terça-feira, 8 de setembro de 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...

Li este fim de semana um artigo que questionava se o uniforme está para ficar?
Recuando umas décadas, na minha infância e juventude fui habituada a usar uniforme, tanto nos colégios como na escola pública que frequentei.
Naquele tempo, eram muitas as escolas que adoptavam o uniforme, que poderia percorrer diversas modalidades, desde o bibe aos quadradinhos no jardim-de-infância, o jogo azul escuro da saia de pregas e do casaco com a camisa de cor clarinha até à bata branca no liceu ou desde o equipamento de educação física ao material escolar.
Não me lembro de à época os pais e os alunos criticarem ou se incomodarem com o culto desta “uniformidade”.
Com o 25 de Abril o uniforme, também conhecido por farda, foi, por assim dizer, saneado de grande parte das escolas, por ser considerado uma prática repressiva e atentatória da liberdade, da liberdade de dispor sobre aspectos tão essenciais da vida como decidir o que vestir.
Rapidamente, pais e alunos perceberam que essa liberdade significava não optar por manter a antiga bata, pois o seu uso seria conotado com um comportamento próprio do regime derrubado e como tal anti-democrático.
E assim durante muitos anos não mais se ouviu falar dessas “uniformidades”. A via para o desenvolvimento, o mercado, a concorrência, a globalização, o mundo das marcas e das modas, o marketing, a competição e o fascínio pelo poder de compra e pelo exibicionismo fizeram o resto. Enfim, a mudança de mentalidades impôs os seus caprichos.
Passadas que estão várias décadas sobre a data da Revolução, o tempo ajudou a apagar a “racionalidade” política que afastou do quotidiano das famílias e das escolas uma prática que agora voltou a encontrar racionalidade e tem vindo a ganhar adeptos, de pais e de escolas, incluindo escolas públicas.
Evidentemente que existem opiniões diferentes acerca das vantagens e das desvantagens do uso do uniforme escolar e atitudes distintas em relação à sua adesão, mas a verdade é que deixou de ser aceitável, justamente em nome da liberdade, condenar ou proibir essa prática.
Este exemplo mostra-nos como por vezes é relativa a dimensão de liberdade e como é fácil aceitar as suas diferentes tonalidades moldadas pelas circunstâncias.
É caso para dizer mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...

4 comentários:

  1. Viriato é o nome actual do guerreiro que antes de o ser e enquanto foi, também pastoreou na Serra da Estrela, ou Montes Hermínios. Mas o nome Viriato, foi originalmente Viriol, que significa colar dos deuses, isto porque Viriol, nasceu com uma marca em volta do pescoço e sobre as omoplatas, que configurava um colar. A lenda diz ainda que ele usava um colar e uma espada, forjados por alguém que era tu-cá, tu-lá com a divindade e que esse colar produzia a força, a sagacidade e o arrojo que a sua pessoa evidenciavam e que o colocaram no lugar de líder de uma "confederação" de povos que guerreavam entre si, pela supremacia territorial, pelo gado, pelo ouro e pelo comercio.
    Então... precisamos de algo que nos distinga exteriormente, apesar de toda a natural semelhança que nos iguala, por forma a que consigamos motivarnos, qualificar-nos e atingirmos a excelência???!!!

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  2. Caro Bartolomeu
    Partilho da sua chamada de atenção sobre a importância de nos diferenciarmos, embora nem sempre o que vestimos seja o mais distintivo. Pode ajudar.
    Fiquei a pensar se a utilização de uniformes por crianças e jovens diminui a sua criatividade. Será que no Reino Unido, onde se usam muitos uniformes, as crianças são menos criativas do que as outras que não usam?

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  3. Em Moçambique todas as crianças vão à escola com o uniforme, uma saia ou calças pretas, camisa branca e são nuvens deles nas ruas à hora da saída da escola.
    E verdade que o uso das batas no Liceu era detestado pelas raparigas, sobretudo na idade em que as roupas passavam a exprimir a sua personalidade. No Maria Amália, onde andei os 7 anos de liceu, eram horríveis, cheias de pregas e atadas na cintura, decote subido e redondo, parecia um balão.Depois foram modernizadas por umas bem mais elegantes, justas e evasé,com presilhas que permitiam arregaçar um pouco as mangas nos dias de calor. e ficámos todas contentes, mas ainda assim nada que se comparasse com as batas pretas das meninas do Colégio do Parque, que se pavoneavam à nossa frente com cintos vermelhos e a altura da bata um bom palmo acima do que nos era permitido. Acabaram as batas mas, como bem diz a Margarida, os jovens adoptaram outros uniformes que exercem uma tirania semelhante, as calças de ganga e os ténis... vá lá perceber-se!

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  4. E de preferência vestuário de marca porque se não o culto da personalidade não se desenvolve!

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