermelho – Sir Conan Doyle).
Eu quero interpretar a “ideia” do gentil voto.
Falei da voz, porque tenho o hábito de, ao ler o que quer que seja, atribuir “musicalidade” ao narrador ou ao protagonista. Se o conheço, se já o ouvi, então, é certo e sabido que “ouço” as suas palavras ao lê-las. Se não o conheço ou nunca o ouvi, sou obrigado a inventar uma voz, dura ou suave, aguda ou grave, timbrada ou não, rouca ou cristalina, alta ou baixa, enfim, “divirto-me” com estas construções. Quando acabo por conhecer a verdadeira voz, nem que seja uma única vez, trato logo de substituir a artificial. Às vezes são parecidas, outras não, umas vezes fico contente, outras um pouco dececionado, mas nunca ao ponto de deixar de ler. Não sei se este método é útil ou não, talvez até seja ao permitir fixar melhor alguns conceitos ou ideias. De facto, “ler” com a voz autêntica é delicioso. As ideias, as reflexões e os comentários percorrem o corpo como ondas sonoras refletindo a tal musicalidade, que não só enriquece como chega a revelar o verdadeiro sentido dos mesmos.
“Smile today & always” revela uma atitude doce de alguém que, ao ler o que escrevo, ou o que faço, se identifica ou reconhece algum mérito no meu trabalho. Mas não deixo de antever algum estímulo contra quaisquer merencórios devaneios que vou largando por onde passo. É certo que todos nos influenciamos uns aos outros, usando para o efeito muitos meios que nos circundam, mas sabe bem um voto ao sorriso, já que somos a única espécie capaz de o fazer. Um bom indicador da alma, nem sempre sinónimo de alegria, muitas vezes traduzindo tristeza, mas lucilando esperança. Para avivar esse tremeluzir nada melhor do que ler através da musicalidade da voz de quem nos quer bem.
Como será a sua voz? Eu já inventei uma...
Eu quero interpretar a “ideia” do gentil voto.
Falei da voz, porque tenho o hábito de, ao ler o que quer que seja, atribuir “musicalidade” ao narrador ou ao protagonista. Se o conheço, se já o ouvi, então, é certo e sabido que “ouço” as suas palavras ao lê-las. Se não o conheço ou nunca o ouvi, sou obrigado a inventar uma voz, dura ou suave, aguda ou grave, timbrada ou não, rouca ou cristalina, alta ou baixa, enfim, “divirto-me” com estas construções. Quando acabo por conhecer a verdadeira voz, nem que seja uma única vez, trato logo de substituir a artificial. Às vezes são parecidas, outras não, umas vezes fico contente, outras um pouco dececionado, mas nunca ao ponto de deixar de ler. Não sei se este método é útil ou não, talvez até seja ao permitir fixar melhor alguns conceitos ou ideias. De facto, “ler” com a voz autêntica é delicioso. As ideias, as reflexões e os comentários percorrem o corpo como ondas sonoras refletindo a tal musicalidade, que não só enriquece como chega a revelar o verdadeiro sentido dos mesmos.
“Smile today & always” revela uma atitude doce de alguém que, ao ler o que escrevo, ou o que faço, se identifica ou reconhece algum mérito no meu trabalho. Mas não deixo de antever algum estímulo contra quaisquer merencórios devaneios que vou largando por onde passo. É certo que todos nos influenciamos uns aos outros, usando para o efeito muitos meios que nos circundam, mas sabe bem um voto ao sorriso, já que somos a única espécie capaz de o fazer. Um bom indicador da alma, nem sempre sinónimo de alegria, muitas vezes traduzindo tristeza, mas lucilando esperança. Para avivar esse tremeluzir nada melhor do que ler através da musicalidade da voz de quem nos quer bem.
Como será a sua voz? Eu já inventei uma...
A voz, a fisionomia, a expressão, são característica que buscamos sempre que é mantido um diálogo, sobretudo se se tratar de um diálogo não ocasional. Concordo em pleno, caro Professor Massano Cardoso.
ResponderEliminarEssa "busca", leva-me a pensar que, essencialmente pretendemos estabelecer uma comunicação que transcende o exterior, que ao dialogar, pretendemos interiorizar, entrar dentro do outro, conhecÊ-lo íntimamaente.
Talvez por isso consciente ou não, haja quem se feche ou até use expressividades diferentes.
Por exemplo, alguns políticos quando dão conferências de imprensa, quando falam na televisão e assumem posturas físicas e faciais, assim como dicções "trabalhadas" com a finalidade de iludir, de conquistar a simpatia, de tornar as suas palavras críveis.
Ou, como os "batidos" vendedores ao contactar clientes pessoalmente. Alguns, aquecem a voz e ensaiam os gestos antes de bater à porta da "vítima", o que nos leva a ter a certeza que vamos assistir a um quadro teatral.
De todo o modo, tal como Darwin teorizou, andamos à muitos milánios a derivar de adaptação para adaptação e, estou convicto que esta ainda não é a afinação final.
;)
Desejo-lhe um excelente dia, caro Professor, com muitos sorrisos francos, de facies e de alma.
