quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Aliança PS-BE: política a Alta Velocidade?

1. Anda aí muita gente preocupada, ao que parece, com uma possível aliança pós-eleitoral, de governo, entre o PS e o BE.
2. Talvez um pouco para surpresa dos meus generosos leitores, confesso que não interpreto essa possibilidade como motivo para receios sérios. Tentarei explicar porquê, embora não possa explicar tudo hoje...
3. Em primeiro lugar, tal hipótese assenta no pressuposto de que os dois Partidos juntos conseguem eleger a maioria dos deputados na próxima AR...o que não tem suporte no prognóstico do 4R (28 de Agosto) que, como se recordarão, dá 31% de máximo ao PS e 11% de máximo ao BE...trata-se pois de uma primeira dificuldade e uma dificuldade de tomo!
4. Em segundo lugar, se mesmo contra o avisado prognóstico do 4R o PS e o BE venham a obter em conjunto mais do que os 42% e consigam atingir um nº de parlamentares que formem maioria e se, após esse feito glorioso, consigam formar um governo maioritário, não deveremos retirar daí ilações catastrofistas parece-me.
5. Considero tal hipótese propiciadora até de momentos de política extraordinariamente animados como há muito tempo não se via...o ritmo dos eventos políticos tenderia a tornar-se frenético, com episódios emocionantes quase no dia a dia, uma novela em que um dos aspectos mais enigmáticos seria a sua presumível duração...política a alta velocidade (PGV) enfim!
5. Importa sublinhar que esta hipótese de coligação foi já sugerida/defendida por eminentes figuras do PS e negada por outras tantas não menos eminentes, o que deixa entender, ainda em pré-cenário é certo, como deveria ser pleno de vibrações tal desenvolvimento futuro.
6. Um dos mais interessantes aspectos dessa operação consistiria na escolha da pasta ministerial a atribuir ao Dr. Louçã...parecendo prematura a criação de uma pasta da Promoção da Virtude e da Erradicação do Vício (lá chegaremos mas ainda é cedo) - a mais apropriada para as características deste fogoso político - e não parecendo apropriada a dos Negócios Externos (dada a conhecida recusa do Dr. Louça em envergar gravata o que certamente o colocaria em inferioridade face aos seus pares) é razoável admitir que para um ilustre economista a pasta da Economia não estivesse mal.
7. É claro que a linguagem do Dr. Louça e a da classe empresarial apresentam acentuadas dissonâncias, o que certamente geraria momentos de excepcional fricção sobretudo nos primeiros encontros da classe com o governante...ver-se-iam filas imensas de curiosos só para assistir...
8. Mas não me parece nada que com o tempo se não pudesse sanar ou compor... a prejuízo quase irremediável das convicções tabulares do Dr. Louça, certamente, mas que mal haveria nisso? Não seria reconfortante para a Pátria ter mais um ilustre marxista convertido ao mercado?
8. Creio que mais desenvolvimentos sobre este tema serão por agora desnecessários ou mesmo prematuros, aguardemos tranquilamente a escolha dos eleitores no próximo dia 27...e nos seguintes preparemo-nos eventualmente para apertar o cinto de segurança pois o ritmo dos acontecimentos políticos pode, de um dia para o outro, vir a tornar-se verdadeiramente estonteante!
9. Quem sabe se não teremos uma PGV antes mesmo do TGV?

6 comentários:

  1. Anónimo11:16

    Grande análise, meu caro Tavares Moreira!
    Não se esqueça, porém, que o entendimento do PS com o BE não passa, nem tem como efeito absolutamente necessário, trazer o Dr. Louçã para o Governo da nação. O acordo pode assentar, sei cá, em ter o Doutor Louçã à frente do Banco de Portugal, o Doutor Fernando Rosas a substituir o também Doutor Carrilho na UNESCO, a Dr. Joana Amaral Dias a presidir finalmente ao Instituto da Toxidependência ou o Dr. Fazendas a orientar os destinos da Sociedade Frente Tejo.
    É um cenário que garante igual frémito e seguramente tão alta velocidade como aquela que augura, que pode bem ser complementado com um Executivo constituído com pessoas da confiança dos novos social-democratas do BE. Por exemplo, Ana Gomes nos Negócios Estrangeiros ou João Cravinho na Justiça. Ia sugerir Manuel Pinho na Educação para dar continuidade ao Plano Tecnológico à custa dos netbooks, mas creio que o BE ainda não lhe perdoou ou gesto dirigido ao vizinho de bancada...

