quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A sua sobrevivência só depende de nós...

Quando era criança passava parte das férias de praia na Arrábida. Lembro-me perfeitamente de ao final da tarde, eu e os meus irmãos, nos debruçarmos na varanda da casa, situada na encosta mesmo em frente ao mar, à procura dos golfinhos, como que a dizer-lhes cá estamos de novo, apareçam porque vos queremos ver.
Era uma festa descobrir por entre o mar sereno e profundamente azul uma família de golfinhos brincalhões.
Talvez que esta “convivência” com os golfinhos tenha ficado registada na minha memória de boas recordações e me tenha deixado um especial afecto por estes animais tão graciosos.
No passado mês de Agosto, num passeio num veleiro de uns amigos, voltei de novo a avistá-los, quando se aproximaram do barco e nos acompanharam com as suas acrobacias por algum tempo.
Ao longo de muitos anos fui sabendo e lendo notícias sobre o perigo de extinção dos golfinhos do Sado. Sempre me perguntei com que direito fomos permitindo a sua condenação e fazendo tanto mal a nós próprios ao não protegermos a natureza que tão importante é para a nossa própria vida.
Mas enfim, este estado de coisas multiplica-se em muitos outros domínios, não fossemos portugueses, consumindo-nos em diagnósticos e em queixas, muitas vezes aligeirando os problemas e os seus efeitos, como se tivéssemos todo o tempo do mundo para fazermos o que deve ser feito.
Voltando aos golfinhos do Sado, fiquei de novo com esperança de os salvarmos ao ler a notícia recente de que o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade tem um plano de protecção preparado, tendo para o efeito mobilizado diversas autoridades administrativas, do sector privado e da sociedade civil, num total de cerca de 30 entidades.
Os golfinhos do Sado, também conhecidos por golfinhos roazes - corvineiros do Sado - constituem aliás a única comunidade de golfinhos existentes em Portugal - correm perigo de extinção, devido à poluição ambiental e ao stress provocado pelas embarcações de recreio. A poluição e os barcos são factores que concorrem para a sua incapacidade de reprodução e a sobrevivência das crias.
Esta situação está há muito diagnosticada. Em 20 anos a população destes golfinhos baixou de 40 para os actuais 25. E também há muitos anos que diversas autoridades anunciam que o problema se vai resolver, que está tudo pensado e que há planos para travar o declínio dos golfinhos do Sado. Mas há muitos anos que estas promessas não têm saído do papel.
O plano de salvamento desta espécie, lançado em Maio deste ano, aguarda ainda, segundo a notícia, o aval político. Esperemos que a decisão política não se arraste e que as diversas entidades envolvidas mantenham uma participação activa e comprometida na execução do plano. Tudo a bem da preservação dos golfinhos do Sado!

3 comentários:

  1. 30 entidades públicas? Coitados dos bichos, poucos humanos sobrevivem a mais de 5, quanto mais estes pobres animais de onde o exército de funcionários sem qualquer utilidade quer retirar renda. Bem pode considerá-los como extintos...

    Não sei se reparou no detalhe de haver 30 entidades públicas para salvar 25 golfinhos. Fantástico. Quando se chegar aos 50 golfinhos terão que se criar mais 30 entidades.

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  2. Anónimo16:45

    O assunto é sério e a chamada de atenção da Margarida certeira.
    Mas ainda me estou a rir a bom rir do comentário do Tonibler...

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  3. Caro Tonibler
    Viva a boa disposição! Estou-me a rir à medida que lhe estou a responder!
    Realmente não há fome que não dê fartura! Mas o pobre desconfia quando a esmola é grande!
    Esperemos que os pobres golfinhos sobrevivam!
    Bati os recordes dos pontos de exclamação!

    José Mário
    O assunto é mesmo sério, mas o nosso Caro Tonibler teve uma saída fantástica...

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