“…Um bom indicador da alma, nem sempre sinónimo de alegria, muitas vezes traduzindo tristeza, mas lucilando esperança. Para avivar esse tremeluzir nada melhor do que ler através da musicalidade da voz de quem nos quer bem.
ResponderEliminarComo será a sua voz? Eu já inventei uma...”
É, indubitavelmente, um texto gratificante, dá vontade de ler repetidamente…
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarahahahahaha ... fartei-me de rir, com este seu tweet (abaixo publicado), pq ouvi nas notícias a explicação da vela da mordoma, caso se apagasse, a mordoma não seria virgem.
ResponderEliminar".... @massanocardoso - Lá no Minho (Senhora da Agonia) se a vela não se apagasse durante a missa a mordoma era virgem ! Se fosse hoje era só correntes de ar...."
eu estou-me a imaginar numa situação destas. a rezar a todos os santinhos, para que a vela não se apagasse, para não ser humilhada....
Não é só a simpática @annapires que desperta emoções. Não, não ...
O Professor Salvador Massano Cardoso também .....
E está sempre em cima do acontecimento.
Bravo !.... clap ... clap ... clap
Followsaturday @massano cardoso.... forever !
A quem pode interessar nos nossos tempos, ser virgem?
ResponderEliminarOu...
A quem pode interessar, ser virgem, nos nossos tempos?
A quem pode interessar que se conheça publicamente, que a sua virgindade se mantem?
A quem pode interessar que, tendo deixado de ser virgem, "os outros" acreditem que ainda o seja?
A quem interessará mentir acerca da SUA virgindade?
A quem interessará saber se alguem é ainda virgem?
Porque interessará a alguem saber se alguem é ainda virgem?
O que se obtem, ou deixa de ter se a virgindade se mantiver?
Quem poderá acrescentar ou retirar algo a alguem que mantenha ou não a SUA virgindade?
Em que medida acrescenta ou diminui o carácter, a honestidade, a beleza, a competência, a gentileza, a sensualidade de alguem, pelo facto de manter ou não a virgindade?
;)
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarPermita-me que lhe responda?
Pois bem, NADA!
Mas imagine alguns anos atrás se uma "corrente de ar", divina ou não, tivesse apagado a chama da vela da mordoma. Credo. É mesmo de arrepiar "todos" os músculos, sem exceção...
Ora bem caro Professor Massano Cardoso, nem mais, à luz do entendimento actual.
ResponderEliminarContudo, se assim foi, existiu uma razão para que fosse.
Existiu uma (in)consciência comum a ditar e exigir esse "predicado".
Mas, quem, ou o que, seria responsável pela consistência e preduração dessa falácia?
A igreja?
O poder clerical?
O mesmo que manteve no obscurantismo a compreensão e amarrou ao longo de décadas o direito ao livre arbítrio, incutiu nas mentalidades da época que só seria honrrada e de bom carácter, aquela que mantivesse intacto o seu hímen?
E porque razão não era exigido aos homens o mesmo atávico "certificado"?
O homem perdia a honra se casasse virgem, mas, para que assim não fosse, teria de ter entregue a sua virgindade a outra que não a esposa, uma vez que a esta era exigido que estivesse pura no dia do casamento. Logo, a virgindade masculina teria de ser "perdida" com uma mulher sem honra, por já não se encontrar virgem no acto da entrega da virgindade do homem, ou então, a virgindade masculina teria de ser perdida com uma mulher disposta ou obrigada a tornar-se impura para que "aquele" homem pudesse casar honrado...
Ha ainda muito pouco tempo, assisti a um brevíssimo trecho de uma palestra na televisão, proferida por um sacerdote islâmico, na qual ele advertia as jovens para não praticarem a masturbação, porque corriam riscos de saúde, na medida em que, ao entusiasmarem-se, seriam levadas a introduzir objectos na vagina que lhes poderiam causar ferimentos e ter consequências nefastas. Aconselhava ainda às jovens, não manter relações sexuais antes ou fora do casamento, pois corriam o risco de ser descobertas e acabar mortas às mãos da própria família, etc.
Resumindo caríssimo Professor, o mundo dos humanos é impossível de entender, sobretudo pelos humanos.
É verdade, quando se lê um texto imagina-se a voz dos personagens,faz parte da "construção" e agora que nos chama a atenção para isso reparo que geralmente a descrição literária raramente inclui esse elemento, geralmente só se refere às alterações do tom de voz em função das emoções que quer descrever.Mas a voz é tão importante que, quando vemos um filme dobrado parece uma coisa falsa, a voz não condiz com o actor que mexe a boca e fica um resultado mesmo estranho.Além disso quando não conseguimos "ouvir" a voz dos personagens é porque o escritor é mau e a personagem não tem a força que devia ter. Há um livro fantástico, "As velas Ardem até ao fim", de Sandor Marai, que é um fabuloso monólogo, e uma coisa que muito me impressionaou foi que logo ao fim das primeiras páginas já a voz do personagem ecoava claramente aos meus ouvidos, conseguia distinguir-lhe os cambiantes como se já o conhecesse em pessoa. é isso, a voz é fundamental e os leitores criam logo uma voz a condizer com as "falas" que lêem. Muito bem visto, as mensagens escritas têm que "falar".
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