O Presidente Sarkozy encomendou em 2008 aos prémios Nobel da Economia Joseph Stiglitz e Amartya Sen a revisão do indicador PIB de modo a que este indicador permita aferir em que medida o progresso económico traduz melhores condições de vida. Pretende-se com esta iniciativa acabar com “o diferencial cada vez maior entre as estatísticas que mostram um progresso contínuo e as crescentes dificuldades que as pessoas estão a sentir na sua vida”.
Em 2008 fiz um post justamente sobre esta iniciativa que me pareceu muito pertinente. Na verdade sendo o PIB um indicador da actividade económica não fornece indicações sobre em que medida o progresso económico traduz melhores condições de vida e, consequentemente, sobre a sua sustentabilidade.
Em resposta à encomenda a comissão liderada por aqueles economistas apresentou um conjunto de propostas que visam incluir no PIB diversos factores que reflictam, entre outras variáveis, a felicidade, a sustentabilidade económica, ambiental e social, a distribuição da riqueza e o nível de endividamento.
A felicidade, sendo difícil de quantificar e monetarizar, levará em conta indicadores referentes aos sistemas de saúde, ao nível educativo, aos níveis de segurança, aos tempos de lazer ou ao funcionamento das instituições democráticas. Evidentemente que não será fácil medir tecnicamente a felicidade, dado tratar-se de um estado de realização que tem muito de subjectivo, mas ainda assim é importante e relevante avançar com a sua incorporação.
Para Portugal o PIB reformulado retratará, por certo, uma série de realidades negativas que não se encontram devidamente reflectidas nos já de si modestos crescimentos do PIB, os quais são insuficientes para a criação de riqueza sustentável. De entre essas realidades, sublinho a acentuada desigualdade da distribuição dos rendimentos, o elevado nível da população em situação e risco de pobreza, os insuficientes níveis de cobertura social e o nível do endividamento do País.
Esperemos que o novo PIB, sendo um indicador mais robusto, seja útil para melhorar as políticas económicas e sirva, também, para aumentar a responsabilização dos decisores políticos e para permitir uma maior transparência nos resultados da governação.
Em 2008 fiz um post justamente sobre esta iniciativa que me pareceu muito pertinente. Na verdade sendo o PIB um indicador da actividade económica não fornece indicações sobre em que medida o progresso económico traduz melhores condições de vida e, consequentemente, sobre a sua sustentabilidade.
Em resposta à encomenda a comissão liderada por aqueles economistas apresentou um conjunto de propostas que visam incluir no PIB diversos factores que reflictam, entre outras variáveis, a felicidade, a sustentabilidade económica, ambiental e social, a distribuição da riqueza e o nível de endividamento.
A felicidade, sendo difícil de quantificar e monetarizar, levará em conta indicadores referentes aos sistemas de saúde, ao nível educativo, aos níveis de segurança, aos tempos de lazer ou ao funcionamento das instituições democráticas. Evidentemente que não será fácil medir tecnicamente a felicidade, dado tratar-se de um estado de realização que tem muito de subjectivo, mas ainda assim é importante e relevante avançar com a sua incorporação.
Para Portugal o PIB reformulado retratará, por certo, uma série de realidades negativas que não se encontram devidamente reflectidas nos já de si modestos crescimentos do PIB, os quais são insuficientes para a criação de riqueza sustentável. De entre essas realidades, sublinho a acentuada desigualdade da distribuição dos rendimentos, o elevado nível da população em situação e risco de pobreza, os insuficientes níveis de cobertura social e o nível do endividamento do País.
Esperemos que o novo PIB, sendo um indicador mais robusto, seja útil para melhorar as políticas económicas e sirva, também, para aumentar a responsabilização dos decisores políticos e para permitir uma maior transparência nos resultados da governação.
Cara Drª Margarida,
ResponderEliminarSerá que vamos poder passar a acreditar ser possível fazer omeletas sem possuírmos ovos?!
Se assim fôr... as galinhas que se cuidem, têm um futuro inútil.
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarO problema é que andamos a fazer omeletas com os ovos das galinhas dos outros.
As pessoas andam iludidas sem perceberem que um dia destes vamos deixar de fazer omeletas se não cuidarmos de ter a nossa própria capoeira!
:)
ResponderEliminarClaro, cara Drª. Margarida.
Descurámos tempo demais os cuidados a ter com as nossas próprias galinhas. O efeito dessa causa, faz-se agora sentir e, deixa grandes dores de cabeça para quem tomar a peito a missão de recompôr o galinheiro.
E que não hajam veleidades e se pense começar a casa pelo telhado, não, teremos de voltar a construír e se não começarmos com vontade por... pequenos e médios galinheiros, nunca chegaremos a construir um aviário.
A minha vénia à sua sempre presente perspicácia, cara Doutora.
;)
A renovação do indicador
ResponderEliminaré pertinente e essencial,
para o PIB ser revelador
da vera economia social.
Aumentar a transparência
para robustecer a decisão,
debilita-se a incoerência
e a verborreia de ilusão.
Cara Margarida
ResponderEliminarO tema que aborda, e a que já se tinha referido em 2008, é de grande actualidade e interesse.
Nos anos 60 já era reconhecido que o Reino Unido tinha melhor qualidade de vida do que alguns outros países de PIB superior, mas depois o tema esfumou-se.
Parece que desta vez a reconsideração da medida da riqueza é para se fazer e ainda bem.
Então, está na altura de reconhecermos o trabalho de Patrick Viveret sobre esta matéria.
Em 2000, o Secretário de Estado para a Economia Solidária do Governo Francês, Guy Hascoët, solicitou ao Conseiller référendaire à la Cour des Comptes, e também filósofo, o estudo das novas formas de riqueza, as modalidades do seu reconhecimento e as suas implicações, tanto no domínio do "dinheiro social afectado", como das novas formas de troca aparecidas ao longo dos dez anos anteriores.
O resultado "Reconsidérer la Richesse" foi apresentado em 2002, publicado em 2004 e está acessível na internet. O interesse crescente do tema levou à sua republicação em Outubro de 2008, agora com a descrição dos aspectos envolventes à realização do trabalho.
Vale a pena ler e até já teve direito a menção recente no 4R!
Caro Manuel Brás
ResponderEliminarExcelente síntese sobre o problema do actual PIB e o alcance do novo!
Caro just-in-time
Muito pertinente a sua chamada de atenção para a obra de Patrick Viveret "Reconsidérer la richesse". Com efeito, o tema não é novo. Viveret já em 2002 expandia críticas ao modo de cálculo da riqueza de um país através do PIB tal como o conhecemos hoje. Questionava-se sobre qual a melhor forma de ter em conta no cálculo do PIB o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento humano, numa perspectiva de que o crescimento económico deve ser entendido como um meio e não como um fim.
É de facto, Caro just-in-time, um livro a ler e, ainda por cima, num momento em que há uma discussão de ideias em torno justamente da necessidade de incluir no cálculo do PIB a "economia social e solidária".