quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Quinze dias por terras da China XXVI: O descobridor do exército de terracota


Como referi no post anterior, ao escavar um poço para rega, o camponês Yan Xin Mang descobriu acidentalmente o exército de terracota.
Logo que foi conhecida a descoberta, as autoridades tomaram naturalmente conta do terreno para as escavações arqueológicas e fizeram deslocar para longe os camponeses que aí habitavam. Desapossados das terras que há séculos trabalhavam, a comunidade dos camponeses culpou Yan Xin Men pelo seu ingrato destino e abandonou-o, votando-o ao mais completo ostracismo e abandono.
Com a abertura das escavações ao público, muitas eram as perguntas sobre a vida e a situação do camponês que possibilitou a descoberta, e enorme a pressão, de nacionais e sobretudo de estrangeiros, para que lhe fossem atribuídas funções no museu ou no complexo visitável. Passados anos de resistência das autoridades, assim veio a acontecer, e hoje o Sr. Yan Xin Men trabalha na recepção pública das exposições.
Tem como principal tarefa estar, mostrar-se e autografar as publicações à disposição dos turistas e estudiosos, o que faz com uma pompa e solenidade assinaláveis, caprichando visivelmente no desenho da assinatura. Tem um ordenado equivalente a cerca de 200 euros, bom para a região.
Tivemos a sorte de ele estar presente no dia da nossa visita. O autógrafo da fotografia é dele. Pena não haver autorização para ser fotografado.

4 comentários:

  1. Dr. Pinho Cardão
    Foi uma decisão da mais elementar justiça.
    Mas não fossem as pressões que nos relatou e Yan Xin Men teria ficado afastado como aconteceu aos outros camponeses que foram levados pelas autoridades chinesas para outras terras.
    Autorização para fotografar Yan Xin Men é que seria demais, pois poderia virar celebridade!
    O autógrafo é uma verdadeira obra de arte, que deve ter sido desenhado com toda a “paciência de chinês”. Imagino que seja uma recordação valiosa.

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  2. De facto, cara Margarida, celebridades só as oficiais...

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  3. Não concordo inteiramente com a opinião da cara Drª. Margarida (brincadeira bartolomeunesca), relativamente à celebrização do Sr. Yan Xin Mang. Isto porque o nome e o mito são já célebres pela melhor e pela pior razões. Quanto à proibição de fotografar o senhor-camponês... cheira-me a esperteza saloia do governo chinês. Como para os ocidentais, os chineses são fisionómicamente semelhantes entre si, o governo vai poder colocar sucessivos Srs. Yan Xin Mang, conforme se forem reformando, ou se por ventura se lembrarem de um dia exceder as suas competências e, os visitantes não vão dar pela troca... não possuem provas fotográficas.
    ;)
    Para os restantes aldeões, é que a lição lhes foi exemplar. Estou certo de que, estejam onde estiverem, nunca mais vão permitir que um vizinho escave um poço.
    Moral da história: A maldição do imperador Quin Shihuangdi após 4000 anos, continua a fazer vítimas.
    Nunca fiz muita fé em imperadores, sobretudo nos imperialístas. ;)))

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  4. Nesta coisa de escavações e da China o que me faz verdadeiramente confusão, é a miríade de emigrantes abastados Chineses que todos os dias transformam a nossa paisagem comercial.

    A quem se deverá e que política mascarará este Imperialismo dos bens importados aos quatro ventos?

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