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  2. Concordo que seria um governo de estouro!
    Sem querer meter a foice em seara alheia, eu talvez acrescentasse apenas o José Manuel Fernandes no lugar que é actualmente de Augusto Santos Silva (passaram ambos pela mesma área política) e o Dr. Fernando Lima na Administração Interna (também havia a hipótese do SIS)para as coisas ficarem mais equilibradas. Mas, infelizmente, creio que vamos ter de continuar com os Gato Fedorento por mais alguns anos.

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  3. Caro Tavares Moreira

    Interessante o seu post que me sugere os seguintes comentários:

    a) Na equação que propõe, não entra o Eng Sócrates; só assim é possível que um dos termos seja o Dr Louçã.
    b) As contas da distribuição do número de deputados com aquilo que as sondagens nos indicam, apontam para que, uma maioria seja apenas possível em dois (três)cenários:
    PS+CDU+BE
    PSD+PS
    (PS+CDS+BE ou CDU)As restantes combinações maioritárias são académicas.
    Volto a repetir, de acordo com as sondagens que estão publicadas.

    Nesse sentido, a minha opinião é concordante com a sua: não é possível.

    Cumprimentos
    João

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  4. Anónimo15:28

    Caro Tavares Moreira, vejo que é um incorrigivel optimista! :-)

    Estou de acordo até ao ponto 6, inclusivé. Uma aliança PS+BE seria algo muito interessante de observar e potenciador de muitas gargalhadas de humor negro durante o tempo que durasse.

    Já o ponto 7 duvido que viesse a acontecer. É que a classe empresarial, parece-me, iria apressar-se em descobrir rapidamente o caminho da fronteira. Claro que ficariam sempre alguns mas por falta de massa crítica os debates com o Dr. Louçã seriam muito menos interessantes. Isto, claro, leva-nos ao ponto 8. O Dr. Louçã continuaria o que é, embora sem perceber que isso apenas lhe seria permitido por os adversários o terem ignorado e virado as costas a tal adversário.

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  5. Caros, antes do mais as minhas desculpas pelo erro de numeração dos dois últimos parágrafos...
    Esta mania incurável da numeração dos parágrafos às vezes gera inconvenientes...
    Rgisto seu amável cumprimento, caro F. Almeida, quanto às sugestões alternativas que avança para cargos tão relevantes e a que só posso reconhecer o mais elevado mérito.
    O País ficaria ficaria encantado com o facto de tão eminentes personalidades sucederem a outras igualmente eminentes, teríamos todos de nos congratular.

    Caro Sergio de A. Correia,

    Registo igualmente suas inspiradas sugestões, quanto à continuidade dos Gato Fedorento é assunto que só poderei avaliar no próximo Domingo se não se importa.

    Caro João,

    Reconheço que tem alguma lógica, no dia de hoje, a ideia que expõe de exclusão recíproca entre JS e FL...mas o Mundo dá muitas voltas, meu Caro e em ritmo PGV tudo será possível!

    Caro Zuricher,

    Relativamente à convertibilidade do Dr. Louçã e embora a ideia de "convertibilidade" seja realmente mal vista pelos ideólogos da economia dirigida, não se esqueça de quantas conversões do género já pudemos testemunhar, algumas delas tão impensáveis quanto a deste talentoso político...

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  6. Caro Luís Melo,

    Teríamos então uma verdadeira "inventona das escutas"?
    Tudo é possível neste País de brandos costumes (vão ficando menos brandos, convém não esquecer) e de classe política em degradação sustentada.
    A resposta a estas dúvidas só a partir da próxima semana, nuna antes mas, mesmo assim, não a tenho por certa...

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